O fenómeno Twilight Zone que tem marcado as últimas semanas do Sporting, com duas realidades paralelas que teimam em não cruzar-se e vivem separadas cada uma no seu mundo reclamando razão para o que se seguirá nos próximos capítulos de um momento particularmente conturbado em termos institucionais. De um lado encontra-se o Conselho Diretivo, a Comissão Transitória da Mesa por si nomeada e a Comissão de Fiscalização criada por esta última; do outro está a Mesa demissionária da Assembleia Geral do clube, uma Comissão de Fiscalização por si nomeada e um total de 3.500 votos para avançar com uma Assembleia Geral Extraordinária para destituição dos atuais sete membros da Direção. No meio, estarão os tribunais.
Esta realidade alternativa em termos diretivos alarga-se também ao plano desportivo. Olhando apenas para o futebol, existe uma equipa sem treinador depois da saída de Jorge Jesus, que perdeu dois jogadores por rescisão unilateral (Rui Patrício e Podence) e que apresentou mais um reforço (Bruno Gaspar) sem saber ao certo se mais algum elemento ou elementos avançarão com a revogação do vínculo. Passando para as restantes modalidades, o Sporting conseguiu aquilo que não atingia desde os anos 70 (três campeonatos nas principais modalidades, neste caso voleibol, andebol e hóquei em patins) podendo ainda completar o pleno no ano de inauguração do Pavilhão João Rocha, caso o futsal consiga também revalidar o título.
Rui Caeiro, vogal para as modalidades e administrador executivo da SAD, é um dos homens fortes de Bruno de Carvalho num período que descreve como resultado de uma “tempestade perfeita”. E falou ao Observador sobre o ataque à Academia, as rescisões, a operação Cashball, a recente queixa contra o Benfica junto da FIFA e o segredo do sucesso das modalidades, assumindo que sofreu pressões para apresentar a demissão e garantindo que os leões são um exemplo de democracia.
Como definiria, até como sócio, o momento que o Sporting está a atravessar?
O momento é um misto… Não consigo dissociar-me do lugar de dirigente e, nomeadamente naquilo que me diz mais respeito que são as modalidades, é um momento fantástico sem paralelo no clube e com sucesso como nunca tivemos. Por aí, é fantástico. Mas há um conjunto de fatores externos que faz com que depois tudo isto seja uma situação estranha, fruto se calhar de uma tempestade perfeita que acabou por ocorrer: uma grande dose de frustração pela época do futebol; um enquadramento da comunicação social e do que se está a passar que traz temas paralelos à normalidade do clube; e algo que aconteceu no último mês, que foi o ataque infame à Academia que as deixou confusas. O que os sócios mais sentem sobretudo é alguma confusão por estes três fatores, uns induzidos de fora, outros que saem de dentro do clube, através de alguns sócios.
Nesse caminho, foram cometidos erros próprio ou os mesmo resumem-se a fatores externos?
Acho que erros próprios haverá sempre, entre milhares e milhares de decisões que se tomam. Mas o ponto é outro: essa tempestade perfeita que se criou exacerbou algumas situações que poderiam ter sido feitas de maneira diferente e foi isso que aconteceu, pela forma como se empolou determinadas situações. É isso que se vive hoje.
Podendo recuar no tempo, e deixando agora o ataque na Academia de parte, havia algum capítulo ou decisão que poderia mudar tudo o que se passou nas últimas semanas?
Não era por aí que gostaria de ir. O que se passou na Academia foi repudiado pelos dirigentes e pelo universo do Sporting mas foi marcante no que se está a viver e gerou dúvidas nas pessoas. Posso garantir que desde o primeiro momento foi repudiado o ataque infame. Repudio a forma como esse ataque foi aproveitado para atacar também o Sporting e a sua Direção — que acabou por cerrar fileiras na defesa do Sporting.
Depois dos depoimentos na GNR, temos agora algo mais palpável que é a carta de rescisão de Rui Patrício, onde existe uma responsabilização do presidente pelo incitamento criado antes do ataque.
Não queria muito falar sobre a situação do Rui em específico…
Ou do Podence, que é quase igual…
Quase não, exatamente igual. É um fenómeno estranho de copy paste. Aqui, o ponto importante é deixar uma palavra de confiança e serenidade, muitas vezes aqueles que acusam o presidente de ser precipitado, precipitam-se. Precipitam-se nos julgamentos, precipitam-se nas atitudes. Devíamos manter a serenidade e o sentido de responsabilidade pelo interesse superior que é o clube. A Direção está a tentar fazer isso, mantendo a confiança grande em todos, sportinguistas, atletas, treinadores. É um apelo importante porque não é com atitudes precipitadas e menos ponderadas que ultrapassamos problemas.
A seguir ao ataque na Academia houve posições públicas do Presidente da República, do primeiro-ministro e de líderes dos partidos condenando os atos, mostrando solidariedade com os visados, telefonando mesmo, mas passando ao lado da instituição Sporting. Como é que interpreta essa posição?
A preocupação de todas essas entidades que falou tem a ver com a grandeza do Sporting, com a nossa dimensão. Em relação a atitudes institucionais de maior ou menor solidariedade, não vou comentar.
Mas confirma que não houve essa comunicação…
Não vou comentar…
Mas percebe que esse facto pode imputar, de forma indireta ou inconsciente, responsabilidade ao clube?
Acho que as pessoas precipitaram-se, e fizeram-no também em declarações e manifestações públicas que depois os factos e a realidade vieram desmentir. Infelizmente, o eco público da precipitação foi superior ao eco que agora é dado.
Preocupa-o quase todos os dias ver nas capas dos jornais a possibilidade de haver mais rescisões?
A mim preocupa-me, até enquanto associado, que exista este clima de desestabilização. Em qualquer companhia é necessário haver serenidade e estabilidade, e o sucesso que temos tudo por exemplo nas modalidades assenta nessa lógica. Tudo isto não ajuda, é um facto, mas as notícias colocadas para criar este ambiente já não são de agora.
O Sporting colocou uma ação contra o Benfica por alegado assédio a jogadores do Sporting. Isso nasce de informações recolhidas pelo clube ou assenta apenas nas declarações de Octávio Machado?
O que a SAD disse sobre isso está no comunicado, não há mais nada.
Ou seja, a queixa é feita tendo por base as palavras de Octávio Machado.
Não, a queixa é feita com base no que está no comunicado.
Também sofreu pressões para sair quando houve aquela debandada geral de órgãos sociais?
Sofri obviamente pressões nesse sentido.
Grandes, pequenas, múltiplas?
Não classifico, digo apenas que sofri pressões. Cada um toma as decisões que entende, no meu caso por um princípio de responsabilidade, por um princípio de que entendo que os valores como a lealdade também são importante, pelos valores da gratidão, decidi ficar. Sobretudo por um sentido de responsabilidade, por saber tudo aquilo que está a acontecer. O Sporting Clube e a Sporting SAD são duas instituições de grande relevância que precisam de estabilidade para serem geridas e que merecem o maior respeito por parte dos associados e dos portugueses. Para nós, é importante que essa gestão seja feita com sentido de responsabilidade e não desertar quando aparecem as primeiras contrariedades.
Acha normal que exista, por exemplo, interferência de partidos na tentativa que alguns dirigentes fiquem ou saiam do Sporting, como já aconteceu?
Não acho normal que se dê a relevância que se dá a temas que são dos clubes em Portugal. Já faço algumas opções daquilo que vejo na TV, do pouco tempo que tenho, e é assombroso a importância que se dá a debates estéreis. Estamos a dar demasiada importância a coisas que não são assim tão relevantes, mesmo admitindo o facto de haver um interesse público.
Entretanto surge agora um fenómeno extra que entronca na passagem da guerra existente para os tribunais, além de uma manifestação com centenas de pessoas em Alvalade. Como e quando é que o Sporting conseguirá sair desta bolha?
O Sporting e a sua Direção organizaram três sessões de esclarecimentos para associados, onde marcaram presença cerca de mil sócios, entre Lisboa, Faro e Porto. A última sessão foi até pública. Aí, foi possível debater, fazer perguntas, esclarecer. No dia 17 temos agendada uma Assembleia Geral, onde um dos pontos é também esse. Esta Direção tem um espírito profundamente democrático e foi isso que justificou que, há três meses, colocasse o mandato nas mãos dos sócios. Estou convencido que as pessoas que tinham dúvidas puderam confrontar com as mesmas e perceberam as razões para o que fazemos. Há uma campanha grande de intoxicação e para afastar a opinião pública da racionalidade normal mas o Sporting precisa voltar à normalidade, cumprindo tudo como a aprovação do orçamento, recuperando a sua estabilidade em termos institucionais. Tudo isso com o objetivo de cumprir as regras democráticas e dando a voz aos sócios para que depois decidam o que querem e como querem fazer. As eleições não se ganham em canais de TV, ganham-se nas urnas e nas assembleias gerais.
Sendo assim, porque não avançam para eleições que poderia “esvaziar” esse ruído?
Os atos eleitorais foram definidos para um mês em específico, março, porque se entendeu que seria o melhor para a estabilidade do clube. Marcar eleições em agosto é algo completamente extraordinário e que em nada ajudava à estabilidade e credibilidade do clube.
E em setembro, com essa preparação da época resolvida?
Mesmo em setembro… Só por uma razão: apesar de haver ou não eleições, seria necessário fazer a preparação de tudo em termos desportivos e foi para isso que os sócios nos mandataram, sob pena de podermos prejudicar de forma irreparável o clube pelo menos um ano. É isso que estamos a fazer, a estruturar e preparar o clube para a próxima temporada.
Dentro desse espírito democrático, acha prudente levar na mesma Assembleia Geral de aprovação dos estatutos mais alterações estatutárias que, como se percebe pelos pontos, têm a ver com cessação de mandatos, comissões de gestão e de fiscalização ou competências do presidente do Conselho Diretivo? Não é um choque com quem dar a palavra aos sócios?
O que existe é sempre uma vontade de trabalhar para melhorar o que se encontra à luz das situações com que nos vamos deparando. Isso também tem a ver com lacunas detetadas. Não é tirar a democraticidade mas sim garantir que a mesma é exercida de forma livre. Este Conselho Diretivo não se exclui de dar a palavra aos sócios e trazer propostas, aceitando com humildade que podemos não sair vencedores…
E caso isso aconteça, o que se segue? Na última Assembleia Geral em que alguns pontos dos estatutos acabaram por não ser aprovados houve uma nova Assembleia Geral que acabou por servir quase como uma espécie de ratificação.
É um tema que não está agora em cima da mesa. Quem tem de fazer a gestão do clube tem de levar as lacunas que identifica; se os sócios considerarem que as mesmas não são prementes, também não é uma preocupação porque o que queremos é dar de forma democrática a voz aos sócios.
Tem ou mantém algum tipo de relação com algum membro da Mesa da Assembleia Geral ou do Conselho Fiscal e Disciplinar que se tenha demitido?
Não tenho porque também nunca tive uma relação assim tão próxima com nenhum deles.
Ainda existe alguma ponte entre órgãos sociais que tenha aguentado?
Pelo Sporting, as pontes não precisam de ser quebradas. Não tenho uma relação próxima com nenhuma dessas pessoas mas isso não quer dizer que não possamos falar a bem do clube.
Em relação a Jaime Marta Soares, que está um pouco no olho do furacão, perguntava o porquê de ter sido escolhido para líder da Mesa em 2013 por Bruno de Carvalho mesmo sabendo-se que, nas intervenções que tinha no Conselho Leonino, não ser um grande apreciador do estilo do presidente e também o porquê de tudo se ter mantido mesmo depois de tudo o que aconteceu após a derrota em Madrid.
A própria pergunta indicia o que muitas vezes se aponta ao presidente Bruno de Carvalho não ser… ou seja, é alguém que procura criar pontes e laços. O mais importante é o Sporting e a sua estabilidade institucional, sendo que a prova disso está aí mesmo. Tudo foi procurado para garantir a estabilidade institucional; se outros interesses e movimentos paralelos ao Sporting se levantaram, essa parte já não me compete avaliar.
Em que ponto estão as operações financeiras que estavam em curso, nomeadamente o empréstimo obrigacionista e a reestruturação financeira? Existe a possibilidade de atual reestruturação que está a ser pensada ser assente num fundo que poderia ajudar na dívida à banca através das VMOC?
Penso que o Carlos Vieira poderá ter informação mais detalhada sobre isso, mas os dois processos, quer o empréstimo obrigacionista, quer a reestruturação financeira, estão a decorrer nos passos normais dentro do momento em que estamos atualmente.
Mas houve algum tipo de recuo por isso?
Estamos a fazer o nosso trabalho mas é óbvio que este momento não ajuda em nada a esse normal decorrer do trabalho feito…
O Sporting vai enfrentar problemas de tesouraria neste processo a breve prazo?
Isso seria preferível falar mesmo com Carlos Vieira, é ele o responsável direto por essa área.
Virando agora a página para as modalidades e olhando para as recentes conquistas dos Campeonatos de voleibol, andebol e hóquei em patins estando ainda a disputar o de futsal, é apenas o maior investimento que ajuda a explicar este sucesso? E como chegou a uma posição de conforto a nível de orçamentos saindo de uma situação onde as modalidades estariam em risco em 2013?
A grande responsabilidade desta inversão é dos sportinguistas. Do presidente Bruno de Carvalho e desta Direção que fez uma inflexão de estratégia a nível de quotas dos associados, colocando-as ao serviço das modalidades, e depois dos sportinguistas que têm apoiado. É redutor dizer que o maior investimento traz melhores resultados: houve mais investimento, sim, mas também houve outra atenção e dedicação às modalidades, que passaram a ter uma importância como não tinham há muitos anos e que foi acompanhada. Esses três vetores são o segredo do sucesso. Os primeiros dois anos foram diferentes, de estabilização e ainda duros do ponto de vista financeiro, os últimos três tivemos mais investimento não só na seleção dos plantéis e dos atletas de exceção mas também de dotar o clube de condições, a nível de infraestruturas, como o Pavilhão, que não existiam. Um atleta do Sporting hoje sente-se acarinhado, acompanhado e com condições que o fazem crescer. O grau de exigência e de rigor são elevados, mas é por isto que querem também vir para o Sporting.
Vendo agora uma a uma, começando pelo voleibol. É mesmo como Miguel Maia diz, que o orçamento do Sporting era inferior ao do Benfica e que não fazia sentido atribuir o sucesso à questão do investimento?
O orçamento do Sporting era metade do orçamento do Benfica mas isso não fez com que a qualidade dos jogadores fosse inferior aos que estavam no Benfica. O desporto não é uma ciência exata, nunca foi nem nunca será e nem sempre corre bem, mas, no caso do voleibol, houve um projeto muito bem pensado, muito estruturado a nível de metodologia de como ia ser implementado e com uma seleção criteriosa nos atletas.
É para seguir o exemplo das restantes e apostar na Champions na próxima época?
No próximo ano vamos participar na Taça Challenge. Temos equipas há anos na modalidades e que continuam a ir pela Challenge, por alguma razão será. Pareceu-nos nesta altura a opção mais prudente. É a primeira vez que vamos competir nesta prova, teremos a nossa curva de experiência por lá e veremos como se fazem as coisas.
Passando agora para o futsal, houve uma viragem de perceção após a derrota na final da UEFA Cup e sobretudo quando se começou a falar na possibilidade Ricardinho. Vai mesmo ser reforço do clube?
Não sei a que mudança se refere…
Uma mudança de quem percebe que é preciso algo mais para alcançar esse objetivo de vencer a UEFA Futsal Cup, por exemplo.
Pela segunda vez consecutiva fomos à final da UEFA Cup, sendo que no início da época fizemos um investimento na equipa para procurar a vitória nessa prova. Não foi possível e percebemos que ainda estamos a uma clara distância dos nossos adversários, que também verdade seja dita têm orçamentos quatro ou cinco vezes superiores, pelo que nem deveria ser argumento. Queremos ganhar aquela competição e vamos procurar reforçar a equipa com esse objetivo.
Com Ricardinho?
Não sei se isso será assim tão relevante… Está a criar-se uma panaceia à volta de um atleta, há quem faça mais ou menos a diferença, mas é no coletivo que está a diferença.
Sem olharmos então para nomes, existem modelos de negócios que permitam por exemplo pagar cinco milhões de euros a um atleta por quatro ou cinco anos sem desequilibrar orçamentos?
Admito que sim. No caso do Sporting, a principal fonte de financiamento são os associados e é dentro do rigor desse investimento que queremos trabalhar.
O naming do pavilhão continua em cima da mesa?
Quaisquer fontes de receitas que permitam angariar receitas estão sempre em cima da mesa.
Qual foi a primeira coisa que Bruno de Carvalho lhe disse após o título de hóquei em patins 30 anos depois, tendo em conta a ligação que tem à modalidade?
Penso que essa foi uma conquista determinante para todos os sportinguistas porque há 30 anos que não éramos campeões e foi um título exaltado por todos, até mesmo por quem não gosta da modalidade. Para o presidente foi ainda mais porque teve uma passagem como dirigente pelo hóquei em patins quando andava fora do clube e foi o grande impulsionador da entrada da modalidade de novo no clube e do investimento que tem sido feito nos últimos quatro anos.
Para si, enquanto dirigente, foi o mais especial?
Enquanto dirigente não consigo dizer qual foi o mais ou menos especial. Foram todos festejados da mesma forma porque são todas iguais para mim. Enquanto sportinguista, claro que foi especial porque há 30 anos que não conseguíamos ganhar o Campeonato de hóquei em patins.
Foi também revelado durante a semana uma SMS mais dura de Bruno de Carvalho para os jogadores, após a derrota na meia-final da Liga Europeia com o FC Porto. Como é gerir uma equipa após receber uma mensagem assim e tendo ainda as aspirações intactas no Campeonato?
Sobre SMS, mensagens ou Whatsapp, que nem sei o que foi, não me parece que seja muito relevante e os próprios jogadores deram uma resposta com sentido de humor. Se calhar pela primeira vez na história podemos ser campeões em todas as modalidades, se o futsal alcançar esse objetivo, e nas duas outras de maior relevância, o atletismo e o ténis de mesa. E também fomos de futebol feminino, de râguebi feminino, de natação, de ginástica… Tudo isto é ímpar na história do Sporting, nunca houve um momento como este. Temos 55 modalidades, que também é ímpar na história do clube, do desporto nacional e talvez mundial. Tudo o resto são fenómenos paralelos que pouco devem interessar ao Sporting enquanto instituição.
O andebol teve um início mais complicado de época também pela Liga dos Campeões mas somou quase 30 vitórias seguidas, é bicampeão e cai a notícia da operação Cashball. A partir do momento em que o caso se tornou público, notou alguma diferença?
Não vi nem me apercebi de diferença nenhuma. É um tema que está a correr num processo, num circuito normal, e os atletas têm estado à altura. Agora na Taça de Portugal tivemos um jogo excelente com o FC Porto e outro menos conseguido com o Benfica, mas o mais importante é que os atletas e os técnicos se centrem no trabalho e em cumprir o nível de exigência elevado que é pedido.
Qual foi o impacto que essa investigação gerou em termo internos?
Esse tema do Cashball foi referido em todas as sessões de esclarecimento aos sócios. Confesso que quando vi aquilo na capa também me interroguei o que era aquilo. A preocupação nesse tema é algo óbvio e normal, mas o Sporting não tem nada a ver com isso e as coisas serão resolvidas nos seus trâmites normais.
Existiu também uma posição institucional de defesa de André Geraldes, team manager do futebol e uma das figuras do Sporting envolvidas no processo. Em paralelo, saíram notícias de que teria mais de 60 mil euros em notas num cofre quando foram feitas as buscas e que haveria a vontade de perceber de onde tinha vindo o dinheiro. O Sporting tentou perceber o que era aquilo?
O Sporting demonstrou solidariedade porque nada leva a crer que alguma coisa tenha acontecido. Depois, iremos analisar e esclarecer também a situação. O clube emitiu comunicados oficiais onde tem tentado tranquilizar os sócios sobre esse assunto.
Está à espera de mais buscas em Alvalade em breve?
Bom, esse processo até ao Cashball não era propriamente comum no Sporting porque não houve mais nenhuma… O Sporting é um clube transparente e estamos disponíveis para colaborar com todas as autoridades sobre o que for necessário. Aguardaremos pelas decisões que serão tomadas, mas não estamos preocupados com o que se possa passar.
Caso as providências cautelares interpostas pela Mesa da Assembleia Geral demissionária sejam deferidas, considera que existem condições para a realização dessa reunião magna?
Se existem ou não, isso tem de ser perguntado em quem insiste na realização. Da nossa parte, nunca nos foi transmitido que razões levavam à realização dessa Assembleia Geral Extraordinária nem foram cumpridos os procedimentos normais para a mesma porque existem normas estatutárias. Só disseram que se ia realizar e assim está ferida de legalidade.
Se houver um movimento que consiga reunir assinaturas para a marcação de uma Assembleia Geral como aconteceu em 2013, deixando de lado as diferenças de realidade no clube, a Direção estaria disposta a pagar essa reunião magna?
O que aconteceu em 2013 não tem nada a ver com o que se passou agora, até pela grande estabilidade financeira e desportiva que vivemos hoje. À luz da mesma argumentação estatutária, quiseram usar essa ferramenta esquecendo-se que em 2013 houve uma recolha de assinaturas, um argumentário de justa causa fundamentado para a realização da Assembleia Geral, uma apresentação aos órgãos competentes e estava tudo correto, algo que não acontece agora. Nem há razões, pela parte desportiva, pelas modalidades, pelo ponto de vista financeiro… Quais são então as razões para isso? O que o presidente Bruno de Carvalho já disse é que a palavra será dada aos sócios, a democracia vai sempre imperar quando se cumprirem os requisitos. Com golpes palacianos com contornos que desconhecemos, isso não.
Ainda não chegou à inevitabilidade apontada por alguns que tudo se resolverá apenas com eleições?
O que me parece é que não se devem juntar coisas… Foi pedida uma Assembleia Geral pelo Conselho Diretivo quando houve alguns sinais de instabilidade externa, por forma a que os sócios se exprimissem. Não podemos convocar agora eleições todos os meses ou todos os anos mas, em alturas que consideremos importantes e necessárias, iremos convocar assembleias gerais.