Há o que sabemos, aquilo de que estamos convictos, as nossas suspeitas e as nossas especulações. Cabe tudo aqui, devidamente enquadrado: esta é a lista dos álbuns portugueses e internacionais que vamos ouvir em 2021 (e que estamos ansiosos por ouvir), entre os que já estão certos e aqueles que ainda se passeiam no campo das promessas.

Casper Clausen

Better Way, 9 de janeiro

Casper Clausen é o vocalista da banda Efterklang, banda dinamarquesa que tem já quase 20 anos de existência e cinco álbuns editados — o último dos quais Altid Sammen, um álbum que talvez merecesse ter colhido mais elogios. Mas Casper Clausen é também o fundador da banda Liima e o músico e cantor dinamarquês que se instalou em Lisboa, onde agora vive, que se tem maravilhado com o país e a comunidade musical portuguesa. Já se conhecem dois singles, “Used to Think” e “Ocean Wave”, e é possível suspeitar que as suas explorações serão no campeonato da boa pop eletrónica, exploratória q.b., com longos pedaços instrumentais ancorados no sintetizador e em teclados acelerados mas também com a sua boa voz, com contemplação e serenidade. Acima de tudo, será curioso perceber através das canções (todas elas escritas em Lisboa) como Casper Clausen tem mudado com a passagem por Portugal — e, podemos já dizê-lo depois de ter ouvido Altid Sammen, como tem crescido como escritor de canções e músico. O disco começará a ser apresentado ao vivo em Braga, na blackbox do espaço cultural gnration (sábado, 16 de janeiro).

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Madlib

Sound Ancestors, janeiro (sem data exata)

Desta vez ouvi-lo-emos “sozinho”; com vozes, sim, mas apenas de “samples” manipulados e porventura (será?) convidados pontuais. O disco é dele, desta não é feito em parceria com nenhum rapper. Madlib, mago da composição de batidas instrumentais de hip-hop e rap eletrónico, vai editar um disco novo em janeiro, mais um na sua longa discografia. O disco foi feito com a preciosa ajuda do produtor de música e DJ Four Tet. Se no último disco de Neneh Cherry, Broken Politics, Four Tet (Kieran Hebden) tinha assegurado toda a composição instrumental sobre a qual a cantora sueca cantava e rappava, desta vez recebeu “centenas de pedaços de música” (de “loops a experiências e ideias”) feita por Madlib em estúdio. Four Tet tratou de a “arranjar [fazer arranjos], editar, manipular e combinar”. Em centenas de pedaços isolados de música de Madlib, Four Tet descobriu um álbum do lendário produtor de hip-hop. Só podemos esperar o melhor.

Drake

Certified Lover Boy, janeiro (sem data exata)

Aquele que foi o artista mais escutado na plataforma de streaming Spotify ao longo desta década, uma das maiores estrelas pop do planeta atualmente, terá um novo disco logo no mês de janeiro. Há alguns anos que Drake a crítica andam de costas voltadas (ele também já as voltou aos Grammys) e isso notou-se na reação pouco efusiva dos críticos ao longo Scorpion, álbum que o rapper e cantor canadiano editou em 2018. Mas o sucesso junto dos ouvintes é tremendo e já sabemos por antecipação que Certified Lover Boy, que terá como um dos temas o single já lançado “Laugh Now, Cry Later”, será um sucesso retumbante e terá umas quantas grandes canções, que o mundo todo ouvirá. O que não sabemos é se será o disco que voltará a reconciliar Drake com os críticos e, já agora, com a composição de um álbum realmente bom do início ao fim, como o era Nothing Was The Same, de 2013, o pináculo qualtitativo da sua produção.

Arlo Parks

Collapsed In Sunbeams, 29 de janeiro

Chama-se Anaïs Oluwatoyin Estelle Marinho. Tem atualmente 20 anos. Nasceu, cresceu e vive em Londres mas tem ascendência francesa (a mãe nasceu em Paris), nigeriana e do Chade. E há poucos que a oiçam sem lhe prever o destino: está a passar por aqui o futuro da canção soul, neosoul, até da canção pop em geral. Pop não num sentido mais radiofónico e ligeiro do termo, mas como música popular cantada, não erudita. A cantora, que já tem dois EPs, lança o seu primeiro álbum a 29 de janeiro. Chama-se Collapsed in Sunbeams e já se conhecem cinco singles, que deixam água na boca: “Eugene”, “Black Dog”, “Hurt”, “Green Eyes” (com participação da cantora e compositora Clairo) e “Caroline”. Dificilmente não terminaremos 2021 a lembrar, elogiar e destacar o disco de Anaïs Marinho.

Weather Station

Ignorance, 5 de fevereiro

É outro dos discos com data já anunciada que mais esperamos em 2021. The Weather Station é o nome do projeto musical da cantora, compositora, letrista e guitarrista Tamara Lindeman, que tem vindo a procurar a sua identidade musical e a sua voz ao longo dos últimos anos e de vários álbuns. Sem ficar presa a uma só fórmula, já experimentou a folk mais íntima e pessoal — numa estética que tanto lembrava Joni Mitchell como a canção rural americana mais delicada (mais conseguida no disco Loyalty, de 2015) e recentemente incorporou ritmos elétricos e mais rock na sua folk, nomeadamente no álbum homónimo que editou em 2017. No dia 5 de fevereiro chegará aquele que será o seu quinto álbum de estúdio e de originais, Ignorance. Pelos dois singles já revelados, “Tried To Tell You” e “Robber”, o formato canção folk deverá ser desafiado, expandido e subvertido com astúcia: as novas canções incorporam sopros e técnicas digitais, deixam de falar de temas apenas interiores e de relações pessoais para refletir sobre relações sociais, políticas e legais e esta folk de The Weather Station deixa de ser tão tradicional para desempoeirar e se emancipar.

Slowthai

Tyron, 5 de fevereiro

No rap mais agressivo e com batidas menos clássicas (menos à anos 90), ao mesmo tempo dançante e diabólico, não tem sido habitual encontrarmos artistas muito originais. Mas em 2020 teremos um novo álbum de um que o é: Slowthai, o rapper britânico cuja batidas instrumentais estão razoavelmente sintonizadas com os ritmos atuais mas que são tudo menos simples e básicas e que dispara palavras com aquela atitude de rufia malandro (e de malandro pelas dificuldades da vida, pelos sítios por onde andou e como cresceu), que as cospe sem as embelezar mas que também já mostrou saber construir canções com apuro e sofisticação. Cunhado muitas vezes como um artista de grime-punk, pela força da sua música e pelas batidas ligadas ao sub-género britânico de hip-hop, Slowthai é sobretudo original: não é fácil encontrar-lhe referências que esteja a imitar. Depois de um primeiro álbum em 2019 intitulado Nothing Great About Britain, lançará agora o disco Tyron, que se a Covid-19 permitir ouviremos também ao vivo no verão, em Paredes de Coura. “Nhs” e “Feel Away” (esta com James Blake e Mount Kimbie, injustamente esquecida por nós na lista de melhores canções de 2020) são cartões de visita impressionantes.

Foo Fighters

Medicine At Midnight, 5 de fevereiro

O respeitinho pelas lendas da música e do rock and roll é bonito. Apesar de os Foo Fighters de Dave Grohl estarem para sempre proscritos (pelo sucesso, também?) e condenados à comparação com os Nirvana, apesar de haver na sua música um cheirinho a rock de massas que não conquista todos, vamos querer sempre ouvir o que têm de novo para mostrar. O disco novo sai a 5 de fevereiro e já se conhece uma das canções: “Shame Shame”.

Black Country, New Road

For The First Time, 5 de fevereiro

É uma das bandas que concentra em si mais expectativas de críticos e até de parte da indústria musical “alternativa”, que os vê como projeto capaz de reinventar o rock e encontrar sonoridades novas num estilo tão antigo, em que já tanto se inventou. E de facto basta ouvir “Science Fair”, um dos temas já revelados do primeiro álbum da banda que chegará a 5 de fevereiro (editado pela Ninja Tune), para perceber que há uma tensão, uma abordagem à composição e uma exploração sonora e de voz totalmente diferentes do que é habitual na música de guitarras alternativa. Há tensão, há energia e há nervo, sim, mas a fórmula de canção soa realmente nova, com ruídos novos, com sopros e free-jazz ali metidos. E o entusiasmo para os ouvir é grande.

Luca Argel

Samba de Guerrilha, fevereiro (sem data exata)

Algures em fevereiro, o poeta, músico, compositor e cantor brasileiro radicado no Porto lançará o seu próximo álbum. Sucessor de Conversa de Fila, de 2019, já tem título — Samba de Guerrilha — e promete dar continuidade aàestratégia de fazer uma revisão própria e contemporânea do samba, confrontando o mundo enquanto o faz dançar. O disco novo começará a ser apresentado ao vivo no Teatro da Trindade, em Lisboa, e no CCOP, no Porto.

Altın Gün

Yol, 26 de fevereiro

Uma das bandas mais originais e interessantes do presente não vem da América, mas sim da Europa. Os Altın Gün, formados em Amesterdão, incorporam os ritmos tradicionais turcos para o seu rock “groovado” (ou “funkizado”) e psicadélico, aparentemente com mais sintetizadores desta vez, mas quase garantidamente ainda com guitarras bem tocadas e uma capacidade de transportar os ouvintes para paisagens orientais. O terceiro álbum da banda já tem título, Yol, e data de edição, 26 de fevereiro. Também já se conhecem dois temas, o single “Ordunun Dereleri” e o tema instrumental “Bir Of Çeksem”.

Julien Baker

Little Oblivions, 26 de fevereiro

Adorada por góticos com bom gosto, apreciadores de música trágica e quase desesperada — mas que vai aos poucos começando a ganhar tons mais esperançosos, sem perder o drama que a torna única —, Julien Baker não pode ser considerada apenas uma cantora tristonha. É-o, mas é também uma escritora de canções com um dom especial, que desde o primeiro álbum, Sprained Ankle (feito sem grandes meios e sem grandes pretensões, onde cantava “gostava de poder escrever canções sobre alguma coisa que não a morte”), abala quem a ouvir. A culpa é da voz bonita e frágil mas que soa vivida, da poesia que leu e das letras que escreve, da autenticidade dos demónios que alimentam a canção e que não são mero pastiche ou estética (estilo): o alcoolismo e as drogas em que se viciou e contra os quais teve de lutar, a dificuldade inicial em conciliar a homossexualidade com a ideia que tinha da sua fé, de Deus e da sua comunidade no sul dos Estados Unidos da América, que julgava mais tradicionalista do que tolerante. A 26 de fevereiro lançará o seu terceiro álbum, Little Oblivions, depois de um projeto em trio com Lucy Dacus e Phoebe Bridgers chamado boygenius. Chegará a consagração?

Bruno Pernadas

Private Reasons, sem data exata  (apresentação em março)

O álbum estava previsto para 2020 mas acabou adiado, talvez devido à pandemia. Não que quando a pandemia já esteja resolvida quando o disco for editado — não estará nem perto disso — mas para um músico que não lançava um álbum desde 2016 poderia ser frustrante ter de esperar um ano ou mais até poder dar concertos de apresentação sem restrições. Falamos do próximo trabalho de Bruno Pernadas, mago da canção pop que funciona como esponja de diferentes ritmos e estéticas, do jazz a ritmos orientais e africanos (um pouco na senda da mistura cósmica e inclusiva da banda Stereolab). Pouco se sabe do disco, tirando o título, Private Reasons, e a data da apresentação ao vivo em Lisboa: 12 de março, na Culturgest. Sabemos, isso sim, que Bruno Pernadas é um dos criadores musicais mais originais e inventivos da música portuguesa. Em setembro de 2018, Pernadas já falava do novo disco, descrevendo-o ao Observador como um álbum “provavelmente mais soul” e com “menos instrumentistas, mais minimalista se calhar”.

https://www.facebook.com/brunopernadaspage/photos/a.1128747663922410/2174607836003049/

Pedro Mafama

Por Este Rio Abaixo, primeiro trimestre (sem data exata)

Pedro Mafama, espécie de cantor de R&B aportuguesado, canções dolentes e arrastadas com auto-tune e sabor a Alfama e à Mouraria, vai lançar o seu primeiro álbum completo de originais no primeiro trimestre do ano. A novidade foi dada pela sua editora, a Sony Music. Na promissora descrição deste álbum, Mafama apontou: “O título do meu disco de estreia baseia-se num clássico da música popular Portuguesa, o álbum de Fausto Bordalo Dias, prestando-lhe homenagem ao mesmo tempo que lhe dá uma ligeira carga de ombro para seguir o seu próprio caminho, e apontar na direção contrária de Por Este Rio Acima. O meu disco aponta para ‘baixo’ porque a minha viagem sonora ruma sobretudo para Sul, reconstruindo as pontes que ligam a nossa música à dos nossos parentes afastados Árabes, e ao legado Africano que se sente nas nossas cidades e que em tantos momentos da história já contagiou a nossa tradição musical. Ao som de vozes afadistadas em auto-tune, coros digitais, guitarras sintéticas com bombos e baixos que fazem tremer os vidros das casas antigas da Graça, Mouraria e Alfama, somos arrastados Rio Abaixo e não Acima, à medida que a cidade que conhecíamos se afunda debaixo dos nossos pés – e nós, ou nos agarramos a alguma coisa e partimos em busca dos nossos sonhos, ou nos deixamos afundar aqui com ela.”

https://www.facebook.com/pedromafama/photos/a.1856128341365994/2706170349695118/

Moullinex

Requiem For Empathy, 26 de março

Se tentássemos adivinhar, diríamos que a pandemia da Covid-19 travou os planos de Luís Clara Gomes, que muito provavelmente contava editar um novo álbum — sucessor de Hypsersex, lançado já em 2017 — em 2020. Não aconteceu, mas o novo álbum está prometido para o próximo ano e também já é possível fazer a pré-reserva de um vinil, que chegará a 26 de março. O disco terá como título Requiem For Empathy e a julgar pelos colaboradores (David Wrench, que já trabalhou com Caribou, Frank Ocean e The XX, assegurou a mistura final) e pelos temas dançantes já revelados, “Inner Child”, “Ven” (com participação da cantora Ekstra Bonus) e “Running In The Dark”, colocaríamos as fichas em como Moullinex vai voltar a mostrar que é um dos grandes agitadores, DJs e produtores de uma das melhores editoras de música de dança do mundo, a portuguesa Discotexas.

Lana Del Rey

Chermtrails Over The Country Club, sem data exata

Já tem título — Chemtrails Over The Country Club —, já tem um primeiro single desvendado (“Let Me Love You Like a Woman”), já há data para o lançamento de um segundo single (a canção-título), 11 de janeiro, e já há data para o início do período de pré-reservas do disco: precisamente essa, dia 11. O que isto significa é que o próximo álbum de Lana Del Rey, sucessor de Norman Fucking Rockwell!, não só chegará em 2021 como provavelmente chegará no primeiro trimestre do ano.

Marco Franco

Arcos, sem data exata (apresentação em abril)

Digam a alguém que um baterista com provas dadas decidiu a fazer um disco sozinho e instrumental ao piano e é provável que vejam gente a torcer o nariz. Mas depois ponham a tocar Mudra, o álbum que o português Marco Franco editou em 2017, e verão rostos anteriormente desconfiados a mudar de semblante. O álbum será apresentado ao vivo com pompa e circunstância, no grande auditório da Culturgest, em Lisboa, a 8 de abril. Ainda não há data exata de lançamento mas não surpreenderia se coincidisse ou fosse pouco anterior à do concerto.

Ryley Walker

Sem título, sem data exata

Ryley Walker é um rapaz autodepreciativo por natureza, sabemo-lo, e talvez por isso neste mês de dezembro, quando anunciou que tinha um novo disco feito e completado, disse o seguinte: “O meu novo disco está terminado. Material sólido de B+ [uma nota boa na escala americana, mas não excelente]. Como a maioria dos discos B+ que já ouvi, sem dúvida. Não se atreve a ser material digno de um A [excelente], não o quer ser”. Mas não vão na cantiga dele: o anterior Golden Sings That Have Been Sung de 2016, que antecedeu alguns discos ‘paralelos’ à discografia de Ryley Walker a solo, é um grande disco, ainda devedor (como os anteriores) das lições da canção clássica de folk-blues e folk-jazz de Van Morrison e John Martyn mas menos retilíneo e abraçando uma exploração musical mais livre das referências. Não esperamos menos deste.

Noname

Factory Baby, sem data exata

A intenção de Noname, nome artístico da rapper norte-americana Fatimah Nyeema Warner que em 2018 surpreendeu muita gente com Room 25 — um disco com batidas relaxantes mas com palavras urgentes e interventivas, com rimas engenhosas e um modo de expressar as palavras que não é comum —, tinha preparado um álbum novo para este ano de 2020. Até já tinha título e tudo, como anunciou logo no primeiro mês do ano: Factory Baby. O disco foi adiado devido à pandemia, mas de 2021 é praticamente garantido que não passará.

Carlos do Carmo

E Ainda…, sem data exata

Em outubro deste ano, a editora do fadista Carlos do Carmo, a divisão portuguesa do conglomerado Universal Music, adiantava que o fadista lançaria um álbum de originais a 27 de novembro. O disco chamar-se-ia E Ainda… — anunciava então a editora —, Carlos do Carmo, que fez 81 anos, reconhecia que “pode ser o último” da sua carreira e eram dados alguns detalhes: ouviríamos o fadista cantar poemas de Herberto Helder, José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Hélia Correia, Júlio Pomar, Vasco Graça Moura e Jorge Palma. Para a instrumentação contribuíam compositores e músicos como maestro Victorino D’Almeida, Mário Pacheco, Paulo de Carvalho e José Manuel Neto. O disco acabou por não sair este ano, mas sairá no próximo, confirmou fonte da editora ao Observador.

@ JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Travis Scott

Utopia, sem data exata

Já tem título — e título anunciado não muito recentemente, mas já no verão — e deverá chegar em 2021 o próximo álbum do rapper e cantor Travis Scott, um dos melhores e mais originais intervenientes do subgénero da música trap. Se o álbum for tão bom quanto o anterior Astroworld, de 2018, um disco que provava que o trap não tem de ser básico e simplista quer nas batidas quer nas letras, será um dos lançamentos mais relevantes do ano.

Stevie Wonder

Through the Eyes of Wonder (EP), sem data exata

O disco deverá ser um mini-álbum, um EP, mas ainda assim qualquer coleção de canções novas de Stevie Wonder por mais pequena que seja merece a maior das atenções. O título do EP foi avançado por Stevie Wonder quando revelou duas canções novas, “Can’t Put It In The Hands Of Fate” — com os rappers e cantores Cordae, Busta Rhymes, Rapsody e Chika como convidados — e “Where Is Our Love Song”, uma parceria com Gary Clark Jr. Duas cantigas promissoras, em especial a primeira, que mostram que Stevie Wonder continua aí para as curvas, ainda atento ao que de melhor vão fazendo os seus pares na música americana e na música negra.

SZA

Sem título, sem data exata

Há muito que os fãs de SZA esperam ouvir um álbum novo da cantora norte-americana de neosoul, R&B e hip-hop, que em 2017 apresentou-se com um disco de estreia portentoso, um álbum (Ctrl) cheio de melodias açucaradas, sensuais mas também emotivas, insinuantes mas também ocupando-se de dilemas anteriores e dores de crescimento (bem explanadas na canção “20 Something”). Não sabemos se em 2020 SZA teria lançado um disco se não fosse a pandemia da Covid-19, mas os sinais de que há um novo álbum que não deverá muito a sair estão todos lá: em 2020 lançou um single que entrou como manteiga pelos ouvidos de muita gente (“Hit Different”, gravado com os Neptunes, Pharell Williams e Ty Dolla $ign”)  e desvendou ainda mais uma canção, “Good Days”. Se um disco de Kendrick Lamar é muito provável, de SZA então é praticamente garantido.

Rosalía

Sem título, sem data exata

Capa da próxima edição de janeiro da revista Vogue — a edição nº 1 do mundo —, Rosalía lançou o seu último álbum em 2018 e na entrevista a esta revista dizia estar a trabalhar muitas horas por dia no seu próximo álbum, depois de algumas canções lançadas em 2020 (“Juro Que”, “Dolerme”, “TKN” com Travis Scott e uma colaboração com The Weeknd numa versão nova de “Blinding Lights”) e em 2019 (“A Palé”, “Yo x Ti, Tu x Mi”, “Millionaria”, “Dio$ No$ Libre Del Dinero”, “Aute Cuture” e “Con Altura”). A revista escreve até que “é esperado que o disco saia em 2021” e dificilmente em 2021 não teremos um álbum novo da cantora espanhola e pop star de flamenco-pop e flamengo-reggaeton.

George Harrison

Nova mistura de All Things Must Pass, sem data exata

Pode uma nova mistura de som de um disco com 50 anos ser também um dos discos mais ansiados de 2021? Só falamos por nós, mas pode. A obra-prima a solo de George Harrison foi o álbum All Things Must Pass, mas o ex-Beatle nunca ficou inteiramente satisfeito com a produção e mistura de som — dizia que tinha “demasiado eco” e que gostaria de ter ouvido as canções na sua versão mais simples, sem toda a “parede de som” criada em estúdio por Phil Spector. Em 2020, os gestores do património de Harrison revelaram uma versão da canção que dá título ao disco com uma nova mistura de som, mais próxima dos desejos do músico e autor do afamado disco. E sugeriam que isto era só o começo: “O novo single é apenas um prelúdio do que está para vir nas celebrações do álbum seminal do George de 1970. Fiquem atentos para mais celebrações do 50º aniversário de All Things Must Pass em 2021”. No próximo ano, assinalam-se também os 20 anos da morte do músico.

António Zambujo

Sem título, sem data exata

Em junho, quando deu o primeiro concerto do Teatro Aveirense depois da reabertura da sala — num momento de confinamento mais restrito, em que os espectáculos estiveram proibidos — António Zambujo adiantou ao Observador estar já a trabalhar num novo álbum que será mais de “voz e guitarra”. O Observador sabe que o disco sairá já no próximo ano, apesar do último álbum de Zambujo, Do Avesso, ter sido editado em 2018.

@ JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

J. Cole

The Fall Of, sem data exata

Já são conhecidas duas canções do disco, “The Climb Back” e “Lion King On Ice”, embora dado o percurso e decisões imprevisíveis de J. Cole não surpreendesse que as canções acabassem riscadas do seu próximo álbum — ou até que o título, já confirmado, repentinamente mudasse. Tendo lançado o seu quinto álbum de estúdio e de originais, KOD, em abril de 2018, e atendendo aos rumores de que The Fall Off poderia sair até ainda em 2020, é praticamente garantido que em 2021 o mundo ouvirá um álbum novo de um dos grandes intervenientes do hip-hop atual.

Courtney Barnett

Sem título, sem data exata

No verão passado, a australiana Courtney Barnett já falava do seu próximo álbum, dizendo que o material em que trabalhava continha canções mais folk, mais calmas, mais íntimas (na senda de “Depreston”, será?). Aquela que é uma figura maior do indie-rock dos anos recentes — pela conjugação da sua escrita e das suas letras, com histórias cómicas e revelando bom humor, com uma boa voz, o poder dos seus riffs diabólicos da guitarra elétrica, a força dos seus refrães rockeiros, os acordes e a construção precisa de canções delicadas e acústicas — não lança um álbum desde maio de 2018. Juntam-se as duas coisas e a ilação é que em 2021 teremos um disco novo de Courtney Barnett. Resta saber se mais no início ou mais no fim.

@ HUGO AMARAL/OBSERVADOR

Gisela João

AuRora?, sem data exata

Não sabemos se o título, AuRora, se mantém. Mas sabemos que a data não se manteve — o disco esteve agendado para a primavera, mas em março de 2020 a pandemia do novo coronavírus parou o país e a partir daí os planos ficaram em banho maria. E sabemos que o disco estava bastante avançado: gravado entre Lisboa e Barcelona, fora produzido por Michael League (Snarky Puppy) e incluía letras de Capicua, João Monge, Jorge Cruz, Maro e da própria Gisela João e melodias de António Zambujo, Justin Stanton, Michael League, Carlos Paredes, Maro e a própria fadista e cantora. Não sabemos se alguma coisa mudou com a pandemia, se o plano se modificou, se a própria natureza das canções e o alinhamento foram ou não alterados. Mas colocamos as fichas em como em 2021, Gisela João editará o sucessor de Nua, disco de 2016 e seu segundo álbum.

@ ESTELA SILVA/LUSA

Secção “não é certo mas quase”:

Aqui levantamos hipóteses de discos que deveremos ouvir, motivadas ou por pistas deixadas por artistas, ou por se tratarem de artistas que não editam discos há algum tempo. Falemos desde já de artistas cujo último álbum remonta a 2017, por exemplo: é quase certo que tenhamos discos novos do cantor e compositor de soul e rock Benjamin Booker, das bandas Arcade Fire e War on Drugs, do rapper e cantor brasileiro Rincon Sapiência, da cantora, compositora e produtora musical portuguesa Surma (Débora Umbelino) e da banda Ermo, da cantora neozelandesa Lorde, da estrela do hip-hop Kendrick Lamar e do rapper e cantor norte-americano Oddisee. E ainda há os casos de Rihanna, Frank Ocean, Radiohead e Beyoncé, cujos últimos álbum remontam já a 2016 (mas que tendem a demorar), ou Tim Bernardes, que editou um álbum com a sua banda O Terno em 2019 mas poderá lançar o sucessor de Recomeçar, disco a solo de 2017.

https://www.youtube.com/watch?v=KvqNWYggnVA

Secção “não é certo mas é provável”:

Há ainda vários artistas que lançaram o seu último álbum em 2018 que possivelmente também regressarão aos discos (oxalá), em especial se o calendário da Covid-19 permitir concertos de apresentação sem grandes restrições do verão em diante. É o caso, no hip-hop, de Pusha T, Saba, Vince Staples, Cardi B ou Earl Sweatshirt. Na canção mais tradicional, entre a folk e o pop-rock, temos Father John Misty, Lucy Dacus, Kurt Vile, Linda Martini e Phil Cook com boas probabilidades de nos darem música nova. No fado, as atenções estão em Carminho e numa outra fadista que não lança um disco de originais há mais tempo ainda, desde 2015: Ana Moura. E na música eletrônica e jazz, respectivamente, temos nestas condições Jlin e Ricardo Toscano, por exemplo. Também entrariam nas contas os portugueses Glockenwise e os Spiritualized mas, por motivos distintos — a banda de Jason Pierce por demorar a fazer os seus seus discos, o grupo português por ter editado o álbum mesmo na ponta final do ano — não é tão seguro que tenham álbuns novos em 2021. O “joker” pode ser o saxofonista Kamasi Washington, que lançou um disco em 2020, sucessor do anterior de 2018, mas era uma banda sonora de filme — virá aí disco novo?

@ D. R.

Secção “será?”

Aqui apontamos as agulhas a artistas e bandas cujo último álbum é de 2019 e cuja edição de álbuns no próximo ano é uma incógnita — é possível que dependa da evolução da pandemia, porque a urgência para lançar um álbum poderá não ser tanta e a espera por melhores tempos é uma hipótese. Neste campeonato estão os portugueses Sensible Soccers e Slow J, a cantora de folk e indie-rock Julia Jacklin, o prodigioso guitarrista de jazz Julian Lage, o australiano Nick Cave e os seus Bad Seeds (já anunciou que vai começar a fazer um disco novo, mas não antecipou quando sai) as cantoras de soul eléctrónica e R&B moderno Solange KnowlesJamila Woods e H.E.R., os rappers e cantores Anderson .Paak e Little Simz, o cantor e compositor português Salvador Sobral, as cantoras Billie Eilish e Weyes Blood, a poeta, rapper e diseur Kate Tempest, as bandas de indie-rock Big Thief e Black Midi e dois bardos da canção íntima, o português Luís Severo e a norte-americana Joan Shelley.

Outros “jokers” de quem esperamos discos mas que não nos surpreenderia muito se não saíssem: André Rosinha, Virtus, Keso, Greentea Peng, Dutchavelli, Rita Vian, Girl In Red, Papillon, Jay-Z, Norberto Lobo, Pa Salieu, Holly Hood, Xinobi e Amaura.

@ JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Outros discos a prestar atenção: “Drunk Tank Pink” (Shame, 15/1), “Spare Ribs” (Sleaford Mods, 15/1), “In Between” (Pedro Lucas, 15/1), “Glowing In The Dark” (Django Django, 12/2), “Californian Soil” (London Grammar, 12/2), “The Shadow I Remember” (Cloud Nothings, 26/2),