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DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

DIOGO VENTURA/OBSERVADOR

Iniciativa Liberal vai para as autárquicas "de pés na terra" para evitar tropeções

IL vai pela primeira vez a votos em autárquicas, mas prefere concorrer a menos concelhos e maioritariamente sozinha. Objetivo é marcar a identidade liberal e eleger vereadores e deputados municipais.

A Iniciativa Liberal vai enfrentar as suas primeiras eleições autárquicas com uma convicção: o partido não está maduro o suficiente para conquistar presidências de Câmara; mas sabe que não pode perder a oportunidade de começar desde já uma estratégia de implementação local que seja capaz de catapultar o partido para outros voos. De Norte a Sul, querem-se deputados municipais com o carimbo liberal, ambicionam-se vereadores e deixam-se os sonhos de governação para daqui a uns anos. O objetivo é dar passos seguros e, sobretudo, não cometer erros de casting.

Fechadas as contas, a IL vai sozinha a votos apenas em 43 concelhos, aceitou fazer parte de sete coligações e vai ainda apoiar uma candidatura. Os responsáveis do partido garantem que receberam convites para participar em 112 coligações, mas recusaram a larga maioria dos desafios. Em parte, explica ao Observador fonte da IL, porque não havia candidatos no terreno capazes de oferecer garantias de que o programa do partido ia ser devidamente defendido.

“Não havendo alguém que possa estar nas listas ou na estrutura da campanha para garantir que o programa tem medidas liberais, não faz sentido [integrar coligações]“, explica a mesma fonte.

Depois, há outro factor: a IL entendeu que era mais importante firmar a identidade do partido do que dar a mão a PSD e CDS. Subir à boleia dos outros não faz parte dos planos do partido, que prefere ir sozinho agora do que “pagar um custo demasiado alto pelo crescimento” no futuro.

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Houve várias propostas nesse sentido, afiança a mesma fonte. Castelo Branco, Portimão, Oeiras, Águeda, Albufeira, Lagoa, Loulé, Mêda, Torres Vedras e, claro, Lisboa, em que a IL acabou por resistir ao apelo público de Carlos Moedas para fazer parte da grande família de direita que vai tentar derrotar Fernando Medina. O partido só aceitou o desafio em sítios onde sentiu que era considerado “uma mais-valia“, em que podia “acrescentar valor”.

Aprovadas em Conselho Nacional ficaram, por isso, sete coligações, seis delas incluem PSD e CDS e uma é um acordo apenas com a Aliança:

  • Beja: coligação com PSD, CDS, PPM e Aliança (IL segue nas listas para a Câmara Municipal de Beja);
  • Covilhã: coligação com PSD e CDS (candidato independente proposto pela IL segue nas listas para a Assembleia Municipal da Covilhã);
  • Matosinhos: coligação com Aliança (acordo partiu da IL);
  • Arouca: com PSD, CDS e PPM (IL segue nas listas para a Assembleia Municipal de Arouca);
  • Faro: com PSD, CDS, PPM e MPT (IL segue nas listas para a Assembleia Municipal de Faro);
  • Mealhada: com PSD, CDS, PPM e MPT (IL segue nas listas para a Assembleia Municipal da Mealhada);
  • São João da Madeira: coligação com CDS e PSD (IL segue nas listas para a Assembleia Municipal de São João da Madeira).

O Observador falou com candidatos liberais um pouco por todo o país. Todos têm ambição de eleger autarcas, nomeadamente deputados e vereadores, mas a principal meta dos rostos da IL é impor a “agenda” liberal do partido e tentar condicionar a política dos respetivos municípios e freguesias.

De Braga ao Algarve, os candidatos estão alinhados em propostas e objetivos e, como liberais, foram ainda desafiados pelo Observador a fazer um pitch, um termo usado para apresentações rápidas de ideias e muito usado por startups. Num partido que diz ser uma “startup política“, nem todos cumpriram o limite do um minuto, mas ninguém rejeitou o desafio.

Iniciativa Liberal, a “startup política”. Não têm sedes, são dissidentes de partidos tradicionais e querem ser como Mayan

Ricardo Valente, um dos homens de Moreira

Um dos grandes dos bastiões da Iniciativa Liberal está no Porto. Ricardo Valente, de 53 anos — nasceu em maio de 1968, um “bom sinal para ser liberal” — integra o movimento de Rui Moreira. Juntou-se à Iniciativa Liberal depois de ter apoiado Ricardo Arroja enquanto candidato ao Parlamento Europeu e de ter ajudado a fazer o programa económico do partido. É, desde 2013, vereador na Câmara Municipal do Porto — primeiro como independente nas listas do PSD e depois a convite de Rui Moreira, que lhe atribuiu o pelouro da economia.

Ricardo Valente vai em quarto lugar nas listas, como já tinha acontecido há quatro anos. Foi o núcleo local que tomou contas das negociações e que indicou os nomes da IL. O secretário-geral do partido, Miguel Rangel, também fez parte das conversações, num acordo que “nunca esteve verdadeiramente em causa”. “Se a IL tomasse a decisão de ir sozinha, eu não estaria com a IL e continuaria com Rui Moreira”, reconhece. Contudo, também não aceitaria o cenário em que Rui Moreira se juntasse a um partido do sistema, seja o PSD ou o CDS. Nesse caso, ficaria de fora das listas do movimento do atual presidente da câmara.

“É muito importante os partidos terem uma lógica de execução, a Iniciativa Liberal não pode ser um partido só de ideologia”, salvaguarda Ricardo Valente. O pior que poderia acontecer ao partido, nota o vereador, é ser uma réplica à direita do Bloco de Esquerda, partido que “nunca teve a capacidade de executar e de operacionalizar”. “A IL, defendendo muito a lógica da liberdade individual, encontra nas autarquias em espaço muitíssimo relevante. Tem hipótese de ganhar capital de experiência e contacto com o ‘fazer’”, insiste.

Pitch do candidato liberal no Porto:

Sou um gestor de condomínio, um condomínio que é uma cidade aberta, cosmopolita, que não tem medo do futuro, que não tem medo do desconhecido, que quer ser relevante do ponto de vista europeu e nacional. O gestor de um grande condomínio que são os portuenses e que voltaram a ter a capacidade de construir uma cidade relevante do ponto de vista económico na esfera nacional ou internacional.

“Se a IL tomasse a decisão de ir sozinha, eu não estaria com a IL e continuaria com Rui Moreira.”
Ricardo Valente, integra a candidatura de Rui Moreira no Porto

Bruno Horta Soares, o “Plano B” de Lisboa

Bruno Horta Soares foi o “Plano B” da Iniciativa Liberal em Lisboa, depois da nega a Carlos Moedas e da apresentação de Miguel Quintas como cabeça de lista à Câmara Municipal de Lisboa e do psicodrama entretanto criado.

Apesar de toda a polémica, o membro n.º 3 do partido já fez esquecer esse episódio e quer apenas fazer valer o ponto de honra do partido: vai haver uma candidatura própria à capital

“A primeira convicção que temos é que se estivéssemos embrulhados na campanha de um conjunto de partidos, todos eles com dinâmicas, interesses e histórias que não são as nossas, provavelmente teríamos feito aquilo que todos os outros fizeram: a negociação inicial, as posições e agora anda o Moedas a fazer campanha e o resto fica a sensação de que já estão despachados”, argumenta Horta Soares.

Não ir com Moedas não significa que o partido liderado por João Cotrim Figueiredo não queira alcançar o poder. O candidato a Lisboa nota que “obviamente” que a IL quer “ganhar e atingir os objetivos”, mas não o pretende fazer “nesta fase do partido e a qualquer custo”. Dar a mão a Moedas seria “pagar um custo demasiado alto para o crescimento” que se pretende, até porque o partido está “numa maratona de crescimento”. O “não” a Moedas foi a decisão mais acertada, mantém.

Fernando Medina, no entanto, é o alvo a abater. “Lisboa tem um perfil quase de um ministério do Governo, vê-se um alinhamento total de Medina com o Governo e é impensável que questione António Costa”, acusa, frisando que se nota “falta de ambição” na câmara.

O principal objetivo da IL é conseguir eleger um vereador. “Acreditamos que um vereador faz toda a diferença, tal como um deputado em 230 na Assembleia da República tem mostrado que pode fazer a diferença”, compara o liberal.

Aos olhos do partido, será essa a “marca” que pode “fazer a diferença”, mas “tudo o que vier além desse vereador e todas as dinâmicas que se consigam serão fantásticas”. No fim da linha, a grande meta é conseguir fazer da Câmara de Lisboa uma “plataforma de desenvolvimento da cidade” e não o “monstro administrativo e burocrático” que diz ser atualmente.

Pitch do candidato liberal à Câmara Municipal de Lisboa:

A IL é o conjunto de cidadãos na política, que genuinamente estão na política não para defenderem os seus interesses pessoais mas por acreditarem nesta ideia de que o desenvolvimento da não passa pelo desenvolvimento centralizado assente na câmara, mas pela descentralização e por desenvolver cada vez mais a cidade. O lema é que queremos saber o que é que a CML pode deixar de fazer para deixar desenvolver a cidade, queremos tirar a CML da frente dos cidadãos e, finalmente, não queremos deixar ninguém para trás. Esta é a proposta de valor, é isto que alguns chamam a agenda liberal para a cidade, é construir a cidade uns com os outros e não uns contra os outros. 

“Se estivéssemos embrulhados na campanha de um conjunto de partidos, todos eles com dinâmicas, interesses e histórias que não são as nossas, provavelmente teríamos feito aquilo que todos os outros fizeram: a negociação inicial, as posições e agora anda o Moedas a fazer campanha e o resto fica a sensação de que já estão despachados”
Bruno Horta Soares, candidato da IL Lisboa

Olga Baptista, a ponta de lança em Braga

É com os “pés assentes na terra” que uma das fundadores do partido, alguém que se orgulha de ter recolhido assinaturas para legalizar a Iniciativa Liberal, aponta para os dois deputados municipais em Braga. Um vereador seria a “cereja no topo do bolo”.

Olga Baptista tem 45 anos, duas filhas, é diretora técnica na farmácia que tem em Fafe e, apesar de nunca ter tido qualquer ligação partidária, viu na Iniciativa Liberal a oportunidade de contribuir para a sociedade. É candidata autárquica e também coordenadora do núcleo do partido em Braga. Gosta de “fazer acontecer” e sabe o que quer que aconteça: depois dos 3,22% que os bracarenses entregaram a Mayan Gonçalves nas presidenciais, Olha Baptista quer chegar, pelo menos, aos 6%.

“A IL é um partido novo que precisa de ganhar terreno, fazer caminho e semear ideias. Em coligação com partidos maiores acabamos por ser ofuscados”, argumenta. Foi exatamente essa visão que levou a Iniciativa Liberal a dar uma nega ao PSD para uma coligação na cidade minhota.

Na liderança da Câmara Municipal de Braga desde 2013, Ricardo Rio sondou os liberais para alinharem num acordo pré-eleitoral, mas sem sucesso. Olga Baptista não tem dúvidas de que o atual executivo fez um “bom trabalho”, mas considera que quem esteve no poder nos últimos anos está “mais focado no que foi feito do que naquilo que falta fazer”. E é esse o propósito da IL naquele concelho: “Lutar pelo que falta fazer.”

Pitch da candidata liberal à Câmara Municipal de Braga:

Sou a Olga, uma cidadã como vocês, tenho o meu emprego, o meu trabalho, não dependo da política mas acho que nos temos de envolver na política se queremos melhorar o nosso país e o que entendemos que será melhor para nós e para os nossos. Foi esse ímpeto que me levou a envolver-me porque sinto que neste caso em Braga é possível fazer-se mais com políticas liberais. Podem contar comigo porque acho que tenho a capacidade para fazer, dentro das minhas limitações, com que as coisas aconteçam pelo melhor e é nisso que aposto.

"A IL é um partido novo que precisa de ganhar terreno, fazer caminho e semear ideias. Em coligação com partidos maiores acabamos por ser ofuscados."
Olga Baptista, candidata da IL a Braga

Fernando Figueiredo, o polémico coronel

O candidato liberal à Câmara Municipal de Viseu já foi militante do CDS e cabeça de lista como independente à Assembleia Municipal em 2013. Não é novo nestas andanças e orgulha-se do resultado que essa lista — na qual entrou a convite de Hélder Amaral — teve na capital do ‘cavaquistão’ — conseguiram eleger um vereador e um deputado.

Mas o CDS é passado. Aproximou-se da IL por se sentir mais representado nas propostas sociais e na maior liberdade de escolha preconizadas pelo partido liderado por João Cotrim Figueiredo. Aos 59 anos, Fernando Figueiredo é um coronel do exército na reforma, tem três filhos e orgulha-se de estar na “génese do grupo da IL de Viseu”. Atreve-se até a dizer que em Viseu “não há ninguém mais liberal”.

Quando a candidatura foi tornada pública, o candidato autárquico viu-se envolvido numa polémica devido a uma publicação no Facebook sobre a decisão do Governo de optar pela telescola devido à pandemia da Covid-19 — uma questão com a qual Fernando Figueiredo concordou — em que disse que “custa perceber que a primeira que a primeira coisa que as mal fodidas das fascistas feministas de género e as encartadas do BE, (…), venham logo criticar a professora porque aconselhou leggings para as meninas e calças de fato de treino para os rapazes”.

O liberal admite que o termo foi “exagerado”, que não se revê no que escreveu e garante que o currículo fala por si, enquanto confronta quem foi recuperar as palavras em causa: “Na mesma ocasião em que fizeram esse escrutínio que não encontraram por exemplo uma publicação de 2018 exatamente da mesma altura em que aplaudo e louvo a iniciativa da primeira marcha feminista em Viseu e da marcha LGBTI que me mereceu uma série de críticas sobretudo da direita mais conservadora.”

Fernando Figueiredo espera a eleição de um vereador e aponta para três deputados na Assembleia Municipal de Viseu. "Seria um resultado fantástico para mudar um bocadinho o concelho e tornar Viseu mais liberal”. “Era o caminho para em 2025 lutarmos para valores bem mais altos.”
Fernando Figueiredo, candidato da IL a Viseu

Fernando Figueiredo recorda que esteve seis meses numa missão no Iraque, onde viu a “luta da mulher para se afirmar como ser humano”, num local onde diz, não é possível não ser feminista. “Participei num vídeo em Timor-Leste sobre a luta da mulher, que ainda é sujeita ao barlaque e os tios ainda negoceiam um casamento”, frisou, ao lembrar que foi medalhado em Beja “por uma câmara comunista pelo trabalho com os ciganos”, assim como a Casa do Brasil em Viseu resulta de uma iniciativa sua.

Neste momento, o antigo coronel do exército está focado em “mudar a forma de fazer política”, ao querer pôr fim às ideias dos partidos históricos. “É tudo mais do mesmo, visitas às capelinhas e promessas de projetos megalómanos” . Quer, em contrapartida, “menos peso dos impostos, nas taxas, reduzir de 4% para 2% o IRS e pôr dinheiro no bolso” das pessoas.

No dia das eleições, Fernando Figueiredo espera a eleição de um vereador e aponta para três deputados na Assembleia Municipal de Viseu. “Seria um resultado fantástico para mudar um bocadinho o concelho e tornar Viseu mais liberal”. “Era o caminho para em 2025 lutarmos para valores bem mais altos”, acredita.

Pitch do candidato liberal à Câmara Municipal de Viseu:

Resumir 60 anos num minuto não é fácil. Sou coronel do exército na reforma, mas insisto com os amigos que me tratem apenas por Fernando, prestei serviço em muitas unidades e desempenhei várias missões internacionais, uma das Nações Unidas em Timor-Leste, onde comandei uma força de 853 homens que foi o maior efetivo que Portugal destacou nas últimas quatro décadas, fiz uma missão no NATO no Iraque como mentor na dependência direta do povo iraquiano, passei por Mafra, Santa Margarida, Estado Maior do Exército, Lisboa, chefe do centro de recrutamento de Viseu, comandante do Regimento de Infantaria 3 em Beja. Guardo várias medalhas com louvores nacionais e internacionais mas sobretudo guardo muito boas memórias. Gabo-me de nunca ter deixado nenhum soldado para trás nem nenhum dos que ainda hoje me encontram mudam de passeio quando me veem. No campo civil fui orientador do Clube de Orientação de Viseu, responsável pela segurança do Mundial de Andebol de 2003, presidente da Associação de Viseu, secretário do clube de Viseu, sou consultor e sócio do grupo Interway , fui deputado municipal e intermunicipal. Sou licenciado pela Academia Militar, uma pós-graduação em Recursos Humanos no Instituto Piaget. Moro em Viseu há mais de 35 anos, já pesam 59 anos, sou casado, três filhos e muitas ideias para o concelho de Viseu.  

Marcos Ramos, o gestor ex-Marinho e Pinto

O candidato à Câmara Municipal de Leiria pela Iniciativa Liberal sentiu o chamamento da política quando teve um filho. Tirou-lhe tempo e, inversamente, deu-lhe vontade de contribuir para o futuro do país. Marcos Ramos tem 39 anos, é consultor de gestão, já viveu em Lisboa e pouco tempo Angola, é natural de Leiria e vive atualmente em Mira de Aire, concelho de Porto de Mós. Antes da IL foi filiado no Partido Democrático Republicano (PDR), fundado por Marinho e Pinto, sem nunca ter atividade política.

Na Iniciativa Liberal sente um “alinhamento ideológico e político” que o levou a querer estar mais presente e ativo. Fez uma candidatura a membro ainda antes das eleições legislativas em que João Cotrim Figueiredo conquistou o primeiro lugar de deputado liberal e foi aceite formalmente no início de 2020. Pouco mais de um ano depois, a proposta para ser candidato autárquico surgiu naturalmente, até porque é líder do núcleo de Leiria.  Também em Leiria houve uma abordagem de um partido da “direita económica” para uma coligação que foi rejeitada e o partido vai mesmo a votos sozinho.

Ao olhar para os últimos anos, o candidato autárquico admite que a “estabilidade financeira que foi dada à câmara” pelo PS (depois da governação PSD) é um dos pontos positivos do atual executivo, contudo acredita que “tudo isso foi feito à conta de impostos elevados para os leirienses”, uma trajetória que a IL pretende reverter com políticas liberais, nomeadamente com a promessa de a componente variável do IRS ser devolvida e de se olhar mais para investimentos estruturantes.

Neste ponto específico, Marcos Ramos reporta o facto de a linha de caminho de ferro na região estar “completamente esquecida há muitos anos” e atribui culpas ao poder local. De facto, realça, têm sido feitos “investimentos ao nível das ciclovias, sobretudo na cidade de Leiria, mas falta um projeto integrado estruturante que combine a ferrovia e que permita aos leirienses viverem sem estarem tão dependentes do carro”.

Com os objetivos traçados, o candidato à Câmara Municipal de Leiria pretende conquistar uma “voz liberal” com a eleição de um deputado para a Assembleia Municipal, mas deixa outro desejo: “Um resultado muito bom, estrondoso, seria a eleição de um vereador”.

Pitch do candidato liberal à Câmara Municipal de Leiria:

O meu nome é Marcos Ramos, tenho 39 anos, sou casado e tenho um filho com dois anos. Acredito que a política se faz de baixo para cima, mais próximo das pessoas e as nossas propostas para Leiria vão ao encontro dessas premissas, queremos devolver o poder às pessoas, que os leirienses estejam no centro do processo autárquico, queremos que as pessoas sejam ouvidas e estejam envolvidas de forma responsável e que seja possível a cada um de nós desenvolver o nosso projeto pessoal, profissional e outros. Para isso temos uma série de propostas que pretendemos apresentar para transformar Leria num município mais liberal e temos cinco pilares que definimos: transparência, envolvimento social e cooperação, desburocratização, inovação e sustentabilidade. E acreditamos que com isto conseguimos construir um município melhor para todos.

Ricardo Valente (esquerda) e Bruno Horta Soares (direita) são dois homens fortes do partido no Porto e em Lisboa

Paulo Carmona, em sintra com MEL

Paulo Carmona, candidato da Iniciativa Liberal à Câmara Municipal de Sintra, é presidente FAE (Fórum de Administradores e Gestores de Empresas), vice-presidente MEL (Movimento Europa e Liberdade), presidente da Associação Portuguesa dos Biocombustíveis e é um dos criadores da Associação Missão Crescimento.

Não vive em Sintra mas sente-a como uma “segunda casa”. Desde tenra idade que visitava familiares na zona, sempre frequentou as praias da região e os pais compraram lá casa há 20 anos. Mais do que ser deputado ou fazer parte de um governo, o agora candidato autárquico aceitou o desafio por considerar que é “muito mais importante ir para uma câmara, estar junto das pessoas”.

“Gerir uma câmara não é um desafio pequeno, é preciso alguém que tenha uma capacidade de gestão — como eu tenho e já dei provas — para que possa fazer da Câmara de Sintra algo melhor. Temos autarquias à volta de Sintra muito melhores e Sintra parece que parou no tempo com alguma incompetência, inação e braços caídos.”

Sabe das dificuldades que vai enfrentar para chegar a presidente da Câmara. Se no dia das eleições conseguir “duplicar o resultado que Tiago Mayan Gonçalves teve nas eleições Presidenciais em Sintra” já se sentirá feliz. O economista lembra que já o candidato presidencial duplicou votos relativamente às legislativas e faz as contas: “Eleger um vereador era extraordinário e implicava 8% ou 9%. Esse resultado já dava direito a uma festa de arromba, a um arraial liberal.”

Admite que se sente “um bocadinho o avô cantigas” pela quantidade de gente jovem envolvida, mas só vê o lado bom disso: “É um partido que não tem os vícios de outros, que não tem os aparelhos de partidos grandes e agrada-me o entusiasmo contagiante, a boa-vontade, a alegria”. Chama-lhe um “partido pela positiva”. “É um partido de causas que não é contra ninguém, não quer matar fascistas, nem comunistas, não é contra ninguém”.

Pitch do candidato liberal à Câmara Municipal de Sintra:

Sou cheio de energia e vontade de fazer um give back, aquilo que os anglo-saxonicos têm de devolver à sociedade o que a sociedade me deu e tive alguma sorte na vida. Portanto, no meio das minhas atribuições e o que faço na sociedade civil para mim política de proximidade, porque acho muito mais interessante estar a gerir uma câmara, que é onde as nossas decisões têm impacto no dia a dia das pessoas, onde se resolvem os problemas das pessoas e para isso existe uma capacidade de gestão que os meus concorrentes à câmara de Sintra e muitos dos candidatos autárquicos que temos em Portugal não têm. Gerir uma câmara não é um desafio pequeno, é preciso alguém que tenha uma capacidade de gestão, como eu tenho e já dei provas possa fazer da câmara de Sintra algo melhor, porque temos autarquias à volta de Sintra muito melhores e Sintra parece que parou no tempo com alguma incompetência, inação e braços caídos. Acho que sou capaz de dar a volta a Sintra, com uma gestão capaz na proximidade.

“Gerir uma câmara não é um desafio pequeno, é preciso alguém que tenha uma capacidade de gestão — como eu tenho e já dei provas — para que possa fazer da Câmara de Sintra algo melhor. Temos autarquias à volta de Sintra muito melhores e Sintra parece que parou no tempo com alguma incompetência, inação e braços caídos.”
Paulo Carmona, candidato da IL a Sintra

Marcos Gomes, o sub-25

Em Santarém, a Iniciativa Liberal aposta tudo na juventude: Marcos Gomes, de 24 anos, é gestor de produto na central de compras do Bricomarché, em Alcanena, e está a desenvolver uma dissertação sobre a competitividade dos municípios. Não é caso único: o candidato do partido à presidência da Assembleia Municipal tem apenas 18 anos.

Apesar de ter nascido em Lisboa, Marcos Gomes mudou-se para Santarém com três anos e ali permaneceu. Diz ter sentido na pele os problemas de Santarém, em particular aqueles que atingem os mais jovens: à cabeça,  a falta de transportes e a falta de dinamização social.

Consciente de que se candidata a um município que tem uma “tendência para ter mais idosos do que jovens e adultos em idade ativa e que tem um registo de mais óbitos do que nascimentos”, o candidato liberal pretende mostrar que “existe uma solução e que os jovens têm lugar em Santarém”.

O candidato considera que tem de haver uma aposta certeira na dinamização do concelho, o que deverá também ajudar a “potenciar a entrada de novas pessoas em Santarém”. Para que tal aconteça a IL propõe a criação de infraestruturas e a oferta de serviços capazes de “dinamizar a cidade”, de levar ao centro histórico “alguma potencialidade de crescimento” e do ponto de vista demográfico “trazer vantagens para todos os municípios”. Cativar empresas com medidas benéficas para quem invista em Santarém está também nas propostas liberais.

A eleição de um vereador e de deputados municipais seria, na visão da IL de Santarém, um “bom resultado”, mas o jovem liberal não deixa de afirmar que o objetivo seria “governar a câmara”.

Pitch do candidato liberal à Câmara Municipal de Santarém:

Eu e a minha lista somos uma lista que visa quebrar com a experiência que existe por parte da classe política de ter manutenção de poder e haver um jobs for the boys. O nosso objetivo é apresentar experiências e ideias que são liberais e que são testadas e comprovadamente funcionais no terreno. Não temos quaisquer vícios ou dependências pelo poder. O nosso programa divide-se em três pontos principais: diminuição da carga fiscal em Santarém, haver uma desburocratização e aumento da transparência por parte do município e criação de obra, não ao fim de três anos e meio de mandado mas ao longo dos quatro anos.

António Sequeira, o homem que regressou à terra

António Sequeira tem 55 anos, é consultor informático e trabalhou praticamente a vida toda por conta própria. Chegou à IL na altura da campanha das legislativas, quando ainda se encontrava a viver em Lisboa. Durante a pandemia resolveu voltar para a terra natal e por ali decidiu ficar. Agora, é candidato à Câmara Municipal de Silves. No passado, foi militante do PSD, onde nunca foi ativo, mas no partido de Cotrim Figueiredo sentiu um “dinamismo diferente” e uma “vontade de mudar”, o que o levou a estar na linha da frente para criar o núcleo de Faro.

A candidatar-se a uma câmara comunista e numa cidade que diz ter “parado no tempo”, considera fundamental dinamizar a economia,  criar emprego para que os jovens tenham oportunidade de ficar na região e fazer com que a autarquia “saia da frente das pessoas”. Consciente da dificuldade que tem pela frente, admite que um “vereador faria muita diferença” e pretende eleger também um deputado. Porém, deixa escapar que na IL são “muito arrojados e ambiciosos” e que, por isso, ambição não falta, mesmo numa autarquia comunista.

Pitch do candidato liberal à Câmara Municipal de Silves:

O lema da minha candidatura é despertar Silves, desde logo porque achamos que é um concelho que está adormecido em várias áreas. Queremos despertar Silves, dar motivação às pessoas, descobrir talentos, puxar pela ambição das pessoas. Como é que vamos fazer isso? Vamos ter de trabalhar na parte da educação, vamos valorizar o mérito, vamos apostar no incentivo ao empreendedorismo e à iniciativa privada. Na questão dos jovens que têm de sair do concelho e não encontram soluções, temos de ter uma oferta de educação para todos os níveis. Temos de dar um ânimo muito forte aos empresários locais, temos de trabalhar em missões empresariais, pegar em empresários e levá-los lá fora, temos de trazer novos investimentos e novas áreas da economia, com empresas na área das tecnologias, do ambiente da floresta, temos de olhar para o mar de outra forma, temos de trabalhar a componente do desporto e da qualidade de vida. Apresentámos um fórum permanente para o desenvolvimento de Silves que é onde queremos sentar todas as pessoas, empregadores, empresários, empregados para podermos discutir problemas e soluções para o concelho de Silves. Depois temos de olhar para a câmara, tem de sair da frente das pessoas, tem de ser muito mais simples nos processos, anunciei também a criação de um balcão único de serviços e um gestor de conta do munícipe. 

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