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"Aos quarenta, parece que para mim essa consciência da criança imitando o adulto, fingindo ser adulto, me acompanha e continua", diz-nos Rodrigo Amarante
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"Aos quarenta, parece que para mim essa consciência da criança imitando o adulto, fingindo ser adulto, me acompanha e continua", diz-nos Rodrigo Amarante

Julia Brokaw

"Aos quarenta, parece que para mim essa consciência da criança imitando o adulto, fingindo ser adulto, me acompanha e continua", diz-nos Rodrigo Amarante

Julia Brokaw

Finalmente, Rodrigo Amarante: "Quero dançar agora. Reclamar não transcende"

OIto anos depois, o segundo álbum do músico brasileiro está entre nós. Em entrevista, fala de uma quarentena exigente, da força da palavra, do corpo e da criança que está nesse quarentão.

Para trás, muito lá para trás ficaram os Los Hermanos. E os Little Joy foram um ótimo entusiasmo de final da primeira década do século XXI. Na verdade, nada disso é sequer assunto. Não importa. Em 2013, Rodrigo Amarante arrebatou com Cavalo, o álbum que colocou o talento e as ideias ao serviço de um percurso a solo. Drama é um muito esperado segundo capítulo cheio de teatro e de encenação honesta, desenhada para dançar, ainda que devagarinho.

O novo álbum é editado esta sexta-feira, 16 de julho. Dele já se conhecem os singles “Maré”, “I Can’t Wait” e, mais recentemente, “Tango”. Se o mundo não nos trocar as voltas, em 2022 Rodrigo Amarante volta a Portugal a 18 (Casa da Música, Porto) e 19 (Capitólio, Lisboa) de abril para apresentar as novas canções. Parece uma coisa distante, falar de abril de 2022, por isso fale-se do agora, de Drama, um álbum onde Amarante quer resolver coisas da sua memória e transformar-se. Talvez o Rodrigo-criança interior (ele explica a ideia na entrevista abaixo) tenha finalizado as músicas, mas os arranjos são de um adulto maduro, experiente, que arrebata sem explosões.

Uma das belezas de Drama é o convite para viver sem pressa. É feito por um brasileiro que tem a ginga natural do sotaque que o gerou, não dá para escapar desse brasileirismo no violão e na batida. Mas também é indie, como mandam as regras do rock anglo-saxónico, também é urbano, de quem anda de carro, de quem foge do calor, de quem vê a poluição pela janela. Mas tem sempre sol. Não é conversa de pandemia, de paragens forçadas, é bate-papo de quem aprendeu a apreciar e a reconfigurar-se. Amarante não parece ter-se apercebido de que já fez o seu álbum de dança, a “batucada” que tanto vai alimentando para um futuro projeto ou trabalho ou seja o que for. Mesmo que a dança que escutamos nestes novos temas surja em formato slow. Se calhar é disso que precisamos, de dançar um slow.

É uma sexta-feira, o jornalista está atrasado, mas não sabe que está. Houve uma falha de comunicação de horários e deixámos Amarante à espera por uns minutos. Do outro lado, o músico brasileiro – que vive atualmente em Los Angeles — não está incomodado com isso. Nem que a coisa atrase, fala-se sem tempo contado e sem drama. O drama está todo no disco.

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A capa de "Drama", o novo álbum de Rodrigo Amarante (edição a 16 de julho)

Fala-nos do seu estúdio?
Sim, é aqui que moro. Tudo acontece aqui, está uma bagunça danada. Porque agora é o período de gravação de vídeos e tal. Está sempre assim em movimento, não vou dizer que está bagunçado, está em movimento.

Passou muito tempo aí neste último ano e meio?
Mais do que seria saudável…

O que acontece a um músico que é obrigado a fechar-se em casa?
A verdade é que eu já estava num esquema eremita há algum tempo, escrevendo, gravando nesse período. A partir do fim de 2018, estava enfornado aqui. Vou trabalhando, imaginando que lá para março de 2020 eu fosse acabar, viajar, tocar. Mas o período de extensão da minha quarentena voluntária virou quarentena mundial. Então, é assim…

Acabou uma quarentena e começou outra?
Pois é… no sentido mais esotérico me sinto bastante culpado pela pandemia. De facto, tive este desejo. Me lembro de pensar, em dado momento, “seria tão bom que o mundo parasse por duas semanas”. Sabe, duas semanas, só para eu limpar o chão da cozinha bem legal, para eu poder replantar o alecrim que não está indo muito bem. Fazer umas coisas assim que acabam ficando para depois. Quando se entendeu que havia uma pandemia, o papo era que em duas semanas a gente voltaria. Íamos parar por duas semanas, o vírus ia embora e a gente voltava à vida. Sinto-me muito culpado. Do meu ponto de vista, na minha história, eu sou o protagonista.

"Há muitas lições para levar desta desgraça. O que fazer com a desgraça senão espremer algo de positivo? Reclamar não transcende."

Também tinha o desejo de para fazer essas coisas. Acabei por não fazer muitas delas. Por isso, pergunto: lavou o chão da cozinha, tratou do alecrim?
Tratei. Mas é verdade, se tudo parar, está aqui a lista das coisas que vou fazer. Tudo pára e aí? Acontece que hoje tenho de fazer isto ou aquilo. Há muitas lições para levar desta desgraça. O que fazer com a desgraça senão espremer algo de positivo? Reclamar não transcende.

Tinha o disco pronto antes da quarentena forçada?
Não estava pronto ainda. Ainda estava a escrever e a gravar ao mesmo tempo. A primeira fase foi gravar com a banda, ao vivo, no estúdio do Mario Caldato [produtor]. O plano era fazer o disco todo assim, ensaiar, gravar e depois fazer os overdubs. Para quem não sabe o que é overdubs… eu adoro que em Portugal, a rejeição aos anglicismos me encanta.

Aqui também se usa overdub
Mas está na hora de a gente achar uma palavra. Há uma base gravada e você vai e grava por cima outros instrumentos para adicionar. No Brasil a gente diz “mixar” um disco, em Portugal vocês dizem “misturar” um disco, que é bem mais infantil, no bom sentido. Mais didático. O que é mixar? Não é nada. É misturar. Eu gosto de rejeitar o anglicismo. Tenho várias ressalvas à revisão da nossa língua. Podemos falar sobre isso?

[“Maré”:]

Claro, vamos.
Pois é, eu vou deixar curto. Só para ilustrar, duas palavras… tem várias coisas que eu rejeitei. A primeira, acho que ainda era moleque quando se resolveu abolir o trema. Fiquei muito triste, gostava muito de escrever o trema, desse acento [com duas pintas] no U. Mas o que me doeu mais, para deixar mais curto, foram duas palavras. Uma, uma “ideia”, a palavra “ideia”. Tirou-se o acento agudo de ideia, acho uma perda irreparável, o acento agudo de “ideia” é como o braço esticado, uma eureca, uma energia explosiva da chegada da ideia, da celebração da ideia. Sem o acento, a “ideia” ficou calma, sem graça, fria, muito mais… acho que a “ideia” tem de ter acento. A outra que me doeu foi “voo”, o acento circunflexo, quase que parecia o bico do pássaro ali, apontado para cima. Porquê tirar o grafismo da palavra? Era tão bonito. Discordo, só para deixar.

Mas há coisas boas na influência anglo-saxónica na língua portuguesa no brasil, por exemplo o modo como tornam certas palavras em ações muito diretas, que são exatamente aquilo a que soam. No português de Portugal é mais difícil.
O inglês tem isso, qualquer palavra pode ser um adjetivo. No inglês é um pouco exagerado, essa amplitude de possibilidades acaba por limitar o campo da criatividade, da invenção de palavras. E o brasileiro tem muitos adjetivos inventados e palavras. A nossa língua, o português, mesmo o de Portugal, tem muitos adjetivos específicos e eu gosto disso. O inglês tem uma retidão germânica, às vezes, mas tem outra coisa linda, que é a natureza onomatopaica da língua, muitas palavras têm o som da ação que faz, como “cut” ou “punch” ou “splash”. Tem muitas. Língua é um tesão.

"Todo esse drama, é a palavra que a gente usa, “deixa de drama”, e é a mesma em inglês, italiano, espanhol, francês, esse drama é um baú de melodias, contrapontos, exageros e de manhas e de birras… e resolvi abraçar essas birras e manhas, e descer desse pódio que me foi oferecido, do que é o masculino, e de quebrar as paredes deles e ver que bagagem eu carrego, sem muito saber."

Voltando a Drama. O que ficou por fazer em março de 2020?
Tinha sido chamado na época para dirigir um especial da Netflix. Estava super empolgado, porque adoro cinema, adoro filme e sempre quis fazer isso. E finjo que faço isso, quando faço música. Sempre me diverti, fazendo os meus vídeos, desde que comecei a minha carreira a solo. Sou o chefe, posso fazer o que quiser. Estava trabalhando, escrevi um roteiro, estava sendo um grande barato, mas foi tudo cancelado por causa da pandemia. Voltei para cá, me enfornei aqui e terminei este disco. Mas é difícil de dizer se não fosse esta desgraça se eu teria tido o espaço ou o tempo de ter a realização que tive em relação à minha intenção com o disco e a mudança de caminho que levou a este conceito póstumo, do grande trabalho da memória, que virou Drama.

Qual era a ideia inicial?
A minha intenção era fazer um disco mais modal do que tonal. Mais rítmico, ancorado em ritmo e focado na melodia. Sem modulações, sem grandes piruetas harmónicas, uma coisa mais… para a frente e com melodias… sem muitos contrapontos harmónicos, usando contrapontos percussivos. Essa era uma direção. Estava escrevendo músicas com dois acordes, ou três, e algumas dessas entraram no disco. Acho que influenciado por algumas coisas em volta de mim, uma delas o livro da Bell Hooks, The Will To Change, que fala sobre masculinidade, homem, na perspetiva feminina. A dado momento me toquei que esta minha pulsão de fazer um disco menos… emocional, talvez seja a palavra… tinha a ver com uma coisa que eu carregava, que me levou a pensar no momento de transição de menino para homem. De ter sido treinado para ser homem. Sou homem, o homem é assim. Figurando a voz, que no caso da minha memória, está na voz do meu pai. Me toquei que isso tinha a ver com esse ensinamento, esse momento, fui levado à memória do momento onde eu com sete, oito anos, tive de raspar a minha cabeça e ser menos doce, suave, menos sensível. Porque o mundo lá fora… precisava de mandar a mensagem… precisava de ser mais feio, mais agressivo, menos sensível. Que é essa falácia do que é o homem e que espirra na ideia do que é a mulher. O homem é racional, frio, controla as suas emoções e calcula os seus movimentos, essa falácia. Isso espirra no conceito do que é a mulher. Instável, emocional, que não se pode depender nesse sentido. Está aí a semente do patriarcado.

"Abandono a preocupação de ser adulto, de imitar o adulto. Quero é abraçar aquela criança que teve de fingir não ser mais criança"

E como deu a volta a isso?
Me entendi como veiculo desse discurso, através da realização que queria fazer uma coisa menos direcional emocionalmente. Entendendo isso, esse pensamento é um que trouxe música à minha cabeça. Todo esse drama, é a palavra que a gente usa, “deixa de drama”, e é a mesma em inglês, italiano, espanhol, francês, esse drama é um baú de melodias, contrapontos, exageros e de manhas e de birras… e resolvi abraçar essas birras e manhas, e descer desse pódio que me foi oferecido, do que é o masculino, e de quebrar as paredes deles e ver que bagagem eu carrego, sem muito saber. Ou seja, descobrir através desse derrame de romantismo. Aí o caminho do disco mudou, deixei que abrisse para essas músicas, menos ambíguas, contrapontos de dezasseis violinos e cravos, o que seja.

Como músico, pela sensibilidade que tem, voltou a ser a criança que era?
Aos vinte anos a gente pensa “que beleza, sou adulto”. E então começa aí o processo de imitar o adulto. Estou a fazer um café, que adulto. Estou fumando um cigarro, devo ser adulto. Estou aqui num bar, bebendo, discutindo as questões importantes. Isso tudo é parte do processo. E aos trinta a gente pensa “eu aos vinte era mesmo uma criança, não tinha a menor ideia”. Mas agora aos quarenta, parece que para mim essa consciência da criança imitando o adulto, fingindo ser adulto, me acompanha e continua. Aos quarenta e tal… fazer este disco tem a ver com o processo de voltar. Abandono a preocupação de ser adulto, de imitar o adulto. Quero é abraçar aquela criança que teve de fingir não ser mais criança. É uma volta nesse sentido. Mas é um processo utópico, talvez. Essas coisas grudam, a nossa voz é um mosaico de outras vozes, que nos ensinaram a pensar, através da língua. É uma complicação, porra.

"A fantasia de que a minha expressão individual é uma expressão única, não sei se serve. Não me serve muito. Acho mais engraçado assumir que sou permeável."

E sente-se em conflito interior, entre o adulto e a criança ou a criança e o adulto?
Claro, você não?

Claro. Mas estou a perguntar-lhe, enquanto músico. Que quer projetar uma imagem cá para fora.
Estive pensando nisso mais em relação à pintura do que à música, dizendo para mim mesmo, uma pintura é menos uma ideia do que um sentimento. Um sentimento é o que vale, a ideia tudo bem… é uma semente, mas ela cresce com o sentimento. O sentimento é que vale. As ideias são conceitos póstumos, leituras dos sentimentos. E nela uma arquitetura psicológica, social, toda essa coisa que a gente carrega. O meu exercício é de rir da lógica que lê o sentimento. Rir da mão que coloca o quebra-cabeça da memória no lugar. Da intenção carregada ali. Conseguir entender e ver porque colocamos certas peças em certos sítios. É um quebra-cabeça de quadrados, onde várias combinações servem. Enfim, estou a dizer isso porque entender é valioso, definitivo. Mais do que aquilo que gerou o movimento. Se a obra for um enigma, é uma resposta, não é arte. É um jogo. E é para ser um espelho, refletir infinitas possibilidades, ainda quando a intenção é clara.

[“Tango”:]

Ainda existe o mito do compositor?
Na nossa era é uma coisa que tem a ver com o génio, a gente projeta uma coisa da voz particular, da imprevisibilidade, da inspiração do génio, a coisa flui, pode estar ali e não estar. Foca numa expressão singular e verdadeira da alma e eu acho que a fantasia talvez ajude muita gente na escrita, talvez me ajude também. Mas acho engraçado entender que a nossa voz é uma colagem de outras vozes, de vozes que ouvimos. Que somos muito mais todo do que a parte, até no sentido da expressão que nos parece genuína e particular. Sinto assim. Para o meu processo acho engraçado o ver o eco de cada palavra, ideia. Ideias são essas coisas que a gente entra em contacto, que combina, repassa, relê. Não tenho muita ambição ou não acho que tenho ideias originais. Não estou muito preocupado em ter ideias originais.

Como assim?
Tento pensar e fazer novas combinações. Mas a fantasia de que a minha expressão individual é uma expressão única, não sei se serve. Não me serve muito. Acho mais engraçado assumir que sou permeável.

"Na dança as pessoas estão viradas umas para as outras, olhando umas para as outras. Respondendo com o corpo, dialogando não verbalmente. E é tudo amor, tesão, alegria. Isto para dizer que quero fazer um disco para dançar agora."

Sendo permeável, tem uma ideia para um álbum e tudo muda no último ano e meio. Agora o disco vai sair, como é que um músico permeável vive com a incerteza de como apresentar estas canções ao vivo? E se elas podem mudar com o possível regresso da normalidade?
Este disco está sendo lançado, mas não posso apresentá-lo. A hora vai chegar, espero que em breve. No Brasil, no comando do Brasil tem um facínora, a coisa está bem devagar lá. Mas na hora que chegar vou montar o circo e tocar assim. O que fico pensando agora é que, tudo bem, o disco tomou este caminho porque tinha de tomar. A pandemia teve várias consequências, mas o que fica na minha cabeça, o que eu quero é dançar. Nunca fui muito de sair para dançar. Mas me toquei da falta que faz essa sensação maravilhosa de dividir o espaço com outras pessoas, de mover o corpo. O ato, como isso é importante para a gente. Agora volto mais ou menos à ideia inicial de pensar, como é um ato importante, mesmo politicamente, estar num local, dançando. Quando está num lugar dançando, você está amando todas as pessoas à volta, está comungando com um corpo. E é sobre todas as pessoas, até mais do que eu tocando o meu violão e está toda à gente à frente… é diferente, as pessoas estão comungando, a minha música, a minha presença vira veiculo para as pessoas se amarem nesse sentido. Mas na dança as pessoas estão viradas umas para as outras, olhando umas para as outras. Respondendo com o corpo, dialogando não verbalmente. E é tudo amor, tesão, alegria. Isto para dizer que quero fazer um disco para dançar. Quero dançar agora.

É o próximo?
Sim. Mas como eu começo com uma ideia e termino com outra, não sei. Talvez eu consiga desta vez. Vou tentar fazer uma ópera e vou terminar com um disco de batucada.

"É irónico que a revolução da informação tenha como efeito colateral a desinformação e esta consequência política"

Há pouco falava do Brasil. Onde fica o Brasil no meio de tudo isto?
É… Vai precisar de mudar o governo para as coisas mudarem. É quase impensável, uma tragédia humana. Já era uma tragédia humana antes da pandemia, a pandemia exacerbou o absurdo da situação. É triste e dificil tentar desenhar uma linha de saída da pandemia, que não esteja atrelada ao cenário político. É preciso ação, mobilização, iniciativa de educação. E o que está a acontecer é o oposto, uma onda de desinformação… Essa onda de ultradireita no mundo, não acho que tem nada a ver com o mundo natural de um pêndulo político, que vai para lá e para cá. Acho que é totalmente deliberado e não é natural. Não é natural. As campanhas do Bolsonaro, do Trump, do Brexit, foram desenhadas pela mesma turma, empresa, com as mesmas estratégias de desinformação. É irónico que a revolução da informação tenha como efeito colateral a desinformação e esta consequência política. Não estou preparado para falar disso seriamente.

E sente que há uma vontade destes atores políticos em reverter a história. Estando nos Estados Unidos e sendo brasileiro, sente isso? Que há um voltar para trás?
É um lembrete de que os direitos não nos são dados. Os direitos adquiridos não são consequência da natural evolução das forças políticas. É preciso conquistar. Basta relaxar na esperança e essas forças nos roubam dos nosso direitos. Há um retrocesso político de ideias, da noção do todo, daquilo que é a união e a nossa força. Me lembro de quando vim para os Estados Unidos, tinha uma certa arrogância de ser latino-americano. Dizia “vocês acham que o capitalismo é a única possibilidade”. Tenho medo da palavra “capitalismo”, não posso conversar e usar essa palavra porque é um gatilho para a mentalidade binária de que a outra opção é o comunismo. Nós latino-americanos somos social-democratas, temos essa consciência de que a união faz a força. Logo depois… grande parte do meu país elegeu um imbecil, fascista, contrário a tudo aquilo que eu carregava. É preciso ter mais humildade e insistir nessas ideias.

[“I Can’t Wait”:]

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