Trinta e dois mil metros quadrados de tapete verde, onde a bola gosta de girar e girar toda vaidosa. É isto que as 22 seleções de futebol da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) têm à disposição para preparar o amanhã. A Cidade do Futebol, no Jamor, já não tem segredos para ninguém. O Observador foi visitar a nova menina dos olhos da FPF, que custou 15 milhões de euros e que receberá a seleção principal antes do Europeu em França, no próximo verão. A inauguração será esta quinta-feira, dia 31, pelas 15 horas, com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República, e António Costa, primeiro-ministro.

Ainda há muito pó no ar e talvez 200 trabalhadores a correr contra o relógio. Há ainda muito por fazer e ultimar. Esta Cidade do Futebol só estará totalmente operacional durante o próximo mês. Apesar de a obra estar inacabada, com luzes por instalar, cheiro a verniz aqui e ali, mesas por colocar, máquinas do ginásio, etc, a seleção A de futebol feminino entrará em estágio ali mesmo já na próxima segunda-feira.

Conclusão: Óbidos, o sitio preferido da seleção nos últimos tempos para estagiar, vai voltar a ser famoso pela caldeirada de peixe da Lagoa de Óbidos, enguias fritas e de ensopado, assim como pelas trouxas-de-ovos e lampreias das Gaeiras. Por tudo isso, menos pelo futebol. Brevemente, o coração do futebol nacional será ali, no Jamor, em Oeiras.

Três campos e meio para 22 seleções

O balneário principal recebe luz natural, é simplista, tem cacifos com código e fica apenas a vinte metros do relvado. Quase que se sente o cheiro a relva ali dentro, onde um dia estarão Cristiano Ronaldo, Bruno Alves, João Moutinho e companhia, a preparem-se como se fossem um exército. Bom, estarão ali se o general Santos os chamar…

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Este recinto completamente virado para o futebol — que terá também dois campos de futebol de praia — tem três campos e meio. O meio servirá para Fernando Brassard, Pedro Espinha e Pedro Roma prepararem treinos específicos para guarda-redes e até, quem sabe, para serem treinadas saídas de bola a partir da defesa. Há 11 balneários, dois ginásios, uma piscina de hidromassagem e muita gente à disposição das 22 seleções. O espaço garante, em simultâneo, a possibilidade de estagiarem ali 125 atletas mais respetivos corpos técnicos.

cidade do futebol,

É ali, naquele cantinho. Fernando Santos vai sentar-se ali e escolher os 23 meninos para defender as cores do país em França

A Cidade do Futebol está dividida em três áreas: centro técnico, centro logístico e a sede da FPF, que deixará de ser na Alexandre Herculano, onde esteve entre 2004 e 2016. A FPF visitou as academias dos clubes que têm algo semelhante em Portugal e deitou o olho também à forma como funciona Valdebebas, o centro de treinos do Real Madrid.

Números

— Obra custou 15 milhões de euros
— vai servir 22 seleções
— 188 postos de trabalho
— 32.000 quadrados de relvado
— 140 aspersores nos relvados
— 11 balneários
— escavação efetuada: 100.000 metros cúbicos
— 85 câmaras de vídeo vigilância
— 55 detetores contra intrusão
— 410 detetores de incêndio
— 90 painéis solares
— 187 km em cablagem elétrica
— 11.370 árvores e outras espécies arbóreas

Os campos servirão apenas para treinos e torneios jovens, algo que acontecerá brevemente com os sub-15. Um elemento da Federação admitiu também a possibilidade de receber seleções de outros países, para rentabilizar o projeto. E quando se chama “Cidade” a este recinto não é em vão. Para além do óbvio, há de tudo: armazéns, centro de imprensa, auditórios, unidade de saúde, fisioterapia, hidroterapia, farmácia, arquivo, cozinha, restaurante e lavandaria. Uma coisa é certa: não há hotel nem onde dormir. “Há uma grande oferta à volta”, explicou assim a opção Tiago Craveiro, diretor-geral da FPF.

Tiago Craveiro, em entrevista à 360, a revista da FPF, explicou o envolvimento dos principais organismos internacionais no projeto. “A UEFA e a FIFA ajudaram muito. Tivemos como comparticipação a fundo perdido cerca de um milhão de euros da FIFA e 6,5 milhões da UEFA. Não estando obrigados a fazê-lo, seguimos todos os procedimentos exigidos em qualquer contratação pública. Mesmo sabendo que a FPF é uma entidade privada. E não tivemos de recorrer a qualquer financiamento bancário.”