Vai ser a ponte de vidro mais longa do mundo. Estará suspensa sobre o Parque Natural Florestal de Zhangjiajie, o mesmo sítio que serviu de inspiração a alguns cenários do filme “Avatar”. Se tiver coragem de atravessar esta ponte, terá de percorrer 430 metros por cima de vidro pendurado a 300 metros de altura. E poderá ter a companhia de cerca de 800 pessoas, a capacidade máxima da construção.

A ponte deverá abrir ao público em maio e foi desenhada por Haim Dotan, conhecido do público por ter projetado o pavilhão israelita da Expo 2010 em Shanghai. Ele afirma que a ponte tem mais uma funcionalidade além da turística: pode servir de passerelle para espectáculos de moda. Entre os materiais utilizados para a construir não estão cimento nem aço. O elemento principal é mesmo o vidro, conta a CNN.

Apesar do incidente com a ponte de vidro do Parque Cénico de Yuntaishan em outubro de 2015, que rachou sobre pés de turistas, a moda das pontes com chão de vidro prossegue na China. As províncias de Henan e Hunan são as que mais apostam nestas construções como estratégia para fomentar o turismo nessas regiões. E tem resultado porque, conta a CNN, o medo inicial dá lugar ao entusiasmo de apreciar as paisagens dos parques florestais chineses. É a emoção – mais do que a utilidade – que vende, acrescenta o arquiteto Keith Brownlie (que desenhou a ponte do Museu de Ciência de Londres) em conversa com a BBC.

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Ponte Homem Valente. Créditos: ChinaFotoPress/Getty Images

Uma das mais famosas é a Ponte Homem Valente (a que se rachou), cujas medidas de segurança foram estudadas até à exaustão: o vidro utilizado nestas pontes tem de ser resistente a chuva e vento fortes, terramotos e a pesos muito grandes. Muitas delas conseguem suportar o peso de 800 pessoas. “Não importa o quanto alguém salte em cima desta ponte, ela ficará intacta”, asseguram os seguranças responsáveis pelo local ao Daily Mail.

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Então como justificam eles o incidente em Yuntaishan, onde o vidro se fraturou provocando o pânico? O Instituto de Desenho e Reconhecimentos de Carris de Ferro e Grandes Pontes da China explica que, mesmo que os materiais comecem a ceder assim que comecem a ser utilizados, são tão densos que ninguém cairá .

As pontes de vidro começam também a tornar-se num símbolo de extravagância que a China apresenta ao mundo: “Em arquitetura, o vidro sempre esteve associado ao luxo e com frequência foi visto como uma exibição de riqueza”, conta Ezra Groskin, que se dedica à arquitetura de pontes. Mas isso também traz outras preocupações: a utilização do vidro em construções mais arriscadas não é nova, mas em ambiente montanhoso pode trazer alguns problemas. É que pode acontecer que uma rocha caia na ponte, colocando em causa a segurança da mesma.

É esta a opinião do arquiteto Adam Holicska, que vai ao encontro do parecer de Keith Brownlie, um arquiteto que chama a atenção para a falta de elementos antiderrapantes nestas pontes: “Um problema com as superfícies de vidro é que elas não agarram. O vidro é deslizante”, alerta ele, acrescentando que pode ser uma questão de tempo até que um acidente grave venha a acontecer.