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Este artigo foi publicado originalmente em 2020 depois de João Almeida ter andado 15 dias de rosa no Giro de Itália e é republicado agora, já devidamente atualizado, quando o ciclista entra em ação nos Jogos de Tóquio
Nem os aficionados, nem os analistas, nem os mais próximos, nem mesmo ele próprio. Há uns anos ninguém arriscaria prever o que João Almeida fez o ano passado no Giro d’Italia: de ciclista promissor a estrear-se no pelotão internacional, que não era sequer suposto ter participado em provas de três semanas no seu primeiro ano como sénior, tornou-se líder da Volta à Itália durante 15 dias, n.º4 da classificação geral e teve o nome nas bocas do mundo. Ia para “experimentar” a sensação de ir a uma Volta à Itália, terminou a lutar pela vitória até aos últimos dias.
A qualidade era indiscutível — confirmou-a internamente nos escalões mais jovens e fora de portas de seguida, no escalão sub-23 —, mas o que João Almeida fez naquele mês de outubro foi quase inimaginável.
Mas o ciclista de A-dos-Francos terminou o Giro deste ano em sexto, confirmando que tem mesmo muita estrada para andar. O ciclista da Deceuninck foi ainda terceiro na Volta aos Emirados Árabes Unidos (o primeiro pódio de um português no World Tour), sexto na Tirreno-Adriático e sétimo na Volta à Catalunha e chega agora aos Jogos Olímpicos de Tóquio com o sonho e a possibilidade de alcançar uma medalha. João Almeida entra em competição já este sábado, dia 24 de julho, na prova de estrada, e regressa a 28 de julho, próxima quarta-feira, no contrarrelógio. A carreira — que se prevê grandiosa — para ele acabou de começar.
E o que ele pedalou até aqui chegar? Isso é o que vão revelar o que os que conhecem de perto: e não mete só bicicletas, há dança folclórica e futebol pelo meio, de um bebé difícil de comer.
Dar-lhe comida era um tormento: “Não comia mesmo nada, era preocupante”
Quem diria que um atleta saudável, cheio de força, que hoje segue um plano alimentar relativamente rigoroso definido pela equipa profissional belga Deceuninck–Quick-Step, era um inferno para comer quando criança?
Cândida Ferreira, que trabalhava na Escola Básica de A-dos-Francos quando João andava na primária, lembra-se bem da dificuldade que teve para alimentá-lo. Uma dificuldade tal que até fez funcionários e família — nomeadamente a mãe, Ana Patrícia Gonçalves — preocuparem-se com a saúde do ciclista, que como agora se viu é capaz de pedalar como poucos no pelotão internacional.
Quando fala com o Observador sobre João Almeida, Cândida Ferreira lembra-se do diminutivo que usava para o chamar. “Tratava-o por Joãozinho. Era um miúdo muito meiguinho, com um ar maroto, muito ternurento”, começa por dizer Cândida, lembrando as dificuldades de encher os ossos do rapaz: “Realmente era muito preocupante. Não comia mesmo nada, não lhe conseguíamos pôr nada dentro da boca. E não era como outros miúdos que não comem nada por serem gulosos — era igual para qualquer tipo de comida, fosse o que fosse, comia duas garfadas e não comia mais nada”.
A mãe, Ana, “chegou a ir à escola ainda várias vezes” por causa da dificuldade do filho em comer. “Uma das vezes falou comigo, porque era eu quem mais estava a tomar conta dele à hora de almoço. Houve uma altura que me pediu por tudo para tentar porque estava mesmo preocupada com isso, ele não comer. Chegou a dizer-me até que estava com receio de não conseguir criar aquele miúdo”, recorda Cândida. O próprio atleta dizia, em 2016, em entrevista ao canal da plataforma Roda na Frente, que era sempre “o último a sair do refeitório”. Obrigavam-no “a ficar lá até comer a sopa” e como “não comia”, só saía de lá “para ir para a aula, no final da hora de almoço”.
João, o “Joãozinho” de Cândida Ferreira — que se recorda dele “quase desde que nasceu” pois teve “sempre bastante contacto com os avós dele” —, nunca foi de comer muito e continuou a ser “esquisito” com a comida (como ele próprio já admitiu), mas na primária era “um miúdo que se dava bem com toda a gente, não era traquina ou de se portar mal, era muito simpático, muito sossegado, muito engraçado”.
Apesar de quase todos os que o conhecem desde pequeno sublinharem que o atual ciclista da Quick-Step foi sempre um rapaz tímido, Cândida Ferreira recorda que quando andava na escola primária João era “sociável, tinha jeito para falar com toda a gente… até com as meninas. Não era um miúdo que estivesse sozinho num canto, convivia com todos — só não era dos mais traquinas”. Ideia semelhante tem Rosa Silva, vizinha do ciclista e dos pais e que também o conhece desde pequeno — mais especificamente desde que se mudou para A-dos-Francos, teria João uns “três ou quatro anos”.
Uma das memórias que Rosa tem do atual ciclista em pequeno era de “brincar aqui na rua, ao pé da casa dos avós”, com outros amigos: “Brincava sempre na rua com os amigos, quando voltava da escola. Corriam, jogavam à bola, andavam de bicicleta, iam para o ringue brincar com outros miúdos. Tinham aquelas brincadeiras de infância, a ‘apanhada’ por exemplo. Era uma criança muito social”. Outra característica que Rosa diz que João Almeida tinha já como criança era a pacatez: “Era uma criança pacata. Nunca vi aquele rapaz exaltado. Certamente é capaz de ter estado alguma vez, mas nunca vi. Mostrava sempre calma, descontração”.
Cândida Ferreira acrescenta: “O João nunca foi muito de dar nas vistas, foi sempre uma pessoa que passava despercebida. Mesmo como criança nunca gostou de dar nas vistas, até quando brincava com outras crianças”.
O ciclista, na tal entrevista ao Roda na Frente, chegou a recordar assim a infância: “Gostava muito de jogar e de brincar às apanhadas, andar no baloiço, no escorrega…”. Já a mãe, Ana Patrícia Gonçalves, recorda o filho como sendo em pequeno “um miúdo pacato, reguila, mas pacato, muito amigo dos seus amigos, calmo e discreto”, que não deu noites muito mal dormidas — “dormia bem, era bonzinho” — mas que de facto “nunca tinha muita vontade de comer”. Se fosse pizza, escapava (“gosta muito”, confirma a mãe) mas se fosse um prato mais elaborado nem sempre era fácil: “De cozido à portuguesa, por exemplo, João nunca foi grande fã”.
Antes do ciclismo, o futebol: João Almeida, o defesa “descaído para o lado direito”
Antes de começar a pedalar mais a sério — não que já não andasse de bicicleta para todo o lado, inclusive para o ringue desportivo em A-dos-Francos onde brincava em miúdo —, João Almeida experimentou outros desportos, nomeadamente a natação e o futebol. “Foi sempre um atleta. Fazia futebol, natação… nunca foi um miúdo que não praticasse nenhum tipo de desporto. Os miúdos têm de experimentar outros desportos até chegarem ao que querem fazer — e o João descobriu”, lembra José Pedro Fernandes, que se veio a tornar o primeiro treinador de João Almeida como ciclista: primeiro de BTT (bicicleta todo-o-terreno), depois levando-o também a provas de estrada.
As duas escolhas para primeiros desportos não foram muito difíceis de fazer. “Para os jovens da nossa vila, a oferta em termos desportivos não era muita — cingia-se à natação, ali na piscina, e ao futebol. Todos os jovens passaram ali pelo Grupo Desportivo [e Cultural de A-dos-Francos]”, explica aquele que é o atual presidente da junta de freguesia da vila, Paulo Sousa.
Muito antes de ser presidente da Junta, porém, Paulo Sousa teve o privilégio de orientar um miúdo “sossegado, tranquilo e low-profile” no futebol: João Almeida. “Ele esteve no clube desportivo entre os 7 ou 8 anos e os 12 anos. Julgo que o terei treinado quando tinha 9 ou 10 anos”, recorda. A memória, porém, pode ser traiçoeira: uma fotografia enviada mais tarde ao Observador por Paulo Sousa, tirada a 24 de outubro de 2004, mostra João Almeida inserido na equipa com apenas 6 anos. Começou ainda mais cedo, portanto.
Quando Paulo Sousa orientou João Almeida, o atual ciclista da Quickstep jogava ainda — pela idade que tinha — futebol de sete e não futebol de onze. E se neste Giro d’Italia passou boa parte da prova a tentar defender a camisola rosa, no relvado a função era defender a baliza. “Jogou sempre em posições mais defensivas”, lembra o antigo treinador — e “sempre descaído para o lado direito”, funcionando quase como um defesa lateral.
Teria João Almeida jeito para o futebol? “Normalmente era sempre dos titulares, era dos que tinha mais qualidade. Era tecnicamente evoluído e inteligente também na perceção do que era o jogo. Estava perfeitamente enquadrado na média dos jovens daquela idade”, nota o antigo treinador, dando porém a entender que não se perdeu um fenómeno futebolístico para se ganhar um ciclista de elite: “Não era um Cristiano Ronaldo… era, isso sim, um menino com qualidade e atento ao jogo”.
O que tinha em inteligência, habilidade de pés e disponibilidade física, faltava-lhe também em “um bocadinho de agressividade, no sentido positivo”. Mas “gostava de treinar e ali estar, era um miúdo assíduo aos treinos e aos jogos” e era “sossegado, já com esta tranquilidade que tem demonstrado em Itália. Era mesmo tranquilo, low profile [discreto], não era um miúdo de conflitos nem de confusões. Tinha alguma timidez”, lembra Paulo Sousa.
No convívio com os outros colegas de equipa, João Almeida “dava-se bem com toda a gente”, recorda o atual presidente da junta de freguesia de A-dos-Francos. “Há miúdos mais irrequietos e extrovertidos. O João gostava de estar na onda dele, tranquilo. Também brincava mas sem extravasar limites e não era um daqueles que tomava a iniciativa das brincadeiras ou das piadas”.
O atual ciclista acabou por sair do futebol porque “houve uma altura em que já não se sentia tão motivado, ia só por ir. Também começou a surgir o gosto pelas bicicletas e pelo BTT”, lembra a mãe ao Observador, acrescentando: “Ele jogava à bola mas não era aquele miúdo que dizia: adoro futebol. Nem era muito de assistir a jogos. Jogava também porque era um convívio com os amigos, que também jogavam. Hoje em dia nem liga ao futebol”.
No rancho “dançava bem”. Tímido, “nunca queria ser o primeiro” a subir ao palco
Além do futebol e da natação, outro dos marcos da infância de João Almeida foi a passagem pelo rancho local, de que começou a fazer parte com “seis ou sete anos”. Não foi caso único na vila, bem pelo contrário: “A-dos-Francos é uma vila, mas era aldeia. Faz parte da formação deles e da juventude deles fazerem uma data de coisas: vão para o rancho, dançam no rancho, alguns crescem e ficam, outros saem. Às vezes vão para a banda de música. Tudo isso faz parte”, explica ao Observador Filomena Santos, que se lembra bem de “Joãozinho” a dançar em criança, já que era responsável por ensaiar o grupo infantil quando ele entrou.
“O João entrou através da mãe”, recorda Filomena, revelando uma previsão materna que acabou por não se confirmar: “Achou que ele não teria muito jeito, que ia ser difícil para ele habituar-se”. A previsão não se concretizou e João integrou-se bem: “Dançava bem! O João dançava bem. Começou com aquelas dificuldades de criança, era pequenino e até entrarem no ritmo da dança e aprenderem demora um bocadinho. Mas depois disso correu tudo bem”.
Notando que João Almeida “é muito tímido e isso sempre foi”, Filomena Santos recorda como a timidez se refletia na forma de estar no rancho, em criança: “Lembro-me de uma curiosidade: quando subíamos ao palco ele nunca queria ser o primeiro, tinha de ser o segundo ou terceiro, e baixava sempre a cabeça. Tinha de lhe dizer: levanta a cabeça, sorri. Mas por mais que lhe dissesse…”.
Tímido, pois claro. Mas àparte a timidez, que surgiu sobretudo quando tinha desconhecidos por perto e a olhar para ele, João Almeida “era uma criança normal como todas as outras. Divertia-se, não dava trabalho, nunca foi mal educado, nada dessas coisas”, recorda Filomena Santos, que saiu do rancho por “um problema de saúde grave” passados “uns dois ou três anos”. João continuou.
Os ensaios, quando Filomena era responsável pelo rancho, aconteciam “uma vez por semana, acho que mais ao fim de semana”. Quando tinham “saída para algum lado”, os ensaios aconteciam “mais de uma vez por semana”. João “estava sempre presente, nunca faltava”. As crianças, naquele meio pequeno, conheciam-se todas e João “tinha um lado mais pacato” mas não era tímido com os conhecidos, segundo Filomena: “Tanto com o rancho infantil como com o rancho adulto, quando saímos todos juntos o comportamento dele era o normal de uma criança. Não havia vergonhas nem timidez, a timidez era perante as pessoas que ele não conhecia”.
Quem também se lembra bem de João Almeida no rancho é Carolina Santos — não tivesse Carolina sido o par do ciclista da Quick-Step na dança. “Acho que quando começámos eu tinha 6 anos e ele teria 7. Estivemos juntos dois ou três anos. Ele tinha muito jeito para dançar, muito mesmo”, recorda Carolina, por telefone, em conversa com o Observador. “Do que me lembro foi sempre uma pessoa muito humilde. Sei também que a educação dele foi essa”.
Quando dançavam juntos, Carolina e João Almeida davam-se “muito bem” e João “era super educado, nunca faltava ao respeito a ninguém”. Fora do rancho, como eram “de turmas diferentes” não tinham grande contacto fora da escola e o contacto foi-se perdendo com os anos. Mas “o João era extremamente educado e deve continuar a ser. Era sempre amigo, estava sempre a puxar por mim no rancho”, diz Carolina.
A mãe do ciclista, Ana Patrícia Gonçalves, recorda ao Observador que João entrou no rancho quando “quiseram resgatar um rancho infantil” em A-dos-Francos. Já tinha existido em tempos e houve a tentativa do reavivar. “Vieram falar comigo e convidá-lo, até porque nisto há mais meninas e depois não há rapazes para se fazer os pares. Ele dançava bem, os amigos iam e ele também quis ir. E gostou de dançar”.
Mais tarde, passados “dois ou três anos”, “começaram a existir menos saídas”, a organização foi-se alterando e algumas crianças passaram para o rancho adulto. João não foi uma delas, mas ainda pensou integrar a banda de música local. “Convidaram-no para a banda, mas depois como já andava a fazer BTT não foi. Mas tinha jeito para a música, o professor de música da altura [da escola] chegou a dizer-me”, recorda a mãe.
O gosto pela música manteve-se, apesar disso: “Gosta muito de ouvir música. Tem de andar sempre com música, para onde vai leva às vezes uma coluna, leva os phones…”.
Um “aluno perfeitamente normal”. Don Juan? “Hum… talvez”
Do início do percurso escolar — já depois do infantário — até ao 9º ano, João Almeida estudou sempre em A-dos-Francos. Quando passou para o 10.º ano, foi estudar para as Caldas da Rainha, a mais ou menos 14 quilómetros da sua vila.
Foi ainda antes da mudança de escola, na adolescência e quando frequentava o 9º ano (tinha 14 anos), que João teve Luís Serrano como professor de inglês. “O João era um aluno mediano. Não se destacava pelos resultados escolares, mas era um aluno perfeitamente normal e a inglês também o era. Andava entre o 3 e o 4 [de 0 a 5], não tinha dificuldades na escola. Quer a inglês quer a outras disciplinas era muito regular”, recorda.
Na altura, o atual corredor da Quick-Step “já manifestava a paixão pelo desporto” mas “estava ainda a dar os primeiros passos” no ciclismo de estrada, que começara a levar um pouco mais a sério precisamente naquele ano. Também por isso, ainda “não tinha ideia — e é natural que com aquela idade não tivesse — de que iria tornar-se profissional no futuro, pelo que não descurava os estudos”.
Na escola e nas salas de aula, João Almeida era um rapaz tão discreto que “conseguíamos estar semanas e semanas sem dar conta dele”, diz Luís Serrano, acrescentando que acha muito plausível que muitos dos seus colegas professores nem se recordem de o ter como aluno, porque “estava muito no seu espaço, era muito afável mas muito reservado e nas aulas se não estivéssemos sempre a solicitar a participação do João, ele não participava”. Se Luís se lembra bem do João é porque partilha com ele a paixão pelo ciclismo, que o então aluno já praticava à época. Isso uniu-os e serviu de cola à relação.
Na escola secundária, João Almeida não era muito diferente do que tinha sido anteriormente como criança — no infantário, no rancho, no futebol — ou do que viria a continuar a ser mais tarde: pacato e discreto. “Não gostava nada de dar nas vistas”, garante o antigo professor de inglês, que explica que João “não tinha casos de indisciplina, nem pouco mais ou menos” e que “participava na aula com toda a educação se fosse solicitado”, mas se não o fosse… preferia ficar em silêncio.
A relação com os colegas no secundário era boa, diz Luís Serrano: “Tinham um excelente ambiente de turma. Muitos deles estavam na mesma turma há muitos anos, desde o primeiro ciclo. Depois juntavam-se ali alguns alunos provenientes de Rio Maior”. Mesmo na interação com miúdos com quem estudava desde o 5.º ano, João era “um rapaz muito discreto”, embora sociável.
Joana Sá foi uma das colegas de escola que acompanhou João Almeida durante muitos anos: foi da sua turma do jardim de infância até ao 9º ano. “O João era um bom aluno, um aluno de ‘quatros’ [de 0 a 5]. Não tinha dificuldade nas disciplinas, mas aquela em que era melhor era sem dúvida a Educação Física”, recorda em conversa com o Observador a antiga colega, que entretanto “perdeu algum contacto” com o ciclista.
Na escola, a nova coqueluche do ciclismo nacional foi sempre “easy going”, lembra Joana Sá. “Dava-se bem com toda a gente. Era divertido e simpático, não era assim muito louco”, refere ainda, vincando que João nunca foi exibicionista: “Embora ficasse em primeiro em competições de corrida e embora marcasse muitos golos [em provas e jogos na escola] não era gabarolas. Era até bastante humilde e se calhar até reservado nesse sentido. Isso é algo que se mantém, a humildade. Embora esteja agora a ter um sucesso incrível, continua calmo e pouco convencido”.
Convidada a recordar uma história ou alguma fase engraçada de João Almeida na escola, Joana Sá recua ao 5º ano de escolaridade, tinha então João Almeida 11 anos: “Quando estávamos no 5º ano, o Almeida era dos mais baixinhos da turma. Ainda não tinha dado aquele ‘salto’. Recordo-me de ele ter começado a namorar com uma rapariga do sétimo ano que era bem alta. Brincávamos todos com ele por causa disso”. Era o atual ciclista um Don Juan? “Hum…não sei se era… talvez. Mas do que me lembro, era mais com raparigas de outras turmas, às vezes mais velhas”, remata Joana, rindo.
Findo o 9º ano, era preciso escolher um caminho profissional e João Almeida optou pela via das ciências, sem fugir à Matemática A. “Escolheu até um curso considerado um bocadinho mais exigente. Era o que queria porque tinha vontade de ir para a universidade mais tarde e esse era o curso que tinha mais saída”, recorda a mãe, vincando que João “não sabia bem o que poderia ser, pensava em muita coisa, chegou a pensar depois em muitos cursos”.
Aquando da ida para a faculdade, aliás, “foi só na altura de se inscrever que decidiu”, após uma visita à Futurália da qual regressou com “uns livros” com opções de licenciatura. “Ainda fez depois o primeiro semestre em dietética e nutrição, mas o curso tinha aulas práticas no segundo semestre e não indo às aulas práticas por estar fora [em Itália, na altura ao serviço da equipa Unieuro] era difícil conciliar. Fez o primeiro semestre, mas depois foi para Itália”.
“Não era um menino de ir a cafés”
Se na escola João Almeida era discreto, em toda a vila também. “A partir do momento em que o João deixou o futebol, deixei de o ver assiduamente”, recorda Paulo Sousa, atual presidente da junta de freguesia de A-dos-Francos. Mesmo na adolescência, sozinho ou com a família, João “não era um menino de ir a cafés, a muitos espaços públicos”. A própria família, conta Paulo, “não tem esse registo, de ir ao fim de semana tomar o café à associação [do grupo cultural e desportivo]. São pessoas mais caseiras, mais recatadas”. É um traço comum a muitas famílias que vivem nas proximidades, acrescenta Cândida Ferreira: “Todas as famílias são muito pacatas, não são pessoas de sair muito”.
A partir do momento em que se começou a dedicar mais ao ciclismo, com apenas 14 anos, João Almeida concentrou-se mais tempo na escola e nos treinos. Os moradores de A-dos-Francos recordam-se sobretudo de o ver a andar de bicicleta pela vila, mais do que de o ver nos cafés, em convívio social ou em ambiente noturno. É o caso de Paulo Sousa, antigo treinador de futebol de João e hoje presidente da Junta de Freguesia: “O meu contacto em determinada fase passa a ser vê-lo de bicicleta, vê-lo aqui ou ali a ir buscar a irmã à escola primária… andava por ali, entre a escola, casa e o treino. A exigência da competição assim o impôs”.
Nos últimos anos e já ao longo do seu percurso final na escola secundária “o João Almeida não era uma pessoa que víssemos muito pela rua” porque “nem tinha tempo para isso”, insiste Paulo Sousa, lembrando que o jovem “vinha da escola e tinha de ir treinar a seguir”. O pai, Dário, ainda apanhou alguns sustos por causa dos treinos, conta Paulo: “O pai até tinha algum medo, porque ele às vezes não ouvia o telemóvel e saía sozinho de bicicleta, às vezes de inverno, de noite. O pai chegou a ir às vezes à procura dele, sem saber onde estava”.
Também o antigo professor e aficionado do ciclismo, Luís Serrano, vinca que João “no secundário deu o salto na parte desportiva e tornou-se muito focado na produção desportiva. O ciclismo já exige um método de trabalho e um rigor que não se coadunam com a vida normal de adolescente — e ele era um miúdo muito, muito focado”.
Mais do que vê-lo nos cafés, onde Luís o encontrava era “a passar de bicicleta, a caminho das Caldas da Rainha ou de Montejunto”. E ele “parava sempre para falar”. Curiosamente, isso foi algo que não mudou mesmo com o percurso internacional: “Até ao ano passado fui-o vendo. Mesmo já estando na Quickstep, ainda treina muito em Montejunto. É um sítio bom para isso e ele vai muito para ali”, aponta Luís, notando que com toda a notoriedade talvez possa vir a ser complicado a João poder continuar a fazê-lo sem ter atenções em si concentradas.
Hoje em dia, quando não está a treinar — em Portugal —, em estágios no estrangeiro com a equipa ou a competir, João Almeida gosta de “ir um pouco ao computador, ver séries, às vezes ir passear à praia ao final do dia ou ir até às montanhas de carro. Gosto de aproveitar a natureza e sentir-me livre”, como contou o próprio no documentário “The Road to the Top”.
No ciclismo, o gosto começou a ser pelas “descidas”, pelos “saltos”
Como ciclista, João Almeida até começou a torcer o nariz ao modelo de competição — o ciclismo de estrada — em que acabou por se notabilizar. Como contou no documentário “The Road to the Top”, disponível online, o que começou por cativar João no universo das bicicletas foi outra coisa: “Sempre gostei mais de BTT, de descidas, de saltos. Fazia muitos saltos com o meu primo, fazíamos pistas no meio do eucaliptal do meu avô”. Bem antes disso, porém, teve uma bicicleta especial, a primeira que recebeu: “Era uma bicicleta do Action Man, que ele recebeu quando era pequeno. Gostava muito do Action Man, como gostava do Homem Aranha. Por isso é que a comprámos”, lembra a mãe.
A modalidade preferida de João Almeida enquanto crescia começou por ser downhill, uma vertente do BTT — bicicleta todo-o-terreno — capaz de assustar qualquer pai: consiste num contrarrelógio em descida e em percurso acidentado percorrido a grande velocidade, exigindo-se ao ciclista que contorne “obstáculos naturais”, como “raízes de árvores, amontoados de terra, lombas, saltos e outros”.
João conheceu José Pedro Fernandes quando o jovem de A-dos-Francos teria, calcula o segundo tentando puxar pela memória, 12 anos, quase 13. Mais tarde, José, que tinha uma escola nas Caldas da Rainha — a Ecosprint-BTT das Caldas — acabou por se tornar o primeiro treinador do ciclista que nas últimas semanas surpreendeu meio mundo no Giro de Itália. “Ele queria fazer downhill“, recorda José, “mas não fazíamos com meninos daquela idade”. A opção foi começar pelo “cross”, opção todo-o-terreno mas coloquialmente considerada “um pouco menos perigosa”.
O ciclista “ganhou o bichinho do cross” e com o tempo José Pedro Fernandes foi incutindo a João Almeida o gosto pelo ciclismo de estrada. Ao começo não foi fácil: “Foi um bocadinho contrariado”, lembra o primeiro treinador. José diz que foi “insistindo” e que lhe pôs “bicicletas nas mãos”, não pedindo “gastos” aos pais na primeira fase. Juntamente com o pai do jovem ciclista, Dário, foi levando o rapaz “a corridas, a provas [do escalão] de escolas” com outros corredores da sua idade. “Depois passou para o escalão de cadetes”.
Ao Observador, José Pedro Fernandes recorda uma prova de João Almeida como corredor de BTT ainda antes da participação em provas em estrada: “Foi com uma bicicleta muito pesada e ficou em 19º, mas a atitude que teve despertou-me logo um interesse muito grande por ele. Manteve sempre um ritmo muito certo, tinha uma boa cadência e não desistiu nunca. Na outra corrida que fizemos a seguir arranjei-lhe outra bicicleta e foi da noite para o dia. Depois foi fazendo sempre pódios, no BTT e em provas de estrada”.
A história de como José Pedro Fernandes arranjou “outra bicicleta” a João Almeida depois da primeira prova de BTT tem a sua graça. Além de ter a escola EcoSprint, José tem uma loja de bicicletas nas Caldas da Rainha. “O pai não estava cá e eu não queria envolver muito os pais na situação de gastar dinheiro — não era por não poderem, era porque era muito cedo para isso. Liguei para o pai e disse-lhe: olhe, o João não vai fazer mais nenhuma prova com aquela bicicleta”. Depois, deu-lhe uma bicicleta “que tinha na loja, de carbono”.
Na prova seguinte, a EcoSprint apresentou-se com novos equipamentos e há outra história envolvendo o então jovem ciclista. “Tínhamos uma parceria com uma equipa espanhola e deram-me uns equipamentos”. Os antigos eram azuis, os novos nem por isso. “Estava habituado a vê-lo com o outro equipamento. De repente estou ali na meta a olhar, olhar e o João não vinha. E eu todo chateado: não pode ser, não pode ser! Afinal o João passou em segundo lugar — eu é que estava à procura de um miúdo com o equipamento antigo e ele estava com o novo!”.
A força que João Almeida demonstrou desde cedo levá-lo-ia inevitavelmente a sair da EcoSprint, assume o seu primeiro treinador: “Era praticamente impossível manter mais o João connosco. Tinha dois ou três miúdos e existiam equipas com sete ou oito, com outro tipo de treinos. Claro que se tivesse a idade do João também quereria dar o salto, mas fiz a minha parte na formação”.
José Pedro Fernandes só tem boas coisas a dizer sobre João Almeida, do tempo em que o treinou: “É cinco estrelas. Era um miúdo muito humilde, muito trabalhador e bom aluno na escola. Não fazia birras, eu mandava-o fazer as coisas e não fazia birra por não querer”. É então que conta uma “história muito engraçada” que atesta como era João Almeida. Numa prova de estrada, o jovem aspirante a ciclista estragou o selim. O treinador diz-lhe: “Ó João, não conseguiste acabar a prova, se calhar vamos ter de acabar com um treino: vais para casa fazer uns quilómetros de bicicleta”. E ele “não fez mais nada”: “Pegou na bicicleta e foi fazer o seu treino, sem queixas. Tem uma personalidade muito forte, foi sempre um miúdo muito trabalhador e manteve a seriedade e o caráter”.
Um novo treinador e a força da resiliência: “Às vezes até ultrapassava o que podia dar”
Depois de sair da EcoSprint-BTT das Caldas, João Almeida mudou-se para o Cartaxo e mais tarde para o Bombarralense, sempre com Célio Apolinário como treinador. João tinha ainda 14 anos quando Célio se convenceu que tinha ali um ciclista de futuro: “A primeira vez que olhei para o João com ‘forma de olhar’ foi numa prova na Venda do Pinheiro. Não andou na discussão da prova mas andou benzinho. A seguir, noutra prova com uma subida bastante dura — bastante íngreme — não vinha a discutir a corrida mas vinha a recuperar de trás para a frente e nunca baixou os braços. Isso levou-me a convidar o João para a minha equipa”.
Quando convidou João Almeida, Célio Apolinário tinha na sua equipa — Cartaxo — dois corredores a quem era apontado um futuro auspicioso no ciclismo: Daniel Viegas e Tiago Antunes. Formou-se uma equipa muito forte. “Ficou nesse ano [primeiro de cadete, com 15 anos] e no segundo [segundo de cadete, com 16 anos]. No segundo já foi campeão nacional na pista. Ganhou o campeonato nacional de contrarrelógio e de estrada e ganhou muitas provas regionais”, lembra.
João passou depois um ano no Bombarralense, novamente com Daniel Viegas e Tiago Antunes como colegas de equipa. Novamente, uma equipa forte. “O João foi sempre muito focado e ciente daquilo que queria. Nada o demove de atingir os objetivos dele. Trabalha e trabalha, enquanto outros poderiam ter chegado a este nível mas se calhar não estiveram tão focados, não foram tão profissionais quando ainda não eram profissionais”, nota Célio.
Como se traduziam esse profissionalismo e esse foco? Célio viu essa tradução de perto: “Nunca foi preciso pedir-lhe para treinar. Até treinava mais do que devia, às vezes. Lutava muito e deixava sempre tudo na estrada, era capaz de dar tudo. Quando chegava às metas agarrava-se às baias ou ia ter com os pais e agarrava-se aos pais, exausto, porque lutava com tanta vontade e queria tanto chegar longe evoluir que às vezes ele próprio ultrapassava o que podia dar”.
A vida social de um adolescente normal, no caso de João Almeida, passou a ser impossível face à dedicação ao ciclismo. “O João era aquele miúdo que sabia o que queria. Claro que fora da época desportiva gostava de ir com os colegas aqui ou ali, mas o João é muito caseiro. Foi sempre um miúdo muito caseiro, de estar em casa a jogar jogos e a ver televisão. Ainda hoje quando lhe ligo na maior parte das vezes o João está em casa”, diz o seu antigo treinador. A mãe, Ana Patrícia Gonçalves, confirma: “Quando tem tempo livre gosta de ver se encontra alguns amigos, ver umas séries, jogar no computador. É caseiro, não é assim muito de sair. Mas foi sempre assim, não é de agora”.
A ida para o estrangeiro e como chegou à Quick-Step, a “equipa de sonho”
Já conquistado o estatuto de grande promessa em Portugal, até depois de uma grande época ao serviço da Bairrada (depois das experiências no Cartaxo e no Bombarralense), João Almeida deu um passo arriscado e nem sempre habitual num jovem ciclista português: em vez de se profissionalizar internamente e depois, com resultados nos sub-23 ou séniores, tentar ir para uma equipa estrangeira, assinou logo no seu primeiro ano de sub-23 pela equipa italiana Unieuro. Tinha 18 anos.
A passagem para o estrangeiro, e nomeadamente a ida para a italiana Unieuro com 18 anos, foi um momento delicado. Célio Apolinário, que foi falando com o antigo pupilo durante a primeira experiência fora de portas, confirma isso mesmo: “O João tinha algum medo. Por um lado, não conseguiu conciliar os estudos — tinha entrado na universidade, em Lisboa, e teve de congelar a matrícula. Por outro lado meteram-no lá numa casa a viver sozinho e houve alturas em que andou um bocadinho desanimado”.
A dificuldade em adaptar-se à vida no estrangeiro é confirmada pelo próprio pai de João Almeida, no documentário “The Road to the Top”. “Ao fim de uns meses, ele quis ir-se embora. Acho que o meteram lá numa vivenda [sozinho] e aborreceu-se. Estive dois dias com ele ao telefone, ele não sabia se era aquilo que queria para a vida dele”. Ao Observador, a mãe acrescenta: “Foi ali que ele viu que a maneira de estar na vida ia mudar, porque não estava em casa dele algumas vezes, tinha de andar em viagens… Perguntámos-lhe várias vezes se era isto que ele queria. Tínhamos saudades dele e ele tinha saudades nossas. Era um miúdo, tinha a irmã pequena. Questionávamos se era o futuro, se era isso que queria. Mas ultrapassou, soube gerir isso e dedicou-se”.
O ciclista português começou a destacar-se ao serviço da Unieuro e um ano depois, em 2018, já com 19 anos, deu o salto para “uma das melhores equipas sub-23 do mundo”, a Hagens Berman-Axeon, de onde saem vários ciclistas para a primeira divisão do pelotão internacional de ciclismo. O proprietário da equipa é Axel Merckx, filho do grande ciclista belga Eddy Merckx.
O ano de 2018 correu muito bem a João Almeida e o principal triunfo, que o colocou em definitivo no radar das grandes equipas internacionais, foi a vitória na versão para “esperanças” (sub-23) da prestigiadíssima prova clássica — competição de estrada de um só dia — Liège-Bastogne-Liège. Mas não só: paralelamente a resultados de relevo em Portugal, ficou em 2º lugar na versão sub-23 do Giro d’Italia e ficou em 10º no Campeonato Europeu de Contrarrelógio em sub-23, sinalizando um futuro auspicioso e grandes resultados por chegar no patamar sénior. Só ninguém esperava que chegassem logo na primeira grande Volta em que participou.
Se o primeiro ano na Hagens Berman-Axeon, no escalão de sub-23, foi estrondoso — e permitiu a João Almeida ir começando a estagiar nos invernos com a Deceuninck–Quick-Step, pela qual acabou mais tarde por assinar contrato —, todos esperavam um 2019 em grande. Mas o último ano ao serviço da equipa do filho de Eddy Merckx foi menos memorável. “Teve muitos azares, como quedas e outros”, explica ao Observador o seu antigo treinador e amigo, Célio Apolinário, acrescentando porém que o seu antigo pupilo “consegue sempre reagir aos bons e maus momentos, não se vai abaixo quando as coisas não correm tão bem e se estiver a passar um mau momento sabe que, continuando a trabalhar, mais à frente as coisas mudarão”.
Foi o que aconteceu: além de ganhar os campeonatos nacionais de sub-23 de estrada e contrarrelógio, em 2019 João Almeida ainda terminou a Volta a Utah num impressionante quarto lugar e foi eleito o melhor jovem.
Terminado 2019, o percurso em sub-23 estava feito e João Almeida estava à porta das grandes equipas do pelotão internacional. Acabou por assinar pela Deceuninck–Quick-Step, a sua equipa de sonho há muitos anos. “Desde miudinho que a equipa de que ele falava sempre era a Quick-Step. Foi sempre o sonho dele”, explica Célio Apolinário. Porquê? “Os miúdos vão sempre pelas equipas que ganham a Quick-Step foi sempre uma equipa muito ganhadora, sobretudo em corridas de um dia, em clássicas”.
O interesse de João Almeida por uma equipa que se notabilizou muito nas provas de um dia, as chamadas “clássicas”, não é um acaso. Se em 2018 o ciclista ganhou a Liège-Bastogne-Liège em sub-23, um grande feito dada a ainda pouca idade, João perfilava-se até há não muito tempo como um ciclista que, defendendo-se na alta montanha (e nas provas que normalmente se definem na alta montanha), não era um trepador nato e era mais corredor de clássicas com subidas — tal como outro português, Rui Costa — do que propriamente um corredor com perfil para, na alta roda internacional, afirmar-se como “voltista”.
A força de vontade e a crença de João Almeida em tornar-se um corredor para lutar futuramente pela classificação geral e ser líder em grandes voltas, porém, é anterior ao resultado no Giro d’Italia de 2020 que confirma a capacidade de ir mais além.
Em agosto de 2020, em entrevista ao jornal Público, João Almeida confirmava que a ambição que tem é grande e que acreditava poder vir a tornar-se um grande “voltista”, embora talvez nem ele imaginasse acabar o Giro d’Italia no 4.º lugar da classificação geral. “Ainda sou novo e tenho de ter ambição. Quero ter as minhas oportunidades e não passar a carreira toda a trabalhar para os outros”, apontou na entrevista, assumindo: “Gostava me tornar um ‘voltista’. A par das clássicas mais duras, as provas por etapas são as de que mais gosto. E sei que, no contrarrelógio, até posso não ganhar tempo, mas também não perco […]. Ando bem na montanha, sobretudo em subidas longas e constantes, e consigo andar bem em clássicas duras. Não sou assim tão leve, pelo que o meu peso, para já, dá para tudo”.
Depois começou o resto da carreira do ciclista. O ciclista da Deceuninck foi sexto este ano no Giro, terceiro na Volta aos Emirados Árabes Unidos, sexto na Tirreno-Adriático e sétimo na Volta à Catalunha e chega a Tóquio com ambições de medalhas.
Still Dreaming!???? https://t.co/YCsjnY48u2
— João Almeida (@JooAlmeida98) October 12, 2020
Mais do que o marco de 15 dias de camisola rosa de líder vestida, mais do que os recordes de Acácio Silva e José Azevedo terem sido batidos, este é o grande feito e a grande conquista de João Almeida: começar a ser visto, antes mesmo de começar a pedalar, como um candidato a ter em conta aos primeiros lugares da classificação geral de uma grande Volta internacional. E, apesar da fantástica carreira nos últimos anos de Rui Costa, há muitos anos que Portugal não tinha um ciclista com esse perfil. E se vier de Tóquio medalhado (a única medalha olímpica portuguesa no ciclismo foi a prata de Sérgio Paulino, em Atenas 2004), a sua cotação subirá a pique. Como se vencesse no Alpe D’Huez.
Com Carolina Branco e Diogo Teixeira Pereira