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George Lazenby: “Nunca mais vi nenhum filme de James Bond”

Eurico de Barros falou, em exclusivo, com o James Bond de “007 - Ao Serviço de Sua Majestade”, que regressou a Portugal 50 anos depois de ter estado entre o Estoril e Lisboa a rodar cenas do filme.

Apesar de ter uma carreira de meio século no cinema e na televisão, George Lazenby ficará para sempre recordado como o homem que, sem a menor experiência de representação, substituiu Sean Connery na personagem de James Bond. Entrou apenas num filme desta série, “007 — Ao Serviço de Sua Majestade” (1969), e depois da sua interpretação ter tido críticas quase unanimemente más (ao contrário da fita, que foi elogiada), abandonou Bond e foi sucedido por Roger Moore (depois de Sean Connery ter voltado a ser James Bond em mais um filme, “007 — Os Diamantes São Eternos”, em 1971). Este 007 foi o único que teve sequências filmadas em Portugal, mais precisamente no Estoril, no Guincho, em Lisboa e arredores.

Lazenby, agora com 80 anos, voltou ao nosso país, e ao Hotel Palácio Estoril (que, durante a II Guerra Mundial, acolheu Ian Fleming, o criador de 007), onde James Bond e Tracy, a sua mulher no filme (interpretada por Diana Rigg), ficam hospedados, para assinalar os 50 anos da rodagem em Portugal de “007 — Ao Serviço de Sua Majestade”, revisitar os locais das filmagens e participar, no sábado, num jantar naquele hotel, que reuniu ainda mais de 100 fãs dos filmes de James Bond, vindos de todo o mundo. Foi lá que o Observador conversou com George Lazenby.

[o trailer de “007 — Ao Serviço de Sua Majestade”:]

Está de volta a Portugal, e ao Estoril, 50 anos depois de ter filmado cá várias sequências de “007 — Ao Serviço de Sua Majestade”. Notou muitas mudanças?
Absolutamente. Para já, estou 50 anos mais velho. Mas sim, está tudo muito diferente do que era.

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Já foi a Lisboa? Está muito diferente.
Sim. Mudou tudo, cinquenta anos é muito tempo.

As sequências que foram cá rodadas, concluíram as filmagens. Que recordações tem desses tempos que passou a trabalhar em Portugal?
Adorei. Antes tinha estado a filmar na Suíça, nos Alpes, onde também gostei de estar, mas fazia muito frio e era tudo igual durante os seis meses que lá estivemos. Cá em Portugal, era tudo muito variado, enquanto que na Suíça só havia neve e chalés e hotéis. As paisagens eram magníficas, mas aqui também. E podíamos sair, ir para a rua. Na Suíça, estávamos presos no topo de uma montanha. Até ter autorização para ter um helicóptero à minha disposição, estava já farto de ficar metido num hotel.

Então a vinda para Portugal foi uma mudança bem-vinda.
Sim, foi óptima. Entretanto tinha ido a Londres filmar em estúdio. O filme demorou nove meses a fazer. É muito tempo.

“Eu parecia muito seguro de mim porque tinha sido vendedor de carros. Era tudo a fingir”, diz George Lazenby, hoje com 79 anos

Há várias histórias sobre a forma como conseguiu o papel de James Bond, e sobre porque deixou a personagem. Quais são as verdadeiras? No primeiro caso, diz-se, por exemplo, que foi descoberto pelo Albert Broccoli, um dos produtores da série 007, no barbeiro; ou então, que ele já o conhecia de um anúncio de chocolates que tinha feito. Como é que tudo aconteceu, na realidade?
A verdade é que ninguém me conhecia dos anúncios que fiz. Eu conheci o Harry Saltzman, o outro produtor, através de uma agente, a Maggie Abbot, com a qual andava nessa altura. E uma noite íamos sair com outro casal, um amigo meu e outra rapariga, porque esse amigo queria ser ator e ter um agente. Eu não queria ser ator, repare, era ele. Nessa altura, eu vivia em Paris porque era já muito conhecido como modelo em Londres. Estávamos num restaurante e dizem-me que tinha um telefonema. Fiquei espantado porque ali ninguém me conhecia. Era a Maggie, de quem eu estava à espera, que me disse para me despachar porque havia um papel para mim e que estavam com muita dificuldade em encontrar um ator para o fazer. Respondi que não queria ser ator, que não era ator, e ela disse que eu era ideal para o papel porque tinha uma qualidade que eles não conseguiam encontrar em mais nenhum dos candidatos. Não lhe prestei atenção, desliguei e não voltei para Londres. Regressei três semanas mais tarde e soube que tinham testado 300 pessoas para esse papel, entre milhares de candidatos. Fui então ter com a Maggie e ela disse-me que estavam realmente a ter muita dificuldade em encontrar a pessoa certa. Tentei saber que papel era, mas não me disse. Então, perguntei-lhe que raio de qualidade é que eu tinha, que não encontravam em mais ninguém. E ela respondeu-me: “A tua arrogância. És muito seguro de ti.”

Depois de cortar o cabelo, comprei um bom fato e um Rolex e entrei pelos escritórios da produtora adentro, subi as escadas sem ligar ao rececionista e entrei no gabinete do director de “casting”, o Dyson Lovell. Ele estava a falar ao telefone com o Harry Saltzman e perguntou-me quem eu era. E respondi: “Ouvi que andam à procura de um James Bond”.

E era verdade?
Eu parecia muito seguro de mim porque tinha sido vendedor de carros. Era tudo a fingir. Não podemos vender bem carros se não parecemos seguros do que estamos a fazer. Porque então as pessoas não os compram. Faz parte do trabalho. A Maggie disse-me que se eu continuasse assim, conseguia o papel. Tinha que continuar a parecer arrogante. Nessa altura eu usava patilhas e calças à boca de sino, parecia um “hippie”, e disse à Maggie que se fosse ver os produtores com aquele aspecto, punham-me na rua. Ela mandou-me ir ver o director de “casting”, disse-me para ir directo ao último andar do prédio e entrar na primeira porta à direita. Entretanto, decidi ir cortar o cabelo no barbeiro onde o Broccoli cortava o dele, e por acaso ele também lá estava. E depois de eu ter conseguido o papel, o barbeiro disse-lhe: “Sabe aquele tipo que esteve aqui no outro dia ao mesmo tempo que o senhor, e que me disse que daria um bom Bond? Foi o tipo que você escolheu.” Foi assim que nasceu essa história de eu ter sido descoberto numa barbearia. Só por essa altura eu já era o James Bond (risos).

E como é que conseguiu o papel?
Depois de cortar o cabelo, comprei um bom fato e um Rolex e entrei pelos escritórios da produtora adentro, subi as escadas sem ligar ao rececionista e entrei no gabinete do director de “casting”, o Dyson Lovell. Ele estava a falar ao telefone com o Harry Saltzman e perguntou-me quem eu era. E respondi: “Ouvi que andam à procura de um James Bond”. Ele disse ao Saltzman que estava ali um tipo com bom aspeto e o Saltzman, que por essa altura já devia estar desesperado a ver que não conseguia arranjar o novo James Bond, disse-lhe para me mandar vê-lo. Fui ao gabinete dele e estava sentado à secretária, sem sapatos, com os pés em cima do tampo. E apontou com os pés para uma cadeira que ali estava, para eu me sentar. Eu ignorei-o – um tipo a apontar-me com as meias para eu me sentar, que se lixe! – e fui para ao pé da janela e pus-me a olhar para a rua. Mais tarde disseram-me que isso lhe chamou a atenção, porque toda a gente fazia o que o Harry Saltzman mandava.

Diana Rigg e George Lazenby numa cena de “007 — Ao Serviço de Sua Majestade”

Ele ficou zangado?
Não. Quando desligou o telefone, levantou-se e veio ter comigo ao pé da janela. E pediu-me que lhe contasse a história da minha vida. Mas eu já tinha contado umas coisas ao Dyson Lovell, por isso respondi-lhe: “Já a contei ao Lovell, porque é que ele não o informou?”. Mais tarde, o Harry disse-me: “Foi nessa altura que tomaste conta da situação. É que habitualmente, sou eu que faço isso!” Claro que eu estava cheio de medo debaixo dessa atitude arrogante, mas estava a fingir, tal como fazem os vendedores de carros.

O que é que se passou a seguir?
O Peter Hunt, que ia realizar o filme, estava na Suíça, e só voltava na sexta-feira seguinte. O Harry Saltzman disse-me para regressar na sexta-feira, às 15h00. Mas continuei a fazer a parte e disse que não podia. Ele perguntou porquê e respondi que ia fazer um filme em Paris. Ele quis saber quanto é que eu ia ganhar .“Vou receber 500 libras por dia.”, disse. O Saltzman mandou-me então falar com o contabilista, que me ia dar 500 libras. “E voltas aqui na sexta-feira, às 15.00”, acrescentou. Lá fui buscar as 500 libras, para grande espanto do contabilista, que a princípio só me queria dar 250, mas depois, como também tinha medo do Saltzman, deu-me o dinheiro todo, em cheque. O realizador, o Peter Hunt, estava na Suíça com uns amigos e queria lá ficar mais um fim-de-semana. Mas o Saltzman ordenou-lhe que voltasse, para me ver. Dirigi-me ao gabinete do Peter na sexta-feira, como combinado, e ele estava com um ar chateadíssimo. Perguntou-me o que eu já tinha feito, e não sei o que me deu, porque respondi: “Nunca disse uma palavra frente a uma câmara de filmar em toda a minha vida.” E ele: “O que é que tu disseste? E mandaram-me voltar mais cedo da Suíça para isto?” Vai daí, começou a andar pelo gabinete, a rir-se que nem um louco. Quando parou, olhou para mim e disparou: “Continua a dizer isso. Vou fazer de ti o próximo James Bond”. Fomos então ver o Broccoli e o Saltzman e eles, a gozar, disseram ao Peter: “Tira-me esse gajo daqui, parece um cabide.” Pensei cá para mim: “Voltem a dizer isso e esmurro os dois e deixo-os esticados no chão.” Fiquei convencido que afinal não me queriam. Paciência, ia-me embora e ia descontar o cheque de 500 libras.

[Uma sequência rodada no Guincho:]

Mas não foi isso que sucedeu. Ficou e foi o novo 007.
Sim, porque o Peter disse que me queria fazer um teste. Eu já não sabia o que pensar, tinham-me chamado cabide e mandado embora e a seguir já me queriam e fazer um teste. Fomos para casa do Harry Saltzman e tive que fazer uma cena de amor, rolar pelo chão, andar a cavalo, nadar na piscina, Deus sabe mais o quê. Mas nada de diálogos. Gostaram do que viram e pediram-me para fazer uma cena de luta. O Peter Hunt disse que não era preciso porque eu era australiano e todos os australianos sabiam andar à pancada, mas os produtores insistiram. Isto foi já uns meses mais tarde, porque entretanto já me tinham tirado o sotaque australiano e mudado a forma de andar, e tinha tido aulas de respiração, deitado no chão com um fósforo na boca, e com a professora com um pé em cima do meu estômago. Essa professora estava a dar aulas ao mesmo tempo ao primeiro-ministro, o Harold Wilson, porque ele era de Birmingham e tinha um sotaque tão cerrado, que metade de Inglaterra não entendia o que ele dizia (risos). Depois, fiz a tal cena de luta com um lutador russo. Como já tinha andado metido em lutas, sabia como atingir um tipo, e atirei-o logo ao chão com um murro. O Harry Saltzman então passou por cima dele, nem lhe perguntou como estava, chegou ao pé de mim e disse: “Estás escolhido. Mas se disseres a alguém, não temos acordo.” Disseram-me para sair de Inglaterra até que o anúncio fosse feito, para escolher um lugar para onde quisesse ir durante uns tempos e eu voltei para Paris.

E não disse a ninguém?
Havia uns amigos meus que não sabiam por onde eu tinha andado, e perguntaram-me onde é que tinha estado e porque é que havia desaparecido da circulação. Disse-lhes que tinha ido fazer um teste para o papel de James Bond. E um deles perguntou-me: “E conseguiste-o?”. E eu logo, parvo: “Sim.” Mas não acreditaram! Pensaram que estava a gozar com eles. Mais tarde voltei a Londres, o meu nome foi anunciado e depois fui para a Suíça para começar as filmagens.

Nunca mais vi nenhum filme do James Bond. Nem um. Queria tirar o Bond do sistema, da minha vida. Nem sequer penso neles. Como já disse, nem sequer queria ser ator. Gosto de andar daqui para ali, não gosto de empregos que me prendam. Mas finalmente, acabei por frequentar um curso de representação durante vários anos, e gostei imenso. 

Como é que sentiu nessa altura em que travou conhecimento com a grande e bem oleada máquina de fazer filmes de James Bond?
Foi estonteante. Toda a gente queria conhecer o novo James Bond. Um australiano que tinha sucedido ao Sean Connery – eu tinha visto todos os Bond com ele e gostei muito, e admirava o Sean –, que falava mal inglês e andava como um “cowboy”. Eu não fazia ideia daquilo em que me tinha metido. Até tinha que filmar as sequências de ação com a segunda equipa, e sem “duplos”. Um deles revelou-me mais tarde que o Peter Hunt tinha dito que se me acontecesse alguma coisa durante as cenas de ação e me magoasse, não havia problema. Porque como eu não era conhecido, voltavam a filmar a cena com outro tipo, de longe. Havia dias em que trabalhava 16 horas. Foi uma das razões porque não quis continuar a ser o James Bond. Não queria ser um escravo. É que se tivesse ficado, estava obrigado a manter a imagem da personagem na vida real, usar o cabelo como ele usava, vestir-me como ele se vestia nos filmes. Bem que me disse a professora que me deu aulas de respiração: “Tenho pena de si, não sabe no que se vai meter.”

Nunca foi despedido, como se lê nalguns sítios, pelo contrário, foi você que se foi embora. E o seu contrato era para sete filmes, não era?
Exato, este que fiz e mais seis. Eu tinha assinado uma carta de intenções, o primeiro contrato que assinei na minha vida, mas como nunca tinha representado antes e isso não estava previsto no documento, houve uma reunião de juristas e decidiram a meu favor. Foi aí que o Harry me ofereceu um milhão de libras, em dinheiro, depositado onde eu quisesse, para fazer mais outro 007. Mas eu tinha um consultor que me disse que o Bond estava acabado, que o cinema estava a mudar e que eu podia fazer os papéis que quisesse, até havia um tipo chamado Clint Eastwood a fazer filmes de “cowboys” em Itália e a receber 15 mil dólares por cada um, o que era muito dinheiro nessa altura. Fui então para Itália, mas em cada filme em que tentava entrar, o Harry telefonava aos produtores e dizia que eu ainda estava sob contrato com eles, e ia tudo por água abaixo. Isso aconteceu umas oito vezes. Até que fiquei sem dinheiro e fui andar de barco, num veleiro. Ao menos, tinha um teto sobre a cabeça.

E nos anos 70, quase que fez um filme com o Bruce Lee.
Quase. Ele morreu três dias depois de eu o conhecer.

Mesmo assim, ainda filmou com realizadores como Cy Enfield, John Landis ou Peter Bogdanovich, e trabalhou muito em televisão. Se agora pudesse voltar atrás no tempo, com tudo o que sabe e viveu, voltaria a fazer “007 — Ao Serviço de Sua Majestade”?
Sim, claro que faria. Mas olhe para a minha vida, eu tive uma boa vida, e a verdade é que não tinha que fazer sete ou oito filmes de James Bond para isso. Estou muito bem assim.

[o final do filme, rodado em Portugal:]

O filme é considerado um dos melhores Bonds de todos. É um dos 007 favoritos de cineastas como Steven Soderbergh ou Christopher Nolan. Este até o homenageou em “A Origem”.
A sério? Não sabia. Eles têm bom gosto (risos). Também acho que é um filme muito bom. Tem uma boa história, não tem “gadgets”, tem muita ação e bem filmada. E eu a tentar imitar o Sean Connery (risos). Para mim, é o melhor Bond de todos.

O que acha da forma como o James Bond tem evoluído ao longo dos anos?
Não sei. Nunca mais vi nenhum filme do James Bond. Nem um. Queria tirar o Bond do sistema, da minha vida. Nem sequer penso neles. Como já disse, nem sequer queria ser ator. Gosto de andar daqui para ali, não gosto de empregos que me prendam. Mas finalmente, acabei por frequentar um curso de representação durante vários anos, e gostei imenso. Uma vez, deram-me o papel de uma rapariga de 18 anos para interpretar e a certa altura, comecei a comportar-me como uma, até dizer “Não, não posso fazer isto, está a meter-me impressão!”, e o professor insistia, “Continua, continua!” (risos). É uma sensação espantosa, sentirmos que somos outra pessoa, quando estamos a representar. É uma euforia.

Aceitaria, se lhe oferecessem um papel, ou uma pequena participação, num próximo filme de James Bond?
Não, já estou muito velho para os filmes do James Bond. Gostava de fazer um filme bem escrito e com um bom realizador, em que me sentisse bem. O dinheiro já não me interessa muito, agora já não tem a importância que tinha dantes. Seja como for, tive muita sorte na minha vida.

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