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Pelé nos festejos da conquista do seu terceiro Mundial, em 1970

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Pelé nos festejos da conquista do seu terceiro Mundial, em 1970

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Elogios do Papa, herança e o novo adjetivo no dicionário: um ano depois da morte de Edson, Pelé continua cá

Pelé já não é o melhor marcador de sempre da seleção, o Santos deixou de estar no principal Campeonato brasileiro, mas legado do Rei continua vivo um ano depois da sua morte – e de diferentes formas.

Pelé lutou (literalmente) para não ter este nome. Queria nascer, viver e morrer Edson Arantes do Nascimento. “Tinha sete anos quando conheci Pelé”, disse o antigo futebolista numa entrevista à revista World Soccer. “As crianças chamavam-me Pelé. Eu não sabia se tinha feito algo de errado, mas não gostei do nome, então comecei a lutar contra os outros rapazes. Disse-lhes que o meu nome era Edson. Fui suspenso da escola por dois dias”. A 29 dezembro de 2022 Edson morreu, aos 82 anos, vítima de cancro no cólon, mas “o” Pelé ficou para sempre. Um ano depois, o único jogador a conquistar três Mundiais continua presente graças às homenagens que lhe vão sendo feitas, mas muito mudou depois do adeus do Rei que imortalizou a camisola 10.

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O Rei faleceu aos 82 anos vítima de cancro no cólon

Bettmann Archive

Santos: nova (e pior) realidade, novo presidente, o mesmo ídolo

Esta época, pela primeira vez, o Santos, clube que Pelé representou praticamente durante todas a vida antes de rumar aos EUA, entrou campo em todos os jogos com uma coroa no símbolo. A atualização do emblema do clube paulista, em homenagem ao Rei, coincidiu com um desfecho catastrófico. Ao perder em casa com o Fortaleza (2-1) na última jornada do Brasileirão, o Peixe caiu para a Série B pela primeira vez nos 111 anos de história da equipa e deixou o São Paulo e o Flamengo com o mérito serem agora os únicos clubes brasileiros a nunca terem descido de divisão (além do Cuiabá, que só recentemente chegou à Série A).

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O Santos conta com oito títulos de campeão brasileiro no palmarés (1961, 1962, 1963 , 1964 , 1965, 1968, 2002 e 2004), seis deles conseguidos durante o reinado de Pelé, que deixou a equipa 1974. O Peixe venceu ainda três vezes a Taça dos Libertadores (tantos como Flamengo, Palmeiras, Grémio e São Paulo).

A descida de divisão aconteceu após uma época conturbada e repleta de contestação. Com 43 pontos, o Santos não foi além do 17.º lugar, apenas à frente do Góias, Coritiba e América. A equipa paulista esteve sob o comando de três treinadores diferentes – Odair Hellmann, Paulo Turra e Diego Aguirre –, tendo terminado a temporada com o interino Marcelo Fernandes.

Petardos, tentativas de invasão, carros em chamas, lojas partidas: adeptos do Santos em fúria após descida histórica à Série B

A direção liderada por Andrés Rueda também não escapou à fúria dos adeptos. Após as cenas de violência e destruição que pautaram a reação dos apoiantes do clube à descida histórica, alguns adeptos invadiram o Estádio Vila Belmiro com a ideia de confrontarem Rueda que, em três anos à frente do Peixe, contratou 47 jogadores, 22 dos quais em 2023. Rueda não são de encontrava no local e as autoridades conseguiram controlar a situação. No início de dezembro, os sócios do clube elegeram Marcelo Teixeira como novo presidente. O dirigente avança para a terceira passagem pelo clube, após ter sido campeão em 2002 e 2004.

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Santos terminou a edição de 2023 do Brasileirão em 17.º lugar e caiu para a Série B pela primeira vez na história

Getty Images

O Dia do Rei Pelé

Diz a sabedoria popular que só se festeja quando o rei faz anos. Neste caso, não é quando o rei faz anos, mas quando o Rei marcou o milésimo golo. A Câmara dos Deputados do Brasil aprovou a criação do Dia do Rei Pelé como forma de homenagear o antigo jogador no dia 19 de novembro de cada ano, data em que, em 1969, Pelé chegou ao número redondo, em pleno Maracanã. A proposta inclui também a atribuição da Medalha do Rei Pelé no mês de fevereiro de cada ano “a pessoas e instituições que se destacarem na promoção do acesso de pessoas de baixos rendimentos ou em situação de vulnerabilidade social ao desporto”.

Um dos deputados que apresentou a proposta, Felipe Carreras, do Partido Socialista Brasileiro, especificou em que consiste a medida. “Não será um dia que será feriado, mas achamos justo que o Parlamento brasileiro faça uma homenagem ao brasileiro atleta do século. Famoso mundialmente pelos seus feitos dentro e fora de campo, o Rei transcendeu as fronteiras do futebol para se tornar uma verdadeira instituição nacional. Até aos dias de hoje, a sua figura é sinónimo de Brasil em todo o mundo”. O projeto vai agora ser avaliado pelo Senado.

Pelé, de acordo com o Guinness World Records, marcou 1.283 golos em 1.363 jogos, alguns dos quais particulares. Em 2019, antes de morrer, o brasileiro desafiou Cristiano Ronaldo a bater o recorde de maior número de golos ao longo da carreira. “Espero que, com a quantidade de golos que já marcou, e foram muitos, tenha saúde e força para chegar aos 1.283 golos, que são a minha marca”, apontou. A propósito de um repto semelhante lançado pelo presidente do FC Porto, Pinto da Costa, Cristiano Ronaldo comentou a possibilidade de, pelo menos, chegar aos 1.000 golos.

Reação de Pelé aos 758 golos de Ronaldo? Um acrescento no seu Instagram: “Maior goleador de todos os tempos”

“Acho que vai ser bastante difícil. É preciso ver como vou estar mentalmente, a minha motivação. Fisicamente, como é óbvio, se as minhas pernas e o meu físico me tratar bem como eu o trato. Vamos ver. São pequenas etapas que me motivam, mas antes de chegar aos 1.000, primeiro quero chegar aos 900. Ainda falta bastante. Eu acredito que vou chegar”, disse o capitão da Seleção Nacional portuguesa.

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Pelé marcou o milésimo golo da carreira a 19 de novembro de 1969 no Maracanã

Gamma-Keystone via Getty Images

Viúva, filhos, netos e até amigos: herança chega a todos

Quando morreu, Pelé deixou para trás um património avaliado em cerca de 14,5 milhões de euros. Ainda que este seja o valor de referência na imprensa brasileira, a família chegou a encarregar Edinho, um dos filhos de Pelé, de gerir o inventário de bens e negócios de uma das maiores estrelas do futebol mundial, papel que assumiu após a viúva, Márcia Aoki, ter recusado desempenhar.

O processo de distribuição está em segredo de justiça, mas sabe-se que o esperado é que Márcia Aoki fique com 30% da herança, 60% seja distribuído por sete filhos e 10% pelos descendentes da filha falecida que Pelé nunca reconheceu mesmo existindo testes de ADN positivos. Pepito, amigo de Pelé, conhecido como “fiel escudeiro do Rei”, foi designado testamenteiro, estando encarregue de fazer cumprir a divisão dos bens a troco de cerca de 745.000 euros.

Apesar da divisão da herança de Pelé ainda não estar efetuada, há um entrave que já está descartado. Chegou a equacionar-se a possibilidade de existir mais uma filha entre os herdeiros. A questão foi levantada durante a redação do testamento de Pelé quando o astro ainda era vivo. Só após a morte do antigo jogador foi possível realizar um teste de ADN que Edinho disse ter revelado um resultado negativo.

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Alguns familiares de Pelé assistiram ao cortejo fúnebre de Pelé da varanda da casa da mãe do antigo jogador

AFP via Getty Images

Nem Messi, nem Maradona: Pelé é o escolhido do Papa Francisco

“Deus deu-me o dom de saber jogar futebol, porque realmente é só um dom de Deus” chegou a dizer Pelé em 2009, numa entrevista ao L’Osservatore Romano. “O meu pai ensinou-me a usá-lo, ensinou-me a importância de estar sempre pronto e treinado e que além de jogar bem devia ser também um homem”.

Pelé acreditava que o talento tinha origem divina e, na altura da morte do antigo jogador, o Vaticano homenageou o atleta com fotografias do brasileiro junto aos Papas Paulo VI e João Paulo II (entretanto canonizados) e Bento XVI. Na publicação, Francisco, o atual pontífice, aparece com uma camisola da seleção brasileira assinada por Pelé.

“Tive ainda o privilégio de falar com três Papas. Considero-me um homem muito abençoado, porque pude encontrar-me e receber a bênção de Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI”, disse Pelé na mesma entrevista ao L’Osservatore Romano. “Com estes três pontífices pude falar da minha vida e de Deus. Foram momentos muito importantes para mim, que ficaram no coração”.

Apesar de não serem públicos registos fotográficos de Pelé com Francisco, o Papa reconheceu recentemente as qualidades do brasileiro. Questionado pelo canal italiano RAI sobre se preferia Messi ou Maradona, a resposta foi outra: “Eu diria um terceiro: Pelé. São os três que acompanhei. Maradona, como jogador, foi grande, mas, como homem, faliu. Coitado, escorregou com a corte de quem o louvava e não o ajudava. Encontrou-se comigo no primeiro ano de pontificado e depois, coitado, teve aquele fim”, referiu. “Messi é corretíssimo, é um cavalheiro. Mas, para mim, destes três, o grande cavalheiro é o Pelé. Um homem de coração. Falei com Pelé, uma vez encontrei-o no avião quando estava em Buenos Aires e falámos. É um homem de uma humanidade assim tão grande. Os três são grandes”.

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Papa Francisco é um confesso apreciador de futebol e apoia o San Lorenzo, clube argentino

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‘Pelé’, o nome que se tornou adjetivo

O vocabulário existente para descrever os lances de um jogo de futebol é, porventura, limitado e, por isso, tantas vezes se recorre a metáforas. No último ano, nasceu mais uma opção para quem se quer referir a algo “excecional, incomparável, único”. O termo Pelé integrou o dicionário Michaelis como o novo adjetivo da língua portuguesa após uma campanha levada a cabo pela Fundação Pelé que reuniu 125.000 assinaturas.

“Aquele que é fora do comum, que ou quem, em virtude da sua qualidade, valor ou superioridade, não pode ser igualado a nada ou a ninguém, assim como Pelé, alcunha de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), considerado o maior atleta de todos os tempos; excecional, incomparável, único. Ele é o pelé do basquetebol. Ela é a pelé do ténis. Ela é a pelé da dramaturgia brasileira”, enquadrou a Michaelis.

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Pelé com Cristiano Ronaldo na entrega do Prémio de Melhor Jogador da FIFA em 2008

AFP via Getty Images

Messi deu início a uma tarefa: completar a missão de Pelé nos EUA

Talvez Messi pudesse ser sinónimo de Pelé ou até a tradução do termo Pelé para espanhol. Com um intervalo de praticamente 50 anos, ambos os fenómenos tentaram algo semelhante: dinamizar o futebol nos EUA.

À frente do seu tempo, em 1975, Pelé rumou ao New York Cosmos e deu expressão a um desporto pouco valorizado no território. “Espero tornar o desporto que amo tão importante nos EUA como no resto do mundo”, disse Pelé quando rumou ao país. O brasileiro deu o mote para que mais gente se juntasse ao futebol norte-americano. Franz Beckenbauer, glória do Bayern, foi um dos casos, mas, mais tarde, nem Johan Cruyff escapou à febre gerada por Pelé que chegou também a portugueses como Eusébio ou Simões.

Figuras diversas, que vão de Mick Jagger a Muhammad Ali, não perderam a hipótese de assistir ao vivo ao jogo de despedida de Pelé disputado em frente a 75.000 pessoas, em Nova Iorque. Fenómeno semelhante provocou Messi quando rumou ao Inter Miami. Na estreia do argentino pela equipa da Flórida, celebridades como Kim Kardashian, LeBron James ou Serena Williams marcaram presença.

Mais do que o impacto mediático, quer Pelé, quer Messi, funcionam como plataforma de desenvolvimento do futebol nos EUA. Numa entrevista à ESPN, o argentino disse que o futebol norte-americano “está num momento em que pode dar um passo mais”, pois o “país tem todas as condições e estrutura para que se veja muito bom futebol”. Messi tenta assim completar a missão de Pelé e aumentar o soft power dos EUA no mundo do futebol.

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Em diferentes eras, Pelé e Messi tentaram impulsionar o futebol nos EUA

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Neymar ultrapassou o Rei, mas recusou a coroa

O descalabro do projeto do PSG e os problemas físicos não proporcionaram a Neymar um ano brilhante (muito longe disso). O jogador do Al Hilal contraiu uma lesão no joelho esquerdo ao serviço da seleção brasileira e inclusivamente vai falhar a Copa América. De qualquer forma, em setembro, num jogo de qualificação para o Mundial-2026, contra a Bolívia, Neymar bisou e chegou aos 79 golos, ultrapassando os 77 de Pelé,  tornando-se no melhor marcador de sempre do Brasil. A diferença entre os dois camisolas 10 da canarinha foi que Pelé jogou apenas 77 encontros ao serviço do escrete, enquanto que Neymar precisou de 125 para alcançar a marca.

“Estou muito feliz e sem palavras. Jamais imaginei alcançar este recorde. Desde já, quero dizer que, alcançando este recorde só porque passei o Pelé, não quer dizer que eu sou melhor que ele ou melhor que qualquer outro jogador da seleção. Sempre quis escrever o meu nome na história do futebol brasileiro e da seleção brasileira”, afirmou Neymar quando chegou ao topo da lista dos artilheiros do Brasil.

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Neymar bisou na vitória do Brasil (5-1) contra a Bolívia a contar para o apuramento para o Mundial-2026

Getty Images

O prémio de uma vida depois da morte

Apesar de ser o único jogador a conseguir conquistar três Mundiais, Pelé nunca foi premiado com a Bola de Ouro, pois durante o período de atividade do brasileiro, a revista francesa France Football só considerava jogadores europeus na atribuição do prémio. Em fevereiro deste ano, Pelé foi homenageado na cerimónia do The Best. Márcia Aoki, a viúva, e Ronaldo Nazário receberam um troféu em nome do ex-avançado e recordaram o Rei.

“Deus, que nos deu Edson. A Edson, que nos deu Pelé. Gratidão ao mundo que o recebeu tão bem”, disse Márcia Aoki na gala. “O Pelé será lembrado pelo impacto na sociedade. Quando ele jogava, o mundo era um lugar ainda mais racista do que é hoje. Ele, um atleta negro, tornou-se rei do desporto mais popular do planeta. Mostrou que o negro pode ser melhor, mais bem sucedido e pode vencer o racismo”, completou Ronaldo.

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Ronaldo e Márcia Aoki na homenagem da FIFA a Pelé

Corbis via Getty Images

Pelé “estaria muito triste” com o futebol brasileiro

O futebol brasileiro tem estado imerso num poço de problemas. O mais recente foi a saída de Ednaldo Rodrigues do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) por ordem da Justiça brasileira. Em causa está uma mudança nos regulamentos para a eleição do cargo mais alto da organização, nomeadamente do peso dos votos dos clubes da Série A e da Série B. Em 2022, Ednaldo Rodrigues beneficiou do novo sistema para ser eleito até 2026. O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decretou que as alterações regulamentares não foram aprovadas devidamente, decidindo convocar novas eleições. Por estar contra a intervenção judicial nas decisões da CBF, a FIFA e a CONMEBOL ameaçaram suspender a seleção e os clubes brasileiros de participarem em provas internacionais.

Outro dos entraves que tem causado alvoroço é a seca de títulos que o Brasil atravessa. Desde 2002, a canarinha procura conquistar o sexto Mundial, tendo caído nos quartos de final nas cinco edições que seguiram. O desaire mais doloroso foi a eliminação aos pés da Alemanha, após uma derrota por 7-1, no Mundial realizado no Brasil. No entanto, o pesadelo não impede os adeptos do escrete de sonharem com o inédito hexa. 

Tite comandou a seleção no Mundial do Qatar e deixou o cargo após a derrota com a Croácia nos penáltis. Entretanto, Fernando Diniz assumiu o lugar de forma temporária, previsivelmente até que Carlo Ancelotti termine contrato com o Real Madrid e se possa tornar no novo selecionador do Brasil – um cenário que foi perdendo força nas últimas semanas, no meio de toda a instabilidade em torno da CBF.

Perante todo este cenário, o filho de Pelé, Edinho, afirmou que, se “estivesse cá este ano”, o pai “estaria muito triste” com o panorama do futebol brasileiro. “Estamos em declínio. Ainda temos grandes jogadores, mas antes tínhamos mais jogadores de topo”, afirmou em entrevista à AFP.

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Edinho, à esquerda, a receber os sentimentos do presidente da FIFA, Gianni Infantino, nas cerimónias fúnebres do pai

AFP via Getty Images

A camisola 10 só para quem a merece

O número 10 é sempre o número mais concorrido em qualquer plantel. O legado da camisola tem ainda maior peso no Santos por ter sido o número que Pelé eternizou. Antes do Rei, o 10 não tinha o significado que tem hoje. Na altura da morte de Pelé, o então presidente do Santos, Andrés Rueda, disse que “seria uma excelente homenagem” retirar a camisola dez. Mais tarde, o mesmo dirigente disse ter descoberto que Pelé “não gostava da ideia” e por isso o plano não avançou.

Entretanto, desde que o Santos desceu de divisão, Marcelo Teixeira foi eleito presidente e já disse que, pelo menos enquanto o clube estiver na Série B, nenhum jogador vai usar esse número. “Vamos propor que no Campeonato Paulista atuemos normalmente com a camisola número 10. No Campeonato Brasileiro, enquanto o Santos não subir e estiver no seu patamar digno, nós não usaremos a camisola”, anunciou Marcelo Teixeira em conferência de imprensa. “Já que neste ano tivemos a homenagem ao Rei Pelé, continuaremos nessa missão. Voltaremos à primeira divisão e, enquanto não voltarmos, o Santos não vai usar a camisa mais gloriosa de sua história”.

O jogador que utilizou a camisola 10 nos últimos anos foi Yeferson Soteldo. Numa decisão que não foi influenciada pela impossibilidade de usar o número habitual, o venezuelano saiu por empréstimo para o Grémio.

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Soteldo usou a camisola 10 do Santos nas últimas épocas

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