Paddy Cosgrave quase dispensa apresentações. É o fundador e presidente executivo da Web Summit, a conferência de tecnologia e empreendedorismo que decorre em Lisboa desde 2016 e cá continuará até 2028 devido a um contrato multimilionário com o Estado. Este ano, desafiámos o empresário irlandês a passar um dia a trocar mensagens com o Observador. A meio do dia, houve também tempo para uma conversa presencial em que se falou dos principais temas à volta da edição deste ano: a nova liderança da Câmara Municipal de Lisboa de Carlos Moedas, com quem só se terá reunido na última sexta-feira; as contingências sanitárias do evento, que vai ter testes massivos; a relação com a FIL, que ainda não aumentou o espaço; as querelas entre oradores; e até a falta de 5G em Portugal, que Paddy diz não ser um problema porque, em contrapartida, temos sol.
Houve apenas três regras pré-combinadas quanto à troca de mensagens. Primeiro, a conversa tinha de acontecer através do chat da app oficial da Web Summit. Além disso, podíamos enviar até cinco perguntas para garantir que Paddy teria tempo para responder a todas. Por fim, a conversa decorreria entre as nove da manhã e as seis da tarde. Já para o encontro presencial — que foi combinado para as 11 horas de 26 de outubro e durou cerca de uma hora –, não houve quaisquer restrições. Mesmo assim, houve perguntas sem resposta, como se Paddy vai ser testado para a Covid-19 durante a edição deste ano da Web Summit, sujeitando-se a ficar confinado a meio do evento.
Moedas, 5G e o dia que começa com uma corrida de 20 quilómetros
Em 2022, a Web Summit terá uma edição em Tóquio e outra no Brasil, e também haverá o Collision no Canadá e o Rise na Ásia. Como é que a Web Summit Lisboa ainda será relevante?
É a maior conferência de tecnologia do mundo. Creio que relevância tem a ver com a escala e esta tem uma escala incomparável a outros eventos.
Vai ser sempre um evento maior?
Sim, penso que sim. A não ser que… Se existir espaço e procura, não vejo nenhum problema. Não creio que haja algum problema em aumentar o espaço disponível.
Quantas pessoas empregam atualmente em Portugal?
Creio que entre 200 e 300 pessoas, para construir e manter o evento.
Estiveram a contratar pessoas para Tóquio também. Teve de fazer despedimentos devido à pandemia?
Zero. Mantivemos todas as pessoas empregadas, o que foi fora do comum. Creio que todas as pessoas na indústria de eventos, como vimos em abril, 50%, 60% e até 70%, foram despedidas. As empresas passaram a ter três e quatro dias semanais a meio-tempo, enquanto nós mantivemos todos os empregados a tempo inteiro e contratámos mais pessoas durante a pandemia, incluindo em Lisboa. Isso deveu-se ao sucesso da Web Summit online. Conseguimos construir um software capaz de gerir o evento online, quando mais nenhum evento o conseguiu fazer. Isso deu-nos uma oportunidade única. Foi um ano difícil, mas tomámos a decisão de manter toda a gente e fazer o evento online.
Ao fazer o evento online foi possível chegar a mais pessoas. Tivemos mais de 100 mil participantes que, por ser online, puderam vivenciar aquilo que fazemos. Consequentemente, creio que foi uma extensão da marca muito boa. Fez com que as pessoas quisessem vir a Lisboa e estamos a ver os benefícios disso este ano.
Quando estava aqui há três semanas vi críticas por termos aumentado o preço dos bilhetes. Aumentámos em parte por causa da procura, mas também porque temos muito menos capacidade. Aumentámos o preço para tentar diminuir a procura. Basicamente, foi isso que fizemos. Se calhar, em 2022 voltamos a reduzir o preço dos bilhetes outra vez.
Vai aumentar a equipa em Portugal?
Sim, a equipa vai ficar maior e maior. [Paddy tira o telemóvel do bolso] Deixe ver se estamos a contratar agora. Carreiras, posições abertas. Tóquio, Tóquio [enquanto desliza com o dedo], Lisboa. Estamos a contratar um “senior dev ops” em Lisboa, alguém para “cyber liability”, um responsável sénior de vendas, um produtor sénior…
São tudo novas posições? Não é de pessoas que abandonaram a equipa?
Não, são posições abertas para novos cargos. Tudo papéis sénior. Creio que foi em 2019 ao falar com jornalistas que vi que perceberam que muitas pessoas estavam a mudar-se para Lisboa. Agora, em 2021 — oh meu Deus –, tantas mais. Há muitas pessoas a mudar-se para Lisboa. Há oportunidades incríveis e desafios. Esta é uma grande cidade para recrutar. Não é só o talento que está aqui e que cresceu aqui e em Portugal, é também, cada vez mais… Isto é uma loucura. Penso que Lisboa tornou-se basicamente a cidade mais atrativa da Europa [“hottest city in Europe”].
Está a tornar-se a cidade mais atrativa da Europa, porém, não temos ainda 5G. Isso é uma limitação… [Paddy corta a pergunta]
… eu sei, eu sei. Mas têm o sol. [Risos] Quem é que precisa de 5G em outubro quando tem o sol? Conheço tantas pessoas de São Francisco, de Nova Iorque, de Seattle, de Londres, jornalistas. É uma loucura com tantas pessoas aqui. E isto em 2021, quando houve uma pandemia. Há o pessoal das cripto [moedas]. É a nova Berlim, não há dúvida quanto a isso. Presumo que o Porto também esteja bem, mas Lisboa é… Basta ver. O volume de pessoas que há aqui é… Há ainda problemas, mas problemas que não são graves. Por exemplo, os preços da habitação são loucos.
Quanto ao 5G. Não é de todo uma limitação para a Web Summit?
Não, não.
Mesmo o atraso que houve com a Anacom e as operadoras? Não tem nenhum problema quanto a isso?
Não, não. A operadora portuguesa Altice e a Cisco gerem a melhor e maior infraestrutura de wi-fi do mundo. Todos os outros eventos vêm ver isso. Há 250 pessoas envolvidas, é um case study para outros grandes eventos. Todos os engenheiros informáticos são portugueses e é um grande orgulho ser o melhor evento do mundo quanto à infraestrutura wi-fi. Seria muito mais interessante entrevistar os engenheiros informáticos que fazem isso acontecer em Portugal. Claro que há o CEO da Altice, que é uma figura. Contudo, são os nerds, três ou quatro homens e mulheres que disseram: vamos fazer isto acontecer. Não acontece noutros eventos alguém dizer: vamos resolver isto. Não sei quem são, porque encontro-me sempre com os altos responsáveis [“bigbosses”], e vocês são sempre incentivados a entrevistar esses altos responsáveis. Mas há outras pessoas. São uns poucos engenheiros informáticos portugueses que estão a fazer tudo acontecer. Quem quer que sejam, obrigado em nome de dezenas de milhares de pessoas. Em suma, o 5G não importa.
Está a fazer a Web Summit de forma presencial novamente. No ano passado, foi completamente online. Qual tem sido o maior desafio?
Penso que foi a incerteza na primeira metade do ano, quando não era claro se algum evento ia ser possível. Depois, em junho, tivemos luz verde. Penso que o Governo português e as autoridades de saúde sentiram que seria possível quando os primeiros eventos começaram a ocorrer na Europa. Tivemos muita sorte com o timing. Se fosse maio ou junho, era impossível. Creio que [o maior desafio foi] a incerteza e o timing. Só tivemos quatro meses para organizar tudo em vez de um ano. Inicialmente, quando lançámos os bilhetes e comunicámos à cidade, ao Governo e à polícia, pensávamos que ia haver 10 mil pessoas. Depois dissemos 15 mil pessoas, depois 20, 25 e, agora, estamos no limite, com todas as restrições, densidades e sistemas de caminhos com uma só direção, 40 mil pessoas é o máximo. E vamos ter muito perto de 40 mil pessoas.
Quando diz muito perto é quanto? 38 mil pessoas? 39 mil?
Sim, vamos ter pelo menos 38 mil pessoas. Pusemos a estimativa máxima em 40 mil pessoas. Por isso, será entre 38 mil e 40 mil pessoas.
Como é que as mudanças na Câmara Municipal de Lisboa (CML) já afetaram a organização deste evento?
Não houve qualquer interrupção. Conheço muito bem Carlos Moedas, estava no seu conselho de inovação quando ele estava na Comissão Europeia e vou estar com ele no final da semana [passada] pela primeira vez. Já lhe dei os parabéns. Sei que vai fazer um trabalho excelente como presidente da Câmara Municipal de Lisboa. É incrivelmente profissional, muito esperto e experiente.
Contudo, a equipa da CML ainda é a mesma? Ou houve mudanças?
Do que sei, não foram levantados nenhuns problemas. Tem sido uma transição muito suave.
Isso quer dizer que não houve mudanças nessa equipa?
Sim, não notei nenhuma… A minha equipa certamente não me comunicou quaisquer questões.
Porém, a primeira vez que vai estar com Carlos Moedas é esta semana [sexta-feira passada]. Porque é que este encontro acontece só agora?
Só assumiu o cargo na segunda-feira da semana passada [a 18 de outubro]. É uma questão de timing. Creio que a implementação do evento requer que se olhe para o trânsito, polícia e elementos que não estão relacionados com decisões de cariz político. Por isso, acho que não há assuntos para discutir.
Devemos então esperar, quanto à organização, mais ou menos o que vimos em 2019 na Web Summit?
Sim.
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Que contingências é que a Web Summit tem implementadas em caso de surtos que possam ocorrer?
Temos trabalhado de forma muito próxima com a Direção-Geral da Saúde, com as entidades de saúde, com o Governo e com a OMS (Organização Mundial da Saúde) também para ter aprovação total para o evento. Não fazemos os protocolos, acho que seria uma loucura se o fizéssemos. Seguimos todas as regras estabelecidas pelos peritos. Os detalhes disso são públicos, publicamos na nossa página oficial. Além disso, vai ser necessário ter um certificado de vacinação da União Europeia ou de um número limitado de outros países.
Os certificados de vacinas de muitos países não são reconhecidos por Portugal, nem pela União Europeia. Quem for ao evento vai precisar de ter um teste antigénio negativo. Temos um parceiro em Portugal que vai fazer testes no local, mas recomendamos aos nossos participantes que vão às farmácias disponíveis em Lisboa perto dos hotéis e, se precisarem de fazer um teste, que o façam. Temos também vários sistemas internos implementados para garantir a circulação e a fluidez, assim como staff adicional para garantir que estão a utilizar-se máscaras e as pessoas estão a cumprir o distanciamento social.
Se houver um surto, está preparado para cancelar o evento de um dia para o outro?
Sim, claro. Se recebermos a instrução de que devemos agir de certa forma, qualquer que seja, não nos vamos opor a nenhuma recomendação do Governo ou das autoridades de saúde.
Quem vai tomar essa decisão?
Construímos estas contingências mesmo à margem da Covid. Temos uma equipa dedicada à segurança do evento. Há um responsável de segurança, é uma entidade independente. Têm uma sala de controlo e a responsabilidade deles é tomar decisões no sentido de garantir a segurança a todo o momento. Se tivessem feito uma decisão em 2018 ou 2019 para mudar elementos para proteger os participantes, tínhamos de cumprir. É um protocolo que implementámos e é aquilo que qualquer grande evento faz. Vai ser o mesmo que acontece num estádio de futebol. Um estádio de futebol tem procedimentos implementados em que têm de aceitar algumas decisões para controlo de multidões.
Vão fazer algum teste à Covid-19 durante o evento? Se sim, quantos?
Vão existir centros de testagem extensos no local. Creio que não se pode saber o número exato de testes. Depende muito do número de visitantes.
E quanto a si? Vai fazer algum teste à Covid-19 durante o evento? Um por dia? Dois? Nenhum? Só se tiver sintomas? Como vai gerir isso sendo a cara do evento?
Os procedimentos que seguimos são os que nos foram impostos pelas autoridades de saúde portuguesas e também pela OMS. A OMS forneceu critérios para o evento e deram-nos a luz verde quanto a todos os procedimentos que estamos a seguir. Os protocolos que implementámos são o gold standard e esse é também o ponto de vista das autoridades portuguesas. Os procedimentos estão todos disponíveis publicamente e estamos a seguir os peritos. Sei que é muito popular nos EUA e no Reino Unido, se calhar, afirmar que se devia fazer coisas alternativas. Creio que as minhas opiniões e a minha visão sobre o que devo fazer não são importantes. O que é importante é que se siga os conselhos dos peritos porque estamos a cuidar de 40 mil pessoas. Essa é a minha visão. Isso faz sentido? Respeito, claro, a liberdade de expressão e que cada um possa expressar, a sua visão, mas, neste caso, acho que temos uma obrigação muito grande para com 40 mil pessoas.
Se a FIL não fizer as expansões necessárias e já combinadas o contrato que existe pode ser anulado? Como é que estão a correr essas conversações?
Parece-me que bem. A construção do espaço de exibição é muito rápida porque é apenas um grande barracão com muitas unidades pré-fabricadas. Por isso, o tempo para conclusão pode ser muito curto. Creio que, depois da edição de 2021, em dezembro, vamos começar a ter essa discussão.
Mas é uma discussão que ainda é preciso ter? Ainda não há garantias de que a expansão ocorra em 2022?
Tanto quanto sei, se houver algo, vamos discutir depois da Web Summit.
Se o Governo mudar, como é que isso pode afetar a Web Summit e o contrato em vigor?
Sendo totalmente honesto, a cinco ou seis dias do evento, não pensei sequer nisso. Literalmente, não consigo pensar em mais nada para a próxima semana. Depois, creio que pensarei.
No evento, tem vários oradores novos e alguns que voltam. Quanto ao Facebook, vai ter dois responsáveis de topo da empresa — Chris Cox e Nick Clegg. Eles sabiam que ia convidar a denunciante Frances Haugen?
Somos claros com todos os nossos oradores sobre eles não terem veto sobre outros oradores. Creio que é importante para um evento destes ter estas discussões. Todas as grandes empresas que são nossas parceiras sabem que esse é o nosso estilo e habituaram-se a participar sabendo que é muito provável que muitos oradores os vão criticar por inúmeros motivos.
Então, a relação com o Facebook não foi afetada com este convite?
Não, não. Facebook, Google, Amazon, Apple, Microsoft estão todas a participar. Mas vamos lembrar-nos que a Web Summit, no seu cerne, o coração da Web Summit, são as startups. É por isso que a maioria das pessoas vêm, incluindo as grandes empresas. Estamos agradecidos que as grandes empresas participem, mas não nos devemos esquecer que os participantes mais importantes são as próximas gerações, por exemplo, das Farftech — dizendo uma portuguesa — das próximas startups, que vêm de todo o lado. As empresas que não se conhecem são as empresas mais importantes da Web Summit.
Qual é a receita da Web Summit em Portugal? E quanto é que a empresa paga em impostos em Portugal?
Não sei a resposta a essas perguntas.
Nem números redondos?
Não. Não somos uma empresa cotada, como sabe. Esses números não são públicos exceto quanto aos documentos apresentados à entidade irlandesa responsável. Vi um relatório que referia que o IVA da Web Summit, só de 2019, seria de 24 milhões de euros, ou algo assim. Mas tenho de confirmar isso. Vi isso escrito algures, se calhar nalgum documento interno para o Governo que ainda não foi publicado.
Quem está a contar o número total de participantes? É a Web Summit? Há alguma entidade independente? Como é que podemos garantir que o número que dizem é real?
Creio que, em 2019, dissemos que havia 70 mil pessoas e o responsável da polícia contradisse-nos e referiu que tinha responsabilidade por 82 mil pessoas com acreditações. Nós contamos participantes, não contamos segurança, staff, voluntários e os estudantes que vão ao evento.
O número nunca é menor? Se uma entidade independente, como a polícia, contasse as pessoas com recurso a algum aparelho, o número seria maior ou menor? Parte dos vossos números são uma estimativa?
Não, contamos absolutamente todas as pessoas que se registam e realmente entram no recinto. Os números que não capturamos são quando a Microsoft vem, por exemplo, fazer uma ativação em Lisboa. Digamos que trazem 250 pessoas para dentro do recinto. Se calhar têm mais 100 ou 200 pessoas que estão em Portugal. A maioria destas pessoas voou para o país para trabalhar: para fazer ativações em hotéis ou jantares. Há um grande ecossistema à volta da Web Summit de pessoas que não participam na conferência. Não sei como é que se poderia contar essa população e a economia que geram.
É muito ativo no Twitter. Não sei se é tão ativo noutras redes sociais, como o Facebook ou o Reddit. Já alguma vez foi bloqueado?
Bloqueado? Pelo Twitter?
Pelo Twitter, Reddit, Instagram.
Não, não.
Crê que, hoje em dia, as redes sociais estão a fazer o trabalho necessário para a moderação conteúdos?
Há muitas discussões na Web Summit quanto a isso. Creio que é um dos grandes debates do nosso tempo. Há uma linha muito ténue entre a censura e a moderação e temos de ter muito cuidado, principalmente em democracias livres e abertas. Não damos poder às empresas privadas para limitar o discurso. Se não forem as empresas privadas, vai ser como aconteceu com televisões e jornais nos países nos quais há uma autoridade para os media, que toma uma posição quanto ao que é perigoso e difamatório? E, como consequência, aplicar coimas como se faz com as empresas de media? Ou existir um mecanismo para se aceder a tribunais? Há muito a discutir.
Nunca fui bloqueado em nada. Os meus pontos de vistas não são controversos. Por exemplo, neste momento, o Conselho Europeu contra a Corrupção (Greco, na sigla em inglês) de membros do parlamento, procuradores e magistrados, está na Irlanda. Se se olhar para o relatório anual do Greco, o país na Europa que falha mais é a Irlanda. As nomeações judiciais são políticas e muito questionáveis e há grandes questões quanto à corrupção em políticos de topo que nunca foram endereçadas desde a última grande crise económica. Do meu ponto de vista, como empresário irlandês, estou muito interessado em fazer avançar legislação que ataque a corrupção. Por isso, em 2018, a primeira legislação num século para atacar os crimes de colarinho branco e corrupção política foi apresentada e fiz uma forte campanha para que essas leis existissem. E, pela primeira, um político de topo — como o primeiro-ministro e o vice-primeiro ministro — está sob investigação por corrupção na Irlanda. Isto devido à investigação que desbloqueei. Nunca tinha acontecido no país. O primeiro-ministro apresentou a legislação e, dois anos depois, a polícia começou a investigá-lo. Foi o primeiro político de topo. Estas são coisas necessárias se se quiser uma sociedade livre e justa, se se quiser competição justa. Temos de crescer. Estou muito interessado em criar uma meritocracia, ou assim. Só faço tweets sobre políticas irlandesas, é o meu limite.