“Uma vergonha”, “um achincalhamento de uma entidade pública” e uma ideia “insólita”. Foi assim que o PS respondeu à proposta do PSD de submeter a exame da Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO) o cenário macroeconómico de António Costa.

Na reunião da Comissão de Finanças, esta quarta-feira, o PSD apresentou oralmente a proposta que já tinha anunciado, mas não forçou a votação, que ficou adiada para a próxima semana. Os sociais-democratas insistiram que para esta ser viabilizada e fazer sentido o PS terá que mostrar todos os documentos técnicos que estiveram na base do cenário macroeconómico. O PS, pela voz dos deputados João Galamba e Vieira da Silva, rejeitou qualquer responsabilidade em obstaculizar a proposta do PSD mas deixando claro que é frontalmente contra a ideia de envolver nesta discussão uma entidade como a UTAO.  

“O PS não tem medo, se o PSD quer conhecer todos os pressupostos faça não 29 perguntas, mas 58, 116. Faça as que entender. O PS dará todas as informações. O PS não faz nenhuma barreira a informação de natureza política ou técnica. Se tem dúvidas, estamos à vossa disposição”, respondeu Vieira da Silva, insistindo, porém, de que a proposta sobre a UTAO “é uma forma errada” de tratar esta questão do cenário macroeconómico que, sublinharam os deputados do PS, não é ainda o programa eleitoral do partido.

O PS citou mesmo as opiniões críticas de ex-líderes do PSD sobre a iniciativa dos sociais-democratas. Marcelo Rebelo de Sousa considerou submissão do documento do PS à UTAO “surreal”, Manuela Ferreira Leite disse ser “gravíssima” e Santana Lopes “absurda”.

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“Todos os partidos se comprometiam a entregar à UTAO os seus programas eleitorais? E que tipo de parecer a UTAO iria produzir? Entraria em debate sobre um documento político”, questionou Vieira da Silva sobre o precedente que se abrirá, considerando que o papel da UTAO “ficaria inevitavelmente diminuído”.

Duarte Pacheco, que deu a cara pela proposta do PSD, insistiu que é preciso conhecer “a bondade da compatibilização” das propostas do PS com as metas do Tratado Orçamental e acusou o PS de estar com “reserva na avaliação do seu cenário macroeconómico e que isso por ventura deriva de serem pressupostos de pés de barro”. A votação da proposta só será feita na próxima semana.

O CDS, pela voz de Cecília Meireles, disse que “não vê nenhum motivo” para que a UTAO não possa ser chamada a este debate, “nem considera que isso apouque” aquela entidade. “É normal e razoável”, disse.