Aconteceu de tudo um pouco à Polónia no último ano mas, como reza o hino escrito por Józef Wybicki em 1797, “a Polónia não está perdida”. E é com esse espírito que teve uma série de episódios que podiam ter corrido mal mas que acabaram por passar bem que as Águias, mesmo longe dos tempos áureos dos anos 70 e 80 em que terminaram por duas vezes na terceira posição do Mundial, chegam ao Qatar com uma meta mínima definida. “Esperamos passar o Barbórka [Dia Nacional dos Mineiros] e o Dia de São Nicolau ainda lá. Ou seja, temos como objetivo passar a fase de grupos”, defendeu Czeslaw Michniewicz, selecionador polaco, no lançamento de uma competição onde, na teoria, terão a sua “final” com o México, havendo ainda um aguardado duelo com a Argentina de Lionel Messi e o jogo com a Arábia Saudita.
Perante tudo o que aconteceu, a qualificação acabou por ser uma vitória. Em primeiro lugar porque no último encontro dos grupos já com a Inglaterra qualificada, frente à Hungria, o então selecionador Paulo Sousa decidiu fazer algumas mexidas na equipa e a derrota colocou a Polónia fora dos cabeças de série para o playoff. Depois, com a saída do próprio Paulo Sousa para o Flamengo num processo muito conturbado mas que deixou um vazio técnico na seleção superado por Michniewicz, que estava à frente dos Sub-21, quando a maioria pedia um técnico estrangeiro com mais currículo. Por fim, o afastamento da Rússia das provas da UEFA devido à guerra, colocando a equipa numa “final” ganha contra a Suécia. A Liga das Nações mostrou de uma forma linear que a Polónia está atrás de Bélgica e Países Baixos mas acima do País de Gales mas o mais importante estava alcançado: repetir a presença na fase final de 2018.
Robert Lewandowski, avançado de 34 anos que trocou este verão o Bayern pelo Barcelona também pela frustração de não ter alcançado a Bola de Ouro que devia ser sua em 2020 (não foi atribuída) e em 2021 (ganhou Messi), é a grande figura da equipa naquele que deverá ser o seu segundo e último Mundial. E há mais nomes a acompanhar a estrela (e em bom momento), casos de Zielenski, Zurkowski ou Zalewski. No entanto, desde o Euro-2016, quando caiu apenas nas grandes penalidades frente a Portugal nos quartos, que a Polónia procura sem encontrar o equilíbrio coletivo que potencie uma individualidade como o avançado. E esse voltará a ser o principal desafio de uma equipa com mais qualidade do que resultados.
BI
- Ranking FIFA atual: 26.º
- Melhor ranking FIFA: 5.º (agosto de 2017)
- Alcunha: Orły (As Águias)
- Presenças em fases finais: 9
- Última participação: 2018 (fase de grupos, 3 pontos com Colômbia, Japão e Senegal)
- Melhor resultado: 3.º lugar em 1974 (Brasil, 1-0) e 1982 (França, 3-2 com derrotas nas meias com Itália, 2-0)
- Qualificação: 2.º lugar no grupo I (20 pontos em 10 jogos com Inglaterra, Albânia, Hungria, Andorra e São Marino) e vitória no playoff com Suécia (2-0)
- O que seria um bom resultado? Chegar aos quartos
Jogos em 2022
- Jogo de preparação, 24/3: Escócia (fora), 1-1 (E)
- Qualificação para Mundial, 29/3: Suécia (casa), 2-0 (V)
- Grupos da Liga das Nações, 1/6: País de Gales (casa), 2-1 (V)
- Grupos da Liga das Nações, 8/6: Bélgica (fora), 6-1 (D)
- Grupos da Liga das Nações, 11/6: Países Baixos (fora), 2-2 (E)
- Grupos da Liga das Nações, 14/6: Bélgica (casa), 1-0 (D)
- Grupos da Liga das Nações, 22/9: Países Baixos (casa), 2-0 (D)
- Grupos da Liga das Nações, 25/9: País de Gales (fora), 1-0 (V)
- Jogo de preparação, 16/11: Chile
O onze
- 3x4x3: Szczesny; Bednarek, Glik, Kiwior; Cash. Bielik, Krychowiak, Zalewski; Szymanski, Zielinski e Lewandowski
O treinador
- Czeslaw Michniewicz (polaco, 52 anos, desde janeiro de 2022)
- Outros clubes: Lech Poznan, Zaglebie Lubin, Arka Gdynia, Widzew Lodz, Jagiellonia Białystok, Polónia Varsóvia, Podbeskidzie Bielsko-Biała, Pogoń Szczecin, Bruk-Bet Termalica Nieciecza, Sub-21 da Polónia e Legia Varsóvia
O craque
- Robert Lewandowski (34 anos, avançado do Barcelona)
- Outros clubes: Delta Varsóvia, Legia Varsóvia, Znicz Pruszków, Lech Poznan, B. Dortmund e Bayern
A revelação
- Jakub Kiwior (22 anos, central da Spezia)
- Outros clubes: Zeleziarne Podbrezová e Zilina
O mais internacional e o maior goleador
- Robert Lewandowski (134 internacionalizações e 72 golos)
Os 26 convocados
- Guarda-redes (3): Wojciech Szczesny (Juventus), Lukasz Skorupski (Bolonha) e Kamil Grabara (Copenhaga)
- Defesas (9): Jan Bednarek (Aston Villa), Bartosz Bereszynski (Sampdoria), Matty Cash (Aston Villa), Kamil Glik (Benevento), Robert Gumny (Augsburgo), Artur Jedrzejczyk (Légia Varsóvia), Jakub Kiwior (Spezia), Mateusz Wieteska (Clermont Foot) e Nicola Zalewski (Roma)
- Médios (10): Krystian Bielik (Birmingham), Przemyslaw Frankowski (Lens), Kamil Grosicki (Pogoń Szczecin), Jakub Kaminski (Wolfsburg), Grzegorz Krychowiak (Al-Shabab), Michal Skóras (Lech Poznań), Damian Szymanski (AEK Atenas), Sebastian Szymanski (Feyenoord), Piotr Zielinski (Napoli) e Szymon Zurkowski (Fiorentina)
- Avançados (4): Robert Lewandowski (Barcelona), Arkadiusz Milik (Juventus), Krzysztof Piatek (Salernitana) e Karol Swiderski (Charlotte FC)
O local do estágio
- Ezdan Palace Hotel, em Doha (treinos: Al Kharaitiyat SC Training Facilities)
A antevisão
A ligação a Portugal
- Zalewski, um dos jogadores que conseguiu entrar na renovação que a equipa polaca foi fazendo ao longo do tempo, é uma “criação” de José Mourinho na Roma, estando até rotinado a fazer toda a ala esquerda como pode acontecer no Mundial. No entanto, a ligação mais direta que existe entre Polónia e Portugal é mesmo o central Pawel Dawidowicz, jogador que está atualmente no Verona mas que passou pela equipa B do Benfica durante duas temporadas (2014-2016) sempre como titular.