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Alto dos Moinhos, 07h20 deste sábado. Ainda relativamente longe do Estádio da Luz, já se mostravam vários sócios do Benfica, em fila, à espera que as portas do Pavilhão número 2 se abrissem para, menos de um ano depois, voltarem as urnas e escolherem um presidente após a sobejamente conhecida e falada saída de Luís Filipe Vieira. Atravessando a ponte pedonal que liga basicamente uma unidade hoteleira à casa das águias, a fila de gente mostrava-se cada vez maior atrás da estátua de Eusébio e, chegando à mesma, já bem dentro do complexo, contavam-se por alto – passando os olhos e depois passeando ao longo das várias camisolas encarnadas –, uma plateia matutina de cerca de 250 pessoas. Faltavam pouco mais de quarenta minutos para começarem a cair os primeiros votos, dado que as filas (havia uma prioritária) tiveram a esperada permissão pouco depois das prometidas 08h. Estava iniciada a corrida às eleições com maior afluência às urnas, confirmada ainda antes das 21h.

A liderar o pelotão de sócios da fila não prioritária estavam Bruno Ferreira e Luís Silva. Ambos de Oeiras, disseram praticamente em coro terem chegado “às seis da manhã”. Para além do amor ao clube e da vontade de participar no processo democrático, havia uma certa questão prática na atitude dos dois homens. Para Bruno, era importante votar cedo “para não ficar na fila”; já Luís afirmou querer “votar cedo para ficar já despachado”. Foram os primeiros a falar resumindo bem e logo à cabeça o périplo feito pelo Observador durante o dia na Grande Lisboa onde, além do Estádio da Luz, foram visitadas as Casas do Benfica de Algueirão-Mem Martins, Seixal e Montijo. E, neste sentido, esse resumo é simples: os benfiquistas, na sua maioria, disseram ao que vinham. “Vim votar para o Rui Costa ter maioria. Mal por mal, deixo estar o mesmo. Vi o debate e Francisco Benitez não deu ideias, só criticou o Rui Costa”, afirmou de forma perentória Bruno Ferreira, de 42 anos, acrescentando que “a questão Luís Filipe Vieira é uma coisa à parte do Benfica” (uma ideia que se ouviria novamente ao longo do dia).

“Sempre quis que o Rui Costa fosse presidente do Benfica. Tem a alma benfiquista. Gostava que outros ex-jogadores concorressem à presidência”, afirmou Luís Silva, sócio número 149.940 do Benfica. Quem? “Luisão, Simão… têm a mística”, respondeu de imediato, com o amigo Bruno a atirar ainda um “Jonas” para a conversa.

Bruno Ferreira e Luís Silva, os “primeiros” da fila

Terminado o assunto e voltando a caminhar ao longo da fila, não foi preciso muito tempo para que essa desse totalmente a volta ao estádio. Eram cerca de 08h20. Durante a manhã, nunca mais a corrente de gente esteve tão grande e o ritmo a que se dava a votação era bastante agradável para quem tinha de esperar, algo elogiado não só na Luz.

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“Rui Costa é o homem certo no lugar certo”

Um dos primeiros a beneficiar desse ritmo foi Alfredo Batista, sócio 34.183 do Benfica, de 80 anos. Sócio desde 2000, “desta vez”, não foi certamente na viragem do século que se lembrou do clube do coração, visto ter uma memória que remonta ao pós-Segunda Guerra Mundial: “Fui com o meu pai ver o Benfica ao estádio do Campo Grande. Deve ter sido algures entre 1945 e 1947”. Comentando que “a maioria das pessoas sabe quem vai ganhar as eleições”, sobre as mesmas e a atualidade benfiquista disse ser “necessário adaptar o clube à vida, porque as revoluções não trazem proveitos ao Benfica”. Com este ponto bem vincado, disse sobre a situação do antigo presidente Luís Filipe Vieira que este tem “a sua vida e é passado”. “Isto é o diz que disse. Vamos com calma, sem alcovitices, porque existem instâncias judiciais. O resto é a espuma dos dias”, concluiu já em andamento como quem segue para o Museu Cosme Damião.

A votação no Estádio da Luz decorreu sempre de forma rápida

Num ato eleitoral que se esperava ser um dos maiores da história encarnada, há até quem esconda não o voto, mas o próprio facto de ter ido votar. Foi assim que um casal de idosos se escapou à conversa com o Observador, referindo entre risos: “O nosso filho não pode saber que estamos aqui”.

Mas ele não vai saber.

“Não, é melhor não”, responderam ainda a rir, simpaticamente.

É na mesma correnteza de gente que entretanto tinha tomado de assalto as imediações do estádio (e as roulotes, os cafés e as lojas) que surge João, de 80 anos, “prestes a fazer 81”. Dono de um número de sócio respeitável, o 4.886, que trazia estampado na parte de trás do seu equipamento oficial do Benfica e com orgulho, não teve problemas em dizer que eram estas eram “as eleições mais importantes dos últimos anos”. E também não teve pejo em revelar o seu sentido de voto: “Rui Costa é o homem certo no lugar certo. Sente o Benfica no coração. Os outros querem instalar-se no que já está feito e construído. Rui Costa é sério e honesto e sei que faz as coisas sem interesses. Ele bem mostrou os contratos e o dinheiro que não quis do Benfica”, atirou João.

Dos 80 para os dois. Neste caso os dois anos de Joaquim, petiz que marcava já uma posição, usando um polo branco com o símbolo do Benfica a vermelho. O pai, Manuel de 29 anos, sócio 20.840, disse que ambos estavam com alguma “pressa”, o que Joaquim confirmou ao puxar as calças do pai. “Tem de ser sócio e parte da família”, referiu Manuel sobre o filho, antes de puxar da sua opinião: “O Benfica precisa de mudar as pessoas todas que estão a fazer aldrabices e que mudam os estatutos. Até para se saber o que se passa lá dentro”. Assumindo o voto em Francisco Benitez, assegurou que “todas as mudanças que estão a acontecer vêm do movimento Servir o Benfica”.

Manuel e o filho, o pequeno Joaquim

Ouvem-se depois vários bons dias e saudações porque tinha acabado de votar Shéu Han, glória encarnada no campo e secretário técnico da equipa principal até 2018. “Bom dia, Shéu”, “Oh Shéu!”, ouvia-se enquanto este falava ao Observador. Diplomata, disse que o tema Vieira “foge ao propósito” das eleições. Elogiando a rapidez com que se processava a votação, Shéu falou numa “demonstração de grandeza” do clube e de ser um “momento muito emocional” reencontrar os adeptos, que continuaram a saudá-lo.

Humoristas com “humor em pausa” pelo Benfica

Já ao contrário do que pudesse parecer à primeira vista, talvez por ser figura pública, a passagem do humorista Ricardo Araújo Pereira, apoiante conhecido e conhecido apoiante de Francisco Benitez, pela zona onde se encontravam os jornalistas, não foi recebida assim com tanto agrado pelos adeptos. Alguns sócios e adeptos pararam mesmo, outros falaram só de passagem, mas as opiniões (contrárias) iam praticamente todas dar à mesma ideia, ou pessoa, neste caso: “Rui Costa!”, “É Rui Costa”, “Vota Rui Costa”.

Longe dos olhares das câmaras e sem microfones apontados estavam Miguel Góis, Manuel Cardoso e Cláudio Almeida. Talvez o nome de Miguel Góis seja mais agradável ao ouvido e à lembrança, visto ter feito parte dos Gato Fedorento, mas os três guionistas integram todos a equipa do programa “Isto é Gozar Com Quem Trabalha”, do qual Ricardo Araújo Pereira é a cara e figura maior. Miguel Góis já tinha falado com o Observador à margem dos colegas (todos aguardavam o regresso de Araújo Pereira do local da imprensa) e foi claro ao dizer que, mesmo sendo humorista, não encontrava nada engraçado na atualidade do clube. “É mais trágico do que cómico. Nem tudo tem graça e isto é muito sério para os sócios, que deviam perceber que o Benfica não é uma equipa de futebol, mas um clube. Alguns confundem as coisas”, rematou, destacando ainda que Rui Costa “pertenceu” à direção de Luís Filipe Vieira e que “havia sinais que indicavam o que acabou por se confirmar”. “No tempo certo devia ter-se separado dessa direção”, referiu ainda sobre o antigo número 10 do Benfica.

Na mesma linha, que situações cómicas tiravam então Manuel Cardoso e Cláudio Almeida destas eleições?

“É um assunto muito sério. Acho que com o Benfica pomos o humor em pausa e levamos isto muito a sério. Ainda não teve muita graça, mas pelo menos foi um bom momento democrático, concorrido e está a andar bem. O voto físico é essencial em qualquer ato eleitoral”, afiançou Manuel Cardoso, numa ideia confirmada pelo colega: “Está rápido. Se aprendemos algo com a vacinação é que agora parece que tudo o que tem filas anda mais depressa. Parece a eleição de um clube sueco, uma coisa muito organizada”.

Ainda para Manuel Cardoso é importante que “quem quer que ganhe, que sai obviamente legitimado, fique também com a ideia de que o escrutínio permanecerá e não se repetirão os erros do passado em que essa parte de escrutinar quem estava no poder foi desligada”. E continuou, deixando pistas sobre o seu sentido de voto: “Foi construída uma idade de não alternativa para o Benfica. Upa, upa. [sic] E claramente que os sócios se aperceberam que não podia voltar a acontecer…”.

“… em princípio não tens uma direção completa em que o presidente vai-se embora e os restantes dizem ‘bom, finalmente podemos pensar pela nossa cabeça e fazer uma coisa completamente diferente’. Em princípio a direção estava alinhada, então [Rui Costa] é uma continuação claramente. Os sócios hoje decidirão se é uma continuação para o bem, e darão a maioria a Rui Costa, ou se é uma continuação para o mal e é preciso uma mudança e votarão em Benitez”, acrescentou Cláudio Almeida.

Sobre o chamado fantasma de Luís Filipe Vieira, Manuel Cardoso afirmou que este sábado havia uma espécie de “Vieira de Schrödinger, porque está e não está”. “Até agora é só o fantasma, mas dizem que o próprio Vieira vai aparecer”, completou Cláudio.

Admitindo ambos os humoristas que os adeptos e sócios nunca irão esquecer Luís Filipe Vieira, explicaram ainda que há outro sítio em que tudo se pode decidir para o presidente do Benfica: o campo.

“Quando o Yaremchuk está a encostar a bola não pensamos nestas coisas, não é?”, disse Manuel Cardoso, com Cláudio a concordar e a deixar no ar que não sabe se “Rui Costa e Francisco Benitez têm mais influência do que Yaremchuk e Darwin”. “Se o Darwin marcar 40 golos qualquer presidente vai ser o melhor presidente do Benfica”, respondeu Manuel.

Só faltou o Gonçalo, sócio de dois meses e meio de idade

“50 votos são 50 votos”.

Foi com a frase acima, dita por um sócio do Benfica depois de votar, que o Observador foi recebido na Casa do Benfica de Algueirão-Mem Martins.

Ouviram-se depois mais dois eleitores a conversar a caminho do carro.

“Já está”.

“Dever cumprido”.

À chegada ao local, a fila não era grande, não chegando à estação de comboios próxima, mesmo ali no dobrar da esquina da rua. O presidente da casa, Manuel Filipe, de 48 anos, explicou que pelas 06h50 já estavam “três ou quatro pessoas à espera”, mas que durante toda a manhã “a fila esteve sempre assim”, ou seja, não muito grande, com os sócios a demorarem cerca de meia hora entre o chegar, votar e sair do edifício. “Há um outro sócio que não é da lista que é mais provável ganhar, mas é muito bom sinal. Se fosse só uma lista era pior”, começou por dizer, medindo ainda o pulso ao espaço que gere com a sua direção: “a opinião geral é que até são todos inocentes até prova em contrário. Luís Filipe Vieira tem obra feita no Benfica e a vida dele é a vida dele. Toda a gente dá valor ao que Vieira fez”.

A fila na Casa do Benfica de Algueirão-Mem Martins raramente chegou ao final da rua

Convencido de que a Casa do Benfica de Algueirão-Mem Martins iria “ultrapassar” o número de votantes do ano passado, Manuel referiu ainda que, na sua opinião, mais do que escolher um presidente, mesmo “esperando que Rui Costa ganhe”, tratava-se mais de “dar um voto de confiança”.

Tal como Joaquim havia aparecido no Estádio da Luz horas antes, aparece Duarte Rebelo, também de 2 anos, ao colo do pai, Tiago, 31 anos, e acompanhado pela mãe, Sílvia, de 32 anos. Todos sócios, com a figura paternal a destacar sê-lo “desde miúdo”, contaram ainda haver um quarto associado do Benfica na família, o pequeno Gonçalo, de apenas dois meses e meio, sócio número 271.452, que não acompanhou pais e irmão na votação.

“É sempre importante votar e não acho que seja preciso uma mudança radical”, destacou Tiago Rebelo, acrescentou que “não apareceu nenhum candidato à altura” de Rui Costa.

Para Sílvia, a braços com o pequeno Duarte, a pergunta foi diferente, até porque, por volta das 12h00, o rácio de homens a votar para mulheres era de 10 para 1. “É normal. Os homens ligam mais ao futebol, mas nem todos os homens têm acompanhantes para puxar”, referiu enquanto fugia para a mesa de voto.

A família Rebelo

“No nosso caso foi diferente”, ouve-se.

E o caso é o de Mariana e António Afonso, irmãos, de 19 e 25 anos respetivamente. É que, neste caso, foi a jovem a puxar o homem, digamos, para o futebol. Não que António não fosse adepto do Benfica, mas foi Mariana a dar o passo em frente. “Sempre disse que queria ser sócio, apesar de andar um pouco chateado com isto… mas ela convenceu-me a ter Red Pass”, explicou António. “Não fazia sentido, porque gostamos muito do clube, não apoiarmos o Benfica”, completou Mariana. António, contudo, confessou andar agora “menos chateado”, mas logo disse que “o rumo não é este”. “Tenho pena de Noronha Lopes não se ter candidatado. O ano passado votei nele”, referiu, admitindo no entanto ter votado Rui Costa e usou até sound bytes de Ricardo Araújo Pereira. “Mais vale um conivente a um totó à frente do clube. Até ao debate vinha votar em branco… é pena que sejam só dois candidatos.”, lamentou.

Carlos Lopes, 63 anos, sócio 10.159, também votou Rui Costa, mas admitiu que “agora é que se vai ver. A partir de agora é que vamos ver como é que é”. Repetiu ainda uma ideia já ouvida: “Luís Filipe Vieira é inocente até prova em contrário e, para mim, foi o melhor presidente da história do Benfica e seria estúpido o Rui Costa denegrir essa obra”.

A despedida da linha de Sintra fez-se com Gracinda Martins, membro da direção da Casa do Benfica local, que entre muitos risos disse que a sua idade era uma “incógnita”. A pergunta voltou a ser sobre o papel das mulheres no Benfica em particular e no futebol em geral, com Gracinda a afirmar que “há ainda muito preconceito apesar de as coisas terem mudado, porque há esforço dos clubes, como do Benfica”. “Quando mostramos aqui os jogos 95% das pessoas são homens. Somos duas mulheres na direção e não é fácil. Há tradição de homens. Ainda continua a ser um desporto de homens”, acrescentou, antes de garantir: “Mas as mulheres presentes aqui e no estádio são aguerridas e efusivas na demonstração de benfiquismo”.

Uma Margem Sul muito tranquila

Passado o rio Tejo, a primeira paragem foi na Casa do Benfica do Seixal, a que mais pessoas tinha a votar por volta das 14h00, com 1044 pessoas, segundo dados oficiais disponibilizados durante todo o dia no site do clube. A receção foi logo feita por Amílcar Salgueiro, 70 anos, e o sócio com número mais baixo que encontrámos ao longo do dia: 3.427. “Já tenho emblema de ouro e direito a 50 votos”, fez questão de dizer antes de responder a qualquer questão. “Lamento imenso o caso Luís Filipe Vieira. Não estava à espera e foi uma desilusão. Quem ganhar que não traga problemas judiciais. Puseram o nome do Benfica na lama”, disse em tom gravoso. Sobre Rui Costa, candidato no qual votou, disse “não ser uma continuação, porque tem ideias novas”.

No entanto, confirmando o que se foi vendo e ouvindo ao longo do dia, não era nada longa a fila de sócios que votaram em solo seixalense. Votaram muitos, já foi referido, mas o processo estava a ser feito de forma tão rápida que raramente se esperava mais de meia hora, quando, o ano passado, “chegou a cinco horas de espera”, confessava um membro da direção, que espera ter em 2022 um novo espaço, após acordo com a Câmara Municipal do Seixal e com o Benfica, depois de 12 anos no mesmo local.

No Seixal houve estreantes a votar e outros já bem experientes

Foi precisamente no Seixal que Ricardo Marques, de 25 anos, votou pela primeira vez, mesmo sendo sócio há já cinco anos. “Sinto-me bem pelo facto de haver transparência. Principalmente por haver voto físico e as eleições serem a um sábado. Não acho que seja necessária uma mudança brusca, apenas assegurar a democraticidade do ato eleitoral, algo que já não se via há muito tempo no Benfica”, assegurou.

Sobre o processo eleitoral falou também Manuel Figueiredo, de 75 anos, de forma concisa, mas clara: “É Benfica até morrer. O que me interessa é que o Benfica saia vencedor. Eu li os programas eleitorais, vi o debate e ouvi tudo. Decidi em plena consciência votar em Rui Costa. Não quero que estraguem o que foi feito. Este processo eleitoral significa vitalidade. Tenho o desejo ardente de que o Benfica saia vencedor”.

Ao contrário do ano passado, onde a espera chegou a “cinco horas”, este sábado tudo correu mais depressa na Casa do Benfica do Seixal

É em plena Praça da República da cidade que se situa a Casa do Benfica do Montijo, que celebra o 30.º aniversário em 2022, como um responsável fez questão de referir. Mais uma vez, neste caso por António Machado, de 78 anos e membro da direção, “o voto físico” acelerou as eleições e também quem se dirigiu ao Montijo para votar o fez de forma rápida. Sobre o que se passa dentro de portas, disse “pensar-se que vai ganhar o Rui Costa porque é o que se ouve”. “Acho que tem mais perfil, não duvidando que Benitez é um grande benfiquista. Mas olhe, a gente aqui nem tivemos o Rui Costa, nem o Francisco Benitez, organizámos tudo com a comissão. Falo por mim e não pela Casa do Benfica do Montijo quando digo ainda que as Casas têm pouco acompanhamento…”, disse ainda o responsável.

A Casa do Benfica está bem no centro do Montijo

Pouco depois, e para finalizar a volta do Observador, surgem Jorge Costa e Célia Costa, setubalenses, que se queixaram da deslocação para terem de votar. “Isto está muito mal feito”, começou por dizer Célia, de 58 anos, com o marido, trabalhador dos CTT, ao lado. E a mulher revelou ainda um pormenor no mínimo curioso: é do Benfica por causa de… Nuno Gomes. “É uma pessoa que eu adoro. Nuno Gomes trouxe-me para o clube ainda antes de ir lá para fora [Fiorentina]. Também adoro o Rui Costa, como ele há muito poucos e benfiquista que se preze tem de votar nele”, rematou, sem deixar de referir que tem mais cinco familiares, pelo menos, que são sócios do Benfica: o genro, dois netos e duas filhas. “Não é que eu gostasse muito de Luís Filipe Vieira, mas tem obra feita”, concluiu Célia Costa.

Jorge, mais calmo, garantiu que o maestro Rui Costa vai conseguir pegar na batuta depois de, segundo pensava o sócio do Benfica, ganhar as eleições. “Não tenho dúvidas do seu benfiquismo. O caso Vieira não o vai prejudicar. Ele tem todas as condições…”

E ia a terminar a frase quando a mulher Célia não conseguiu conter, entre gargalhadas, um “só é pena que não traga o Nuno Gomes”…