Quando chegou a acordo com João Pereira para rescindir o contrato que tinha ainda mais dois anos e meio de duração, também por ter chegado a acordo com o técnico que, por múltiplas razões, as coisas não estavam a correr da melhor forma e dificilmente poderiam mudar a curto prazo, Frederico Varandas teve sempre uma ideia muito presente na cabeça: o investimento feito no último verão para montar uma espécie de Last Dance que culminasse na conquista do bicampeonato teria de merecer um prolongamento. É à luz desse ponto que o Sporting tem operado nesta janela do mercado de transferências, com duas posições para reforçar muito identificadas e uma terceira com possibilidade de ter igualmente melhoria. Tudo sem tocar no necessário equilíbrio financeiro, que fez com que Mateus Fernandes fosse vendido ao Southampton por 15 milhões.
A saída do jovem médio acabou por ser quase um “dano colateral” para sustentar aquela que foi a grande aposta verde e branca para 2024/25: manter a espinha dorsal da equipa, apesar das sondagens e propostas que foram aparecendo, reforçando a equipa de forma cirúrgica com um guarda-redes, um lateral/ala, um central e um avançado. As opções de compra por jogadores como Fatawu, as percentagens de futuras mais valias de elementos como João Palhinha ou Renato Veiga e as saídas de Paulinho e Mateus Fernandes deram sustento ao desenho do plantel idealizado por Ruben Amorim, com o sucesso desportivo à vista enquanto o agora treinador do Manchester United esteve em Alvalade. Agora, depois das seis semanas de João Pereira, a chegada de Rui Borges quis virar a agulha para a criação de um novo ciclo. É aqui entra o mercado.
Rui Borges arriscou nos primeiros dias no Sporting, mudando o sistema logo no dérbi inicial com o Benfica e preparando terreno para, aos poucos, com unidades de treino que têm escasseado perante a atual densidade competitiva do calendário, poder consolidar uma nova ideia de jogo que continuasse a potenciar as principais mais valias do plantel mas enquadrado num 4x4x2 que deu boa resposta não só contra os encarnados mas também diante do FC Porto, na Taça da Liga. Ao contrário do que aconteceu com João Pereira, Rui Borges pode ser Rui Borges, numa ideia partilhada pelo presidente leonino na sua apresentação. Era nesse sentido que chegarão em breve pelo menos dois reforços a Alvalade – que poderão ser ainda mais em janeiro.
Primeiro objetivo? Um lateral direito. Com a mudança de sistema e o processo de saída de Iván Fresneda que estava na reta final com o aparecimento em força do Como, até com a adaptação com sucesso de Eduardo Quaresma à posição tornava o leque de opções curto. Entre as possibilidades, Alberto Costa, jovem jogador de 21 anos formado no V. Guimarães, subiu nas preferências: 1) foi um elemento lançado pelo próprio Rui Borges; 2) conhece a realidade do Campeonato português (algo que não aconteceria com outras opções referenciadas); 3) tem enorme potencial de crescimento. Foi por isso que, ao saber que o Benfica tinha feito uma proposta de oito milhões de euros entre verba fixa e objetivos desportivos, os leões aumentaram e muito o que estava em cima da mesa, batendo também a hipótese Roma que aparecera. Contudo, não está fechado.
A proposta de nove milhões fixos mais dois em variáveis apresentada aos responsáveis minhotos elevou a fasquia por Alberto Costa e tinha também o “respaldo” da possibilidade de haver uma negociação de Iván Fresneda com o Como que colocasse uma cláusula de opção obrigatória de dez milhões de euros, um pouco mais do que o custo do lateral espanhol na última temporada. Problema? Os ingleses do Brighton, clube que tem marcado presença com olheiros em várias partidas em Portugal (a Final Four da Taça da Liga é mais um exemplo), apresentaram uma oferta acima em termos de valores para o clube de Guimarães. O negócio irá conhecer agora novos capítulos, com o jogador a colocar como única vontade a ida para Alvalade.
???????? Sporting CP, set to complete deal for Alberto Costa from Vitória as new fullback to replace Fresneda who’s on the verge of joining Como.
Same value as Fresneda deal, €10m with add-ons and five year contract. ???????? pic.twitter.com/58fSn47D7G
— Fabrizio Romano (@FabrizioRomano) January 8, 2025
Segundo objetivo? Um guarda-redes. Depois da saída de Adán, e apesar da boa resposta de Franco Israel foi tentando dar depois da lesão do espanhol na segunda metade da época de 2023/24, o Sporting procurou um novo número 1 para a baliza com determinadas características desenhadas em torno da ideia e do sistema de jogo que a equipa tinha e a opção recaiu em Kovacevic. No entanto, a aposta no bósnio não conheceu a resposta desejada em campo, sendo que uma lesão que o afastou da competição por um mês recolocou o uruguaio à sua frente. Ainda assim, e perante os objetivos desportivos da temporada, o clube foi ponderando a possibilidade de assegurar um novo guardião neste mercado de janeiro, com a saída de um dos atuais.
Em relação à segunda parte da equação, e depois de assegurada essa nova opção, a ideia passará por ceder por empréstimo Kovacevic até ao final da temporada (com ou sem cláusula de compra). A nível de entradas, Rui Silva, internacional português do Betis, era a opção preferida tendo em conta uma hipótese de cedência temporária que os sevilhanos entretanto recusaram ou valores mais baixos para ficar em definitivo com o jogador (o conjunto espanhol queria receber cinco milhões, os leões tentam fazer por metade). Também é verdade que Ricardo Velho, guarda-redes do Farense que continua a ser um dos melhores do Campeonato, está referenciado desde a última temporada mas, à semelhança do que já aconteceu com outras sondagens feitas aos algarvios, tem um valor de mercado e de passe bem superior a Rui Silva – e essa é a grande razão para que não seja o alvo número 1 verde e branco pelo menos nesta janela de mercado de janeiro.
????El Sporting Clube insiste por Rui Silva y parece dispuesto a subir su oferta al Real Betis ????https://t.co/jXclRTNAbG
— Pepe Elías (@Pepelias17_) January 9, 2025
Depois, o terceiro nome que pode ainda chegar. Tendo em conta que João Simões se assumiu como figura da equipa principal e não um elemento que pode transitar entre equipa A e B, a questão das opções para a zona do meio-campo estará “resolvida” quando passar por completo a tormenta dos jogadores de fora por lesão. Todavia, há dois fatores que também contam: 1) a recuperação de Pedro Gonçalves está a demorar bem mais do que inicialmente se poderia pensar, havendo depois o cuidado “extra” para que regresse em condições para evitar qualquer tipo de recaída, e o internacional português é uma peça vital na ideia de jogo dos leões; 2) Marcus Edwards continua a não “contar”, algo que tinha acontecido com Amorim e que não mudou com Rui Borges. A possibilidade de saída do inglês existe e os responsáveis verde e brancos poderiam ver a mesma com bons olhos por favorecer todas as partes, permitindo a chegada de mais um reforço.
Em relação a outras possíveis saídas, e apesar das notícias que tem saído na imprensa internacional, tudo aponta para que a espinha dorsal da equipa não sofra nenhum desfalque. Viktor Gyökeres, melhor marcador do ano civil de 2024, continua a ter meia Europa atenta ao seu percurso mas sem que nenhum clube até ao momento tenha apresentado 100 milhões de euros a pronto para levar o sueco, algo que não deverá ocorrer em janeiro (no verão, aí, é muito provável que o escandinavo possa sair). Francisco Trincão foi apontado ao Barcelona e ao AC Milan mas por valores “impensáveis” para a venda ser ponderada, sendo que os leões não irão facilitar nesta fase uma possível saída. Morten Hjulmand, referenciado por vários clubes ingleses, não recebeu qualquer oferta concreta até agora à semelhança do jovem Geovany Quenda.