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Bruno quer, a equipa sonha mas aquela obra tarda em nascer (a crónica do Sporting-Portimonense)

Este artigo tem mais de 5 anos

Bruno Fernandes marcou um golo, fez duas assistências e teve o papel de omnipresente em campo que vale por três mas vitória do Sporting com Portimonense (3-1) voltou a ter demasiados altos e baixos.

Sporting voltou a voar nas asas de Bruno Fernandes, que esteve nos três golos leoninos e foi o melhor em campo
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Sporting voltou a voar nas asas de Bruno Fernandes, que esteve nos três golos leoninos e foi o melhor em campo

AFP/Getty Images

Sporting voltou a voar nas asas de Bruno Fernandes, que esteve nos três golos leoninos e foi o melhor em campo

AFP/Getty Images

Esta semana, sem que muitos se apercebessem, Marcel Keizer chamou um miúdo de 16 anos aos treinos do plantel principal de seu nome Joelson Fernandes. Um desconhecido para a maioria mas que, dentro do leque de jogadores na formação leonina entre juvenis e juniores, é muito provavelmente o valor a quem os responsáveis reconhecem mais margem de progressão e potencial. Nascido na Guiné-Bissau, filho de um antigo futebolista, destacou-se com 11 anos nos treinos de captação no Polo Universitário de Lisboa, começou a representar o conjunto verde e branco mesmo vivendo em Aveiro (prática comum nos principais clubes nacionais) e passou a viver na Academia a partir dos 13, a idade mínima para essa transição.

https://observador.pt/2019/03/03/sporting-portimonense-leoes-procuram-regresso-aos-triunfos-tendo-em-vista-o-podio-da-liga/

Esta semana, com muitos ou quase todos a aperceberem-se, os administradores da SAD pintaram um cenário negro em relação às contas do Sporting. Da necessidade de encontrar 41 milhões de euros até abril (65 milhões até ao final do ano) aos 24,3 milhões de euros devidos entre contratações e respetivas comissões, passando pela quebra a pique de receitas em pontos fulcrais como a venda de lugares anuais ou a bilhética e pela necessidade de antecipação de receitas daquela que é a galinha dos ovos de ouro nos próximos anos (o contrato com a NOS), o léxico economicista voltou a surgir de forma mais expressiva no quotidiano do universo verde e branco – e ainda há a célebre questão dos VMOC, que deverá ser abrangida pela reestruturação.

Os dois casos supracitados nada têm a ver com a crónica do Sporting-Portimonense nem explicam o que se passou dentro das quatro linhas mas servem como exemplos de uma realidade que se está a tornar novamente crónica nos leões. É certo que o tema da semana teria de forma inevitável de ser o clássico entre FC Porto e Benfica mas o espaço dedicado aos verde e brancos voltou a ser ocupado por questões que nada têm a ver diretamente com a mola real do clube que é o futebol. E haveria mais aspetos que podiam vir à baila, como o receio dos dirigentes com a reação das claques no encontro com os algarvios ou a expulsão de Bruno de Carvalho de sócio. Tudo menos aquilo que deveria mexer com os adeptos leoninos. Como Joelson. Ou como a possibilidade de poder ainda chegar ao terceiro lugar. Ou como uma inversão nesta espiral negativa recente.

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Para isso, existe Bruno Fernandes. Outro dos nomes falados durante a semana, pelo valor recebido para voltar atrás na decisão de sair do clube com uma rescisão unilateral. 1,8 milhões de euros acabou por ser quase um preço de saldo atendendo à influência crescente e que continua a aumentar na equipa, na estrutura e no próprio clube.

Raphinha fez o 2-0 aos 11′, Paulinho apontou o 2-1 aos 30′: brasileiros estiveram em destaque (PATRICIA DE MELO MOREIRA/AFP/Getty Images)

Bruno Fernandes é o goleador que vai conseguindo disfarçar o pior momento de Bas Dost desde que chegou a Alvalade (e também as deficiências de Diaby na altura da finalização). Bruno Fernandes é o playmaker que joga, faz jogar e dá assistências, como voltou a acontecer nos dois primeiros golos leoninos. Bruno Fernandes é o líder que tão depressa se assume como capitão em campo como se chega à frente como porta-voz nos bons e nos maus momentos que a equipa vai atravessando. Mas Bruno Fernandes é também aquele elemento que vê um miúdo como Joelson Fernandes chegar a um treino dos seniores e serve de cicerone para que nada falte ao jovem. Mais do que aquilo que Bruno Fernandes é, o complicado consiste em encontrar aquilo que Bruno Fernandes não consegue ser. E a resposta fácil: por mais que marque e assista, um jogador sozinho não consegue dar equilíbrio a uma equipa. Equilíbrio para evitar altos e baixos num jogo, na agressividade e no estado de espírito com que se encara os 90 minutos. E em noite de regresso aos triunfos com o Portimonense, o Sporting teve tudo isso.

Ficha de jogo

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Sporting-Portimonense, 3-1

24.ª jornada da Primeira Liga

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: João Capela (AF Lisboa)

Sporting: Renan Ribeiro; Ristovski, Ilori, Mathieu, Acuña; Gudelj, Wendel (Francisco Geraldes, 90′), Bruno Fernandes; Raphinha (Doumbia, 72′), Diaby e Bas Dost (Luiz Phellype, 59′)

Suplentes não utilizados: Salin, Borja, André Pinto e Jovane Cabral

Treinador: Marcel Keizer

Portimonense: Ricardo Ferreira; Tormena (Paulinho Boia, 72′), Lucas Possignolo, Jadson (Rúben Fernandes, 35′), Henrique; Paulinho, Pedro Sá, Lucas Fernandes; Aylton Boa Morte, Wellington e Bruno Tabata (Ruster, 81′)

Suplentes não utilizados: Leo, Felipe Macedo, João Carlos e Bruno Reis

Treinador: António Folha

Golos: Diaby (10′), Raphinha (11′), Paulinho (30′) e Bruno Fernandes (90′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Wendel (29′), Luiz Phellype (77′), Henrique (84′), Paulinho Boia (90+4′) e Francisco Geraldes (90+4′)

Com Mathieu de volta à defesa e Acuña como lateral no lugar de Borja, o Sporting arrancou com 15 minutos demolidores entre muito demérito também por parte do Portimonense. Diaby, no seguimento de um cruzamento de Bruno Fernandes, falhou na bola quando tinha apenas de encostar à boca da baliza (5′); pouco depois, Raphinha obrigou Ricardo Ferreira a defesa apertada para canto após passe a “rasgar” a explorar a profundidade (10′). O golo estava perto e seria apenas uma questão de segundos: na sequência dessa bola parada, Diaby cabeceou picado e puxado ao poste após cobrança de canto à direita de Bruno Fernandes (10′). Bola ao centro, novo erro dos algarvios na saída em posse, 2-0 para o Sporting: Raphinha surgiu lançado em profundidade nas costas da defesa do Portimonense com um passe de Bruno Fernandes e disparou sem hipóteses (11′).

O jogo do Sporting tinha largura – por causa da visão de jogo de Bruno Fernandes. O jogo do Sporting tinha profundidade – por causa da capacidade de passe de Bruno Fernandes. O jogo do Sporting tinha velocidade – por causa dos impulsos de Bruno Fernandes. Tudo o que de bom acontecia tinha sempre a mesma génese, aquela que aparece de forma inevitável na crónica de qualquer jogo dos leões. No entanto, Bruno Fernandes pode ser encarado em Alvalade como um Deus mas a omnipresença não dá para tudo. E aquilo que parecia encaminhar-se para ser um jogo fácil tornou-se algo bem mais complicado.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Sporting-Portimonense em vídeo]

Até ao intervalo, o Portimonense podia ter empatado. Seria inclusive o cenário mais justo perante o que se passou daí para a frente. Paulinho, à passagem da meia hora, reduziu a desvantagem com um remate cruzado que só aconteceu perante a enorme passividade da estrutura defensiva verde e branca, a ver jogar até ao 2-1. Já antes, Renan Ribeiro tinha evitado que Aylton e Lucas Fernandes conseguissem marcar; depois, o brasileiro segurou a vantagem perante as tentativas que tanto vinham dos médios como dos avançados (e nos primeiros 45 minutos os visitados conseguiram fazer 12 remates, algo impensável e fora do comum). E ainda houve a “ajuda” da trave, com Lucas Fernandes a atirar um autêntico míssil com selo de golo mas sem código postal (45+2′). Os menos de 25 mil em Alvalade que aplaudiam sem parar no início lá soltaram mais uns assobios no descanso, perante mais um encontro pouco conseguido em termos defensivos – e Mathieu ainda foi disfarçando muitos desses erros.

No segundo tempo, Keizer fez algumas alterações no posicionamento de alguns elementos em campo e conseguiu, pelo menos, deixar de desenrolar as autênticas passadeiras com convite e bar aberto que a equipa abria sempre que o Portimonense conseguia lançar o primeiro passe para a transição ofensiva. O Sporting não teve a mesma capacidade em termos ofensivos que conseguira no decorrer dos primeiros 45 minutos mas ganhou outro equilíbrio, aquela palavra chave que no final traduz a diferença. O mesmo equilíbrio, por exemplo, que Diaby não teve quando, numa jogada de insistência, podia ter feito muito melhor ao atirar de cabeça ao lado da baliza de Ricardo Ferreira (valeu a nota artística do lance mas nada mais além disso…).

Já sem Dost em campo (ou melhor, o gigante holandês que usa a camisola 28 que tem nas costas o nome Bas Dost, que é bem diferente do Dost que esteve no clube nas duas primeiras temporadas), o Sporting foi-se resumindo cada vez mais à influência de Mathieu na defesa, de Bruno Fernandes no ataque e de Acuña em todo o corredor esquerdo. Ainda assim, eram poucos mas bons. E ficaram perto de decidir o encontro mais cedo, com o capitão verde e branco a fazer o mais difícil de cabeça na área após cruzamento do argentino (63′) e, mais tarde, a inventar mais uma jogada que acabou com Ricardo Ferreira a evitar o 3-1 com uma defesa para canto. Pelo meio, Lucas Fernandes teve o único remate com relativo perigo (68′); depois, foi Paulinho Boia a visar a baliza de longe (86′). As contas pareciam estar feitas mas Bruno Fernandes, quem mais, ainda fixou o resultado final numa grande penalidade que o próprio tinha sofrido (90′). Ainda assim, ficam muitas contas por fazer.

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