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Já ninguém estranha quando passa por eles em Lisboa. Durante, pelo menos, quatro dias em novembro, são denunciados pelo pedaço de plástico que trazem ao peito. Este ano serão cerca de 70 mil. São empreendedores, investidores ou simplesmente participantes da Web Summit, uma das maiores cimeiras de tecnologia do mundo. Há oito anos que é assim. Este ano, o evento volta a acontecer no Parque das Nações, mas arranca uma semana mais tarde que o costume. Não foi só isso, porém, que mudou.
O espaço pode ser o mesmo, mas a Web Summit está diferente, a começar na liderança. A edição marca a estreia da nova CEO, Katherine Maher. Após a polémica com as declarações sobre o conflito entre Israel e o Hamas, Paddy Cosgrave, o rosto do evento desde sempre, apresentou a demissão. A ex-CEO da Wikimedia Foundation foi a escolhida para substituir o irlandês.
Há mais alterações além da liderança. As últimas semanas ficam marcadas por um entra e sai constante na lista de oradores, fruto da polémica das declarações sobre Israel, anúncios de speakers de última hora e a desistência de empresas. Entre novas caras e alguns rostos familiares entre os oradores, aqui fica um guia de informação útil para se orientar na cimeira dos unicórnios e startups.
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Onde e quando?
Ao contrário das edições anteriores, que habitualmente coincidem com o feriado de 1 de novembro, a Web Summit realiza-se mais tarde em 2023. A cimeira arrancará na segunda-feira, 13 de novembro, ao final do dia, e prolongar-se-á até quinta, 16 de novembro. Não há mexidas no local: o evento vai ocupar a Altice Arena, onde fica localizado o palco central, e prolonga-se até aos pavilhões da Feira Internacional de Lisboa (FIL). Haverá cinco pavilhões para explorar.
Com a controvérsia à volta do evento, mudou alguma coisa?
Sim, a principal mudança é que, em oito anos em Lisboa, esta será a primeira edição sem Paddy Cosgrave ao leme da Web Summit. As declarações de Cosgrave, fundador do evento e principal acionista da empresa que controla a cimeira, deram origem a um boicote que culminou na demissão do empresário irlandês do cargo de CEO. Katherine Maher, ex-CEO da Wikimedia Foundation, foi anunciada apenas duas semanas antes do evento.
Israel fora da Web Summit devido a “declarações ultrajantes” de Paddy Cosgrave sobre o conflito
Substituir Cosgrave implica ser a mestre de cerimónias. Maher já subiu ao palco principal da Web Summit em 2019, quando ainda liderava a Wikipédia, mas agora vai ter a responsabilidade de dar as boas-vindas aos milhares de participantes. Já se sabe que, na cerimónia de abertura, vai contar com a companhia de Jimmy Wales, o criador da Wikipédia, também uma confirmação recente.
Nas várias mudanças que já houve na lista de presenças na cerimónia de abertura, a versão mais recente menciona António Costa Silva, o ministro da Economia, Vasco Pedro, da Unbabel, e Cristina Fonseca, partner da Indico Capital.
Algo que é dado como certo há já algumas semanas é o afastamento de Israel da cimeira. Desde o mês passado que se sabe que o país, conhecido pela relevância no mundo das startups e tecnologia, anunciou que não ia participar devido às “declarações ultrajantes” de Cosgrave sobre o conflito no Médio Oriente, e sem algumas gigantes da tecnologia. Depois de Israel, seguiram-se as desistências de empresas como a Google, Meta, Siemens, IBM ou a Intel, que deixam, consequentemente, de ter stands na área de exposição.
O boicote ao evento justifica as constantes alterações à lista de oradores e à agenda de sessões. Já desistiram nomes como Gillian Anderson, LL Cool J, Joseph Gordon-Levitt ou Jay Graber, a CEO da rede social Bluesky, que quer rivalizar com o antigo Twitter. Por isso, a organização está a acrescentar gradualmente novos nomes à lista de oradores do evento e a mudar horários ou temas de sessões. Um nome recentemente acrescentado é Brittany Kaiser, que ficou associada ao caso Cambridge Analytica.
O que é que é preciso preparar antes?
Sendo um evento de tecnologia, a aplicação para smartphone é um requisito obrigatório. Está disponível para Android e iOS e convém instalá-la previamente. Além de permitir a comunicação com outros participantes no evento, é através da aplicação que pode aceder-se ao bilhete e ver a agenda completa.
Quando instalar a app, vai-lhe ser pedido o código de acesso, uma combinação curta de letras e números, que se recebe previamente no email. Quando introduzir o código na aplicação, é pedido que preencha mais algumas informações para criar um perfil (profissão, setor de atividade, etc). Também é preciso escolher tópicos de interesse (para receber sugestões de participantes ou sessões para acompanhar) e pode ou não incluir uma fotografia. Atenção que vai precisar de ter a aplicação instalada para poder receber a credencial e a pulseira, dois elementos de uso obrigatório durante todo o evento.
Além do acesso, é na aplicação que se pode estabelecer conexões e falar com outros participantes – tanto que, em alguns casos, há quem instale a app algumas semanas antes da cimeira. Também pode personalizar a sua agenda e receber notificações sempre que estiver a começar alguma sessão que lhe interesse ou até espreitar que empresas estão a contratar.
Como chegar?
Há várias formas de chegar ao Parque das Nações, seja de autocarro, metro, comboio ou através de plataformas de transporte. Também pode tentar ir de carro mas lembre-se de que há restrições de trânsito e terá ainda de enfrentar a dificuldade de encontrar um lugar para estacionar.
Nos dias do evento, a circulação no Parque das Nações e artérias nas proximidades vai estar fortemente condicionada, explicou o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP. Vai estar encerrada a circulação em toda a Alameda dos Oceanos (condicionada a veículos de emergência no sentido norte/sul entre a rotunda dos Vice-Reis e a Rua Mar da China) e na Avenida do Índico, entre a Alameda dos Oceanos e a Avenida Dom João II.
A Rua do Bojador estará encerrada à circulação no troço entre a Rotunda do Bojador e a Alameda dos Oceanos, de 13 a 16 de novembro, e a Avenida da Boa Esperança estará condicionada à circulação entre a rotunda dos Vice-Reis e o Hotel Myriad, ficando apenas circulável para viaturas autorizadas, disse a PSP.
Com este cenário, é aconselhável que privilegie os transportes públicos. Há várias formas de chegar à Estação do Oriente, que fica a poucos metros do recinto da Web Summit: de metro (linha Vermelha), de comboio (CP) ou de autocarro – 728 – Restelo-Portela (trajeto e paragens alterados provisoriamente); 744 – Restauradores-Moscavide ou 782 – Cais Sodré-Moscavide.
Caso não tenha passe, há opções criadas especificamente para a Web Summit. Até 10 de novembro (inclusive), está disponível online um passe de transporte Web Summit (WSTP), que permite viajar entre Lisboa, Sintra e Cascais. O passe de um dia custa 9,5 euros (apenas disponível online), para três dias 19 euros e o de 5 dias custará 26 euros. Nas três modalidades o preço inclui já o cartão Navegante ocasional. Atenção que estes passes só são válidos até 17 de novembro e apenas para participantes da cimeira.
A compra online dá acesso a um voucher de 16 dígitos (não reembolsável), que precisa de ser obrigatoriamente usado nas máquinas de venda de títulos de transporte – portanto, é expectável que ainda tenha de enfrentar algumas filas.
Se optar pelo Metro de Lisboa, já não é necessário estar na fila para comprar um título de transporte. Desde que tenha um cartão de débito com opção contactless, basta aproximar o cartão do validador nas estações do metro. Com esta opção, em que não é preciso ter um cartão de transporte, cada viagem custa 1,65 euros (válido para toda a rede).
Se quiser ir de Uber ou Bolt, atenção às tarifas dinâmicas. Haverá um ponto de recolha específico, a Rua do Caribe.
Onde posso ir buscar a minha credencial?
Juntamente com a pulseira, a credencial colorida (que tem nome, o QR code que pode ser digitalizado para troca de contactos e a indicação da empresa) é necessária para entrar no evento. Caso queira evitar filas, pode fazê-lo antecipadamente, a partir de 11 de novembro, no aeroporto ou no Pavilhão de Portugal (lembra-se de que é necessária a app com o bilhete e um documento de identificação).
Caso queira recolher a credencial e a pulseira no aeroporto, pode fazê-lo nos seguintes horários, com a ressalva de que estão sujeitos a alterações:
Sábado, 11 de novembro, das 9h30 às 23 horas;
Domingo e segunda-feira (12 e 13 de novembro), das 7h30 às 23 horas;
Terça-feira, 14 de novembro, das 7h30 às 15 horas.
No Pavilhão de Portugal, os horários são estes:
Sábado e domingo, do meio-dia às 18 horas;
Segunda, do meio-dia às 20 horas;
De terça a quinta-feira, das 8h30 às 17 horas.
Se quiser fazer a troca durante o evento, lembre-se de que há filas específicas para cada tipo de participantes. Outra nota: a acreditação tem de ser usada também durante a Night Summit. Caso perca algum dos elementos necessários para entrar no evento, o site da Web Summit fala numa taxa de 100 euros para substituição da credencial ou pulseira. “Se ambos os artigos forem perdidos, terá de comprar um bilhete ao atual preço de 1.295 euros”, é possível ler.
Como entrar no evento? Há objetos proibidos?
Os registos são feitos em dois pontos de entrada diferentes e, aí, existem filas específicas sinalizadas para os vários tipos de bilhetes: participantes gerais, “women in tech” (mulheres na tecnologia), estudantes, parceiros, investidores e executivos, comunicação social, Alpha (startups em fase de pré-investimento ou com menos de um milhão de dólares em financiamento), Beta (startups lançadas “com sucesso e, geralmente, “ex-alunas da Web Summit”) e Growth (startups a expandir globalmente, que muitas vezes já levantaram mais de três milhões em rondas de investimento).
Uma vez feito o registo pode avançar para a zona de entrada (junto à Altice Arena), onde terá de passar por uma verificação de segurança, um passo obrigatório.
Tenha atenção: na cerimónia de abertura não são permitidas malas maiores do que uma mochila. Por isso, para todos os participantes, a Web Summit disponibiliza bengaleiros gratuitos onde poderá deixar a sua mala ou outros pertences. Em caso de chuva, também não são permitidos chapéus de chuva grandes, apenas os mais pequenos.
O legado de Paddy Cosgrave na Web Summit e os desafios que deixa ao próximo CEO
O que devo saber sobre a organização do espaço?
O palco principal, onde costumam decorrer as sessões principais, fica no Altice Arena. Se quiser assistir à cerimónia de abertura, na segunda-feira à tarde, convém chegar cedo, já que há lugares limitados. O arranque da cerimónia está marcado para as 16 horas.
Do Altice Arena pode seguir para a FIL, onde os cinco pavilhões estarão ocupados com palcos e áreas de exposição. Entre cada pavilhão, existem áreas de restauração e lounges (no pavilhão 1 fica o lounge para developers, no 2 o de investidores, no pavilhão 3 o lounge de Women in tech).
Um ponto a reter: este ano os palcos não têm nomes — vão estar numerados, de 3 a 15. Há um mapa na aplicação, para que possa orientar-se.
E na hora do almoço? Posso levar comida?
Sim, pode levar a típica marmita, mas também há várias opções de comida disponíveis para compra, num estilo de mercado de alimentação e com mesas disponíveis. O site do evento explica que existe “um foco especial na gastronomia portuguesa”, sendo apresentados pratos tradicionais e produtos regionais. Porém, poderá escolher entre menus variados que, segundo a organização, vão de “petiscos tailandeses” a pratos argentinos. A Web Summit diz que disponibiliza “opções veganas, vegetarianas e sem glúten”.
Haverá ainda uma Wine Summit no recinto, disponível até às 19 horas de dia 14 e 15 e até às 17h no último dia de evento.
Para reduzir o uso de plástico, os participantes são encorajados a levar as suas próprias garrafas de água reutilizáveis, que podem encher nos vários pontos de água disponibilizados. Lembre-se de que as garrafas precisam de estar vazias na altura do controlo de segurança.
É preciso levantar dinheiro?
Não. Tal como aconteceu no ano passado, esta edição vai ser cashless – ou seja, tudo deverá ser pago com cartão. A organização explica que, com cartão, espera reduzir filas na área de restauração.
Costuma haver eventos paralelos. E este ano?
A Web Summit não se limita àquilo que acontece nos pavilhões da FIL e no Altice Arena. Como em edições anteriores, existe a Night Summit, que acontece após o encerramento das atividades no Parque das Nações.
Depois da cerimónia de abertura, a Night Summit de 13 de novembro decorre no Hub Criativo do Beato. No site do evento, o Beato é descrito como “comparado com frequência ao East End de Londres ou ao Meatpacking District de Nova Iorque”. Na terça-feira, a 14 de novembro, a Night Summit muda-se para o Pátio da Galé e na quarta a festa é no Pavilhão Carlos Lopes, perto do Marquês de Pombal.
Como organizar a agenda?
A forma mais fácil é através da aplicação. Quando descarrega a app, é pedido que escolha interesses para que depois consiga receber recomendações de sessões. Pode fazer a agenda personalizada ao longo dos dias. De qualquer forma, há alguns eventos que costumam ser sempre os mais concorridos: a cerimónia de abertura e a de encerramento.
Antes da cerimónia de fecho da Web Summit, haverá uma sessão com Chelsea Manning, ex-analista de segurança que cedeu documentos dos EUA à WikiLeaks. O encerramento está, por agora, a cargo do ministro da Economia, António Costa Silva, que este ano vai substituir Marcelo Rebelo de Sousa, o habitual interveniente nas despedidas.
O Presidente da República vai estar numa visita de Estado à Guiné na quinta-feira, não podendo por isso comparecer na cerimónia de fecho. No entanto, já disse que vai estar presente, não se sabe ainda em que dia — prometeu apenas aparecer “de surpresa”.
Marcelo: “Ironicamente”, polémica com Paddy Cosgrave foi “a melhor publicidade” para a Web Summit
Pelo palco principal da Web Summit vão passar nomes como Stella Assange, advogada e ativista casada com Julian Assange, Jimmy Wales, o fundador da Wikipédia, ou Kuo Zhang, o CEO da gigante chinesa Alibaba.