Quatro dias, 45 galerias de arte, mais de 100 convidados ligados à arte contemporânea e um milhão de euros de investimento. São estes os números que marcam a primeira edição da ARCOlisboa, que vai ocupar a Cordoaria Nacional entre 26 e 29 de maio. Os galeristas portugueses têm razões para sorrir.
A chegada da importante feira internacional espanhola “é importantíssima porque não existe outra feira de arte contemporânea em Portugal”, diz ao Observador Ana Feijó, coordenadora da galeria portuense Presença, que vai estar na Cordoaria Nacional. Vera Cortês, líder da Art Agency com o mesmo nome, concorda. “Acho que faz todo o sentido, tanto para Lisboa como para a ARCO. Não faz sentido Lisboa ser uma capital europeia e não ter uma feira de arte“, afirma.
Entre as 45 galerias presentes, só 19 são portuguesas, entre as quais Cristina Guerra Contemporary Art, Baginski e Múrias Centeno. O resto vem de países como Espanha, Itália, França, Suíça, Colômbia, Brasil e Estados Unidos. Todas foram selecionadas pelo Comité Organizador “que avaliou especialmente a qualidade e os conteúdos das obras”, pode ler-se em comunicado, enviado após a apresentação desta segunda-feira, no Teatro S. Luiz.
As duas galeristas portuguesas já participaram na ARCO de Madrid e salientam que valeu a pena. “É uma estrutura que todos conhecemos, reconhecida, com provas dadas”, destaca Vera Cortês. Ana Feijó elogia o facto de estas feiras serem “a única forma de divulgar os artistas todos ao mesmo tempo, por oposição às exposições”. “São eventos que estão direcionados para pessoas que compram, para colecionadores.” A organização vai trazer cerca de 100 convidados, entre colecionadores de 27 países, diretores de instituições, comissários e outros profissionais internacionais do mundo da arte.
Colecionadores, profissionais da arte e público em geral estão todos convidados a centrar as atenções em torno do período que começa no séc. XX e vai até aos dias de hoje. É este o tema proposto para esta primeira edição da ARCOlisboa, através do conceito “Artista Destacado“, que vai permitir admirar obras de criadores como Joaquin Torres García, Mario Merz, Dan Graham, Robert Barry, Lawrence Weiner, Julian Opie, Julião Sarmento, Joana Vasconcelos, Pedro Cabrita Reis, Juan Luis Moraza, Ignasi Aballí, Maria Loboda, Felipe Arturo, João Maria Gusmão + Pedro Paiva e Daniel Steegmann Mangrané.
Juntamente com o programa de galerias, a ARCOlisboa também acolherá a presença de editoras e livrarias portuguesas independentes no espaço “As tables are shelves”, com a seleção de Luiza Teixeira de Freitas. Localizado no Torreão Nascente da Cordoaria, é lá que se vão poder descobrir novos conteúdos editoriais, complementado com a presença de outras revistas e publicações locais e internacionais relacionadas com a arte contemporânea.
A Feira tem organizado paralelamente um programa de debate e reflexão em torno da atualidade criativa e do mercado português da arte, com conferências e diálogos entre profissionais locais e estrangeiros, em sessões abertas ao público. Também está previsto um Fórum de Colecionismo, em que participarão “destacados colecionadores”, como Miguel von Hafe, Miguel Leal Rios, Frédéric de Goldschmidt, Julia Mullié, Armando Cabral, Carlos Rosón e Peter Meeker.
A ARCO conta com o apoio do Ministério da Cultura, da Câmara Municipal de Lisboa, da EGEAC e do Turismo de Portugal, entre outras instituições. As expectativas para o evento de quatro dias são boas mas, para Vera Cortês, há que ter em mente que se trata de uma primeira edição. “Este tipo de eventos, quanto mais tempo têm, melhor se tornam e mais influência conseguem. A primeira edição vai correr bem mas acho que vai correr ainda melhor ao longo do tempo.”