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Diz-se Carnaval ou Entrudo?

Diz-se o que se quiser, não só porque a liberdade de expressão assim o permite mas também porque Carnaval e Entrudo são designações diferentes para o mesmo período – os três dias anteriores à quarta-feira de cinzas, o primeiro dia da Quaresma cristã.

Carnaval é a expressão mais usada nos meios urbanos e deriva diretamente do italiano carnevale, que, por sua vez, tanto se pode dever a carnelevare, o retirar da carne antes dos tais quarenta dias (sem contar com domingos) de jejum, ou a carne vale, a despedida da carne (vale = adeus). Há também quem discuta esta raiz etimológica e prefira culpar a expressão carrus navalis, uma festa romana em que um carro em forma de navio desfilava pela capital do Império e oferecia grandes quantidades de vinho aos seus habitantes. Como é óbvio, tudo terminava naquilo que hoje se entende por um “grande Carnaval”.

Já a expressão Entrudo deriva, segundo os dicionários, do latim introitus, que significa “entrada”, “acesso” ou “abertura”. Entrada onde? Na Quaresma, lá está. Os primeiros registos de utilização da palavra datam do século XIII, durante o reinado de Afonso III. Entrudo é uma expressão é muito mais usada nas zonas rurais e no norte do país. Curiosamente, em Trás-os-Montes também é sinónimo de pessoa obesa. Mas isso, passe a redundância, são outros Carnavais

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Se a vida são dois dias e o Carnaval são três, porque é que se fala em terça-feira gorda?

Porque é nessa terça-feira gorda, aquilo a que os franceses (e os americanos de Nova Orleães, já agora) chamam de Mardi Gras, que as festas atingem o seu ponto mais alto ou, se preferir, o seu ponto mais gordo, já que a ideia original da celebração era tirar a barriga de misérias antes do período de abstinência alimentar obrigatório antes da Páscoa.

New Orleans Holds Citywide Mardi Gras Celebration

Comemorações do Mardi Gras, em Nova Orleães.

 

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A terça-feira de Carnaval é feriado ou não?

Pode ser ou pode não ser, já que não é um feriado oficial mas sim facultativo. É assim que o trata o artigo 235º do Código de Trabalho. Ou seja, só é feriado caso o Contrato Coletivo de Trabalho em que trabalhador se insere ou o seu próprio Contrato de Trabalho considere o dia como tal. Apesar de não ser um feriado oficial, os funcionários públicos gozaram sempre respetiva tolerância de ponto até 1993, ano em que, de forma inédita, o então primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva decidiu que não a iria conceder. “Um erro político”, segundo admitiu posteriormente na sua autobiografia. Desde 2012 que o atual Governo também não concede tolerância de ponto no Carnaval. O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, já confirmou que a situação irá manter-se este ano. Já no poder local o cenário é diferente: a grande maioria das autarquias vai oferecer o dia.

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Sempre houve máscaras no Carnaval?

Nem sempre. Nos seus primórdios o Carnaval era uma festa de rua, caótica, feita de excessos e libertinagem. Quiçá infelizmente, a Igreja Católica e o espírito Renascentista vieram pôr ordem e decoro na celebração. Assim, e com influência da Commedia dell’Arte, criaram-se os desfiles e bailes de máscaras para tornar a festa carnavalesca mais requintada e menos promíscua. Não é certo que o tenham conseguido.

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Qual é o Carnaval mais português?

Esta é uma pergunta sem resposta certa possível. Há várias vilas e cidades que reclamam para si esse título. É comum dizer-se que esse título pertence ao Carnaval de Torres Vedras, já que, de entre os maiores, é dos poucos que não cedeu à influência brasileira e mantém-se hoje num formato próximo ao que tinha nos anos 30 do século passado, quando se organizaram os primeiros desfiles.

Não se deve, no entanto, ignorar algumas tradições locais específicas da época, como os Caretos de Podence (Trás-os-Montes) e Lazarim (Douro), os Cardadores de Vale do Ílhavo, bem como a famosa Dança dos Cus de Cabanas de Viriato (Viseu). Ali bem perto, em Canas de Senhorim, o Entrudo também é tipicamente português, com uma guerra secular (e pacífica) entre dois bairros: o Paço e o Rossio. Os enterros e as cegadas são outras formas típicas de festejar a data: são famosos o Enterro do Pai Velho, no Lindoso, o do Bacalhau, em Soutocico (Leiria) e as cegadas de Sesimbra e da Nazaré.

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Porque é que, apesar do frio, há cidades portuguesas que reproduzem o Carnaval carioca?

Para quem não sente o apelo carnavalesco é sempre bizarro ver jovens com trajes minúsculos a desfilar debaixo de temperaturas que, por vezes, nem chegam aos 10ºC. E isto quando não chove. Mas é uma tradição como qualquer outra. No caso do Carnaval da Mealhada, que se auto-intitula “o mais brasileiro de Portugal”, tudo começou no início dos anos 70, com a participação de alguns estudantes brasileiros da Universidade de Coimbra. Em Ovar, a primeira escola de samba desfilou em 1983 e em Sesimbra há a escola de samba mais antiga do país, o Grupo Recreativo Escola de Samba Bota no Rego, que existe há 38 anos. O famoso Carnaval da Madeira é que não conta para este campeonato: o historiador Alberto Vieira, do Centro de Estudos da História do Atlântico, defende que terá sido este a influenciar a celebração brasileira (através da rota do açúcar, no século XVI) e não o contrário.

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Desfile de Carnaval no Funchal

 

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O que aconteceu às raspas, aos estalinhos e às bombinhas de Carnaval?

Na maior parte dos casos, deixaram de ser vendidos. Atualmente é necessária a chamada carta de estanqueiro para vender todo o tipo de brinquedos pirotécnicos, bem como uma autorização para a sua aquisição e uso. Aqui estão as recomendações da PSP acerca do assunto.