O BE considera “natural” a exoneração do presidente do Centro Cultural de Belém, António Lamas, mas critica o ministro da Cultura, João Soares, por não ter feito um concurso público internacional para a sua substituição.

Reagindo à exoneração de Lamas e à escolha de Elísio Summavielle para o seu lugar na segunda-feira à noite, o deputado bloquista José Soeiro considerou “normal, natural e sem drama” o afastamento de Lamas, criticando o plano estratégico que tinha para o eixo Belém-Ajuda: “Era negativo, do nosso ponto de vista. Era um plano próximo da privatização, que não fazia sentido”.

Falando aos jornalistas no Parlamento, Soeiro censurou, no entanto, o passo seguinte dado pelo ministro João Soares. “O que não é normal nem aceitável é que não haja concurso público internacional com a apresentação de um plano estratégico”, argumentou, defendendo “uma lógica de transparência” e o método que melhor permita “encontrar as pessoas mais indicadas”. “Elísio Summavielle poderia ser um dos candidatos”, acrescentou.

O PSD veio considerar esta terça-feira que o PS “parece estar a agir como o dono disto tudo”, criticando o “ímpeto autoritário” do Governo, enquanto o CDS afirmou que o PS “olha para a administração pública como se fosse uma coutada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Tem havido uma pressão prévia junto da imprensa, onde são anunciadas pré-substituições de determinados cargos, e este da cultura é paradigmático, porque antes da audição parlamentar do ministro da Cultura, houve uma entrevista em que assumia uma necessidade urgente de substituição da administração do CCB”, comentou o deputado do PSD, Sérgio Azevedo, sobre o caso. Para o social-democrata, “há uma certa arrogância e prepotência” na forma como são feitas pelo PS as substituições nos organismos públicos, o que é visto “com alguma preocupação pelo PSD”. O centrista Helder Amaral criticou ainda Soares por ter ido para a comunicação social exigir a demissão de Lamas e não ter tratado do assunto “com discrição e sobriedade”.

Gabriela Canavilhas, deputada do PS e ex-ministra, reagiu a todas estas críticas no Parlamento para defender o Governo. “O PS rejeita enfaticamente qualquer controlo da máquina do Estado por parte do partido que mais tentou controlar. O PSD foi o partido que criou a CRESAP com pretensões de transparência e que se transformou num instrumento de sancionar nomeações políticas”, atirou, considerando que o partido “não tem moral” para fazer as críticas que fez. “Ainda temos memória da substituição de Mega Ferreira por Vasco Graça Moura”, disse.

Segundo Canavilhas, havia uma “desadequação de duas estratégias”, do eixo Belém/Ajuda e da Câmara de Lisboa, tinha que “haver intervenção da tutela e esta exerceu-a bem”.