Artigo em atualização ao longo do dia
Quando Catarina Martins e a sua comitiva chegaram à Praça da República em Braga já por lá andavam várias dezenas de jovens com cartazes e tarjas sobre o clima. As músicas que iam cantando a plenos pulmões pediam que se atuasse já e não se perdesse tempo em fazer frente às alterações climáticas porque, como se podia ler por todo o lado, “não há paneta B”. Eram sobretudo jovens, mas por lá também se via um grupo de cinco apoiantes do Aliança e outros tantos com uma bandeira do MAS.
A líder do Bloco de Esquerda não conseguiu disfarçar a sua chegada. As câmaras de televisão e os vários microfones que tentavam encontrar espaço entre a multidão para chegarem perto de Catarina Martins chamavam a si todas as atenções. Durante pouco mais de cinco minutos, a coordenadora do BE tentava acompanhar as músicas que a organização ia cantando no megafone. Mas muitos jovens ignoraram a presença da caravana bloquista no local.
Pegaram nas tarjas e nos cartazes que sobravam e começaram a descer a Avenida Central da cidade. Catarina Martins, que tinha o tempo contado, parou para fazer declarações à imprensa. O objetivo do partido era colocar o tema do ambiente na agenda e continuar a travar com o PAN a batalha pelo partido mais ecologista do hemiciclo — e, implicitamente, pelo voto dos mais jovens. Foi precisamente isso que a líder bloquista quis destacar. “Vemos aqui várias gerações e foram os jovens que o conseguiram, que tiraram os seus pais e avós de casa para que se passe de palavras mais ou menos vazias sobre o clima e o ambiente para a ação consequente, para salvar o planeta”, referiu.
Catarina Martins criticou as ações simbólicas que se têm feito até ao momento para alertar para o problema climático e pediu mais ação. Mas apesar destas proclamações e dos desejos da líder do BE, o tema central das suas declarações voltou a ser o caso Tancos. “A Comissão de Inquérito de Tancos aprovou o relatório com base nos factos que tinha. O que acontece é que a acusação do Ministério Público diz que há factos que foram negados e mentiras que foram ditas na comissão de inquérito. Portanto, a comprovar-se a acusação que faz o Ministério Púbico, estamos perante uma situação muito grave. Houve mesmo mentira”, disse, não saindo da linha da primeira reação à publicação da acusação no dia anterior.
Sobre o voto favorável do Bloco de Esquerda e do PCP às conclusões dessa mesma comissão, que Rui Rio e Assunção Cristas criticaram, Catarina Martins defende-se dizendo que a votação se fez com os factos possíveis.”O Ministério Público não diz que o Parlamento conhecia factos e que os ocultou. Não. Diz é que houve gente a mentir à comissão de inquérito”.
A líder do Bloco de Esquerda, mesmo antes de voltar à estrada para se dirigir para Viana do Castelo, onde acontece o comício desta noite, ainda teve tempo de responder à polémica em torno do papel do primeiro-ministro no caso. “Olhando para a acusação do MP já é suficientemente grave para termos de fazer especulações sobre matérias que não conhecemos porque isso é desviar atenções de acusações que temos de saber e de certezas que temos de ter”, concluiu.
O dia do Bloco de Esquerda terminará com um comício num distrito onde o partido nunca elegeu e em que tem apostado bastante na preparação destas legislativas: Viana do Castelo.