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Virginia Hall (1906-1982) american journalist, member of SOE (Special Operations Executive) for F section (section in France) during ww2
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Getty Images

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Pré-publicação. A incrível história de Virginia Hall, a espia mais procurada pela Gestapo

Elemento central da Resistência, a americana que estabeleceu uma rede de espiões em França, foi um enigma durante e após a II Guerra. O Observador pré-publica "Uma Mulher sem Importância".

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O seu nome, nacionalidade, ou aspeto permaneciam desconhecidos. Virginia Hall (1906 – 1982) operava na sombra, em França, onde estabeleceu uma vasta rede de espiões, organizou a chegada de armas, e libertou prisioneiros. Tanto se tornou num elemento central da Resistência como um verdadeiro enigma durante e depois da guerra. A americana na mira da Gestapo, que a classificou como “a mais perigosa das espias aliadas”, vingou num mundo de homens — muitas vezes à frente do seu tempo, tantas outras rejeitada por uma deficiência que haveria de ditar o tratamento que a História lhe concedeu.

Hall, ou a “dama que manca”, por ter perdido a perna num acidente de caça, usando uma prótese de madeira, escapou ao reconhecimento mas o seu heroísmo, determinação, e coragem chegaram mais longe que qualquer limite imposto por uma incapacidade. Em livro, Sonia Purnell resgata o trajeto de “Uma Mulher sem Importância”, a mesma cuja vida extraordinária será adaptada em Hollywood.

A socialite que começou por servir o Ministério da Guerra britânico nunca foi capturada pelo inimigo, fintado com uma série de subterfúgios femininos, da maquilhagem às providenciais perucas, e valendo-se de táticas de espionagem até hoje seguidas pela CIA. Não por acaso, Virginia Hall, a mesma que treinou células de resistência que realizaram sabotagem de guerrilha como explodir pontes e até mesmo descarrilar um trem de carga, ou que ajudou a preparar o terreno para que as forças aliadas invadissem a Normandia e a Provença, foi a civil mais condecorada depois da II Guerra Mundial.

O Observador faz a pré-publicação do capítulo “12 minutos, 12 homens“. A obra, com a chancela da Planeta, que chega às bancas no próximo dia 6 de abril.

A prisão de Périgueux, no  Sudoeste de França, era uma fortaleza gelada e sombria com masmorras fedorentas e humidade a escorrer pelas paredes. Os 12 agentes do SOE da armadilha de Villa des Bois – metade britânicos e a outra metade franceses – tinham sido deixados a apodrecer durante cerca de seis meses entre a sujidade, e o moral era baixo. Um deles, o tenente Jumeau, descreveu a experiência como “degradante e humilhante ao mais alto nível”. Tinham suportado um longo inverno sem aquecimento e só lhes eram permitidos dez minutos no exterior por dia, num espaço cuja única torneira tinha congelado, pelo que eram incapazes de se lavar. Nem Peter Churchill nem Olive nem o seu sucessor, Carte, pareciam ter realizado quaisquer progressos para a sua libertação ou sido capazes de oferecer esperança para o futuro. Os homens, conhecidos no SOE como Clan Cameron, ainda aguardavam julgamento sem qualquer data definida ou qualquer certeza de que, enquanto prisioneiros-troféu aliados não seriam entregues aos nazis nem colocados perante um esquadrão de fuzilamento. Baker Street estava cada vez mais impaciente por resgatar os seus melhores agentes – especialistas na transmissão de comunicações sem fios, armas e sabotagem – urgentemente necessários no terreno. Era vergonhoso tê-los a definhar acorrentados, parecendo para lá de qualquer capacidade de os ajudarem. Virginia nunca os tinha esquecido e pelo menos os seus ocasionais envios de alimentos davam-lhes alguma centelha de conforto. Para sua continuada frustração, porém, não tinha autoridade para fazer mais.

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Entretanto, tinha sido sorte daqueles 12 que a esposa de um antigo adjunto francês, Jean Pierre-Bloch, que fora detido com eles em Marselha, tivesse sido libertada. Gaby Bloch, uma mulher mais ou menos da mesma idade de Virginia, tinha passado grande parte do seu tempo desde janeiro a visitar o marido na prisão e a tentar reunir apoio para ele no exterior. Gaby já tinha exercido a sua pressão junto dos ministros de Vichy em vão e estava a ficar sem opções. Ela e os Camerons tinham perdido a fé nos esforços esporádicos do SOE, mas tinha ouvido dizer que Gerry Morel, que com eles havia cruzado caminho em Périgueux, conseguira escapar graças, em grande parte, a Virginia. A pedido do marido, Gaby viajou até Lyon e ao bar no Grand Nouvel Hôtel para pedir ajuda a Marie. Ao chegar, Virginia não pôde deixar de se sentir impressionada com a coragem daquela pequena francesa que agia sozinha. Ainda mais devido aos incríveis perigos que enfrentava por ser judia.

Georges Bégué tinha, também, arranjado maneira de fazer chegar uma carta a Virginia. Sendo um dos dois Camerons que enfrentavam a séria acusação de “Atentado contra a Segurança do Estado”, não podia escrever acerca da necessidade de ajuda para fugir. Preocupado com a possibilidade de a poder “colocar em perigo” caso a carta fosse descoberta, escreveu dizendo que os homens estavam bem e eram bem tratados, e que o moral era “excelente”. Pretendia, sem dúvida, que ela lesse por entre as linhas – e de facto a carta continha, quase de certeza, mensagens em código. De qualquer modo, Gaby deixou bastante clara a realidade de Périgueux: os espancamentos, a escuridão, a doença e a dieta diária composta por uma tigela de um líquido oleoso e 250 gramas de pão; como os vermes assaltavam os corpos dos doentes e dos fracos, e  como o espaço estava repleto de piolhos; e como, chegados à primavera de 1942, a força e o espírito dos Camerons caíam a pique. Gaby insistiu que Virginia era a sua última esperança.

Virginia compreendia demasiado bem a escala do problema. Uma fortaleza impenetrável de altas muralhas e portões de ferro, ninguém fugia de Périgueux. Passados todos aqueles meses a ver os outros falharem, contudo, esta súplica desesperada dava, sem dúvida, a Virginia a oportunidade para provar aquilo de que era capaz. Delineou um plano com duas abordagens possíveis e prometeu a Baker Street, que na ausência de quaisquer progressos por fim lhe deu autoridade para avançar, que “se não pudessem sair oficialmente, sairiam não oficialmente”. Parece ter existido pouca fé, em Londres, de que Virginia conseguisse sair-se melhor – e, na verdade, ainda esperavam que regressasse em breve à Grã-Bretanha – mas ela estava em segredo determinada a unir esforços com Gaby para tornar possível o seu plano.

Pouco depois, Virginia correu a Vichy para uma reunião com o almirante Leahy da embaixada americana. Mesmo agora que os Estados Unidos estavam em guerra com a Alemanha, o embaixador continuava a ter alguma influência junto da administração de Pétain. Se ele pudesse exercer pressão a favor do Clan Cameron, pensava ela, talvez tivessem uma oportunidade. Mas dada a sua desaprovação em relação aos esforços de recolha de informação aliada no seu território, não poderia revelar que se tratava de agentes secretos que enfrentavam a perspetiva de execução. E também não eram cidadãos americanos com direito à sua proteção. Assim, Virginia apelou ao seu sentido de humanidade universal. Defendeu que eram prisioneiros simbolicamente importantes e que, desde Pearl Harbor, com certeza os americanos estavam do mesmo lado que os britânicos, ao passo que os seus companheiros franceses nada tinham feito de errado. Talvez Leahy temesse a potencial cobertura negativa da imprensa no seu país, se ignorasse as suas súplicas. Talvez Virginia tivesse sido encantadora e persuasiva. Leahy concordou em ver o que podia fazer através dos canais diplomáticos dos bastidores

Ser encantadora e persuasiva para os mudar de prisão

A resposta foi mais rápida do que ela tinha esperado – mas anulava qualquer perspetiva de uma libertação rápida. Um telegrama datado de 14 de março anunciava que os Camerons seriam retirados dos horrores de Périgueux – mas seriam transportados para o campo de internamento dirigido por Vichy em Mauzac, perto de Bergerac na Dordonha. As condições no terreno eram melhores, mas o seu destino permanecia incerto. Assim, Virginia começou a planear libertá-los algures, ao longo dos 45 quilómetros que separavam as duas prisões, apenas para descobrir que, após tantos meses de maus-tratos, os Camerons estavam demasiado fracos para correr. Pior ainda, ouviu dizer que seriam acorrentados durante a viagem e que os guardas tinham ordens para disparar sobre qualquer um que tentasse libertar-se. A operação teria de esperar.

Estava escuro quando os homens chegaram, exaustos, a Mauzac. Pela manhã descobriram que o campo continha 600 prisioneiros políticos (na sua maioria apoiantes de De Gaulle) e estava rodeado por duas vedações de arame farpado, guardas armados e uma série de torres de vigia. Mas, pelo menos, era ao ar livre, e os homens viviam juntos em grandes cabanas, era-lhes permitido cozinhar utilizando a comida trazida por Gaby e pela Cruz Vermelha (algo organizado por Virginia), e até tomar banho uma vez por semana. Também podiam ver o mundo exterior através da vedação. De espírito mais animado, estabeleceram o seu parlamento e um coro para ajudar a passar o tempo, e concentraram-se em recuperar as forças.

Era claro que Mauzac garantia as melhores hipóteses possíveis para uma fuga, e Virginia e Gaby começaram a trabalhar de imediato para reunir um exército de apoiantes que pudessem aproveitar o momento antes que os homens fossem levados para outras partes. Os Camerons iniciaram, também, os seus preparativos. Consideraram escavar um túnel, mas ninguém achava ter a capacidade técnica para o fazer e, por isso, mergulharam antes na busca de uma maneira de atravessar o arame farpado. O chefe inglês atlético, Michael Trotobas, começou então a fazer exercícios de treino intensos todas as manhãs. Era adepto da prática de um estranho estilo de rastejar baixo (que se revelaria útil depois), mas à tarde o grupo dedicava-se a um jogo mais calmo de boules. Lançar as bolas em direções predeterminadas garantia-lhes a cobertura para calcular o tempo necessário a passar por entre os aquartelamentos e a vedação, detetando pontos cegos a partir das torres de vigia, localizando as zonas de solo mais cozido pelo sol, onde não deixariam rastos reveladores, e tomando nota dos horários das patrulhas.

Bégué, um faz-tudo hábil na sua vida civil, além de ser um vendedor de carros, reuniu uma lista das ferramentas necessárias. O problema consistia, agora, em  comunicarem as suas necessidades a Virginia e Gaby no exterior – e de receber aquilo de que necessitava sem ser descoberto. Virginia era demasiado conhecida para ser vista perto do campo, mas ensinou Gaby com todo o cuidado como recrutar alguns dos guardas como mensageiros. Deixando os filhos pequenos em casa, Gaby realizava agora a viagem de 112 quilómetros de ida e volta até ao campo três vezes por semana, ficando por vezes no Hotel de Mauzac, onde sabia que vários guardas prisionais do campo se reuniam no bar para beber. Muitos eram pétanistas que anteviam o seu futuro sob controlo alemão e que podiam, muito bem, entregá-la às autoridades por agir de um modo suspeito. Mas Virginia forneceu a Gaby bastante dinheiro e aconselhou-a sobre a melhor maneira de identificar potenciais apoiantes, sem se colocar em risco. Ela ia conversando no bar tão casualmente quanto possível, tal como Virginia lhe instruíra, acerca de como uma eventual vitória dos Aliados era uma certeza. Ia acrescentando, a quem quer que parecesse mesmo interessado, que havia maneiras de a acelerar, ajudando de imediato, e que poderiam receber belas recompensas em troca. A princípio, parecia que ninguém mordia o isco, mas por fim um guarda que a ouvira mostrou-se recetivo, no entanto, fora descuidado e, em breve, despedido por suspeita de traficar mensagens para os prisioneiros. Outros dois também pareciam intrigados, mas acabaram por recuar. O último guarda de quem se tornou amiga, José Sevilla, manteve-se firme, solicitando apenas, como forma de pagamento, que o levassem para Londres, para que pudesse juntar-se aos franceses livres que se reuniam em número cada vez maior em redor do general De Gaulle.

Virginia e Gaby, ansiosas, foram avisadas do atraso através de outro dos seus engenhosos meios de comunicação. Tinham começado a enviar mensagens aos homens em recipientes com a forma de tubos de aspirina levados por mais um guarda que se revelara amigável.

Sevilla revelou-se muitíssimo útil. O seu primeiro contributo foi persuadir o comandante do campo de que a Torre de Vigia Cinco – a mais próxima da cabana dos Camerons – não devia ser ocupada durante a noite. Revelando uma considerável iniciativa, Sevilla alegou que abanava com o vento, tornando a escada da plataforma insegura no escuro. Sempre que podia, transmitia também recados dos homens, mas isto revelou-se mais difícil, dado que raramente tinha acesso aos Camerons. Virginia necessitava de descobrir uma outra forma mais fiável de receber as mensagens e enviar objetos essenciais.

Pouco depois, Gaby começou a levar a Jean um fornecimento de roupas limpas, livros e, o que se revelou mais digno de nota, grandes quantidades de comida em todas as suas visitas autorizadas. Virginia dava-lhe o dinheiro para comprar uma lista de alimentos seleccionados no mercado negro, pelo que parecia que não passava de uma esposa devota que tentava alimentar o marido. Uma tal abundância foi, claro, notada e Gaby foi denunciada à polícia por várias vezes, se calhar por vizinhos ciumentos, e a sua casa alvo de buscas. Voltou a ser revistada enquanto transportava os embrulhos de alimentos para o campo. A polícia nada encontrou. No entanto, dentro de um dos frascos de doce estava escondida uma pequena lima, e numa pilha de roupas lavadas um par de alicates; livros ocos acomodavam uma pequena chave de fendas e um martelo; e as latas de sardinhas em molho de tomate de elevada qualidade tinham sido escolhidas por garantirem o melhor metal reutilizável possível. Marc Jumeau foi apenas um dos Camerons que se maravilhou com a determinação de Gaby, sabendo que a descoberta daqueles artigos na sua pessoa a conduziria com certeza à tortura e à morte. Recordava o facto de muitos amigos do sexo masculino terem recusado qualquer envolvimento devido aos riscos incalculáveis – riscos que Gaby corria sem hesitar.

Um plano todo traçado ao pormenor

A sua coragem extraordinária e o engenho de Virginia significavam que Bégué em breve tinha tudo aquilo de que necessitava para criar uma chave para a porta da caserna, utilizando pão da cantina dos detidos para tirar o molde da fechadura. A partir dali, todas as noites o coro dos Camerons cantava a viva voz as canções “mais obscenas” para abafar o ruído da lima e do martelo.

Ao mesmo tempo, Virginia atarefava-se a trabalhar nos planos para os momentos após a partida dos homens de Mauzac. Alistou Vic, o chefe da epónima rota de fuga, para procurar casas seguras e organizar a eventual passagem dos Camerons sobre os Pirenéus para Espanha. Juntos recrutaram um condutor para a fuga e prepararam documentos, cartões de racionamento e bilhetes de comboio. Mais importante, descobriram um esconderijo, não muito distante do campo, para aquelas stressantes primeiras horas e dias de liberdade, quando o perigo de captura era mais elevado. Havia inúmeros pormenores a tratar para um tão arrojado empreendimento, exigindo todas as capacidades e engenho no terreno de Virginia. De facto, esta tinha sido a principal razão por que se sentira tão desiludida ao receber as suas ordens de regresso a Londres. Não podia abandonar a sua equipa mais próxima – Germaine Guérin, doutor Rousset, e o seu novo operador de comunicações sem fios, André Courvoisier (um simpático antigo homem do exército francês) – que trabalhava as suas redes em seu nome. Uma forma de contactar todos os homens mais direta e rapidamente para finalizar os planos permanecia, mas, o problema mais difícil de resolver. As visitas de Gaby e os esforços de Sevilla não eram suficientes. Juntos, Virginia e os seus apoiantes encontraram uma solução arrojada.

Em 1944, o Departamento de Serviços Estratégicos Americanos providenciou a Virginia identificação falsa. "Marcelle Montagne" devia armar e treinar os grupos resistentes ©DR

Numa manhã soalheira, pouco depois, um jovial sacerdote francês de 70 anos, veterano do exército, que perdera as pernas durante um combate na Primeira Guerra Mundial, iniciou uma série de visitas pastorais aos Camerons. Era bom a levantar o moral dos homens e pareceu ter conseguido autorização para que eles recebessem algumas latas de tinta para arranjar um pouco a sua caserna. Certo dia, tendo eles terminado, pediu que o erguessem para subir os degraus até à caserna na cadeira de rodas, de  modo a confirmar os seus esforços em decoração de interiores. Uma vez lá dentro, o sacerdote empurrou a cadeira de rodas até meio do quarto e chamou os homens para que se reunissem à sua volta. “Tenho um pequeno presente para vocês”, sussurrou, enquanto os seus olhos dardejavam entusiasmados. “Mas primeiro coloquem uma sentinela ou duas à porta e à janela… Agora, um de vocês olhe para baixo da minha sotaina… para o local onde deveriam estar as minhas pernas.” Um deles ergueu-lhe a túnica, suscitando um arquejo de espanto coletivo. “Pelos deuses! É um piano!”, exclamou Bégué, sem dúvida calculando quem devia ter preparado tudo para que o transmissor fosse para ali levado de um modo tão engenhoso. “Sim”, respondeu o sacerdote. “Foi-me dado a entender que serão capazes de tocar excelente música com ele. Foi muito bem afinado… Escondam-no e, claro, esqueçam como chegou até aqui.”

Algumas noites depois, aproveitando a ausência de sentinelas na Torre de Vigia Cinco, Bégué passou 20 metros de cabo de antena por baixo das traves da caserna. Passado uma semana estava a transmitir a sua primeira mensagem para Baker Street, tendo relatado os nomes dos que se encontravam com ele e que dez deles tencionavam “formar um grupo de fuga e partir em busca de esconderijos seguros no campo”, sendo possível que fossem acompanhados por outros quatro. A Secção F ficou espantada por receber notícias do seu celebrado pianista a partir do interior de um campo de prisioneiros francês. Quase incrivelmente, havia agora uma linha direta para e de Mauzac. Sabendo que Virginia estava a dirigir a operação (embora não conhecessem os pormenores, não fossem estes ser intercetados), Londres respondeu com instruções sobre como os Camerons poderiam contactá-la no Grand Nouvel Hôtel mal alcançassem Lyon. Deviam apresentar-lhe a seguinte frase de código: “Venho perguntar quantos ovos devo pôr de lado para ti.” A sua resposta seria: “Guarda dez para mim, a menos que tenhas outros quatro.” No entanto, mesmo agora, o ceticismo em relação aos agentes conseguirem libertar-se de facto era já geral.

Bégué tornou-se tão hábil a transmitir a partir da caserna que foi capaz de enviar informações úteis recolhidas junto de um guarda mais tagarela. Depois de transmitidos os pormenores dos novos obuses alemães e da sua fábrica de explosivos em Bergerac, acerca dos quais o guarda tinha estado a falar, os Camerons ouviram, com prazer, os bombardeiros da RAF a passar sobre eles algumas noites depois e viram o céu brilhar vermelho enquanto as explosões agitavam o chão e “enviavam nuvens de centelhas para a noite” . Foi mais do que gratificante ouvir o mesmo guarda, no dia seguinte, debater a destruição da fábrica. Estavam a desempenhar um papel na guerra embora se encontrassem ainda por detrás do arame farpado.

Bégué enviou tantas mensagens que os sinais, em breve, começaram a atrair a atenção de uma carrinha detetora de rádio, que fora vista a passar pelo campo pelo menos uma vez. No entanto, sentia-se confiante de que a polícia jamais pensaria em olhar para o interior do campo e ficou provado que tinha razão quando soube que várias casas e quintas próximas tinham sido objeto de rusgas cuidadosas. É possível que tenha sido através do rádio que foi encontrada uma solução para um problema complicado com um dos outros prisioneiros. O velho Père Fleuret, o proprietário de uma garagem de Châteauroux e um dos primeiros locais a ser recrutado pelo SOE, ameaçara informar os guardas caso os Camerons prosseguissem de facto com os seus planos. Ninguém lhe queria fazer mal, dado que fora um bravo e leal apoiante de Bégué desde os primeiros dias, mas os seus receios de que a fuga colocasse em perigo a esposa e a filha punham em risco toda a operação. Algures durante o mês de junho – enquanto Virginia lutava para se manter no seu posto – o médico do campo chamou George Langelaan ao seu gabinete e deixou bem claro que tinha sido informado sobre um determinado evento próximo.

O médico – decerto um contacto do doutor Rousset – entregou-lhe um pequeno frasco do que dissera ser uma inofensiva poção para dormir que sugerira poder ser útil. Podia, explicou, ser posta numa cerveja sem lhe alterar o sabor. “Estava a pensar em tirar alguns dias para descansar, mas não sei quando”, acrescentou o médico com um olhar cúmplice. “Poderia ter a bondade de me informar quando achar que é uma boa altura? Sabe, há um momento em que eu preferia estar bem distante.”

Com o coração a bater veloz, ela entrou no seu gabinete preparada para o pior. Para seu horror, os seus planos tinham de facto sido descobertos: o guarda prisional tinha, por engano, colocado a mensagem no casaco do sargento da messe em vez do que pertencia ao seu contacto.

Os planos de fuga estavam agora quase completos. Mas quando experimentaram a chave na fechadura esta não rodou. Era um desastre. A fuga teria de decorrer durante a fase de lua nova, entre 8 e 15 de julho. Depois disso, as noites tornar-se-iam demasiado luminosas e a sua fuga demasiado óbvia e, por isso, estavam a ficar sem tempo. Bégué trabalhou imenso para dar nova forma à chave enquanto as “cantorias intermináveis” recomeçavam. Virginia e Gaby, ansiosas, foram avisadas do atraso através de outro dos seus engenhosos meios de comunicação. Tinham começado a enviar mensagens aos homens em recipientes com a forma de tubos de aspirina levados por mais um guarda que se revelara amigável. Agora os homens escreviam acerca do problema com a chave lançando o tubo por cima da vedação para o intermediário simpático (mais um guarda prisional). Quando após mais algumas noites a chave funcionou, puderam relatar a boa notícia da mesma maneira. Como fora preacordado, o guarda prisional passou a mensagem para o colega que sabia estar em contacto direto com Gaby, enfiando o tubo no bolso do seu casaco que estava pendurado na cantina. Mas ela não chegou a receber a mensagem e ao entrar no campo, passados dois dias, o sargento da messe anunciou que queria falar com ela.

Com o coração a bater veloz, ela entrou no seu gabinete preparada para o pior. Para seu horror, os seus planos tinham de facto sido descobertos: o guarda prisional tinha, por engano, colocado a mensagem no casaco do sargento da messe em vez do que pertencia ao seu contacto. Gaby negou qualquer conhecimento do que estava a dizer, mas pela reação do sargento da messe deve ter ficado claro que estava a mentir. Para seu grande alívio, ele mudou de súbito de tom, dizendo-lhe que também ele estaria disposto a ajudar em troca da avultada soma de 50 000 francos. Virginia, claro, garantiu-os.

O dia de uma das mais espetaculares de uma prisão

Graças ao envio de alimentos e às sessões de exercício, os homens sentiam-se mais fortes, o que também era bom. Para que a fuga funcionasse necessitariam de estar em condições quase excelentes. Primeiro teriam de correr da caserna para um ponto escuro, protegido por outro edifício, do brilhante arco de luz das torres. A partir daí teriam de correr para um ponto exato predeterminado na vedação de arame farpado (localizado durante as inúmeras sessões de boules), que não era visível a partir das torres de vigia utilizadas e que era relativamente mal iluminado. Aqui, o arame seria afastado por mesas assentes sobre um ou mais suportes, preparadas por Bégué (como parte da sua suposta redecoração da caserna) a partir de velhas tábuas de madeira. Um pedaço de tapete velho seria lançado ao chão para impedir que as suas barrigas fossem rasgadas enquanto avançavam no estilo quase plano que lhes fora ensinado por Trotobas. Ainda assim, seria um desafio enorme correr até à vedação em duas fases, depois percorrer os vários metros de vedações de arame farpado, sempre no escuro, tudo em não mais de um minuto. Todo o processo tinha sido cronometrado até à mais pequena fração de segundo para evitar as rondas regulares dos guardas; qualquer atraso poderia gerar o caos na operação. E as patrulhas poderiam, em qualquer momento, ver a porta aberta da caserna, pelo que o mais artístico entre eles pintou uma porta falsa em serapilheira, que podia ser presa em segundos depois de destrancada a porta verdadeira.

Gaby levou os filhos a visitar Jean, no Dia da Bastilha, a 14 de julho, e não conseguia parar de chorar devido aos perigos que se avizinhavam para todos. A noite seguinte – a última possível – tinha sido reservada para a fuga e o dia seguinte seria o mais longo que alguns deles alguma vez tinham conhecido. Pouco depois das quatro da tarde do dia 15, esperaram pelo último sinal de Virginia de que tudo estava pronto. De facto, uma velha passou pelo campo à hora designada, com três filhos no seu encalço.

Virginia foi a única mulher civil, na II Guerra Mundial, a receber a Distinguished Service Cross, pelo heroísmo extraordinário. Recebeu a medalha em 1945, em Washington, DC, de Wild Bill Donovan ©DR

Se tivesse sido um velho, significava que a operação teria de ser cancelada. Ao jantar daquela noite, os prisioneiros tentaram agir com normalidade enquanto um deles deitava a poção para dormir do médico na cerveja de Fleuret, que tinha sido levada de propósito por Gaby. Os  outros homens foram ficando cada vez mais nervosos enquanto comiam, apercebendo-se de que o temeroso Fleuret parecia incarateristicamente tagarela. Por norma o primeiro a ir para a cama, naquela noite não mostrava quaisquer sinais de ter sono. Ergueu-se à janela e assobiou de tempos a tempos, enquanto os outros verificavam os relógios e se perguntavam se a poção para dormir seria falsa. Por fim, dirigiu-se para a sua cama, todos os olhos fixos nele em busca de sinais de que estivesse a abrandar, mas ele desafiou as suas esperanças começando de novo a assobiar. Só quando começou a despir-se é que Fleuret caiu para o lado e começou a roncar.

Entretanto, na sala dos guardas, Sevilla pediu a um amigo que lhe trouxesse dois litros de vinho branco e, por volta da meia-noite, começou a beber com o seu chefe. Mal se instalassem e começassem a cantar, tinha sido acordado que um outro guarda amigável, de seu nome Conrad, subiria à Torre de Vigia Sete e daria o sinal de que tudo estava bem com o seu isqueiro. Na caserna trancada, os homens enfiaram panos debaixo das cobertas para dar a ilusão das suas formas parecendo ainda estar a dormir, tirando à sorte quem deveria sair primeiro e assumir as suas posições junto à janela. As horas foram passando, a Lua prateada ergueu-se, e ainda assim não havia sinal. Talvez não passasse tudo de uma armadilha, ou talvez o guarda tivesse sido descoberto. Sevilla também esperava e voltava a esperar que Conrad subisse à Torre de Vigia Sete, mas este ficara com medo e nunca o fez.

Por fim, às três horas, sem poder continuar à espera, Sevilla esgueirou-se do seu chefe inebriado e subiu à torre de vigia conseguindo, com as mãos trémulas, acender o seu cachimbo. Muitíssimo aliviado, Bégué inseriu a chave na fechadura, virou-a e abriu a porta. Esta gemeu – embora tivesse sido oleada no dia anterior  – mas, passados segundos, tinha prendido a serapilheira pintada e Trotobas apressava-se a estender a carpete sobre o arame farpado e a desenrolar uma bola de cordel que poderiam seguir.

Um puxão significava que estava tudo bem, três puxões curtos assinalavam perigo. Um a um, os homens correram até à caserna e desta para a vedação, e passaram pelo arame tão depressa quanto possível. Langelaan foi um dos últimos a lançar-se sobre a carpete, mas depois um guarda surgiu sobre ele. Trotobas estava prestes a atacá-lo pelas costas, aplicando o seu treino de assassínio silencioso que o SOE lhe dera em ação, quando o guarda sussurrou: “São os ingleses?” Trotobas respondeu: “Sim.” “Bem, não façam tanto barulho”, respondeu o guarda, antes de se afastar. Passados mais alguns segundos, Trotobas conseguira fazer passar Béguè, Jumeau, Pierre-Bloch, Garel, J. B. Hayes, Le Harivel, Langelaan, Liewer, Robert Lyon e Roche através do arame farpado, bem como Sevilla, enquanto o sargento da messe os recebia no exterior. Todo aquele exercício delicado tinha-lhes demorado 12 minutos – um minuto por homem.

Um memorando interno da Secção F, escrito a 21 de novembro de 1944, registava para a posteridade que "muitos dos nossos homens devem a sua liberdade e as suas vidas" a Virginia Hall. Porém, o mundo exterior, nunca o soube.

A alguns quilómetros de distância – bem para lá das luzes do campo – um corso de cabelo encaracolado, de  seu nome Albert Rigoulet, esperava por eles num velho camião Citroën estacionado num vale arborizado. Quando todos conseguiram sair, os homens correram através dos bosques escuros em grupos de dois ou três, saltaram para o camião e Rigoulet levou-os para longe, noite fora, sem que ninguém os tivesse visto ou ouvido. Apenas ao raiar do dia um dos prisioneiros que ficara começou a gritar que os seus colegas detidos tinham desaparecido na noite, jurando (como tinha sido instruído) de que não se apercebera de nada inusitado até então. Tinha, também, voltado a trancar a porta e deitado fora a chave, de tal modo que os guardas restantes não conseguiam compreender como teriam os Camerons fugido da sua caserna. O alarme soou de imediato, um grande número de polícias invadiu os montes, numa caça ao homem sem precedentes.

Como não ser apanhado em vários capítulos

Todo o trânsito rodoviário num raio de 160 quilómetros foi revisto, todas as estradas, pontes, caminhos de ferro, barcos fluviais e estações fechadas ou colocadas sob vigilância vinte e quatro horas. Foram postas a circular fotografias dos prisioneiros nos postos de controlo, e as habitações locais, as quintas e os campos foram passados a pente fino pela polícia. Alguns dos guardas de Mauzac foram espancados com violência e detidos por se terem revelado incapazes de impedir a fuga – quer tivessem ajudado, ou sabido, ou não – e, sob ordens alemãs, a segurança nos outros campos e prisões foi apertada. Como seria de esperar, Gaby foi detida, mas Virginia tinha-a aconselhado a criar um álibi inabalável com bastante antecedência. Foi-lhe possível indicar nomes de testemunhas que atestariam que ela estava a regressar de reuniões com oficiais em Vichy – onde tinha estado mais uma vez a suplicar pela libertação do marido – nas horas relevantes.

Gaby fora libertada, mas tanto os alemães quanto Vichy sabiam muito bem que os Aliados tinham conseguido realizar uma fuga espetacular e um importantíssimo golpe de propaganda. A fuga ganhou um estatuto lendário bem para lá de Mauzac. Era febrilmente discutida em bares e lojas e entre os passageiros apinhados nos autocarros e nos comboios. “Uma dúzia de homens foram apanhados num campo por um bombardeiro da RAF”, informavam os locais uns aos outros com um espanto considerável. Mal sabiam eles que tinham sido as prostitutas locais, os médicos e as cabeleireiras amigos de Virginia a iniciar de propósito os rumores. Ela queria que a polícia acreditasse que os homens estavam já em Inglaterra.

Na verdade, Rigoulet conduzira apenas 32 quilómetros antes de os deixar numa extensão de flexível urze selvagem coberta por uma leve névoa matinal. Eles permaneceram deitados no orvalho durante cerca de uma hora enquanto ele se livrava do camião. Depois reapareceu e conduziu-os a pé através de uma paisagem de montes ondulantes, coberta de nogueiras e castanheiros bravos, avançando sem parar até estarem fora do alcance de quaisquer veículos, no coração da floresta. Jean Pierre-Bloch recordou terem chegado, por fim, a uma “casa abandonada e delapidada com um celeiro” por volta do meio-dia e terem ficado encantados por descobrir que “com admirável organização, alguém tudo preparara para a nossa visita”. Os armários estavam repletos de biscoitos, doces, lâminas de barbear e até sabão – um toque agradável, ao estilo de Virginia, que lhes caiu muito bem.

Durante 15 dias os Camerons permaneceram ali escondidos, dormindo durante o dia e realizando apenas breves passeios em silêncio durante a noite, procurando escutar quaisquer sons não familiares e mantendo-se atentos a quaisquer movimentos na escuridão. Por fim, as conversas começaram a desvanecer-se. Os informadores de Virginia relataram que a polícia concluíra que os fugitivos já deviam ter abandonado o país. A caça ao homem foi cancelada – mas os rostos dos homens era, agora, desconfortavelmente conhecido. Ainda assim, era tempo de começarem a partir em pequenos grupos, para prosseguir a sua viagem até Lyon. Teriam de arranjar maneira de não serem detetados e de conseguirem percorrer os quilómetros que faltavam. Uns apanharam o comboio, outros viajaram de camião. Todos viajaram, como fora instruído, até ao Grand Nouvel Hôtel, onde sabiam que Virginia estaria à espera para preparar a sua passagem para Espanha. Uns levaram mais tempo do que outros a chegar a Lyon depois de várias fugas apertadas dos seus perseguidores franceses e alemães. Mesmo ao chegarem, a atmosfera era nervosa – a fuga de Mauzac ainda estava nos lábios de todos – e, por isso, ela dispersou-os para casas seguras diferentes de modo a evitar que atraíssem atenção em grupo. Dois ficaram com uma das lendárias cabeleireiras da Resistência da cidade; outros ficaram com Germaine, com certeza no seu bordel. A 11 de agosto, Vic enviou um telegrama para Londres: “Todo o Clan Cameron repito Clan Cameron transferido em segurança para Lyon repito Lyon. Primeiro grupo parte para a semana.” Pela primeira vez em muito tempo, houve bastante para celebrar em Baker Street.

E o reconhecimento que poucos conhecem

Uns Camerons levaram mais tempo do que outros a chegar a Londres, e cerca de metade deles passou algum tempo numa prisão espanhola no caminho. Mas graças ao engenho de Virginia e Gaby, e com a ajuda de Vic e vários outros, a fuga libertou Bégué, que se tornaria o futuro oficial de transmissões da Secção F. Quatro outros – Hayes, Liewer, Lyon e Trotobas – tornaram-se distintos chefes de circuito. Os feitos de Trotobas, ao regressar a França, mereceram-lhe uma recomendação para a Victoria Cross (a mais alta honra militar britânica). Embora seja espantosamente pouco conhecida, como historiador oficial do SOE, M. R. D. Foot reconheceu que a fuga da prisão de Mauzac foi “uma das mais úteis operações do género, na guerra”. Tal foi a escala e arrojo da fuga que era inevitável que, na altura, muitos tivessem alegado, e até recebido, crédito por ela em maior ou menor grau. O papel de Virginia desenrolou-se em pano de fundo e ela sentia-se reticente em exigir reconhecimento. Mas os seus tenentes próximos, como Courvoisier em Lyon e, mais tarde, os seus superiores em Londres, perceberam o quanto do êxito da operação se devia a ela. Como Virginia Hall e Madame Bloch tinham inspirado, conduzido e impelido até ao fim uma “tão arrojada operação de salvamento” mesmo “debaixo do nariz dos guardas” acabaria por se tornar uma lenda do SOE, notou o historiador E. H. Cookridge. Virginia fora o “eixo” destas atividades, decretou Foot depois de ter investigado em pormenor os eventos de Mauzac. Muitos dos maiores triunfos do SOE permaneceram “desconhecidos” para todos, explicou, “com exceção das pessoas a quem diziam respeito”. Morel também registaria, mais tarde, que “ela foi responsável por várias fugas da prisão, e em muitos casos a organização dessas fugas deveu-se a ela”.

Em reconhecimento pelo extraordinário valor de Gaby Bloch, o SOE tudo fez para a levar e aos seus filhos para a Grã-Bretanha, para que pudesse juntar-se ao marido. Ambos viriam a servir os Serviços de Segurança franceses em Londres e ela receberia, mais tarde, a Légion d’Honneur, e foi recomendada para uma Medalha do Rei por Coragem em defesa da Liberdade. Encantado pela Operação Mauzac, o SOE propôs Virginia para receber uma das mais elevadas distinções civis britânicas, apenas um grau abaixo do de Dame. De facto, é possível que ela tenha sido o único agente da Secção F no terreno a ser considerada elegível para Commander of the Most Excellent Order of the British Empire, ou CBE, enquanto continuava a atuar em território inimigo. E, como tal, a sua citação não poderia incluir pormenores oficiais e não lhe fazia justiça: “Ela dedicou-se ao nosso trabalho, sem se preocupar com a posição perigosa em que as suas atividades a colocariam se alguma vez fossem descobertas pelas autoridades de Vichy. Tem sido incansável no seu apoio constante e na sua assistência aos nossos agentes, combinando um elevado grau de capacidade organizativa com um apreço clarividente das nossas necessidades… Os seus serviços em nosso nome nunca poderiam ser elogiados o suficiente.” O pedido foi recusado.

Mais tarde, depois da libertação de França, Baker Street reconheceu, por fim, a verdadeira extensão do seu contributo para um “grande número” de fugas, mas acima de tudo Mauzac. Um memorando interno da Secção F, escrito a 21 de novembro de 1944, registava para a posteridade que “muitos dos nossos homens devem a sua liberdade e as suas vidas” a Virginia Hall. Porém, o mundo exterior, nunca o soube.

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