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A nova temporada do Teatro Municipal do Porto: "Queremos que aqui se desafie o status quo"

Os próximos meses terão espectáculos de Dimitris Papaioannou, Milo Rau e a celebração dos 20 anos de carreira de Victor Hugo Pontes. Falámos com os diretores Cristina Planas Leitão e Drew Klein.

Sentámo-nos num café Rivoli aparentemente vazio, completamente entregue a esta entrevista. Era segunda-feira, dia de descanso do pessoal. “Aparentemente”, porque, embora não se ouvissem as conversas que ali se cruzam diariamente ou o som da máquina de café a tirar mais um expresso, fomos tocados por uma presença recente e delicada: as plantas.

Empoleiradas na área de lazer, numa estrutura minimalista de ferro, e espalhadas pelas janelas, como passageiros de um comboio que vão vendo a cidade a passar lá fora, as plantas contaminam gentilmente o espaço e, inevitavelmente, quem nele habita. “Foi ideia minha”, diz-nos Cristina Planas Leitão, assim que chega para a entrevista, ainda Drew Klein estava a caminho. Neste singelo sinal, pressentimos o que a nova codireção do Teatro Municipal do Porto (TMP) quer trazer para este espaço: fluidez, abertura e contaminação.

Embora a próxima temporada, que se inicia a meio de setembro e termina em dezembro, ainda tenha o dedo do anterior diretor, Tiago Guedes, Cristina e Drew foram plantando as suas sementes. “É o período de transição”, refere Drew Klein, já sentado à conversa connosco, rejeitando qualquer abordagem disruptiva: “Esta não é uma operação que necessite de uma completa mudança. É pouco saudável para todas as pessoas envolvidas”.

Ele, que chegou ao Porto no final de janeiro, depois de ter saído vencedor do concurso público internacional para o cargo de codiretor artística do Departamento de Artes Performativas da empresa municipal Ágora (que agrega o TMP, o DDD – Festival Dias da Dança e o CAMPUS Paulo Cunha e Silva), mostra-se radiante de aqui estar. “O que é especial aqui é a crença da cidade de que a cultura pode ser um motor de progresso, de que a cultura tem um papel que vai além do entretenimento de massas.”

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"Dialogo Terzo: In a Landscape" (CollettivO CineticO), "Um Quarto Só Para Si" (Paulo Pacheco) e "Feijoada" (Calixto Neto)

Os dias em Amesterdão, a investigar a mobilidade e a equidade artísticas, ficaram para trás, bem como a direção do Contemporary Arts Center, em Cincinnati, Ohio, nos Estados Unidos, onde, em 2011, criou o primeiro programa dedicado à performance. Também para trás ficou uma aventura na música, que lhe valeu um almoço com os Pixies e uma abertura para os Arcade Fire. “Foi o meu concerto favorito.” As diabetes fizeram-no desistir da vida de artista – “para mim era impossível conseguir um seguro de saúde na época pré-Obama” – abrindo-se, contudo, a porta da programação: “Adorei perceber o que podia fazer com esta ferramenta”.

Ter encontrado Cristina Planas Leitão no Porto, alguém que conhecia a cidade e partilhava da sua visão criativa, fez com que Drew Klein se sentisse “um sortudo”. E Cristina, não sendo nova na casa (desde 2019 que era o braço direito de Tiago Guedes na programação do TMP), foi explorando esta sua nova pele, de codiretora. “Quando trabalhei com o Tiago era diferente. Eu era co-programadora, mas ele era diretor. A parte de gestão de equipa, de lidar com orçamentos era com ele. A programação era, talvez, 40% minha e 60% dele.” A ela se deve o mérito de ter estado à frente do CAMPUS Paulo Cunha e Silva, espaço de residência artística nascido em 2021, de ser co-responsável pelo DDD e de programar as propostas mais experimentais da temporada. Assumir agora a co-direção do TMP é, para a também coreógrafa, bailarina e professora de 40 anos, uma oportunidade de aprofundar relações e de abrir o teatro à cidade.

“Como é que o teatro municipal pode ser algo mais do que aquilo que é expectável?”

A pergunta é feita por Cristina, que prontamente lhe responde, lançando para cima da mesa o momento que marca o início da próxima temporada e que porá em diálogo o espaço exterior com o interior. “Dialogo Terzo: In a Landscape”, da companhia CollettivO CineticO, leva até à Praça D. João I um momento de contemplação, aberto e gratuito para todo o público. “É uma espécie de meditação gentil que dá início a toda a temporada”, explica Drew Klein.

Duas horas depois, segue-se “Gust9723”, de Francisco Camacho, na sala principal do Rivoli, uma reposição do espetáculo idealizado em 1997 com um casting que vai buscar bailarinos desse tempo e também corpos novos que, inevitavelmente, trazem novas interpretações à narrativa. O ato inaugural termina com uma festa que se estenderá para o Maus Hábitos.

“A nossa geração e as mais novas querem espectadores ativos. Há cada vez menos o desejo de fazer do público um agente passivo, que apenas observa uma história”, aponta Drew, prometendo para 2024/2025 – a “primeira temporada em branco” de ambos – momentos em que “as pessoas sintam esse entusiasmo”.

De fora para dentro, de dentro para fora, assim dançará o TMP nos próximos tempos. “Temos recursos ótimos no teatro, mas acho que há uma certa tendência de olhar para um teatro como se fosse um monolítico e nós acreditamos mais em espalhar o que temos aqui e encontrar as pessoas onde elas estão”, resume Klein, salientando o apoio aos artistas e companhias da cidade, para os promover no estrangeiro através do reforço da rede de parcerias com organizações de todo o mundo. “Uma das razões para eu ter vindo foi o facto de este teatro apoiar artistas como o Marco da Silva Ferreira e a Catarina Miranda, que estão a criar um nome lá fora”, reforça Drew, para Cristina acrescentar: “Isto é muito importante, porque é a base que permite criar sinergias com outros parceiros, correndo o risco, porém, de às vezes partilharmos em demasia”.

Nesta linha de pensamento, o TMP celebrará os 20 anos de carreira de Victor Hugo Pontes, que apresentará no Campo Alegre “Corpo Clandestino”, um lugar de fala de sete corpos não normativos que formam um corpo de baile oposto às ideias clássicas da dança (22 e 23 de set.). “A dança tem bebido de outras disciplinas que a têm enriquecido. Começam-se a levantar questões sobre o que é um corpo, porque é que nos estamos a mover e para onde. Isso é uma transformação positiva”, constata Planas Leitão.

Por sua vez, a companhia A Turma levará a palco “Casa dos Pais”, nos dias 29 e 30 de setembro (Campo Alegre). A peça de Luís Araújo & António Parra convida o público a interrogar e a reaprender a descrever o ordinário, o banal e o evidente, através da diluição da relação espectador/performer. Este é, precisamente, um ponto crucial da abordagem de Drew Klein e Cristina Planas Leitão, que encontra eco na forma como os novos criadores estão a abordar a dança e o teatro. “A nossa geração e as mais novas querem espectadores ativos. Há cada vez menos o desejo de fazer do público um agente passivo, que apenas observa uma história”, aponta Drew, prometendo para 2024/2025 – a “primeira temporada em branco” de ambos – momentos em que “as pessoas sintam esse entusiasmo”.

“Corpo Clandestino”, de Victor Hugo Pontes, que comemora 20 anos de carreira

Não só a peça d’A Turma espelhará isso, como também o espetáculo “Feijoada”, do brasileiro Calixto Neto (10 e 11 de nov.), em coapresentação com o Alkantra Festival, de Lisboa. “O Calixto esteve aqui em março com uma residência e conheceu pessoas que convidou para a reposição de ‘Feijoada’”, refere Cristina (o coreógrafo já tinha passado pelo Porto em 2019, com a performance “oh! rage”). O espetáculo que agora traz ao grande auditório do Rivoli é, simultaneamente, um jantar e uma peça de dança, uma revisitação da história do Brasil, das suas desigualdades e do samba, envolta em feijão com arroz. “É uma experiência completa”.

Calixto Neto fará parte de um ciclo programático dedicado ao Brasil, ou melhor, aos vários brasis: o religioso, o negro e o do movimento sem terra. “Hoje, a cidade está cheia de pessoas e de artistas brasileiros”, nota Planas Leitão, para quem é importante que o TMP represente o seu público. Como tal, novembro terá a primeira experiência do festival pernambucano TREMA! no Porto, com a apresentação de “Quilombo”, uma comunidade criada para enfrentar situações de resistência territorial, social e cultural (8 nov., Rivoli); e apresentará “Antigone in the Amazon”, de Milo Rau, também inserido na parceria com o Alkantra Festival (17 e 18 nov., Rivoli). Neste espetáculo, o encenador que é conhecido pelas suas peças controversas (lembre-se a passagem pelo TMP de “Os 120 dias de Sodoma” [2019] ou “Five Easy Pieces” [2017], que retratava os crimes que o pedófilo Marc Dutroux cometeu nos anos 90) foca-se na expansão da monocultura de soja para denunciar a devastação e o deslocamento violentos causados pela voracidade do capitalismo moderno.

Um teatro para desafiar o status quo

Percebe-se, a partir daqui, que Cristina Planas Leitão e Drew Klein querem que o TMP não seja apenas um espaço de ficção, mas sim um lugar em que “as questões que estão na ordem do dia” possam ser apresentadas e debatidas. “Se não estivéssemos a fazer este tipo de trabalho, seriamos um teatro bem diferente. Seriamos um teatro virado para o lucro e para o entretenimento. Não me parece que isso servisse o interesse público da forma que idealizamos para aqui”, esclarece o programador norte-americano.

Assim se explica a apresentação de “Cyber Elf”, da polaca Magda Szpecht, uma peça em forma de palestra, baseada na sua luta ativista, que levanta a questão sobre o modo como o teatro pode intervir para ajudar a Ucrânia (27 e 28 out., Campo Alegre). Szpecht ficará a semana toda no Porto, em residência no CAMPUS Paulo Cunha e Silva – “um lugar para os artistas poderem trabalhar sem as pressões habituais” – e dará uma aula no curso de Jornalismo da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Esta peça fará parte do ciclo “Make Trouble”, a nova denominação do já conhecido “Double Trouble”. Em relação ao formato anterior, as propostas serão ainda mais experimentais, híbridas e multidisciplinares, uma provocação assumida pelos codiretores para confrontar o público, fazendo com que desse lugar de desconforto nasçam reflexões prementes. “Queremos que um teatro municipal seja um sítio em que se façam perguntas difíceis, onde o desconhecido seja aceite, que desafie o status quo”.

“Um programador é aquele que reúne várias sensibilidades. Há várias camadas, várias pessoas a ouvir e relações a manter. Isso é diferente dos anos 90, em que os programas eram claramente autorais e ficavam 20 anos numa instituição. Isso, só de si, é errado. Ninguém deve permanecer tanto tempo num cargo”, explica Planas Leitão.

Ainda neste ciclo, Ana Renata Polónia subirá a palco com “VERBAL IMAGES”, que discorre sobre o modo como os corpos habitam o espaço (27 e 28 out., Campo Alegre) e silentparty apresenta “Um Quarto Só Para Si”, que cruza o teatro e a arquitetura para imaginar diferentes modelos de construção social (26 e 28 out., Campo Alegre).

Outubro será também o mês em que o FIMP — Festival Internacional De Marionetas do Porto, a Festa do Cinema Francês, os Novos Talentos do Curso de Música Silva Monteiro e a Mostra Estufa da Erva Daninha tomarão conta dos palcos do TMP. Simultaneamente, Hilda de Paulo lançará a sua publicação “Hilda de Paulo #01”, versada nas diferentes criações realizadas por esta artista transdisciplinar entre 2010 e 2023 (31 out., Rivoli).

Também o ciclo “Palcos Instáveis”, uma coprodução com a Instável – Centro Coreográfico, sofreu algumas alterações, passando a realizar-se de dois em dois meses e com dois artistas em cada data. Assim, nos dias 29 e 30 de setembro, o Campo Alegre recebe “Trans*Performatividade”, da bailarina AURA, e “Desencontro”, de Isabela Tescarollo & Uatumã Fattori de Azevedo. Já nos dias 3 e 4 de novembro estreiam Abalo na matriz” de Beatriz Baptista e “A·Dentro” de Mercedes Quijada.

A necessidade em repensar o ritmo da temporada, em função do próprio ritmo da cidade, é outra das preocupações dos dois diretores. Para Cristina e Drew, não interessa “aparecer a todo o momento”, mas sim atuar cirurgicamente de forma a acrescentar benefício para o público, com menos ruído programático; e aos artistas, aos quais é preciso dar mais espaço de permanência para além das datas das apresentações em si. “Não queremos mais que uma companhia ou um artista apareçam apenas para a sua performance e depois se vá embora”.

Acabar com a ideia de “programador all start”

Dezembro trará novamente Dimitris Papaioannou ao Porto, ele que já se apresentou no TMP em 2018, com “The Great Tamer”, e em 2021, com “Tranverse Orientation”. “O regresso do Dimitris é sempre um destaque”, aponta Planas Leitão, falando de “INK”, o novo espetáculo do coreógrafo grego que toca o campo da cenografia e que é coreografado em dueto (e em duelo) com o bailarino Suka Horn.

No mesmo mês, a programação familiar estará também em destaque, mas desta feita sem “o embrulho” do “Foco Famílias”. “Sentimos que o ‘Foco Famílias’ quase que o tornava exclusivo para as famílias e nós queremos que toda a gente se sinta bem-vinda, mesmo que seja uma família unipessoal”, explica Planas Leitão. “Ik…eh ik”, da companhia holandesa Het Houten Huis (7 e 8 dez., Campo Alegre), “Ai de Mim, Ai do Eu”, da companhia de marionetas portuense Trupe Fandanga (8 dez.), “unraveling”, da Visões Úteis (7 e 8 dez., Rivoli) e a estreia de “Revolução de uma pessoa que sempre fez o que quis”, de Nuno Preto / Colectivo Espaço Invisível (15 e 16 dez., Campo Alegre) encaixam-se nesta programação.

“Antigone in the Amazon” (Milo Rau), "INK" (Dimitris Papaioannou) e "Cyber Elf" (Magda Szpecht)

kurt van der elst

As sessões habituais da Quintas de Leitura acontecerão nos dias 19 de outubro, 9 de novembro e 21 de dezembro, esta última pondo um ponto final na temporada antes da retoma de janeiro, momento em que veremos as ideias de Drew Klein e Cristina Planas Leitão a serem definitivamente postas em prática, já sem o cunho de Tiago Guedes. O caminho, acreditam, passa por assumirem a programação como um ato relacional, de mediação, e não como um exercício de cunho puramente autoral.

“Um programador é aquele que reúne várias sensibilidades. Há várias camadas, várias pessoas a ouvir e relações a manter. Isso é diferente dos anos 90, em que os programas eram claramente autorais e os programadores ficavam 20 anos numa instituição. Isso, só de si, é errado. Ninguém deve permanecer tanto tempo num cargo, deve ser dado espaço a outros. Para mim, programar é dar espaço aos outros”, explica Planas Leitão.

“Concordo totalmente”, entra desta feita Klein, rejeitando a ideia de “programador all start”: “As gerações antes de nós eram autorais. Havia uma pessoa que era a porta de entrada e que iria escolher exatamente o que gostava para a programação. As companhias regressavam todos os anos, porque eram as mais próximas do programador. As coisas eram feitas dessa maneira, mas nós, desde o início, preocupamo-nos em perceber como é que poderíamos quebrar a ideia de programador all start, do diretor celebridade.”

Trazer performances mais experimentais para o palco principal está nos planos dos dois diretores, que querem ver o público vibrar com esses espetáculos “como se estivesse num concerto rock”. Fazer isso, sem entrar numa atitude totalmente “punk”, é o grande desafio que têm em mãos. Afinal, o TMP é uma entidade pública e, “não sendo necessariamente politizada”, explica Drew, não se pode desassociar da política da cidade.

Isso não significa que haja censura, esclarece, e à memória vem-nos o episódio da folha de sala da peça “Turismo”, de Tiago Correia e as acusações de Sara Barros Leitão de “chantagem emocional, coação, ameaça e abuso de poder” ao antigo diretor. “Nunca senti que não tivéssemos liberdade de dar continuidade a qualquer projeto artístico”, aponta Klein, para Planas Leitão acrescentar que, entre as várias perspetivas artísticas em cena, há algumas delas que os próprios diretores não concordam. “Mas cremos que a liberdade atua nesse espetro”.

No fundo, os dois diretores dizem que querem que o teatro seja um espelho daquilo que gostariam de ver no mundo: um espaço de paridade, equidade e diversidade, assente nas relações. As plantas, silenciosas e atentas, são testemunhas desta confidência. Os bilhetes para a nova temporada já estão disponíveis nas bilheteiras do Teatro Rivoli e do Teatro Campo Alegre, e online.

 
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