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Ana Martingo

Ana Martingo

8 curiosidades (e 11 gráficos) que explicam o essencial do ranking das escolas

Sabia que a melhor pública de Lisboa tem 21 escolas do Estado à sua frente? E que é em Portalegre que o elevador social funciona melhor? Estas são algumas das curiosidades dos rankings de 2021.

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Só 9 escolas sobem a média (e pouco), quase 600 descem

É a inversão do que aconteceu em 2020, ano de pandemia, quando todas as escolas portuguesas viram as sua média nos exames nacionais aumentar. Este ano não descem todas, mas quase. A fatia de estabelecimentos de ensino onde os alunos tiveram melhores médias do que no ano anterior não chega a 1,5% do universo de escolas. Assim, em 614 consideradas nos rankings do Observador/Nova SBE, só 9 escolas sobem a média, enquanto que 595 descem.

Entre um grupo quase todo feito de escolas do Estado, encontram-se dois colégios onde as médias subiram: os Salesianos de Mogofores (Anadia) e o Didáxis (Vila Nova de Famalicão). Este último é o único desta lista que, em simultâneo, se encontra entre as 100 escolas com médias mais altas. O crescimento é residual: 0,04 pontos que sobem a média para os 13 valores. Nos Salesianos, apesar de maior, o aumento também não é significativo. Os 0,34 valores fazem subir a média dos alunos de 10,31 para 10,65.

De resto, a subida só é significativa na Secundária Matilde Rosa Araújo (Cascais), onde o crescimento foi de 1,94 valores, passando de uma média negativa de 7,62 para 9,56. Estes valores colocam a escola numa posição bastante baixa do ranking, ficando na posição 586. No entanto, em 2020 tinha ficado colocada no último lugar da tabela.

Nas demais, a subida foi sempre inferior a 1 valor. Em Mafra, na Secundária Professor Armando de Lucena, a média dos alunos subiu 0,79 valores (de 11,07 para 11,86). Na Secundária da Calheta (Madeira), a média sobe de 11,81 para 12,48 valores (subida de 0,67), um crescimento muito semelhante à Secundária das Lajes do Pico (Açores) que, com a subida de 0,66, transforma a média de 11,35 em 12,01 valores.

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Nas escolas secundárias de Mora, de Gaia Nascente e na Fonseca Benevides (Lisboa) as subidas estão na ordem dos 0,2%. Na primeira, a média dos alunos nos exames nacionais sobe de 11,55 para 11,82 valores. Em Vila Nova de Gaia, o aumento é exatamente de 0,2 pontos: de 11,64 para 11,84. Por último, na escola de Lisboa, a subida é quase insignificante (0,19), alterando a média de 10,23 para 10,42.

Ranking das escolas. Em que lugar ficou a sua?

A melhor pública de Lisboa tem 21 escolas do Estado à sua frente

Lisboa e Porto são os concelhos com maior número de escolas, mas estão longe de ser os mais bem colocados no ranking dos exames nacionais. A pública com melhor cotação de Lisboa continua a ser a D. Filipa de Lencastre que está em 80.º lugar no ranking. Com média superior à sua (12,68 valores) estão 21 estabelecimentos da rede estatal, espalhados por todo o país, a que se somam 58 colégios, 11 deles na capital.

O topo da tabela é, como de costume, quase exclusivo do ensino privado. Dos 103 colégios que têm lugar no ranking, 62 deles estão entre as 100 escolas com melhores resultados nos exames. O primeiro lugar nos rankings de 2021 é para o Colégio Efanor, idealizado por Belmiro de Azevedo, e que funciona nas antigas instalações da fábrica Efanor, onde o empresário começou a sua atividade profissional.

O que acontece com a Secundária D. Filipa de Lencastre, acontece também com a escola pública do Porto que está melhor colocada no ranking: é a Secundária Garcia de Orta (com 12,59 valores) e surge em 92.º lugar. À sua frente tem 32 escolas públicas e 59 privadas, dos quais 6 colégios são também no Porto.

Há duas privadas abaixo de 600 numa tabela com 614 posições

A maioria dos colégios que fica colocada nos últimos lugares da tabela, não seria sequer considerada para o ranking do Observador no período pré-pandemia. Motivo? Ter feito menos de 80 provas — valor mínimo para ser considerado. Com esse critério a ser alterado, este ano, para os 20 exames, o que vemos é que entre as 12 escolas particulares que estão abaixo do número 400 numa tabela que termina em 614, há 8 colégios que fizeram menos do que os 80 exames nacionais e, antes da pandemia, não teriam lugar no ranking do Observador.

É o caso do Colégio Dona Filipa, na Amadora, e do Instituto Vaz Serra, na Sertã, que ficam em 608.º e em 613.º lugar, respetivamente. As médias de ambos são negativas (8,62 e 8,14 valores) e o número de exames feitos pelos seus alunos é muito baixo (26 e 34 provas).

40 escolas públicas têm média abaixo de 10 valores (4 privadas também)

Há 44 escolas em Portugal onde a média dos alunos nos exames do secundário não chega aos 10 valores. Tirando quatro particulares — Real Colégio de Portugal (Lisboa), Instituto Pedro Hispano (Soure), Colégio Dona Filipa (Amadora), e Instituto Vaz Serra (Sertã) — as restantes 40 são públicas.

A média mais baixa de todas é a dos alunos da Secundária José Cardoso Pires, em Loures, com 8,07 valores e 102 provas realizadas. No ano passado, quando o ranking tinha 620 lugares, a escola ficou também no fundo da tabela, na 615.ª posição, com uma média baixa, mas positiva (10,14 valores). Nestes exames que agora analisamos, a média dos alunos foi positiva a Português, História A, Economia A, e Biologia e Geologia — sempre na casa dos 10 valores, exceto a Economia, disciplina em que a média é de 11,5 valores.

Em contrapartida, a Matemática Aplicada às Ciências Sociais (3,63), a Matemática A (4,78) e a Física e Química (5,84), os valores das médias estão abaixo dos 6 valores.

Em 2020, a média mais alta foi de 18,17. Neste ranking é de 16,1 valores

Com as notas em queda, é no intervalo entre os 11 e o 11,9 valores que está um maior número de escolas (248). No ano da pandemia, quando houve uma subida generalizada das notas nos exames do secundário, a maioria das médias estava entre o 13 e o 13,9 valores (201 escolas).

Número 1 do ranking. A história de sucesso do Colégio Efanor começa na escola primária de Belmiro de Azevedo

A queda é bastante visível se olharmos para a média das escolas que nos dois anos consecutivos ficaram em primeiro lugar no ranking. Em 2020, a mais alta foi um 18,17 — obtido pelos alunos da Academia de Música de Santa Cecília, Lisboa, e que este ano descem para 15,67 valores. Em 2021, o Colégio Efanor está na dianteira com uma média de 16,1 valores, sendo uma das duas escolas que conseguem ultrapassar o 16. No ano anterior, eram 26.

É em Portalegre que os alunos carenciados são mais ajudados a melhorar

O que é a equidade? É um novo indicador, introduzido pelo Ministério da Educação nos rankings de 2020. O que ele faz é olhar para os percursos diretos de sucesso dos alunos carenciados — que tiveram positiva nos exames depois de fazerem o secundário sem chumbos — e compara a escola analisada com o universo nacional de alunos comparáveis. A equidade é a diferença entre a percentagem de percursos de sucesso nesse estabelecimento e a média nacional. São considerados alunos carenciados todos os que têm Ação Social Escolar (ASE), o apoio que o Estado dá às famílias com maiores dificuldades económicas.

A análise que permite fazer é se as escolas estão a conseguir ajudar os alunos mais pobres — um dos fatores que explica o insucesso escolar — a atingir melhores resultados académicos, ou seja, se o chamado elevador social que a escola deve ser está a funcionar.

A primeira conclusão é que o comportamento das escolas públicas está dividido ao meio. Se temos 127 escolas que fazem mais pelos seus alunos do que a média (sempre num universo de escolas comparáveis), há 122 que fazem menos. E em 7 estabelecimentos de ensino não há qualquer desvio, nem positivo, nem negativo.

É no Alentejo, na cidade raiana de Portalegre, que este indicador tem mais expressão. Na Escola Secundária Mouzinho da Silveira, encontra-se o desvio positivo mais alto do país, 26%, o que faz desta a primeira escola no ranking da equidade. Entre os mais carenciados, há um valor bastante elevado de alunos que conseguem completar os cursos humano-científicos no tempo esperado (3 anos): 81%.

No ranking clássico, a escola está em 371.º lugar.

Os lugares seguintes são para a Secundária de Paredes de Coura, a de Fafe, a de Vendas Novas e a Secundária do Cerco (Porto). As quatros alcançam o mesmo desvio positivo — 25% —, ficando empatadas em segundo lugar no ranking da equidade. Em nenhuma delas, a média dos exames nacionais chega aos 12 valores. No Cerco está praticamente no 10 (9,9 valores).

Olhando apenas para os alunos com apoio financeiro, em Paredes de Coura, 93% deles concluíram o secundário em três anos, valor que desce para 86% na escola de Fafe. Em Vendas Novas, 83% dos alunos mais carenciados conseguiram terminar o secundário no tempo esperado e, na Secundária do Cerco, o valor foi de 81%.

Se há escolas que fazem para lá do esperado, outras nem a essa meta conseguem chegar. Entre as 122 que têm desvios negativos, é na Maia que encontramos o maior. Na Secundária Dr. Vieira de Carvalho a taxa de equidade é de -30% e o valor de alunos com ASE que termina o secundário no tempo esperado é de 7%. Estes valores valem à escola o último lugar no ranking da equidade.

Seis concelhos têm todas as suas escolas nos 100 primeiros lugares

Alpiarça, Arruda dos Vinhos, Cantanhede, Manteigas, Mortágua, Vila Nova de Cerveira. Estes concelhos têm uma coisa em comum: têm todas as suas escolas (as que surgem no ranking) no top 100. Mas há um outro detalhe que também partilham, essa é também a única escola que têm no ranking.

Neste caso, menos é mais, e o cenário dos concelhos com maior número de escolas — como Lisboa, Porto, Coimbra ou Vila Nova de Gaia — não é tão favorável como o de Arruda dos Vinhos ou Alpiarça. Comecemos pela capital. Lisboa tem 34 escolas no total, e 12 delas estão no top 100, ou seja, cerca de um terço (35,2%) das escolas da capital chegam ao top 100.

O Porto tem valores mais baixos do que a capital. Tem 7 escolas no top (o que faz com que seja o segundo concelho mais representado), mas essas 7 escolas representam apenas 31% do universo de escolas da Invicta.

Em número de escolas nos lugares cimeiros, Coimbra, Vila Nova de Gaia e Santo Tirso estão empatados: estes concelhos têm 4 estabelecimentos de ensino no top. Olhando para o universo de cada uma das regiões, é Santo Tirso que consegue ter maior fatia das suas escolas no topo, 4 de 5 (ou seja, 80%).

Secundária de Vila Verde tem quase todos os professores nos quadros (96%)

Tem sido um pedido recorrente dos professores, através dos seus sindicatos. Abrir mais vagas nos quadros das escolas para evitar ter professores contratados onde estes estão a satisfazer necessidades permanentes. Em Portugal, não há escola alguma que tenha a totalidade dos seus professores no quadro e os contratados serão sempre uma necessidade para fazer face a baixas por doença ou licenças de maternidade e paternidade.

O valor mais elevado encontra-se na Secundária de Vila Verde, que tem 96% dos seus docentes no quadro. É uma das 41 escolas em que esta percentagem está acima dos 90% (num total de 475 escolas públicas para as quais há dados da tutela).

Na maioria da rede estatal, em 358 escolas, o valor de professores nos quadros varia entre os 70 e os 89%. Abaixo disso, na casa dos 60 e dos 50%, encontram-se 73 estabelecimentos de ensino. Com menos de metade nos profissionais no quadro, há apenas 3 escolas (em 2020 era 1), um número que representa menos de 1% do total.

Outra leitura que se pode fazer com os dados do Ministério da Educação é se há, ou não, uma relação direta entre um maior número de professores no quadro e os resultados académicos dos alunos do secundário nos exames nacionais. A resposta rápida é “não”. Esse padrão não existe, mas para explicar o sucesso ou insucesso de um aluno é sempre preciso misturar vários ingredientes.

Basta olhar para as três escolas que têm menos professores no quadro: a Secundária Padre António de Andrade (Oleiros, 573.º lugar no ranking), a Secundária Professor Doutor Flávio F. Pinto Resende (Cinfães, 295.ª posição) e a Dr. Azevedo Neves, na Damaia, Amadora, que fica quase no fim da tabela em 603º lugar do ranking clássico.

A escola de Oleiros, com 48,7% de professores nos quadros, tem zero alunos a chumbarem no final do 12.º ano, valor que não é muito diferente da escola de Cinfães. Ali, só 3% dos alunos chumbam no final do secundário. Já na Damaia, na Dr. Azevedo Neves, quase metade desses alunos ficam retidos (44%).

Entre as três secundárias, só a de Cinfães teve uma média nos exames superior a 10 valores (11,56).

Voltando à Secundária de Vila Verde, que está em 408.º lugar no ranking, tem, além de privadas, 408 públicas à sua frente, todas com menos professores no quadro.

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