Para onde quer que se olhasse via-se longas filas de pessoas. Estavam por todo o lado — filas para entrar, filas para a casa de banho, filas para comer e até mesmo para olhar para pokemons feitos de peluche. Ao segundo dia da Comic Con, a Exponor rebentou pelas costuras e, em alguns casos, foi mesmo impossível fazer com que todos conseguissem ver os painéis e as conferências.

Mas houve quem não viesse apenas pelos atores e atrizes convidados. Havia muito mais para ver e para fazer — zombies alugados que se cruzavam pelos corredores com stormtroopers da Guerra das Estrelas, workshops de manga e animação, um concurso de cosplay e até karaoke, onde se cantavam clássicos japoneses como a música das Navegantes da Lua ou a do Dragon Ball GT — vezes e vezes sem conta. “Já alguém veio cantar a música do Dragon Ball GT?”, perguntámos ao DJ. “Várias pessoas”, respondeu com ar enfadado.

Mas o dia era de Natalie Dormer. Antes da sua entrada no anfiteatro principal da Comic Con, já se fazia fila para a sessão de autógrafo. Com mais de duas horas de antecedência, começaram a chegar as primeiras pessoas. Umas sentadas no chão, outras de pé e algumas até levaram comida.

Foi durante a conferência de imprensa com os jornalistas que Natalie Dormer fez a primeira revelação do dia. O próximo projeto da atriz passará por co-escrever um argumento para In Dark Places, um filme que será realizado pelo noivo, Anthony Byrne. Já no painel com os fãs, Natalie falou um pouco sobre a próxima temporada de A Guerra dos Tronos, a popular série da HBO. “A última temporada deixou muitas pontas soltas. Na temporada cinco há uma nova história a começar para muitas personagens”, disse. Quanto a Margaery Tyrell, a personagem que interpreta na série, admitiu que haverá uma maior tensão entre ela e Cersei Lannister, cujo relacionamento conturbado já vem de temporadas anteriores.

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A atriz, que admitiu nunca ter lido os livros da saga original escrita por George R. R. Martin, disse que esta temporada decidiu fazer uma coisa diferente — decidiu não ler as partes do guião em que Margaery não entra, para poder “ver a série como uma fã”. Quando questionada sobre que outra personagem gostaria de interpretar, Natalie respondeu um sincero “que se lixe, seria um dragão. Queria poder voar!”.

Ainda em relação à Guerra dos Tronos, a atriz confirmou aquilo que já se esperava. A série vai provavelmente acabar muito antes da publicação dos últimos livros da saga de Martin. Mas independentemente disso — e como já se sabia — os produtores estão a par do final que o escritor idealizou, o que significa que será tido em conta. O final será sempre “a visão dele”, afirmou. No que diz respeito a outros projetos, admitiu que gostava de voltar a fazer teatro porque veio “do teatro”, e que poderá voltar à série “Elementar”.

Ao final da manhã assistimos à conferência de imprensa de Seth Gillian, o padre Gabriel da série The Walking Dead. O ator interpreta o papel de um homem só, que luta por manter a fé. A série, que já vai a meio da quinta temporada em Portugal, está entre as mais populares dos canais por cabo (canal Fox), o que fez de Seth Gillian uma das principais estrelas do dia. Sobre o papel que representa, confessou aos jornalistas não lhe ser difícil fazer de cobarde: “basta-me pensar num cão grande”.

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Seth Gillian ©Hugo Amaral/Observador

Afável e simpático, Seth Gillian contou que concorreu para a série sem ter visto um único episódio. E falhou por três vezes. Só já depois de ser selecionado fez a revisão da matéria e disse-nos que se tornou fã. Sobre a sua carreira profissional, prefere alternar papéis, entre o herói e o vilão. ” Não gosto de fazer sempre o mesmo tipo de papel”, confessou. À pergunta se gostaria de interpretar algum personagem comic, fez uma pausa de 10 segundos e respondeu um sorridente “não”. Não vê TV além dos canais de natureza e desporto e talvez por isso, quando questionado sobre qual a “personagem de sonho” que gostaria de um dia representar, lançou um “ser comentador da NFL” (National Football League — liga de futebol americano). Pareceu-nos estar a falar a verdade.

Seguiu-se Paul Blackthorne, um ator conhecido do grande e do pequeno ecrã, onde aparece desde os anos 1990 em anúncios publicitários. Animado e sorridente, voz poderosa e sotaque britânico carregado, não hesitou em confessar que não percebe nada de comics, mas que acredita que as pessoas gostam muito de Arrow porque cruza os elementos clássicos da banda desenhada, tais como o bom e o vilão, com a dinâmica familiar. Há cenas de ação misturadas com pormenores quase familiares e esse é um dos segredos do sucesso de Arrow, disse o autor.

Paul Blackthorne lançou a carreira no cinema num filme indiano nomeado para um Oscar (Lagan, 2001), que lhe deu um empurrão ao talento. Também já juntou às experiências do cinema, televisão, rádio e publicidade, a da realização. Em 2013, apresentou The American Journey, um documentário onde relata o quotidiano da população americana. Projetos futuros na realização? Gostava de fazer “um documentário sobre a Índia”, confessou, apesar de ter pouco tempo livre por causa de Arrow.

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Paul Blackthorne — ©Hugo Amaral/Observador

O ator confessou que gosta de se manter próximo dos fãs. Para que se ficasse a perceber como leva isso a sério, fez notar que é ele quem gere a conta do Twitter e a página do Facebook (a esmagadora maioria dos artistas entregam essa gestão a empresas de comunicação). “Durante uns anos tive um site, mas a comunicação [com os fãs] não funcionava muito bem”. Foi resistindo às redes sociais, mas quando entrou para Arrow toda a gente tinha Twitter, e foi por aí que descobriu no Facebook uma maneira de estreitar a ligação com os fãs.

Um dos pontos altos do dia foi, sem dúvida, o concurso de cosplay. Do inglês costume e play, é um passatempo a que se dedicam pessoas de todas as idades em todo o mundo. Consiste na representação de uma personagem, quer seja de filmes, séries, anime ou simplesmente criado de raiz. E foi exatamente isso que se viu neste segundo dia: um desfile de personagens tão diferentes como Scorpion do jogo (ou filme) Mortal Kombat, uma Batgirl saída dos livros aos quadradinhos da DC Comics, Ezio Auditore da Firenze do jogo Assassin’s Creed II ou ainda os clássicos Sauron e Gandalf do Senhor dos Anéis, que concorreram contra uma enchente de personagens do jogo League of Legends (LOL).

Foram premiados o melhor fã, o melhor grupo, a melhor personagem de comics, filmes e séries, de LOL e o best in costume. O vendedor da categoria best in show, vestido de War Machine, levou para casa uma máquina de costura.

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War Machine, o vencedor do “cosplay” — ©Hugo Amaral/Observador

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