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Ca Meua, o empreendimento de sonho de Sá Pinto que abriu portas na pandemia e continua a crescer

Em 2020, Ricardo Sá Pinto e um sócio abriram um empreendimento de casas na ilha de Formentera, pela qual o treinador se apaixonou há duas décadas. Quatro anos depois a procura continua a aumentar.

Ca Meua. O nome significa ‘a minha casa’, em catalão, e é assim que Ricardo Sá Pinto e o sócio, José Caiado, em conjunto com as respetivas mulheres, decidiram chamar ao seu projeto turístico em Formentera, a mais pequena das Ilhas Baleares. O nome deveria ser algo acolhedor e, por isso, fazia sentido aos quatro que remetesse para ‘casa’. “É um lugar muito familiar. Escolhemos esse nome porque queríamos que este fosse um sítio onde as pessoas se sentissem em casa”, diz Sá Pinto.

Ricardo Sá Pinto é natural do Porto e atualmente é treinador de futebol, tendo estado na última época a comandar o APOEL, no Chipre. Começou a carreira como jogador nas camadas jovens do FC Porto e, mais tarde, no Salgueiros, mas foi ao serviço do Sporting que mais se destacou. Defendeu os verdes e brancos entre 1994 e 1997, de onde saiu para três temporadas em Espanha, ao serviço da Real Sociedad. De volta a Portugal, voltou aos ‘leões’, onde jogou mais sete épocas, até 2006. Do desporto decidiu dar um salto e abraçar o mundo dos negócios, neste caso numa ilha que é para si um lugar especial. Na altura em que investiu no empreendimento encontrava-se a treinar o Legia, de Varsóvia, tendo passado na época seguinte pelo Sp. Braga. Em 2020, quando o Ca Meua abriu ao público, Sá Pinto encontrava-se do outro lado do oceano, no Rio de Janeiro, aos comandos do Vasco.

Para os portugueses a ilha espanhola de Formentera é um destino de sonho “mesmo aqui ao lado, a uma hora de distância de avião”, como diz o próprio treinador. Com sete casas, “uma para nós e as outras seis para arrendar”, refere, o Ca Meua localiza-se em Sant Ferran, no meio da ilha de Formentera, numa zona tranquila, longe da agitação própria de uma zona turística. “É uma quinta com 15 mil metros quadrados, no meio da ilha em Formentera. Está muito bem situada, perto de tudo e fica numa rua sem saída, ou seja, num local muito sossegado, onde não passam carros”, acrescenta ainda, contando que encontraram aquele terreno com as sete casas após muita procura.

Ricardo Sá Pinto e a mulher, Frederica, no Ca Meua, em Formentera

Foi num jantar de amigos há quase 20 anos que Sá Pinto e José Caiado conversaram sobre a possibilidade de terem uma casa em Formentera, algo que era desejo dos dois, uma vez que ambos são apaixonados pela ilha e todos os anos viajam para lá. “É um sítio ao qual hei de voltar sempre nas férias, todos os anos, mesmo no inverno. Posso não ir a muitos sítios de férias, mas a Formentera vou sempre. Foi uma paixão à primeira vista”, contou.

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Durante quase quinze anos procuraram casas, apartamentos e terrenos que estivessem à venda na ilha, mas nunca chegaram a concretizar nenhum negócio, ainda que tivessem avançado com algumas propostas. Em 2018, o sonho chegou.”O terreno era de um senhor de Maiorca, que estava na ilha há já 40 anos, e que entretanto o quis vender. Eu já tinha estado à procura, já ia para lá de férias há quase 20 anos. Todos os anos eu e o meu sócio andávamos à procura de casas, apartamentos e terrenos nas imobiliárias. Até que detetámos este terreno com as casas. Tinha sete, todas com tipologia T1 e T2, mas tinham uma construção de há 30 anos e, por isso, precisavam de ser reconstruidas. Mesmo assim ficámos logo apaixonados pelo sítio e começámos a pensar no que queríamos fazer”, contou ainda.

No ano seguinte dedicaram-se a reformar as casas. Com o apoio da decoradora Olga Gimeno, catalã que residia na ilha, renovaram totalmente os apartamentos, que deixaram de ter um aspeto mais antigo, com azulejos coloridos e com padrões, muito comuns no século passado, para passarem a adotar um estilo boho, com castanhos, nudes e tons pastel, com uma forte aposta nas madeiras e no vime, que remetem para uma zona de praia e descanso, tal como a própria localização exige e como era desejo dos novos proprietários. “Reconstruimos as casas e este é o quinto ano que estamos já a arrendar. Temos sete casas, mas dessas arrendamos seis. A outra fica sempre para nós”.

As casas 'Ca Meua' após a renovação

Um projeto que abriu ao público em 2020

O ano de 2020 é dos poucos que se pode dizer que é de má memória para todos. A Covid-19 trancou o mundo em casa e fez com que muitos negócios fechassem portas ou passassem por momentos de grandes dificuldades. No entanto, houve também quem tenha decidido lançar-se à aventura e inaugurar um negócio numa altura que parecia de pouca prosperidade. No ano da pandemia, quando as pessoas começaram a poder sair à rua e deslocar-se maioritariamente dentro do próprio país, a procura por casas onde pudessem passar umas férias ou um fim de semana era mais segura do que a busca por alojamento em hotéis, uma vez que minimizava os riscos de contágio.

Por esse motivo, o negócio começou logo por ter bastante procura por parte do público, algo que, garante Sá Pinto, “todos os anos tem vindo a crescer”. Quanto às nacionalidades dos hóspedes “habitualmente há mais portugueses, espanhóis e italianos”, mas não se esgota nos habitantes do sul da Europa. Franceses, suecos, alemães e holandeses também já têm sido inquilinos temporários deste empreendimento. Já no que respeita ao tipo de pessoas que procura o Ca Meua para uns dias de descanso, há também variedade. “Famílias com crianças, sim, mas também muitos grupos de raparigas e grupos para despedidas de solteiro”, que “muitas vezes arrendam as seis casas” ficando com o complexo na totalidade apenas para o grupo.

Sá Pinto destaca, no entanto que as habitações do Ca Meua “não funcionam como hotéis”, pelo que “não há serviço de pequenos-almoços, almoços ou jantares”, mas “os apartamentos estão totalmente equipados com máquinas, forno, e tudo o que é preciso para cozinhar”, continua. “O que temos é serviço de limpeza, oferecemos a toalha de praia e piscina, ainda que levá-la para casa no fim das férias tenha um custo. Emprestamos apenas durante a permanência nas casas. Além disso, oferecemos um guarda-sol e temos também uma pessoa que normalmente está disponível para marcar restaurantes, dar umas ideias sobre as praias e o que fazer na ilha, e deixamos um livro em cada casa com as informações gerais da ilha, de restaurantes, números de emergência, alugueres de barcos, etc”.

Há uma piscina comum às seis casas, que Ricardo Sá Pinto diz não ser muito usada pelos hóspedes. “Em Formentera a melhor piscina é o mar”, garante, destacando que são os mais novos quem mais uso faz da piscina. É possível arrendar uma destas casas entre os meses de maio e outubro, podendo haver algumas exceções fora da época balnear, como é o caso de pessoas que pretendem arrendar as casas para eventos ou festas. “Este negócio é sazonal. A altura em que arrendamos as casas é entre abril ou maio e outubro”, afirma, destacando que há algumas exceções. “Não quer dizer que não possamos abrir noutras alturas, dependendo se for para um evento, um casamento… Estamos sempre abertos A falar sobre isso, como já aconteceu. Mas normalmente abrimos de maio a outubro”, continuou. “Nos outros meses, nós [Sá Pinto e o sócio] vamos lá, mas só para a nossa casa, mas as outras ficam fechadas”.

O alojamento no empreendimento pode ser feito no site (cameua.com) ou através de plataformas como o Booking e no Airbnb. No Instagram do empreendimento há alguns vídeos que mostram o interior das casas, bem como a área envolvente.

Um negócio em expansão?

Atualmente, o treinador não tem mais empreendimentos que se assemelhem a este, mas essa é uma realidade que pode mudar. Não vão construir mais habitações dentro do Ca Meua, mas o negócio do arrendamento de casas de férias não deverá ficar por aqui. “Adquirimos há pouco tempo outro terreno, também em Formentera, para construirmos mais uma casa. Ainda estamos a tentar perceber o que é que se pode fazer, porque era uma ruína e, portanto, estamos dependentes de algumas autorizações. Mas tal como as outras casas, também esta será para arrendar”. Já no nosso país, a possibilidade de abraçar este tipo de negócio está em cima da mesa. “Em Portugal, por exemplo, também poderá acontecer [ter um negócio parecido ao de Formentera]. Eu tenho uma ideia, mas tenho que perceber o que é que se pode fazer”, revelou, sem adiantar mais detalhes. “Para já, fica no ar”.

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