Doenças do coração, cancro, acidentes rodoviários. Estas são algumas das principais causas de morte no mundo ocidental, mas “questiono-me se um dos maiores assassinos da nossa era não é a solidão”, diz Nell Watson, uma futurologista irlandesa que falou com o Observador, ao telefone, sobre como a Inteligência Artificial e os robôs podem ajudar a combater a solidão nas vidas “mais complexas mas mais desligadas” que tendemos a levar, nos dias de hoje.
Desvalorizando os alertas de quem teme que os robôs possam, um dia, “descer a rua a matar pessoas“, Nell Watson reconhece que o progresso tecnológico pode criar atritos — mas, sublinha, atritos entre os homens e outros homens (e não entre os homens e as máquinas). A futurologista irlandesa, que se dedica, entre muitas outras coisas, à pesquisa sobre como poderemos ensinar ética às máquinas, antecipa que poderemos ter amigos robôs, muito em breve, e não tardaremos, também, a ter “robôs” a circular na nossa corrente sanguínea e ligados à cloud, algo que pode redefinir o que é ser-se humano, o que é viver e o que é morrer.
Numa entrevista recente, defendeu que a inovação tecnológica pode ser uma ótima ferramenta para combater “um dos maiores assassinos da nossa era, a solidão”. De que forma?
Um dos autores que falam nisso é Peter Thiel, no livro Zero to One. No livro, ele escreve sobre como todos os grandes desafios da sociedade já foram resolvidos, basicamente. Alimentação, água, roupa limpa acessível — todos nós, no mundo desenvolvido, temos formas de gerir estes problemas, que agora se tornaram triviais. No entanto, uma área onde continuamos a enfrentar desafios é nas ligações emocionais. Levamos vidas mais complexas, mais sofisticadas, mais confortáveis, mas damos por nós mais desligados da natureza e, frequentemente, mais desligados dos outros humanos. Muitos de nós vivemos em apartamentos cheios de luxo e conforto, mas não fazemos ideia de quem são os nossos vizinhos.
É o preço a pagar pelo progresso? Ou um dano colateral?
Acho que é um preço a pagar, sem dúvida. Não é sempre assim, mas de uma forma geral há um trade off entre uma sociedade mais avançada e uma sociedade, digamos, mais sã. E é um desafio complexo, esta desconexão que se cria entre as pessoas. Há vários estudos que demonstram como as pessoas têm, hoje, muito menos amigos que consideram realmente íntimos, que conhecem a sua essência e com quem podem contar se tiverem um problema na vida, ou simplesmente se quiserem desabafar. Julgo que esta é uma tendência que só irá acelerar e é aí que podemos ter uma oportunidade, através do recurso à inteligência das máquinas, de salvaguardar as nossas necessidades emocionais com novos amigos que são, basicamente, máquinas inteligentes e com as quais se pode interagir emocionalmente. Isso pode ajudar a suprir, de forma significativa, uma parte daquilo que se perde por termos uma civilização avançada.
Nell Watson é apresentada como uma "futurologista", mas prefere considerar-se...
↓ Mostrar
↑ Esconder
“Uma tecnóloga. Aplico tecnologias avançadas para tentar melhorar o mundo e a condição humana. Sou, também, uma espécie de filósofa, um pouco introvertida e tímida. E penso muito sobre como a tecnologia e a sociedade interagem e para que futuro essa interação nos está a levar”. Eleanor — “Nell” — Watson é, também, uma empresária na área da tecnologia e participa em palestras em eventos como a TEDx Talks e a WebSummit. Oriunda da Irlanda do Norte, Nell Watson foi oradora numa das recentes edições da WebSummit, ainda na Irlanda (evento que, neste momento, acontece anualmente em Lisboa).
Na sua opinião, então, usar as máquinas para compensar a atomização das sociedades modernas é uma coisa boa?
Julgo que sim. Claro que o ideal seria haver comunidades fortes, onde as pessoas se conhecem realmente e têm mecanismos para fomentar relações próximas e genuínas. Isso seria o ideal, mas nem sempre é uma expectativa realista, em particular nas grandes cidades, onde as pessoas levam vidas velozes, cheias de stress. Por isso, acho que há espaço nas nossas sociedades para o que se pode considerar “a segunda coisa melhor”.
“O perfeito é inimigo do bom”?
Isso. E acho que é algo positivo se pudermos ter nas máquinas um amigo e um confidente, além de um acompanhante, para aquelas situações em que não temos mais ninguém a quem nos podemos dirigir. Ou quando temos algo que queremos dizer mas temos dificuldades em exprimir-nos, ou temos vergonha em dizê-lo a uma pessoa real. Por vezes é mais fácil falar com alguém, ou algo, que sabemos que não nos vai julgar.
Mas, por certo, há coisas que se tiram de uma relação emocional com outra pessoa que não é possível tirar de uma relação com uma máquina… Ou não?
Seria interessante fazer estudos neurológicos com pessoas que estivessem a abraçar um robô. Não sei se já foi feita alguma pesquisa científica sobre isto. Sabemos que quando abraçamos outro ser humano, ou mesmo um animal de estimação, dão-se umas maravilhosas injeções de dopamina e oxitocina no nosso cérebro, que melhoram o nosso bem-estar, a nossa saúde psíquica, mas também o nosso sistema imunitário. Tudo isto acontece quando temos contacto físico com uma pessoa de quem gostamos, ou quando abraçamos o nosso cão.
Ou um urso de peluche?
Exatamente. Acontece o mesmo quando uma criança abraça um urso de peluche. Seria interessante fazer estudos sobre se, realmente, importa se o que estamos a abraçar é uma criatura viva, ou uma criatura sapiente, ou se basta abraçar uma coisa como um urso de peluche. Daí, talvez, poderemos perceber melhor que efeito poderá ter abraçar, ou conviver, com um robô avançado — ainda assim, acredito que ainda levará algum tempo até que abraçar um robô possa ser tão satisfatório quanto abraçar outro ser humano.
Mas imaginemos, então, um urso de peluche altamente inteligente. Isso não vai contribuir para que nos distanciemos ainda mais das pessoas? Não corremos o risco de “desistir” das pessoas e ficarmos viciados nos robôs?
Isso é uma boa questão, mas deixe-me reformulá-la. Muitas pessoas estão à procura de uma ligação, uma ligação com outras pessoas e, até, consigo próprias, com partes do seu ser com as quais perderam o contacto, talvez por causa de um trauma ou porque essa sua parte do seu ser não se coaduna com a cultura ou a comunidade em que se está inserido. É essa desconexão — com os outros ou com nós próprios — que está, normalmente, na origem dos vícios.
O vício é uma consequência do problema, não o contrário?
Uma pessoa não se torna um viciado porque comete um erro estúpido e ups, tomei uma droga, a minha vida está arruinada. Não é assim que as coisas funcionam. Na origem do vício está a desconexão. E é, muitas vezes, perante essa desconexão que as pessoas se viram para os vícios — as drogas, por exemplo, mas muitas outras formas de vícios. Até trabalhar demasiado pode ser uma forma de evitarmos o confronto com um problema emocional. Beber até cair para o lado, com frequência, provavelmente é uma solução menos ideal do que ter na nossa vida um urso de peluche super inteligente. Repito, pode não ser o ideal, mas será, provavelmente, uma solução mais segura dentro de um vasto leque de opções ou comportamentos pelos quais as pessoas enveredam para tentar criar ligações.
Mas não estaremos, de certo modo, a enganar o nosso corpo e a nossa mente? A condicioná-lo para reagir da mesma forma a uma máquina que reagiria perante um outro humano?
Não estou certa de que isso importe. Desde que sintamos uma ligação com outra entidade, uma entidade que queira o nosso bem, seja um cão ou um gato, desde que sintamos uma ligação com algo que não irá abandonar-nos ou atacar-nos, não estou certa de que isso importe — se é uma máquina, um animal ou uma pessoa.
Não é isso que torna a vida entusiasmante? As deceções, as surpresas negativas e positivas com outras pessoas? Se tudo for perfeito e previsível, qual é a piada?
Não podia concordar mais que o que faz uma vida ótima, no final de contas, é ter relações de qualidade, com amigos, família, trabalhar em coisas de que gostamos com pessoas que respeitamos e em quem podemos confiar. Mas os seres humanos, por regra, tendem a ser algo voláteis, nem sempre muito pacientes e dados a reações narcisistas. E, por isso, é uma coisa boa se tivermos um amigo robô que nos sussurre ao ouvido para termos calma e não enviarmos aquela mensagem SMS desagradável a um amigo, porque estamos zangados com ele por estar atrasado para um encontro ou por uma razão mais complexa. Isto é um exemplo: se tivermos um amigo robô que nos ajude a proteger uma relação com alguém com quem estamos transitoriamente aborrecidos, isso é algo positivo.
Indo além dos robôs — porque não é só de robôs que se fala quando se fala de riscos que a tecnologia coloca perante as sociedades — o que pensa sobre esta sociedade pós-Uber, em que muitos parecem obcecados com o estatuto nas redes sociais, com a sua pontuação. Viu o episódio Nosedive, da série Black Mirror?
Sim, vi, claro. De facto, cria-se um potencial para a superficialidade e para o conformismo — é esse o risco de que se fala nesse episódio. E concordo que não queremos uma sociedade em que todos andam a lamber as botas a todos, para ter bons rankings.
Mas poderia ser uma sociedade mais cordial, não acha?
Seria, sem dúvida, mais cordial, mas também poderia ser uma sociedade menos genuína. Ser genuíno é muito importante para sermos um bom humano, e julgo que a nossa auto-estima sai beneficiada quando vivemos de acordo com os nossos valores. A superficialidade não é compatível com isso — e concordo que existe um risco de que possamos ser levados para caminhos perigosos pela obsessão com o que a média das pessoas pensa de nós.
Por outro lado…
Por outro lado, também penso que há tantas fraudes, esquemas, serviços péssimos, mesmo crimes, e muito disso deve-se às desigualdades de informação. Alguém tem informação sobre como pretende agir em relação a outro, e esse outro não tem essa informação, portanto é burlado, ou recebe um mau serviço. Os progressos tecnológicos dos últimos anos deram-nos plataformas em que podemos ter acesso a informação, antecipadamente, sobre como vamos ser servidos num hotel ou num transporte, caso utilizemos esses serviços. Essas plataformas têm um enorme valor na criação da mecânica da confiança.
Mas está a falar de serviços. E nas relações pessoais?
A mesma ideia aplicada às relações pessoais — é disso que fala o Nosedive — pode fazer com que as pessoas se comportem de forma mais aceitável socialmente. O que não é o mesmo que dizer que as torna pessoas mais éticas, na sua essência, mas também não sei até que ponto isso realmente importa. Mesmo alguém sem grande sentido de empatia pode ser um membro valioso da sociedade se tiver incentivos para que o seu comportamento efetivo esteja alinhado com os objetivos da sociedade. O que a tecnologia vai permitir — já o está a fazer — é transformar-nos a todos em pequenos aristocratas, em que temos plataformas que nos ajudam a encontrar os melhores serviços, os melhores preços, os melhores produtos, como ter um mordomo para nos ajudar com a gestão da nossa vida. O risco é que se criem câmaras de eco — à semelhança do que já existe nas redes sociais em termos políticos, por exemplo — em que há boicotes automáticos que impeçam que façamos transações comerciais (essenciais para o crescimento económico e para o progresso) com pessoas e empresas de fora, que sejam diferentes de nós.
Há quem defenda que somos demasiado imaturos para lidar com a tecnologia que já temos. Vamos saber lidar com ainda mais tecnologia nas nossas vidas?
Uma das minhas citações favoritas de Arthur C. Clarke é que “não é boa ideia alguém ter ciência superior e moral inferior”. Essa combinação é instável e auto-destrutiva. Mas temos tendência para nos ajustarmos às novas tecnologias de forma retardada. E a tecnologia também pode fazer mudar os valores. Um exemplo: quando surgiu o Napster, muitas pessoas decidiram, individual e coletivamente, que não havia qualquer problema em piratear, em roubar, música. E porquê? Porque o serviço era tão conveniente.
Depois a lei adaptou-se, a tecnologia evoluiu e, se calhar, os serviços de música por streaming (legal) existem porque perceberam a importância da conveniência…
É o que se chama de technological wavefront [traduzível por frente de onda tecnológica]. As sociedades evoluem, tornam-se mais complexas, consomem mais recursos e, a certa altura, podem colapsar, para depois se ajustarem aos recursos disponíveis. Isso está sempre a acontecer, historicamente. E a única forma de evitar o colapso é existir uma technological wavefront, em que se encontra uma solução para o problema mesmo a tempo de evitar o colapso.
Dê-nos um exemplo.
Um dos mais referidos é a catástrofe malthusiana que, nos anos 60/70, deveria ter feito com que no subcontinente indiano milhões e milhões de pessoas tivessem morrido à fome. Havia demasiada gente e não havia terrenos férteis e outros recursos para que a agricultura pudesse gerar os recursos necessários. Muita gente deveria ter morrido, mas isso não aconteceu porque se deu uma coisa chamada a Revolução Verde, em que um cientista chamado Norman Borlaug e a sua equipa desenvolveram um “super-trigo” e um “super-arroz” que necessitavam de menos recursos, cresciam mais rapidamente e tinha maior valor nutritivo. Foi um caso paradigmático de como uma inovação tecnológica evitou uma catástrofe, como um toureiro a evitar o corno de um touro no último segundo.
Está confiante, então, que se irão encontrar formas de evoluir e evitar uma catástrofe relacionada com a tecnologia?
Estou a dizer que isso tem de acontecer. A tecnologia avança sempre mais rapidamente do que os nossos valores e, perante isso, a nossa reação muitas vezes é ficar pasmados, quase inertes, mistificados. Estamos sempre a enfrentar este tipo de coisas novas nas nossas vidas, ligadas ou não à tecnologia. E se alguma vez perdermos esta wavefront, se perdermos essa capacidade de tirar um coelho da cartola à última hora, então estaremos num sarilho — e as nossas sociedades podem reverter para um estádio mais simples, o que seria uma pena.
Elon Musk: “Temos de regular a Inteligência Artificial antes que seja tarde demais”
Quando se fala em inteligência artificial, acredita (também) que poderá levar ao fim da humanidade?
Julgo que existe, realmente, o potencial de que a inteligência artificial se vire contra nós. Mas não da forma que a maioria das pessoas antecipa. Muitas pessoas têm a ideia do Exterminador Implacável, em que os robôs e a inteligência artificial decidem, de um momento para o outro, destruir todos os humanos. Não me parece que isso seja muito provável.
OpenEth, a que Nell Watson pertence, quer ensinar ética a robôs
↓ Mostrar
↑ Esconder
Como é que se ensina ética a um robô?
Penso que os métodos mais comuns serão semelhantes ao que acontece com os seres humanos. Em primeiro, a aprendizagem supervisionada, quando nos sentamos com a máquina e, como no jardim-escola, dizemos “isto é uma banana, isto é uma maçã”. Depois, há a aprendizagem não-supervisionada, que acontece quando é dada liberdade para explorar um dado ambiente. E, finalmente, via reforços positivos e negativos, é possível premiar ou castigar as máquinas para orientar o seu comportamento. Pertenço a uma organização — a OpenEth.org — que se dedica a criar métodos para ensinar ética a robôs.
Falou em “castigar”. É possível magoar um robô?
É uma questão interessante. E pode ser útil, na realidade, que a máquina tenha um modo de ser magoada, ou de experienciar algo que lhe é desagradável. Sem dúvida que seria possível, através dos reforços, tentar socializar uma máquina de forma a que seja um pouco mazinha, um pouco neurótica. Mas não queremos que alguém possa transformar uma máquina saudável num robô sociopata — na OpenEth.org estamos a tentar desenhar mecanismos de segurança desse tipo, porque algo que é feito para interagir com a sua avó pode não ser apropriado para lidar com um criminoso num beco escuro da cidade.
Porquê?
Falando de um modo geral, a forma que nós normalmente encontramos para fazer as coisas de forma sustentável é jogar de acordo com as regras. Temos formas, na nossa sociedade, de lidar com os sociopatas, que tendem a funcionar depois do facto. Homicídios, violações, eventualmente somos apanhados e retirados da sociedade. Ir contra as regras da sociedade tem um custo, e penso que uma máquina inteligente vai, provavelmente, reconhecer isso mesmo — que a melhor maneira de sobreviver e prosperar é jogar de acordo com as regras.
As máquinas vão ter noções éticas ou morais?
É curioso que nós já temos máquinas que desempenham funções melhor do que humanos, em reconhecimento de objetos e outras situações. O que nos leva a questionar: será que se tivermos máquinas que compreendem a ética e a moral, podemos ter uma máquina “super-moral”? Julgo que é muito provável e acredito que em 10 ou 20 anos vamos ter isso.
Uma máquina com uma moral mais apurada do que o ser humano comum?
Sim. O psicólogo Lawrence Kohlberg define seis níveis de moralidade nos seres humanos. Não falamos das decisões que se tomam mas, aqui, falamos sobre o processo de raciocínio que está por detrás da decisão. E há, portanto, vários níveis em que as decisões podem ser tomadas — como “evitar ser castigado”; “a lei a isto obriga”; “faz parte do contrato social” ou o dos “princípios universais”. Portanto, se tivermos máquinas capazes de tomar decisões por razões morais mais avançadas, então poderemos ter uma máquina super-moral, que consegue compreender o mundo de uma forma mais completa do que qualquer um de nós, individualmente, consegue.
E qual será a consequência prática disso?
Isto pode ser problemático porque muitos dos valores e crenças em que as sociedades se baseiam não estão escritas na pedra. Muitas das regras da nossa vida em sociedade são frágeis, inconsistentes. Mas para as máquinas não existe a noção de inconsistência, o que faz com que, na minha opinião, não seja impossível que as pessoas se virem contra as máquinas porque estas não respeitam esta ou aquela regra. Perante isto, algumas pessoas poderão, de certa forma, juntar-se às máquinas super-morais, aprender a pensar como elas, ao passo que outras pessoas vão ser mais teimosas e agarrar-se às suas crenças e modos de pensar. Isto pode acentuar as diferenças entre as pessoas e as sociedades e, nesta perspetiva, acredito que, sim, as máquinas podem vir a estar na origem de muitos problemas nas sociedades. Mas não me parece provável que as máquinas decidam, um dia, livrar-se dos humanos, como alguns vaticinam.
Além da OpenEth.org, a que outros temas se tem dedicado? Na sua TED Talk, falou sobre como a nanotecnologia pode conectar as pessoas, os cérebros, de forma a que nos tornemos realmente ligados aos outros.
Sim, a Computação Biológica e o origami de ADN vão mudar as nossas vidas. As inovações nesta área já estão a permitir criar nanorobôs (nanobots) que se movimentam na nossa corrente sanguínea e são capazes de destruir células cancerígenas, por exemplo, a um nível que em testes preliminares ajudaram pessoas com leucemia em estado avançado.
O que é um Origami de ADN?
↓ Mostrar
↑ Esconder
É uma técnica que utiliza o ADN como material de construção e não como material genético. As propriedades moleculares do ADN permitem que ele seja moldado de inúmeras formas.
Esta técnica, ainda em desenvolvimento, permite transformar moléculas de ADN em transportadores de outras moléculas, nomeadamente fármacos. É apontada como uma solução de futuro para combater o cancro.
Parece ficção científica, computadores dentro do nosso corpo.
Isto não é ficção científica, está a acontecer neste momento! Cientistas descobriram como podemos usar elementos do nosso origami ADN para criar computadores que podem ser colocados dentro do nosso corpo. Já injetaram em baratas computadores biológicos tão poderosos quanto o velhinho computador Commodore 64. No futuro vai ser possível ter um dispositivo tão potente quanto um smartphone dentro do nosso corpo, a viver dentro de nós e alimentado — até — pela nossa energia corporal. Pode ser capaz de comunicar com o nosso cérebro, como um co-piloto que sente o que nós sentimos: alegria, medo, dor. O robô poderá estar dentro de nós e sentir a impressão no estômago quando andamos numa montanha russa.
Será uma entidade que vive dentro de nós, com um conhecimento íntimo sobre quem somos?
Esse dispositivo poderá nem saber que não é eu, que é uma entidade diferente de mim. Daqui podemos entrar em territórios cada vez mais estranhos quando pensamos que esses dispositivos podem estar integrados uns com os outros, potencialmente criando uma rede global de cérebros ligados à nuvem [cloud]. E, aí, poderemos ter acesso, por exemplo, àquilo que alguém sente quando o magoamos ou quando o insultamos. Podemos sentir, na pele, aquilo que os outros sentem, como nunca foi possível. Talvez isso contribua para que sejamos cada vez mais sensíveis ao que os outros sentem e, portanto, poderemos ser pessoas melhores. Se a tendência é para a crescente fusão entre homens e máquinas, se tivermos um eu na nuvem, sem forma física, e se morrermos, qual é o significado dessa morte? Será que podemos viver para sempre, rodeados dos nossos amigos e dos nossos entes queridos, através desse eu alternativo?