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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Filipa Areosa: "Durante algum tempo estive adormecida e agora quero tudo"

Desde 2012 que tem feito sobretudo televisão e partir desta sexta está no Teatro Aberto, em “Doença da Juventude”. Em entrevista, Filipa Areosa diz-nos que nunca quis tanto ser atriz como agora.

Saía da natação às onze da noite e ia a pé para casa sem medos. É a sorte de crescer no Cartaxo, terra ainda livre de carteiristas e elétricos ao barrote. Mas o destino às vezes vira e do Cartaxo foi para Cascais, para a Escola Profissional de Teatro. Três anos depois, em 2008, fez o Inferno, de Bernardo Santareno, com encenação de Carlos Avillez. Mas estava longe dos pais e precisava do dinheiro e dinheiro no teatro, já se sabe…

Esteve então dois anos como assistente de bordo numa companhia charter, mas voar também cansa. Voltou para Cascais e foi protagonista da intemporal série “Morangos Com Açúcar”. Os convites para televisão sucederam-se, não só para novelas, mas também para séries. Fez “Os Filhos do Rock”, “País Irmão”, “Três Mulheres”, “Circo Paraíso”, entre outras.

Pelo meio, em teatro, fez dois espectáculos com a Palco13 e não fez mais. E diz Filipa que não fez mais porque não aconteceu. Também admite a possibilidade de não ter procurado. É precisamente aqui que reside a mudança, Filipa Areosa só há pouco tempo decidiu ser atriz, fazer isto a sério, com investimento pessoal, pesquisa, leitura. Até aqui tudo tinha apenas acontecido. É essa aliás, aparentemente, a sua palavra predileta: aconteceu. Ou a expressão “foi acontecendo”. O que acontecer daqui em diante já é de outra natureza. Filipa Areosa quer, agora, fazer acontecer. E nós cá para ver.

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Porque é que escolheu o Jardim da Gulbenkian para esta entrevista?
Primeiro porque é lindo de morrer. É um oásis no meio de Lisboa e depois porque é ao lado do Teatro Aberto, onde estou agora a ensaiar, e é muito tranquilo, é bom para decorar texto, é bom só para estar.

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Antes de estar aqui no Teatro Aberto não vinha aqui muito, é isso?
Algumas vezes, sim, quando vinha a Lisboa, até porque tinha amigos aqui perto, é um bom sítio para passear, há uns recantos giros onde podemos estar super na boa a ler ou só a conversar.

“Quando vinha a Lisboa”, portanto não vive aqui.
Não vivo em Lisboa, não, sou do Cartaxo, onde vivi até aos 15 anos. Depois vim estudar para Cascais, para a Escola Profissional de Teatro de Cascais e entretanto a minha mãe tem família em Carcavelos e fui viver para lá. Nisto, passados não sei quantos anos… [quem frequenta esta zona da cidade sabe que o som dos aviões é recorrente e nesta entrevista aconteceu algumas vezes] É melhor parar por causa do avião? Ou então falo mais para esta direção, é melhor, certo?

Vamos acreditar que o gravador é bom.
OK. Entretanto, com o namorado da altura, vim viver para a Lapa, para Lisboa, e depois decidi que já não queria viver mais em Lisboa, é um stress enorme, é um caos. Então fui viver para Cascais com a minha irmã mais velha. E entretanto vou voltar para Lisboa, para a Alameda, viver com várias pessoas.

Então mas se diz que isto é um caos vai para a Alameda?
Mas é diferente. Primeiro porque tenho mota e andar em Lisboa de mota e mesmo de metro é totalmente diferente de andar de carro.

"Vivi no Cartaxo, a minha infância foi muito livre, muito mais isto [aponta para a envolvência]. Lembro-me de estar na rua descansada à noite e não haver problema nenhum, acabava a natação e ia a pé para casa, andava de bicicleta meio perdida."

Sim, hoje estacionou literalmente à porta do teatro.
Sim. Já tinha a mota antes, mas… viver ali perto da Lapa? É o pânico, não há lugares de estacionamento, barulho a toda a hora, tinha uma vista incrível, admito, mas é complicado.

Deixemos a gentrificação e falemos deste espectáculo. Diria que padece desta doença chamada juventude?
Sei lá, acho que sim. É uma consequência da época em que vivemos, acabamos por ser todos um bocadinho, também não sei quais são as idades que estão contempladas na juventude.

Mas diria que tem esse fator na sua personalidade?
De ser doente?

Não, de ser jovem. Doentemente jovem, se isto for válido…
Sim, tenho, mas às vezes nem é jovem, é mesmo infantil.

Como protesto?
Não, é sem querer, tento contrariar mas…

Porque é que acha que isso acontece?
Não sei bem, sou a sétima de oito filhos, três mais velhos do meu pai, que depois casou com a minha mãe e foram mais quatro. Sempre fui um bocadinho a mais nova e diga-se, no meio de tanta gente, é difícil ter uma voz, então vou sendo criança durante mais tempo, se calhar.

Como é que é crescer no meio de tanta gente?
Por um lado é muito fixe, há uma segurança maior. E vivi no Cartaxo, a minha infância foi muito livre, muito mais isto [aponta para a envolvência]. Lembro-me de estar na rua descansada à noite e não haver problema nenhum, acabava a natação e ia a pé para casa, andava de bicicleta meio perdida. Também é verdade que os meus pais… são muitos filhos e a dada altura não é possível estar preocupado como se fosse só um. Depois há o lado mau, que é os pais não terem tanto tempo para se focarem num filho, ou para dar atenção a todos, em termos monetários se calhar há menos privilégios, mas pronto, tudo se faz.

"Estava um bocado farta dos aviões e umas amigas disseram-me que ia haver um casting, eu nem estava muito para aí virada porque estava naquela coisa de "querer ser jovem", mas lá fui. E aconteceu"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Para o bem e para o mal, é filha dessa contingência. Nesse sentido, deduzo que os seus irmãos tenham sido muito importantes.
Sim, sem dúvida. E acho que é por essa proximidade que me tornei um bocado mais infantil, sempre tive essa ideia de que as pessoas mais velhas têm um estatuto diferente, o que é uma estupidez, do meu ponto de vista, hoje em dia.

Portanto, nós adultos podermos reivindicar o direito à infantilidade e à imaturidade desde que estejamos conscientes disso.
Exatamente.

Nesse sentido, queria convidá-la a falar um bocado sobre este espectáculo “Doença da Juventude”, o que é que se coloca ali?
Fala muito sobre isto que temos estado a falar. É uma adaptação de uma peça escrita em Viena nos anos 20 e acho que aquilo que a Marta [Dias, encenadora] quis retratar tem mais a ver com os dias de hoje, este lado instantâneo das coisas. Porque tudo está ao nosso alcance, mas o que realmente importa não está. A minha personagem, a Isabel, é uma rapariga que sempre teve tudo, mas depois não tem muito alento e se calhar daí os pensamentos suicidas… Falta-lhe é a coragem para concretizar a ideia. Essa procura é algo que todos sentimos e pelo qual passamos, perceber o que vamos perdendo nesta nossa maneira de viver… Há umas partes da personagem do Samuel Alves, o Alberto, em que ele é assim meio filósofo, rockstar, um tutor, é estranho, ele esteve preso porque matou um miúdo que estava mal.

Portanto, eutanásia.
Sim. Para mim é uma questão humana, não deixar ninguém a sofrer. É uma coisa básica.

Ainda assim não é legal.
É verdade. A personagem do Samuel fala muito da dor, e como a dor física nada tem que ver com a dor emocional. É muito engraçado, no início do espectáculo a Marta disse que a Isabel era uma rapariga muito inteligente, então a maneira que pensei fazer isto era que a Isabel era alguém tão consciente, tão contaminada pelo frenesim que é viver agora, ou daqui a dez anos, que ela pensa que não faz mais sentido viver assim.

"Estava numa companhia charter e fazíamos sempre os mesmos voos, sempre com as mesmas pessoas e a dada altura torna-se um bocadinho entediante. Mas uma coisa muito boa que aprendi foi a disciplina, rigor no trabalho, é um trabalho muito sério e onde é preciso estar sempre a trabalhar a segurança. Senti que me tornei muito mais rigorosa e isso é uma ferramenta ótima para uma atriz."

Em 2019, o suicídio continua a ser um tema tabu, e no espectáculo, quando a Isabel tem essas conversas, a reação à sua volta é aquela conversa do “a vida é uma dádiva”.
O Alberto, amigo da Isabel, utiliza essa moral nessa cena só para puxar o lado intelectual dela, até porque o Alberto esteve preso por praticar eutanásia. Isto é um bocadinho uma selva, e sim o suicídio é, de facto, pouco falado.

Acredita que é um direito?
Sim, acredito, acho que sim. Mas também acho que é preciso sermos capazes de ver o lado positivo das coisas, quando se pensa em suicídio é complicado verbalizar, as pessoas têm vergonha de admitir que isso lhes passou pela cabeça. O que acho é que é preciso pensar sobre o assunto e pensar sobre o assunto não significa apenas querer a morte.

No espectáculo também se fala de homossexualidade.
Sim, e eu devo mesmo viver numa bolha, porque isso para mim já nem é uma questão, não se coloca, as pessoas são pessoas…

Mas acha que o mundo pensa assim?
Não, não. De facto. A educação é muito importante e portanto, na minha escola, por exemplo, esse tema não foi abordado e isso devia acontecer. Mesmo em casa isso devia acontecer, os pais falarem no assunto. Soube, há pouco tempo, de um rapaz que por acharem que ele era homossexual, levou um enxerto de porrada. E isso continua a acontecer.

Volta agora ao teatro, depois de algum tempo sem por lá passar.
Sim, passei pela Palco 13, fiz em 2018 uma encenação do Gonçalo Carvalho, o Realismo. E antes disso, em 2013, acho eu, tinha estado lá numa encenação do Marco Medeiros. Não é que eu não quisesse ter feito mais, não aconteceu, acho que fico um bocado rotulada por fazer televisão, tinha feito algumas audições para o Teatro Aberto e não tinha acontecido. Entretanto tenho feito workshops e assim, só agora há pouco tempo é que tomei a decisão séria de ser atriz, até aqui foi acontecendo e agora quero mais seriamente investir nisto. Acabei o curso profissional em Cascais, em 2008, e concorri para as audições do Conservatório, só que precisava de dinheiro e fui trabalhar para uma área que não tem nada que ver com isto.

"É um ritmo alucinante, mas do qual gosto, gosto de sempre a estar estimulada, não ter horas para dormir e ser difícil chegar à cama é bom, porque parece que estou sempre acordada, sempre"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Qual área, posso saber?
Fui assistente de bordo durante dois anos, tinha saído de casa dos meus pais e precisava de dinheiro. Foi entre 2008 e 2010, sim.

E cansou-se de voar, foi isso?
Sim, estava numa companhia charter e fazíamos sempre os mesmos voos, sempre com as mesmas pessoas e a dada altura torna-se um bocadinho entediante. Mas uma coisa muito boa que aprendi foi a disciplina, rigor no trabalho, é um trabalho muito sério e onde é preciso estar sempre a trabalhar a segurança. Senti que me tornei muito mais rigorosa e isso é uma ferramenta ótima para uma atriz. Sou muito cabeça no ar, era uma das críticas que me faziam na escola, em Cascais, ainda hoje tenho algumas dificuldades em concentrar-me, mas estou bem melhor.

Antes disso, fez, em 2008, o “Inferno”, com o Carlos Avillez. Como é que foi isso?
Tinha 17 ou 18 anos, foi no ano em que acabei o curso. É um texto do Bernardo Santareno e baseava-se na história da Myra Hindley e do Ian Brady, dois namorados que matavam crianças.

Foi por isso que decidiu ir trabalhar para os aviões?
Pois, sei lá, se calhar… sei que aquilo era muito duro. Era muito miúda e o tema era dificílimo.

Sentiu que não tinha maturidade suficiente?
Sem dúvida. Aquilo foi giro, atenção, mas era violento. É claro que o Carlos Avillez foi uma pessoa importante, mas diga-se que o meu processo na escola foi mais de maturação, de conhecimento pessoal, do que de investimento.

Depois desse trabalho como assistente de bordo, acaba n’”Os Morangos com Açúcar”, em 2012, certo?
Sim, já estava um bocado farta dos aviões e umas amigas disseram-me que ia haver um casting, eu nem estava muito para aí virada porque estava naquela coisa de “querer ser jovem”, mas lá fui. E aconteceu. E foi sempre acontecendo fazer televisão.

Dizia há pouco que se fica rotulado por se fazer televisão.
Ou não, ou então fui preguiçosa e não lutei por outras coisas como devia ter lutado, não sei, mas foi este o caminho.

"Ter jeito" é muito giro, mas não chega. É preciso ter disciplina e ter uma consciência dramatúrgica maior, ser mais consistente, só assim é que é possível ter mais resultados.

Durante esse tempo fez mais cinema do que teatro. Também porque foi acontecendo?
Se calhar. Mas cinema está mais ligado à televisão, a uma ideia de uma câmara, mas não sei, talvez por ser jovem, e rapariga, e por não ser uma gaja assim tão feia como isso, acho que também conta, achava que não contava, mas hoje em dia já percebi que tem alguma importância.

Quer falar sobre isso?
Não. O que é que há para falar? A maneira como te apresentas é importante, acho que sim.

Mas já sentiu que foi escolhida pela sua beleza?
Não faço ideia, não consigo dizer. Acho que tem também que ver com sorte, com o facto de estar no sítio certo à hora certa, nunca me foi dito que me escolheram porque era bonita. O que gostava agora era de ser eu a ir à procura das coisas, como se calhar nunca foi preciso, ou seja, como sempre tive trabalho e nunca precisei muito de procurar, é isso que quero mudar, há pessoas que gostava de conhecer e, se possível, com elas trabalhar, o que é engraçado no meu percurso é que sempre fui trabalhando com pessoas diferentes, e eu gosto disso, acho importante.

Poderá ter que ver com o tempo, isto é, o facto de ter estado durante muito tempo a fazer novela não a impediu de fazer mais teatro, por exemplo?
Acho que não, podia ter acontecido, mas não aconteceu. Mas agora, por exemplo, estava a fazer a novela e já estávamos com ensaios aqui no Aberto, e até é um ritmo alucinante, mas do qual gosto, gosto de sempre a estar estimulada, esta coisa de não ter horas para dormir e ser difícil chegar à cama é bom, porque parece que estou sempre acordada, sempre alerta.

Entrou num filme português, “A Uma Hora Incerta”. Fazia de criada, certo?
Sim, era a Deolinda, estava sempre na cozinha e era violada pelo Paulo Pires… não, pelo Pedro Lima.

Pobre Deolinda. Mas queria que me falasse um bocadinho do filme, os décors tinham um lado de terror, numa quinta cheio de nevoeiro.
Sim, aquilo era muito giro, o hotel era lindo, mas foi muito pouco tempo, o elenco e a equipa técnica era pequena, foi tudo muito calmo. Os tempos são outros, é verdade que também gera alguma ansiedade porque é preciso responder ali. Mas deu-me muita pica, gostei muito.

E o que diz sobre “Os Filhos do Rock”?
Essa experiência foi incrível. Foi o ponto de partida para mim, foi aí que tudo mudou e as pessoas começaram a ver-me de outra maneira.

"Sinto que durante algum tempo estive adormecida e agora quero tudo. E isso também é impossível"

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Aquele investimento em ser atriz, de que há pouco falava, foi aqui que se iniciou?
Exatamente. Trabalhei com pessoas incríveis ali, o elenco era de luxo, a equipa também, o dinheiro não abundava, mas fez-se. O Pedro Varela [realizador e argumentista] tem uma cabeça incrível. Com pouco tempo é preciso fazer escolhas, é preciso decidir e ser convicto, assumir quando se erra. O Pedro é muito decidido. Foi o único projeto em que tive muito tempo de ensaios, isto com câmaras, claro. Fui para o plateau e já tinha passado por aquilo, sabíamos como é que íamos fazer. E depois, trabalhar com aquele elenco, foi uma loucura, claro, eram muitas horas por dia, mas senti que estava a beber daquelas pessoas todas, todos os dias era bombardeada por tudo, a tocarem guitarra, a falarem de música, coisas que não conhecia e eles foram-me cultivando nesse sentido.

Este ponto de viragem na carreira é curioso, variar entre séries relativamente independentes e novelas e teatro e cinema.
É verdade, sim, não sei bem o motivo, foi acontecendo. E “ter jeito” é muito giro, mas não chega. É preciso ter disciplina e ter uma consciência dramatúrgica maior, ser mais consistente, só assim é que é possível ter mais resultados.

Fez uma personagem bastante interessante a Vera, do “País Irmão”. Que era assessora do assessor da ministra da Cultura.
Já nem me lembro bem, mas foi um projeto com piada, sim.

A Vera, apesar de tudo, conseguiu fazer frente ao assessor da ministra – muito bem interpretado pelo Dinarte Branco – e fazer com que a ministra, por vezes, ficasse do lado dela.
Sim, mas o assessor era um banana. O Dinarte é muito engraçado, de facto. É curioso, porque já senti aquela coisa de ser mandada fazer coisas em trabalho. Bom, isto se calhar não se devia dizer, eu até gosto de fazer novela… mas o que sinto às vezes é que não há hierarquia, não se percebe quem manda no plateau e às vezes ficamos sem saber bem para onde nos devemos virar, parece que não se aprofunda e quem melhor que o ator para saber que percurso é que a personagem vai seguir? E, às vezes, como não há tempo, os realizadores chegam ao plateau já com tudo na cabeça e não estão disponíveis para ouvir propostas e isso é muito castrador, querer fazer coisas, investir tempo a pensar naquilo e ter que ficar cingida ao que nos estão a pedir. Depois é normal que as coisas não saiam tão bem. E eu não tenho muito jeito para ficar calada.

"A minha professora primária gostava de explorar o teatro com as turmas. Algo pouco comum. Ficou qualquer coisa. E depois, mais tarde, lembro-me de não me sentir integrada em lado nenhum e comecei a frequentar a Casa do Povo do Cartaxo, fiz umas coisas lá. Gostava de desenhar, mas nada especialmente incrível, portanto aos 15 anos ou ia para artes, ou ia para outra coisa qualquer."

É respondona, é isso?
Sim, um bocado. E depois surgem conflitos. Um bocado como a Vera, só que a Vera era mais espertinha, eu não, depois as pessoas dizem-me que se calhar não devia ter dito X ou Y. E atenção, percebo que se possa ficar ofendido com o que às vezes digo.

Sente que perdeu muitas personagens por ser respondona?
Também não sou assim tão respondona.

Recuando um bocado, quando é que surgiu a vontade de ser atriz?
Tive sorte porque a minha professora primária gostava de explorar o teatro com as turmas. Algo pouco comum. Ficou qualquer coisa. E depois, mais tarde, lembro-me de não me sentir integrada em lado nenhum e comecei a frequentar a Casa do Povo do Cartaxo, fiz umas coisas lá. Gostava de desenhar, mas nada especialmente incrível, portanto aos 15 anos ou ia para artes, ou ia para outra coisa qualquer. Um dos meus irmãos mais velhos também era ator na altura, portanto a minha mãe já tinha feito a sua pesquisa e estava preparada para isso. Eu só queria sair do Cartaxo e quando ela me falou na Escola de Cascais pensei logo: “porque não?”. E foi assim. Não sei bem se foi uma escolha, se aconteceu.

Coloca-se realizar, encenar, escrever?
Escrever não, não tenho muito jeito. Mas gosto de ter ideias, entusiasma-me. Gostava de um dia fazer alguma coisa com o João Cachola [co-fundador, dramaturgo, ator e encenador d’As Crianças Loucas]. Não sei muito bem que tipo de coisa quereria fazer. Sinto que durante algum tempo estive adormecida e agora quero tudo. E isso também é impossível.

Ao mesmo tempo que acordou, está a dizer a si mesma que não se pode levantar já da cama, é isso?
Isso mesmo, é aos pouquinhos.

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