O ministro argentino das finanças Axel Kicillof acaba de reagir ao anúncio de que o país acaba de entrar em incumprimento. Depois de ter passado 11 horas em reunião com os representantes dos fundos, o ministro dirigiu-se ao consulado argentino em Nova Iorque onde, em conferência de imprensa, diz que “este default não é uma causa, mas a consequência de um sistema doente.” Assume que a Argentina tem recursos e que acabará por pagar o que deve. “Não vamos forçar nenhuma ação que comprometa o futuro da Argentina”, garante. O ministro afirma que o sistema financeiro forçou a Argentina a pagar mais do que realmente deve, porque pagou 190 mil milhões de dólares sem adquirir crédito. Ainda antes de regressar à Argentina, Kicillof critica o comunicado do mediador que avaliou a situação, dizendo que “parece ter sido escrito para favorecer uma das partes”.

A Standard & Poor tinha anunciado que a dívida argentina entrou em incumprimento seletivo, o que quer dizer que o governo anunciou a indisponibilidade para pagar algumas das dívidas – escolhendo um pacote de credores a quem decidiu não pagar. O El Mundo confirma este anúncio da S&P que se segue a um intenso dia de negociações em Nova Iorque entre o ministro das finanças argentino e os representantes dos “fundos abutre”.

Algumas agências já assumem que na prática isto implicará que todo o país esteja em default. O CEO da BERI, uma agência de rating, anunciou pelo twitter que já preparou os seus clientes para os efeitos:

Mas este alerta pode ser exagerado — pelo menos alguns analistas não alinham por esse diapasão. À Bloomberg um analista da Goldman Sachs acaba de dizer que “o default argentino deverá ser de curto prazo e sem grandes implicações no país”. Hoje era o prazo limite para o pagamento aos “fundos abutre” que ficaram de fora do acordo de reestruturação da dívida de 2005 — que se seguiu ao incumprimento de 2001. Nessa altura o país teve o acesso aos mercados efetivamente bloqueado visto que não conseguiu cumprir as suas obrigações, só tendo regressado às praças financeiras em 2005. O nosso especial de há um mês conta a história desse incumprimento de 2001 e serve como referência para toda esta situação.

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O El País apresenta a cronologia das negociações que começaram a meio da manhã em Nova Iorque e que terminaram pouco antes das 19h00 (hora local), com a conferência de imprensa do ministro da Economia Axel Kicillof.

 

Para além das agências internacionais estamos também a usar como fontes de informação o especial que o jornal La Nácion está a fazer e a acompanhar a transmissão em direto da Radio10.