O aumento de impostos e os cortes na despesa pública adotados pelo Governo colocaram Portugal num caminho de crescimento sustentável que não será revertido, consideram dez economistas ouvidos pela agência Bloomberg, segundo noticiou a Lusa.

De acordo com a agência financeira, nenhum dos dez economistas consultados para a elaboração deste inquérito considerou que Portugal vai voltar a ter défices orçamentais excessivos e todos concordaram que o ajustamento económico vai continuar à medida que a recuperação económica ganha força.

A notícia surge no mesmo dia em que o Instituto Nacional de Estatística (INE) vai divulgar os dados sobre a economia portuguesa no segundo trimestre, devendo apontar para um crescimento de 0,5%, de acordo com outra sondagem levada a cabo pela Bloomberg.

“Portugal, que saiu há um ano da sua maior recessão dos últimos 25 anos, ainda tem de cortar mais na despesa pública para cumprir as metas orçamentais, depois de ter apostado principalmente no aumento de impostos no último ano” para cumprir as metas, escreve a Bloomberg, que lembra a saída do programa de ajustamento económico e financeiro, em maio, sem o suporte de uma linha de crédito internacional.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Os economistas contactados pela Bloomberg consideram que as exportações vão ser mais favoráveis na segunda metade do ano, com a média a prever um crescimento das vendas ao estrangeiro na ordem dos 2,3% no último trimestre, acima do crescimento de 1,7% das importações, no mesmo período.

“Apesar da atividade estagnada na zona euro e de uma moeda única forte poderem ter tido um impacto negativo na procura externa, esperamos uma inversão destes fatores externos, que deverão levar a uma recuperação das exportações no segundo trimestre”, disse um economista da IHS, em Londres.

Quando questionados sobre qual o aspeto que mais vai contribuir para o crescimento do PIB este ano, mais de metade dos economistas elegeram a procura interna, considerando-a mais importante para a recuperação económica do que as exportações.

“Apesar de as importações terem começado a crescer outra vez, e irem continuar a crescer à medida que as empresas investem novamente, a recuperação da competitividade dos custos laborais vai sustentar um crescimento maior das exportações”, considerou o economista senior do Banco Berenberg, em Londres, que apontou ainda que, “como a base de exportação é agora muito mais alta que antes da crise, isso quer dizer que o excedente da balança comercial vai continuar a crescer”.