Dilma Roussef e o Partido dos Trabalhadores (PT) estão a ponderar passar ex-presidente Lula da Silva a ministro do atual governo. Em causa está uma tentativa de permitir que Lula tenha acesso a um regime especial perante a justiça, no âmbito da investigação da operação Lava Jato, na qual é arguido. Se o ex-presidente brasileiro fizesse parte do executivo, não teria que se apresentar perante o juiz Sérgio Moro, o magistrado que conduz atualmente o caso e que assinou o mandado que obriga Lula a depor, e passaria a gozar de um “foro privilegiado”.

O mandado foi executado sexta-feira passada, depois de duas tentativas do ex-presidente de travar o pedido de depoimento. A investigação em causa ligou Lula da Silva à maior rede de corrupção do país, que inclui grandes empresas públicas, sendo que a principal é a Petrobras.

O jornal Estado de São Paulo avança que esta solução foi discutida numa reunião entre Lula, Dilma e vários ministros que ocorreu na sede de Presidência em Brasília, na terça-feira à noite.

Um amigo de Lula da Silva afirma que o ex-presidente não concorda com a solução encontrada, uma vez que acredita que aceitar um cargo governativo nesta altura poderia ser entendido como uma confissão de culpa. Esse mesmo amigo acrescenta, no entanto, que “aumentou no PT a pressão para que Lula assuma um ministério, para tentar também esboçar uma reação do governo às arbitrariedades que estão ocorrendo”. Lula da Silva afirmou em 1998, quatro anos antes de ter sido eleito presidente do Brasil pela primeira vez, que “no Brasil é assim: quando um pobre rouba vai para a cadeia, mas quando um rico rouba ele vira ministro”.

A revista brasileira IstoÉ revela que Delcídio Amaral, membro do PT e representante do governo de Dilma no Senado, fez um acordo com a justiça em que denunciou Dilma Roussef e Lula da Silva, alegando que ambos tinham plena noção do esquema de corrupção que foi montado na Petrobras, tiraram benefícios dele e tentaram travar as investigações. Estas declarações estão na causa da detenção do ex-presidente brasileiro.

O Ministério Público e a Polícia Federal afirmam que várias instituições com ligações a Lula da Silva, incluindo a sua fundação, terão recebido em doações e financiamento de palestras 7,3 milhões de euros. Cerca de 60% dos fundos vieram das cinco maiores empreiteiras que estão a ser investigadas, nomeadamente a Odebrecht, que viu o seu presidente ser condenado a mais de 19 anos de prisão.

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