Os estágios curriculares são, muitas vezes, uma porta de entrada para o mercado de trabalho. Trazem vantagens para os jovens licenciados, para as instituições de ensino superior e para os empregadores, afirmam os investigadores da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda (ESTGA), da Universidade de Aveiro, que apresentaram esta terça-feira um estudo onde revelam que a realização de um estágio reduz em 15% o risco de desemprego.

“Mantendo as restantes variáveis constantes, incluindo o impacto reputacional da instituição, o subsistema de ensino a que pertence, se é pública ou privada, e a área de formação do curso, pode estimar-se que a inclusão de estágios em licenciaturas reduz as taxas de desemprego em cerca de 15%”, conclui o estudo sobre o impacto da existência de estágios curriculares na empregabilidade dos licenciados.

O impacto dos estágios curriculares é ainda mais sentido no ensino politécnico onde, “mantendo todas as restantes variáveis constantes, se pode estimar que a inclusão de estágios nos planos de estudo reduz a taxa de desemprego entre os licenciados em 27%“. Talvez por isso é os institutos politécnicos apresentam uma maior percentagem de licenciaturas com estágios curriculares.

Os investigadores desta escola politécnica da Universidade de Aveiro analisaram 1.158 licenciaturas, tanto públicas como privadas. Dessas, 556 incluíam estágios, sendo a grande maioria destes (73%) lecionados por instituições politécnicas – 261 em politécnicos públicos e 146 em privados.

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“Desta forma, a inclusão de estágios no currículo pode constituir uma vantagem competitiva, aumentando a possibilidade de o diplomado ser selecionado para uma vaga de emprego, já que a referência à realização de um estágio no currículo dos candidatos pode ser percecionada como um indicador de reduzida incerteza sobre a produtividade do candidato”, lê-se no estudo agora divulgado.

É que, acrescentam os investigadores, “as experiências de trabalho adquiridas durante os estágios permitem a criação da categoria ‘experiência de trabalho’ no Curriculum Vitae, que é referenciada como um dos critérios de recrutamento mais valorizados”.

Os investigadores afirmam ainda que os estágios obrigatórios e faseados são mais eficazes do que os facultativos e únicos, no final da licenciatura. “A natureza obrigatória dos estágios está associada a uma redução de 28% da taxa de desemprego” e “a diversificação das oportunidades disponíveis para os estudantes experienciarem atividades relacionadas com o mundo laboral (estágios faseados) pode conduzir as taxas de desemprego de diplomados em 37%”, isto, claro, se as restantes variáveis se mantiverem constantes. Apesar disso, nenhuma das seis instituições incluídas no estudo qualitativo levado a cabo tinham estágios faseados.

E todos ganham com estes estágios, continuam os investigadores de Aveiro. Para os profissionais de ensino superior servem para “obter um feedback importante para as instituições de ensino superior sobre os conteúdos programáticos que ministram” e para os empregadores permitem “inovar as suas práticas de trabalho”.

Entre tantas vantagens, um problema de assinalar: a visão dos estágios por parte das instituições como mão-de-obra “gratuita”.

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