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Este é o sexto museu a ser inaugurado no World of Wine, quarteirão gastronómico e cultural, em Vila Nova de Gaia
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Este é o sexto museu a ser inaugurado no World of Wine, quarteirão gastronómico e cultural, em Vila Nova de Gaia

Este é o sexto museu a ser inaugurado no World of Wine, quarteirão gastronómico e cultural, em Vila Nova de Gaia

Do bicho da seda às solas de sapatos com algas. O Museu da Moda e dos Têxteis abriu em Gaia e é uma vénia ao melhor que se faz em Portugal

O Museu da Moda e dos Têxteis abriu com vista para o Douro e junta a história da indústria, a origem dos materiais e o processo de produção. É ainda montra do design, calçado e filigrana de autor.

Depois do vinho, da cortiça e do chocolate, o Museu da Moda e dos Têxteis era um dos museus mais aguardados no quarteirão do World of Wine (WOW), em Vila Nova de Gaia. “O conceito está muito associado à celebração do melhor que fazemos em Portugal, tal como o vinho ou a cortiça, a indústria têxtil, o calçado, a filigrana e a moda de autor são também elementos que quisemos destacar”, explica ao Observador Catarina Jorge, coordenadora do projeto que começou a ser pensado em 2016.

Instalado num edifício recuperado do século XVIII, que inclui uma pequena capela do arquiteto Nicolau Nasoni, o novo museu do WOW quer mostrar ao público como se faz uma peça de roupa, de calçado ou de joalharia, da origem da matéria prima aos acabamentos, passando pelo processo criativo e de produção.

“Fizemos visitas técnicas a várias fábricas para conhecermos a fundo esse processo e para perceber como poderíamos criativamente trazer esse conteúdo para um museu. É muito difícil trazer uma indústria tão complexa como esta para dentro de quatro portas”, sublinha Catarina Jorge, acrescentando que a ideia passou por recriar ambientes fabris, mostrar o espólio de algumas marcas e produzir peças exclusivas para o museu.

Do fio à peça final, o visitante acompanha toda a transformação da moda e da indústria têxtil em Portugal

O Museu da Moda e dos Têxteis está dividido em dois pisos e conta ainda com uma loja com produtos de design, acessórios e livros, um restaurante com esplanada e pratos para partilhar e um espaço pronto a receber exposições temporárias. Em breve, o espaço assinado pelo arquiteto Vítor Miranda e pelo Estúdio Astolfi, terá também direito a uma cafetaria e a uma galeria de retalho, onde várias marcas portuguesas terão o seu próprio ponto de venda.

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Uma aula de história, uma viagem pelo campo e um processo criativo

O percurso começa com uma cronologia detalhada, onde através de uma timeline na parede, que tem início em 1973, é possível descobrir os momentos mais relevantes da história da indústria têxtil em Portugal, bem como o seu papel económico, político e social. Entre anúncios luminosos de fábricas antigas e recortes de jornais internacionais, há um excerto da primeira curta metragem portuguesa que mostra a saída dos operários da fábrica Confiança, na rua de Santa Catarina, no Porto.

Uns passos à frente, eis um mise en scène recheado de objetos antigos que integram o espólio de fábricas têxtil como a Riopele ou a Têxtil Manuel Gonçalves, ambas em Vila Nova de Famalicão, mas também outras moradas em Braga, Guimarães, Santo Tirso, Vila do Conde ou Vila Nova de Gaia. Um tear de lançadeira de 1910, fichas de clientes de 1988, balanças, canelas de fio, máquinas de debuxo, amostras de tecido e catálogos de tendências são apenas alguns exemplos do que se pode ver.

Depois de uma verdadeira aula de história, o visitante segue viagem e, contactando com a natureza, fica a conhecer melhor a origem das principais matérias-primas utilizadas na indústria têxtil. Algodão, linho, lã, seda, pele, celulose e material sintético são os protagonistas de sete mesas onde, através de vídeos, fotografias e redomas de vidro com sementes, ovos do bicho da seda e fios, é possível acompanhar visualmente o processo de transformação destes materiais de origem animal e vegetal.

História das fábricas têxtil, origem dos materiais e processo de confeção são explicados com detalhe

Melhor que ver o material em bruto é vê-lo aplicado numa peça de roupa. É isso que vai encontrar numa sala repleta de peças de Maria Gambina. A designer portuense, juntamente com a Tintex, uma fábrica têxtil de Vila Nova de Cerveira, mostra como utilizou algodão biológico, cortiça ou sobras de tecidos em alguns coordenados das suas últimas coleções.

Ainda no mesmo piso, estão expostas as várias etapas do processo criativo de um designer de moda. Do conceito ao moodboard, passando pelo lineup, tudo é explorado através de desenhos técnicos que se podem ver em mesas de vidro luminosas. Depois de a criatividade passar da cabeça para o papel, é hora de produzir. Num labirinto cronológico são revelados os seis passos do processo — fiação, debuxo, tecelagem, acabamento, tinturaria e confeção – através de vídeos e máquinas que nos transportam facilmente para uma fábrica.

No fim deste trajeto há uma sala de projeção que passará filmes relacionados com a indústria, neste momento está em exibição a curta metragem “Da Meia Noite Pro’Dia”, da realizadora Vanessa Duarte, que, através de testemunhos de trabalhadores fabris na Covilhã, aborda a identidade e a memória coletiva destes espaços abandonados e degradados.

Brincos de princesa, uma peruca em porcelana e solas de sapatos feitas com casca de arroz

O segundo piso do museu é dedicado à moda de autor e arranca com o universo da filigrana, onde dão nas vistas as peças emblemáticas da designer Inês Barbosa, da Póvoa de Lanhoso, e as ferramentas antigas utilizadas neste ofício. “Temos expostas peças que foram produzidas exclusivamente para o museu”, salienta a coordenadora do projeto, Catarina Jorge.

Logo a seguir, duas salas onde o calçado português é rei. “Desafiámos o Luís Onofre e o Carlos Santos a mostrarem o processo de desenvolvimento de um sapato, do desenho aos moldes, passando pela escolha de materiais e acabamentos.” Onofre escolheu uma colorida sandália feminina, Carlos Santos optou por um modelo clássico masculino. Em frente ao processo criativo de ambos, há vitrinas com diferentes acessórios, aplicações, diferentes tipos de saltos altos, escovas, ceras, cremes e graxas para cuidar do que calçamos.

Neste espaço, é ainda possível espreitar sapatos mais técnicos, feitos com materiais reciclados e sustentáveis como casca de arroz ou algas, e ainda uma coleção com aroma da marca portuguesa Lemon Jelly. Graças à colaboração da APICCAPS – Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos e do Centro Tecnológico do Calçado de Portugal, o museu replica uma autêntica oficina de sapateiro com vídeos, fotografias e ferramentas reais.

Dos veteranos aos emergentes, os principais nomes da moda nacional estão presentes neste espaço

A área dedicada à moda teve a curadoria de Mário Matos Ribeiro, Eduarda Abbondanza, Luís Santos Pereira e Marta Lemos e está recheada de criações dos principais designers nacionais, dos pioneiros e veteranos aos novos talentos saídos das plataformas Bloom, do Portugal Fashion, e Sangue Novo da Moda Lisboa.

“Contactámos todos os designers e pedimos-lhes uma seleção dos três coordenados mais identificativos do seu trabalho. Em alguns casos essa recolha foi difícil e tivemos que pedir a clientes antigos para recuperar algumas peças, foi o caso da Sofia Aparício ou da Catarina Portas”, conta Catarina Jorge, responsável pelo museu, acrescentando que o espaço dá a conhecer 157 peças, doadas por 46 designers portugueses.

Além dos coordenados, criadores consagrados como Ana Salazar, José António Tenente ou Júlio Torcato cederam ainda catálogos e ilustrações das suas coleções mais antigas, que foram fotografadas em manequins pela equipa do museu, “provando a intemporalidade das peças”.

Depois de uma espécie de passerelle, onde a intenção é que a roupa vestida pelos manequins giratórios seja atualizada periodicamente, eis um dos destaques do projeto: a sala de curiosidades. Aqui, há acessórios arrojados como uma peruca de porcelana de Nuno Gama, uma mochila em malha de Susana Bettencourt, óculos futuristas, colares imponentes e luvas para todos os gostos.

O museu está aberto durante a semana, das 12h às 20h, e ao fim de semana, das 10h às 20h. O preço dos bilhetes é de 15€/pessoa. 

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