Entre os 11,5 milhões de documentos libertados este domingo pelos “Panama Papers”, que revelam um esquema de offshores no mundo através de empresas fantasmas e paraísos fiscais, está um português. Trata-se de Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira, dono do conglomerado de empresas Lusitania Group, sediadas nas Ilhas Virgens Britânicas, entre 2003 e 2011.
Segundo revela o jornal Estadão, o português terá constituído uma empresa chamada Lusitania Petroleum Holding Limited nas Ilhas Virgens Britânicas no dia 19 de julho de 2010. Em 2011, uma empresa subsidiária da Lusitania terá vendido à Petrobrás metade do campo de exploração de petróleo no Benim, país localizado no oeste do continente africano.
A compra, no entanto, terá resultado em prejuízo: terão sido investidos 57,9 milhões de euros no negócio, que terminou por não encontrar petróleo no campo marítimo. Idalécio terá aberto 12 empresas offshores meses antes de realizar a venda, através da Mossack Fonseca, empresa responsável pelas transações bancárias do escândalo de corrupção revelado este domingo.
O jornal Público relata que o português terá transferido 8,8 milhões de euros, através de uma empresa registada pela Mossack Fonseca, para uma conta na Suíça mantida por João Augusto Rezende Henriques, apontado pelos investigadores da Operação Lava Jato como lobista do PMDB, o maior partido político do Brasil.
Rezende Henriques terá feito uma sociedade com Idalécio para, em seguida, vender a área de exploração de petróleo por 13,1 milhões de euros à Petrobrás, descreve o jornal O Globo num artigo publicado em setembro de 2015. Questionado pela Polícia Federal brasileira na altura, Rezende Henriques disse que “a conta indicada para o pagamento pertencia a Eduardo Cunha”, presidente da Câmara dos Deputados do Brasil. Eduardo Cunha também está a ser investigado pela Operação Lava Jato. O Público noticia que Idalécio de Castro Rodrigues de Oliveira chegou a ser suspeito de ter subornado Eduardo Cunha.
“Acabei tendo que abrir uma conta lá para receber esses valores e paguei contas que me deram. E paguei também a quem me deu a dica. Foi isto que aconteceu. A pessoa falou, dá uma olhada na costa da África, vê se não tinha nenhuma oportunidade”, justificou o lobista, em depoimento a um dos delegados da Operação Lava Jato, no contexto da 17.ª etapa da investigação, citado pelo jornal O Globo.