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Todos estas listas são feitas com base nos dados enviados pelo Ministério da Educação (Ilustração: Ana Martingo)
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Todos estas listas são feitas com base nos dados enviados pelo Ministério da Educação (Ilustração: Ana Martingo)

Ana Martingo

Todos estas listas são feitas com base nos dados enviados pelo Ministério da Educação (Ilustração: Ana Martingo)

Ana Martingo

O que nos dizem os rankings? Em 15 gráficos, perceba como andam as secundárias de Portugal

Que escolas puxaram mais pelos alunos vulneráveis? E quantas subiram as médias? Quem estuda mais? Pais ou mães? Um olhar rápido (com curiosidades à mistura) sobre os rankings em ano de pandemia.

    Índice

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Ranking clássico: médias sobem, mas pandemia não muda padrões

O desenho segue o mesmo molde de outros anos: os melhores resultados nos exames nacionais são de colégios, é o ensino particular que ocupa a maior fatia do top 100 e as escolas no topo da tabela, públicas ou privadas, são nomes conhecidos de outros anos. A pandemia mudou muito pouco o padrão, apesar de 2020 ter sido um ano atípico: não houve provas do 9.º ano, só se fizeram 16 dos 20 exames do secundário e quem não seguiu para o ensino superior ficou dispensado de prestar provas. A própria estrutura e correção dos exames foi diferente. Com um bloco de perguntas opcionais, os alunos podiam responder a todas, só contando para nota aquelas em que conseguiram melhor resultado.

Consequência direta da pandemia: menos exames realizados, menos alunos a fazer exames, menos exames feitos por cada aluno e médias mais altas a praticamente todas as disciplinas. A essas, já lá iremos.

Ranking das escolas. Em que lugar ficou a sua?

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Comparando com o ano anterior, no ranking de 2020 os primeiros 50 lugares são ocupados por colégios, quando em 2019 eram 36.

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Algumas das escolas que aparecem no topo da tabela, logo as primeiras três, num ano normal não surgiriam nos rankings do Observador/Nova SBE, já que tem sido condição ter 80 provas realizadas para se considerar a escola. Na ordenação atual, essa exigência caiu.

Assim, a Academia de Música de Santa Cecília (média de 18,17 valores), o Colégio Arautos do Evangelho e o Colégio Efanor, com medalhas de ouro, prata e bronze em 2020, não estariam à frente do Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, que ano após ano tem ficado na dianteira. Em 2020, a escola portuense tem uma média de 17,61 valores, que contrasta com os 15,62 do ano anterior, então a mais alta do país.

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Entre as escolas públicas, acontece o mesmo fenómeno. Entre os três primeiro lugares — a Secundária de Arga e Lima, a da Quinta das Palmeiras, na Covilhã e a Miguel Torga, em Bragança — só a que recebe a medalha de prata tem provas suficientes para integrar o ranking num ano normal.

Seguem-se a Infanta D. Maria, em Coimbra, e a D. Filipa de Lencastre, em Lisboa, que no ano anterior estavam, entre as públicas, em 1.º e 6.º lugar e que são normalmente as mais bem cotadas nos seus concelhos.

Primeiros 50 lugares são para privadas, Secundária de Arga e Lima é a primeira pública no ranking do secundário

Mais notas positivas: nenhuma escola piorou as médias dos exames

Logo em agosto ficou visível qual era o principal efeito da pandemia sobre os exames: as notas da 1.ª fase melhoraram (e muito) em relação a anos anteriores. Matemática Aplicada às Ciências Sociais foi a única exceção com a média a cair 1,5 valores. Português teve a subida menos significativa (0,2) e a mais alta (3,3) sentiu-se em duas disciplinas: Geografia A e Biologia e Geologia.

O que os dados do Ministério da Educação agora mostram é que não houve uma única escola em que as médias globais dos exames tenham descido. A subida foi generalizada, tanto em escolas privadas como públicas, e na maioria das escolas (343 em 538 com dados disponíveis para os dois anos) a subida foi de 2 valores. A segunda fatia mais gorda foi para o aumento de 3 valores (121 escolas) e a terceira para o aumento de 1 único valor (57 escolas).

Para além disso, apenas duas escolas no ranking surgem com média negativa (abaixo de 9,5), quando no ano passado eram 93.

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As maiores subidas são em escolas onde, em 2019, a média global das notas dos alunos foi negativa (abaixo de 9,5 valores) ou muito próxima dos 10 valores. É o caso da EBS Miguel Torga, Bragança, que passa de 9,75 valores para 15,07. Com um aumento de 5,3 valores representa a maior subida do país e é uma das duas únicas escolas onde esse crescimento passou dos 5 valores. A outra é a EBS da Ponta do Sol que sobe de 8,34 para 13,31 valores.

Como foram feitos os rankings das escolas do Observador

As subidas de 4 valores também são residuais (12 escolas, duas delas colégios), assim como também são poucos os aumentos que ficam pelas centésimas, não chegando a sequer a 1 valor (três escolas, uma delas particular).

O padrão é igual tanto para escolas privadas como para públicas, embora na rede de ensino do Estado a fatia maior, a dos 2 valores, represente 66% do total, enquanto nos colégios fica pelos 49%.

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As privadas mantêm-se no topo e ocupam os primeiros 50 lugares

Este ano, há mais escolas privadas a ocupar o top 100: são 68 colégios (de um total de 112), quando no ano passado eram 56. No entanto, quando se olha para a fatia que esse valor absoluto representa, há uma queda  — se, no ano anterior, as privadas no top 100 representavam 71,7% do total de colégios, este ano o valor desce para os 60,7%.

Em contrapartida, os primeiros 50 lugares da tabela são todos de colégios, quando no ano anterior eram 36. Nos últimos lugares também há privadas: em 620 escolas, o 619.º lugar é para o Colégio São Filipe (foram feitos sete exames) e, neste último degrau (600.º a 620.º), há mais quatro estabelecimentos de ensino particular.

As médias subiram e as privadas melhoraram. O que aprendemos com os exames da pandemia?

Se a fatia de leão das privadas é nos primeiros cem lugares, os demais colégios espalham-se pelo ranking de forma equilibrada: nove escolas estão entre a 200.ª posição e a 299.ª, e oito colégios entre a 300.ª e a 399.ª. No final, há cinco escolas para cada um dos últimos três degraus (400-499, 500-599 e 600-620). Na rede pública, a distribuição das escolas ao longo da tabela é bastante mais homogénea, como se pode ver no gráfico.

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Concelhos: Lisboa tem 16 escolas no top 100, 3 delas públicas

A Secundária D. Filipa de Lencastre (62.º) é a escola pública mais bem posicionada em Lisboa, concelho que mais lugares ocupa no top 100. Entre os seus 16 lugares, três são para escolas públicas, somando-se àquela escola a Secundária do Restelo e o Liceu Pedro Nunes.

O primeiro lugar da tabela é também para Lisboa, para uma privada, a Academia de Música de Santa Cecília. No entanto, embora fique com o maior número de lugares do top 100, Lisboa está longe de ser o concelho que tem maior proporção de escolas no cimo do ranking. Alvaiázere, Mortágua e Vouzela têm todas as suas escolas nos primeiros 100 lugares da tabela. Ao contrário de Lisboa, onde se concentra o maior número de secundárias do país (38), nestes três concelhos há uma única escola para alunos do 10.º ano em diante.

O Porto é o segundo concelho mais representado, com 7 escolas, todas privadas. Segue-se Coimbra, com 4 escolas, duas delas públicas. A mais bem cotada é a Secundária Infanta D. Maria (59.º), a segunda é a Secundária José Falcão (92.º). Segue-se Vila Nova de Gaia (4 escolas), Braga (4), Cascais (3), Barcelos (3) e Santo Tirso (3). Neste último concelho, com apenas 3 secundárias no ranking, as que surgem no topo representam 60% do total (5).

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Foram feitos quase menos 34 mil exames

Com a pandemia, as regras dos exames mudaram: só se fizeram 16 das habituais 20 provas e não foram requisito obrigatório para concluir o secundário (apenas contaram as notas internas, atribuídas pelos professores). As provas serviram apenas como específicas para ingresso no ensino superior. O resultado foi óbvio: o número de exames realizados caiu. Em quanto? Menos 33.915 exames do que em 2019 (184.160 versus 218.075 provas).

Os dados do Ministério da Educação são omissos em relação ao número de alunos que efetuaram provas e, embora seja certo que um menor números deles foi a exame, não é possível precisar quantos.

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Num total de 620 escolas, foram feitos menos exames em quase 90% das secundárias do país (481 escolas). Apenas em 53 estabelecimentos de ensino (9,85%) o número de exames aumentou e em quatro escolas foi feito exatamente o mesmo número de provas do que no ano anterior.

A escola onde a quebra em termos percentuais é maior é de ensino particular e cooperativo. No Instituto Educativo do Juncal o número de exames realizado caiu de 119 provas para 15. A explicação prende-se com a orientação do colégio, mais vocacionado para o ensino profissional — em comparação com o ensino regular, dos cursos profissionais há sempre uma percentagem menor de estudantes que segue o seu caminho académico ingressando no ensino superior. E, em ano de pandemia, quem não seguiu para as faculdades ou politécnicos não teve de fazer exames.

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Acima da média: 154 escolas puxam mais pelos alunos desfavorecidos

É a novidade dos rankings deste ano, embora os dados remetam para 2018/2019: o chamado indicador da equidade olha para os percursos diretos de sucesso (positiva nos exames depois de fazer o secundário sem chumbos) dos alunos mais carenciados em comparação com os resultados médios dos alunos com um contexto socioeconómico e um percurso escolar semelhantes, a nível nacional. No entanto, os dados ainda são limitados, para além de não refletirem o ano da pandemia. Em 620 escolas, a taxa de equidade só foi calculada para 357 estabelecimentos de ensino, 11 deles privados.

É em Felgueiras, na Secundária de Airães (106.º no ranking dos exames), que os alunos da Ação Social Escolar conseguem ter os resultados mais acima da média, com uma taxa de equidade de 37%. Entre estes alunos, mais de metade (62%) consegue fazer percursos diretos de sucesso.

Em termos de equidade, acima dos 30% só há mais três escolas no país, a Secundária de São João da Pesqueira (34%), a da Lousã (31%) e a de Oliveira do Hospital (30%), todas elas com valores altos de percursos de sucesso entre os mais carenciados (68%, 69% e 59%, respetivamente).

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Se o melhor resultado está no Norte, o pior está no Sul. Na Secundária D. Sancho II, em Elvas, os alunos mais vulneráveis têm resultados muito abaixo da média, com o indicador a ficar em valores negativos, -24%. O valor dos percursos diretos de sucesso entre alunos ASE é muito baixo, com menos de um décimo (9%) a conseguir fazê-lo. No ranking dos exames, a escola surge em 499.º lugar.

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Com valores que variam entre os 39% e os -29%, a maioria das escolas tem um desvio negativo. No entanto, a diferença dos dois pratos da balança não é muita. Do lado positivo ficam 154 escolas, que representam cerca de 43% do total. Do lado negativo, a pesar 52%, estão as 187 que não conseguem sequer que os seus estudantes mais vulneráveis fiquem dentro dos valores médios.

As restantes escolas, 16, têm uma variação nula, ou seja, os resultados académicos dos seus alunos com apoio do Estado ficam dentro do esperado.

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Só 45 escolas, um décimo do total, têm mais de 90% de professores nos quadros

Não há uma relação direta: ter uma maior percentagem de professores no quadro não basta para uma escola subir no ranking da média dos exames dos alunos. São vários indicadores conjugados que conseguem ter esse efeito e, olhando apenas para a estabilidade do corpo docente, uma escola salta à vista: a Básica e Secundária de Melgaço encontra-se a meio da tabela (385.º lugar), apesar de ser a que tem maior percentagem de professores no quadro. Com os seus 97%, é a recordista, já que não há uma única escola pública em Portugal que possa dizer que tem 100%. Contudo, em termos de média de exames, os seus alunos obtém 12,83 valores (mais dois valores do que no ano anterior), a uma distância significativa dos 15,21 valores obtidos pelos alunos da escola pública mais bem classificada (a Secundária de Arga e Lima, em Lanheses).

Do outro lado, a EBS Escalada, em Pampilhosa da Serra, tem a percentagem mais baixa (49%), sendo também a única escola que não chega a ter metade dos docentes no quadro. No ranking dos exames, está bastante abaixo na tabela, surgindo em 520.º lugar. Mas, mais uma prova de que só a estabilidade do corpo docente não basta para tirar conclusões, é a escola que encontramos cem posições abaixo. Na última posição do ranking, aparece a Matilde Rosa Araújo, escola em Cascais, que garante lugar no quadro a 71% dos seus professores. Os seus alunos, com 32 exames realizados, obtiveram uma média de 7,62 valores.

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Com dados disponíveis para 472 estabelecimentos de ensino (todos públicos e no continente), verifica-se que só 45 escolas têm mais de 90% de professores nos quadros, ou seja, menos de um décimo do total. Relacionando a estabilidade do corpo docente com o lugar no ranking, conclui-se que apenas 9 delas (20%) têm lugar no top 100.

Na rede pública, a maioria das escolas (245 que representam cerca de 52% do total) consegue garantir lugar no quadro a entre 80 a 89% do seu corpo docente. Seguem-se as escolas que o garantem a 70 a 79% dos seus professores (140 escolas que representam cerca de 30% do total). Assim, é entre estas duas faixas que se encontra a esmagadora maioria das escolas portuguesas.

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Onde as mães estudaram menos, os pais passaram ainda menos tempo na escola

É o indicador que mais pesa no caminho escolar do estudante, mais do que a classe social ou do que os estudos do pai. O percurso académico da mãe é o maior preditor de sucesso dos alunos e, entre as escolas que têm dados disponíveis, o valor máximo que encontramos é de mães que passaram, em média, 14,99 anos nos bancos das escolas. Os dados disponibilizados pelo Ministério da Educação não permitem distinguir de que forma esses anos foram usados: se houve retenções ou qual é, afinal, o grau de escolaridade completo das mulheres. Este valor máximo, por exemplo, não é suficiente para ter completado um curso superior, mas, sendo uma média, leva a extrapolar que, naquela escola, muitas mulheres terão completado a formação académica.

As duas escolas onde as mães mais anos estudaram são as mesmas em que os pais conseguem o mesmo feito e ficam ambas em Lisboa. Na Escola Básica e Secundária D. Filipa de Lencastre as mães alcançam a média de 14,99 anos a estudar, valor que sobe até aos 15,32 quando se olha para os pais. O segundo lugar é obtido pela Escola Secundária do Restelo — as mães estudaram 14,82 anos, os pais 15,27.

Em termos de ranking global, a Filipa de Lencastre ocupa o 62.º lugar, é a melhor pública de Lisboa e a quinta melhor do país. A Secundária do Restelo está na 84.ª posição, é a segunda melhor de Lisboa e a 19.ª pública com melhores resultados nos exames.

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No topo da tabela, nas 11 escolas em que as mães passaram mais de 14 anos nas escolas, observa-se que, em todas elas, exceto na Escola Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, os pais passaram mais anos a estudar do que as mães. Outro padrão que se encontra é o pequeno número de concelhos representados: Lisboa (5), Oeiras (3), Coimbra (1), Setúbal (1) e Porto (1).

No fundo da tabela, a tendência inverte-se: onde as mães estudaram menos, os pais passaram ainda menos anos na escola. É o caso da Escola Básica e Secundária de Lousada Norte: as mães têm, em média, 6,8 anos de estudos (o valor mais baixo do país), os pais têm 6,04. Entre os homens, o valor mais baixo é de 5,77 anos e é alcançado pelos pais da Escola Básica e Secundária de Ribeira de Pena (as mães têm 7,92 anos de escola).

Em termos de ranking, as três escolas onde as mães ficam pelos 6,8 anos de estudo obtêm posições muito diferentes. Em Felgueiras, a Escola Básica e Secundária Dr. Machado de Matos fica em 88.º lugar, já a Escola Básica e Secundária de Lousada Norte fica em 119.º e, em Lousada, a Escola Básica e Secundária Dr. Mário Fonseca fica em 233.º.

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