Propinas, quarto, refeições, passes e fotocópias. As despesas no Ensino Superior são diárias e algumas delas variam muito de cidade para cidade. Para te ajudar a fazer contas, o Observador reuniu as despesas mais importantes no Ensino Superior público.
Propinas
Se queres estudar no Ensino Superior esta é aquela despesa a que não podes escapar (no máximo, consegues uma bolsa que te ajude a pagá-la). As universidades e politécnicos dão a possibilidade de a propina anual ser paga toda de uma vez (às vezes com desconto para quem o fizer) ou em prestações (três ou mais, consoante a instituição).
O valor é fixado todos os anos no início do ano letivo pelas próprias universidades e politécnicos, mas existe um valor máximo definido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Este valor está congelado desde o ano letivo de 2015/2016 e corresponde a 1.063,47 euros.
Sendo esta uma importante fonte de financiamento das universidades, há muitas que optam pelos valores máximos ou próximo disso. São poucas as universidades com propinas abaixo dos mil euros, como a Universidade do Algarve (989,99 euros) ou a Universidade do Porto (999 euros). Nos institutos politécnicos as propinas são mais baixas e são poucos aqueles que ultrapassam os mil euros. O Instituto Politécnico de Beja (780 euros) e o Instituto Politécnico de Bragança (785 euros) são os que têm as propinas mais baixas.
Às propinas acrescem as taxas de inscrição, o seguro escolar ou outras taxas definidas pelos serviços académicos da instituição onde faças a matrícula no Ensino Superior.
Alojamento
Se estás deslocado vais ter de encontrar onde ficar. Praticamente todas as universidades e politécnicos têm residências universitárias a preços acessíveis, mas o número de camas fica muito aquém das necessidades dos estudantes. A prioridade é para alunos que tenham requerido apoio social (bolsas de estudo) e os alunos dos anos anteriores têm prioridade no acesso a um quarto se a situação económica do agregado familiar assim o justificar.
É certo que, entre 1998 e 2013, o número de camas disponíveis aumentou 48%, tendo sido registado um crescimento mais acentuado nos institutos e escolas politécnicas não integradas (88%), como refere Pedro Barrias no livro “40 Anos de Políticas de Ciência e Ensino Superior”. Ainda assim, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior verificou que, no ano letivo de 2016/2017, 42% dos estudantes do Ensino Superior estavam deslocados, mas apenas 13% destes alunos conseguiu lugar numa residência universitária.
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O valor mais baixo para o alojamento de estudantes bolseiros em residência universitária é 73,73 euros, mas muitas vezes refere-se a um quarto duplo ou triplo. Para alunos que queiram um quarto individual ou um apartamento poderão ter de pagar um pouco mais. O preço também varia com a existência ou não de casa de banho no quarto. Ao valor do alojamento pode acrescer taxa de eletricidade ou de limpeza consoante a residência e a tabela de preços em vigor. Há algumas residências que também têm preços com meia pensão (uma refeição incluída) ou pensão completa (alojamento, almoço e jantar).
Para quem não conseguiu um quarto numa residência, a opção poderá ser alugar um quarto ou casa na cidade onde vai estudar — os serviços de ação social e as associações académicas podem dar uma ajuda a localizar estes alojamentos. Há instituições que têm sites com algumas ofertas, como na Universidade de Coimbra (aqui), na Universidade da Beira Interior (aqui e aqui) ou no Instituto Politécnico do Cávado e Vale do Ave (aqui). O Instituto Politécnico de Leiria, por sua vez, tem protocolos com alojamentos e hóteis com descontos para alunos.
Há instituições do ensino superior que estabeleceram parcerias sociais que dão oportunidade aos estudantes de ficarem em casa de idosos de forma gratuita ou com um custo reduzido. O objetivo é não só o alojamento de estudantes a baixo custo, mas também promover o contacto entre as duas gerações e que o aluno possa dar assistência ao idoso.
O projeto “Gerações Solidárias” é uma parceria do Instituto Politécnico de Lisboa com a Câmara Municipal da Amadora para idosos com mais de 60 anos e estudantes entre os 18 e 35 anos, que dominem a língua portuguesa. O estudante compromete-se a pagar 50 euros para ajudar com as despesas de água luz e gás.
A Universidade de Aveiro tem um programa equivalente, o programa Proximus. De forma gratuita ou com uma mensalidade simbólica, os estudantes reduzem os encargos com o alojamento enquanto ajudam os idosos residentes na cidade de Aveiro a combater a solidão.
Alimentação
Todas as instituições do Ensino Superior têm pelo menos uma unidade alimentar em cada pólo. Estas unidades alimentares podem incluir cantinas ou refeitórios, restaurantes e bares. Algumas instituições têm ainda máquinas de venda automática.
As cantinas ou refeitórios têm refeições a preço reduzido para estudantes: regra geral 2,65€ por uma refeição completa (sopa, prato principal, pão e fruta ou sobremesa), que podem ser de peixe, carne, vegetariana ou dieta. Algumas cantinas têm preços mais baixos para quem opta só pelo prato principal. As cantinas que têm venda antecipada de senhas de refeição acabam por cobrar mais pelas senhas compradas no próprio dia. Em algumas unidades é possível comprar um pack de senhas que acaba por representar um desconto sobre o custo total das refeições.
Os preços nos bares e restaurantes são variáveis, mas os serviços de ação social tentam que os preços sejam mais baixos do que aqueles praticados fora das instituições. O Instituto Politécnico de Leiria têm ainda outra opção: protocolos com restaurantes para que os estudantes possam usufruir de descontos.
Saúde
A maioria das instituições do Ensino Superior tem gabinetes de psicologia para dar apoio aos alunos que estão a enfrentar dificuldades de adaptação, estão deprimidos, precisam de orientação profissional, ou que têm outras questões do foro psicológico. Em muitas destas instituições o acesso a estas consultas é gratuito.
Há algumas instituições que disponibilizam aos seus estudantes outros cuidados de saúde, como medicina geral e familiar, ginecologia, medicina dentária ou enfermagem. Outras têm protocolos com os centros de saúde da área para que possam receber os estudantes deslocados e que não têm aí o seu médico de família. Outras ainda têm protocolos com clínicas, óticas e farmácias para fazerem desconto aos alunos, como a Universidade de Aveiro (aqui), a Universidade do Algarve (aqui), o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa (aqui), o Instituto Politécnico do Cávado e Vale do Ave (aqui), o Instituto Politécnico de Leiria (aqui) ou o Instituto Politécnico de Tomar (aqui).