Olhar para mercados novos e encontrar alternativas de produção. Para a ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, deve ser esta a aposta do setor agroalimentar para crescer. “A nossa preocupação é desafiar o setor a produzir mais e olhar para aquilo que são as carências alimentares na economia global”, adiantou, esta quarta-feira, durante uma conferência na AESE – Escola de Direção e Negócios.
Para que isso aconteça, é preciso que os produtores tenham uma visão estratégica e global, ou seja, que considerem produzir e exportar para outros mercados, explicou, alertando que um dos grandes desafios da próxima década vai passar pelo défice alimentar da população mundial.
“Estamos no mercado europeu, que é enorme, e é preciso consolidar os mercados tradicionais. Mas também é preciso olhar para mercados novos. Se houver um problema na Rússia, por exemplo, tem de ser possível encontrar uma solução no Chile ou na Colômbia”, disse, durante a conferência que integrou o Programa de Direção de Empresas Agrícolas e Agroindustriais, da AESE.
Termos como “flexibilidade” e “inovação” devem ser as palavras de ordem dos produtores. “No comércio internacional, o que é verdade hoje amanhã pode já não ser”, referiu, acrescentando que está para “muito breve” a entrada de produtos portugueses em duas novas geografias: México e Colômbia.
“Em três anos e meio, abrimos 70 novos mercados”, adiantou Assunção Cristas, acrescentando que os produtores vão “precisar de ir para outras geografias”. De acordo com a ministra, se no conjunto da economia portuguesa, em 2014, as exportações cresceram 1,9% e “foi o melhor ano de sempre”, no setor agroalimentar cresceram 7,8% no mesmo ano.
Sobre se algum dia Portugal pode vir a ser um país autossuficiente em matéria agroalimentar, a ministra referiu que numa economia aberta e competitiva, tal não é viável. “Não há forma de produzir tudo no nosso país de forma competitiva“, disse. E avança que o Governo não deve impor aquilo a que chama as “fileiras estratégicas”: “os agricultores é que devem saber por onde querem ir”, referiu, acrescentando que, “na agricultura, não pode haver filhos e enteados“.
“Tem havido um dinamismo interno em todo o setor. Num momento em que a economia estava a decrescer, este foi o único setor em que houve crescimento“, referiu, acrescentando que em matéria de mercados internacionais, é preciso que os produtores não esqueça três fatores; quantidade, qualidade e organização, para que os produtos cheguem bem ao destino. “Isto só é possível com escala”, acrescentou.
Para isso, o Governo está focado em garantir uma boa execução dos fundos disponíveis, concentrar ao máximo a oferta e privilegiar os jovens agricultores, que são precisos para reforçar o setor, adiantou Assunção Cristas