O Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) concluiu com sucesso a campanha de angariação de fundos para o restauro da obra Presépio dos Marqueses de Belas. Ao todo, o MNAA angariou 40 mil e 165 euros e 39 cêntimos, tendo cumprido o objetivo de chegar às quatro dezenas de milhar. Concebida pelo escultor português Barros Laborão, é a maior obra do seu género em Portugal e, em dimensão, é o maior de todos os presépios da coleção do MNAA (e o único que ainda não tinha sido intervencionado).

A campanha de subscrição pública tinha como título o slogan “Somos Todos Mecenas”. Começou em abril deste ano e o prazo final de angariação de fundos era o último dia deste ano, 31 de dezembro. A pouco mais de dois meses de se atingir o prazo final, os 40 mil euros estão já recolhidos, naquela que é mais uma campanha de angariação de fundos pública do museu. Iniciativas semelhantes no passado já permitiram ao MNAA adquirir, por exemplo, a obra “A Adoração dos Magos”, de Domingos Sequeira.

Encomendado ainda no final do século XVIII por um colecionador de arte lisboeta chamado José Joaquim de Castro, o presépio foi concebido por um escultor português, Barros Laborão, que tinha como principal patrono o Marquês de Belas. É essa ligação que explica que a obra se chama Presépio dos Marqueses de Belas, quando na verdade nunca esteve na posse desta família da nobreza portuguesa. Já no século XX, mais precisamente em 1937, o presépio foi adquirido pelo primeiro diretor do MNAA, José de Figueiredo. À época, estava na posse de Sebastião de Carvalhal Daun e Lorena, um descendente do Marquês de Pombal.

O Presépio dos Marqueses de Belas já está no lugar certo. Agora só precisa de ser restaurado

“Pela sua monumentalidade”, explica o MNAA, “a conservação e restauro deste presépio — limpeza e consolidação das suas mais de 300 peças de barro cozido policromado, do cenário que as envolve e da ‘maquineta’, ou armário, que o guarda — é um processo minucioso e complexo”. Destas mais de 300 peças, as mais antigas remontam ainda ao final do século XVIII (a 1796), enquanto as mais recentes datam já do século XIX. O presépio no seu conjunto tem perto de quatro metros de altura e de largura.

Depois dos 40 mil euros angariados com sucesso pelo MNAA, a próxima prioridade do museu passa pelo restauro da Capela das Albertas, que está fechada há perto de uma década. O restauro da capela exigirá um financiamento superior. A primeira fase do processo já começou, graças a um financiamento externo da European Fine Art Foundation (TEFAF), organizadora da Feira de Arte e Antiguidades de Maastricht, que escolhe anualmente um projeto para apoiar — e este ano elegeu o restauro desta capela portuguesa.

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