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A moda, a idade e o preconceito da sociedade

Decorreu no auditório do Observador, a primeira conversa do projeto “A Moda Desconstruída” que juntou algumas convidadas para discutir a forma como somos condicionados no modo de nos vestirmos.

Quantas vezes não olhou para si ao espelho antes de sair de casa e pensou que era melhor mudar de roupa? Não é o único. Todos os dias somos condicionados pela sociedade na forma como nos vestimos. Pela idade, pela fisionomia, pelos nossos pares, pelas tendências até. Mas de que forma somos pressionados por regras invisíveis que toda a gente segue?

Foi este o mote para a primeira de quatro talks realizadas pelo Observador em parceria com o Freeport Lisboa Fashion Outlet e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet que juntou quatro convidadas, que desempenham papéis diferentes na nossa sociedade, para conversar sobre a moda e os preconceitos que ainda existem em Portugal: a atriz Helena Isabel, a apresentadora e influencer Inês Gutierrez, a maquilhadora Inês Mocho e a consultora de moda do Freeport Lisboa Fashion Outlet e Vila do Conde Porto Fashion Outlet, Vera Deus.

“Para certas coisas, já não tenho idade”

Há mesmo uma moda para cada idade? A resposta é até bem simples: um redondo não. Vera Deus explicou que está tudo relacionado com a personalidade de cada pessoa, mas ainda vivemos numa sociedade um pouco conservadora, pelo que os portugueses não arriscam muito. Entre o não querer arriscar ou o sentirmo-nos condicionados, a verdade é que nos vestimos para refletir aquilo que queremos ser ou como queremos ser interpretados na nossa vida social. As redes sociais impulsionaram uma evolução na nossa forma de pensar, no sentido em que hoje podemos vestir o que quisermos. Mas continuamos a seguir códigos que nos dizem o que é mais adequado para cada um de nós em determinadas circunstâncias.

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“Há coisas que sei que não são adequadas para mim”, partilhou Helena Isabel. “Não tanto por pressão da sociedade, mas por mim, porque para certas coisas já não tenho idade. E há realmente uma idade para tudo. Mesmo que tenha pernas para usar calções, já não me sinto bem com eles”, adiantou. Vera Deus salientou que o importante é usar coisas que melhorem a nossa autoestima e a forma como nos vemos.

“Não há nada melhor do que ter atitude e
sentirmo-nos confiantes e seguras com a nossa escolha”
Inês Mocho, maquilhadora

A nossa sociedade ainda é muito castradora em relação às mulheres mais velhas, impondo regras que nos dias de hoje já pouco fazem sentido. Quem diz que uma mulher mais velha não pode usar batom vermelho? “Não há nada melhor do que ter atitude e sentirmo-nos confiantes e seguras com a nossa escolha”, concordou a maquilhadora Inês Mocho.

Existe pressão da sociedade na forma como nos vestimos?

Eventualmente vai pensar que não é condicionado pela sociedade, porque veste tudo aquilo que lhe apetece. Mas talvez não seja assim. “A sociedade tem de continuar a condicionar, porque é o que guia o nosso bom senso”, afirmou Inês Gutierrez. “Não vou trabalhar de fato-de-treino. Há profissões com mais liberdade, mas há outras em que há um código de conduta mais rígido.”

Mas estes códigos não são negativos. Fazem parte de vivermos em sociedade e é o que acaba por nos definir. A moda também é um meio de expressão, a forma como nos apresentamos ao mundo e nos inserimos nos grupos onde nos movemos. Vera Deus referiu as tribos, conceito ainda tão aplicado a Portugal. E somos condicionados por vivermos em tribos. A forma como as pessoas à nossa volta se vestem vai acabar por interferir com a forma como nos expomos. “Todos somos influenciados pelo ambiente à nossa volta. Mas temos de ter bom senso e não cair no ridículo. É por isso que seguimos códigos que nos dizem que não vamos para uma entrevista de emprego de boné”, concluiu Inês Gutierrez.

O que é o bom senso afinal? “Ninguém estava à espera que eu aparecesse aqui de totós com laços no cabelo”, referiu Helena Isabel, provocando o riso no público com a sua perfeita ilustração da definição de bom senso — é saber que a forma como nos apresentamos diz muito da pessoa que somos.

“Todos somos influenciados pelo ambiente à nossa volta. Mas temos de ter bom senso e não cair no ridículo. É por isso que seguimos códigos que nos dizem que não vamos para uma entrevista de emprego de boné”
Inês Gutierrez, apresentadora e influencer

Seguir todas as tendências faz-nos realmente bem?

Vivemos na era digital em que todos os dias há uma nova tendência. One day you’re in, the next day you’re out (em português: num dia estás dentro da moda, no outro já não), como disse a modelo Heidi Klum no programa de televisão Project Runway. Mas não serão as próprias tendências um preconceito? Somos constantemente bombardeados com ideias que nos fazem crer que aquilo que temos já não serve e que temos de adotar toda uma nova forma de vestir. “Muitas mulheres sentem que têm de seguir todas as tendências ou não vão encaixar; e isso acaba por ser errado”, explicou Vera Deus. No final, é a nossa personalidade que tem de prevalecer. Não devemos usar coisas só porque são tendência. Devemos usar o que nos favorece, o que nos faz sentir bem e não sermos escravos de modas. “Sempre que vejo uma nova tendência, questiono se é algo que me valoriza. Vai fazer-me sentir realmente bonita ou só quero porque vejo tanta gente a usar?”, questionou Inês Mocho, levando a conversa para o preconceito que ainda existe em torno do que a sociedade dita que é certo ou errado.

“Muitas mulheres sentem que têm de seguir todas as tendências ou não vão encaixar; e isso acaba por ser errado”

A moda agora é muito mais democrática. Vivemos numa época em que tudo se usa e o que vai ditar o que está certo ou errado é a nossa personalidade. “Quando os clientes pedem ajuda para se saberem vestir, procuro conhecer a sua personalidade, para saber até onde podem ir na forma como se vestem. Mais vale incentivar uma pessoa a vestir-se de acordo com o seu gosto e ensiná-la a adequar o que gosta ao seu corpo”, esclareceu Vera Deus.

“Os homens são mais apaixonados por eles próprios”

Quando falamos em moda, expressão pessoal e tendências, os homens não sentem tanta pressão como as mulheres. “Os homens não têm tanto esta preocupação com aquilo que vestem, porque também não têm muitas escolhas e há muito menos pressão da sociedade. Mas os homens também têm mais autoestima e tendem a preocupar-se menos com as mudanças no corpo e com a idade”, partilhou Vera Deus. Se pensarmos na forma como a idade é percecionada, é fácil ver como a pressão da sociedade é diferente nos homens e nas mulheres. O envelhecimento é embelezado nos homens, mas continua a ser um tabu nas mulheres.

“Nós, as mulheres, tendemos a olhar sempre para os nossos defeitos e a comparar-nos umas às outras. Já os homens são mais apaixonados por eles próprios. Para quem é que olhamos na praia? Para as outras mulheres”, relembrou Inês Mocho. E é aqui que também entra a sabedoria que vem com a idade. “Para mim, é mais fácil sentir-me bem na minha pele hoje do que quando era mais nova. Com a idade, tornamo-nos menos críticas, aprendemos a conhecer melhor o nosso corpo. A idade é uma chatice, mas também traz muita coisa boa”, partilhou Helena Isabel.

“Para mim, é mais fácil sentir-me bem na minha pele hoje do que quando era mais nova. Com a idade, tornamo-nos menos críticas, aprendemos a conhecer melhor o nosso corpo. A idade é uma chatice, mas também traz muita coisa boa”
Helena Isabel, atriz

A verdade é que vai sempre haver uma mulher mais bonita ou mais alta ou mais magra ou mais nova ou com um cabelo mais bonito ou com uns dentes mais direitos. Não vale a pena vivermos num eterno dilema de nos compararmos. “O que importa é saber usar a roupa certa para o nosso corpo e fisionomia. Saber o que nos fica bem e, acima de tudo, aquilo que nos faz sentir bem”, concluiu Inês Gutierrez. Trocando por miúdos, aprender a valorizar aquilo que temos e usar a moda como forma de acentuar a nossa beleza e expressão individual. Até porque vivemos numa época de liberdade.

A moda agora é muito mais democrática, há mais escolhas e tolerância. Também há mais tendências, é verdade, mas podemos expressar-nos livremente e, ainda assim, seguir os códigos invisíveis que vão continuar a existir em sociedade. A moda é uma expressão do tempo em que vivemos e tem impacto na nossa vida social. Mas também é uma forma de nos sentirmos vivos, elegantes e bonitos. Em qualquer idade.

A próxima talk do Observador em parceria com o Freeport Lisboa Fashion Outlet e Vila do Conde Porto Fashion Outlet realiza-se no dia 11 de Dezembro, a partir das 18h30. Nela, vamos falar sobre se a tradição da moda ainda brilha no Natal, com figuras conhecidas do público. Esperamos por si.

“A Moda Desconstruída” é uma iniciativa do Observador e do Freeport Lisboa Fashion Outlet e o Vila do Conde Porto Fashion Outlet. 

Saiba mais em https://observador.pt/seccao/a-moda-desconstruida/

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