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O que acontece ao corpo quando se apanha uma gripe?

Tudo começa quando o vírus influenza do tipo A ou B — os únicos que afetam os humanos — entra no organismo e encontra uma célula das vias respiratórias — os órgãos entre o nariz e os pulmões responsáveis pelo sistema respiratório — onde se alojar. A informação genética desse vírus está toda condensada em 11 genes de ARN, um ácido nucleico semelhante ao ADN, como explica o Centro de Controlo de Doenças e Prevenção dos Estados Unidos.

Quando esse vírus infeta uma célula, ele liberta o material genético no interior e faz dela refém. A seguir, com a ajuda das enzimas no interior da célula, o vírus replica-se e os novos agentes infecciosos são libertados para que possam encontrar outras células hospedeiras para infetarem. As diferenças genéticas entre o vírus original e as cópias são as que formam as estirpes.

Assim que o organismo deteta a presença de um agente estranho, ele recruta o sistema imunitário para combater a infeção provocada pelo vírus. Um dos “soldados” que o corpo usa para fazer frente ao vírus são células que libertam um químico chamado histamina, responsável por inflamar os órgãos afetados pelo agente estranho. É nesse momento que algumas pessoas começam a sentir os primeiros sintomas da doença — tosse, dor de garganta, dores musculares e dores no peito.

 

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Como é que se pode apanhar uma gripe?

Segundo a Direção-Geral de Saúde, uma pessoa pode ficar infetada pelo vírus da gripe se entrar em contacto com a saliva de uma pessoa contagiada, sobretudo a partir de partículas expelidas através da tosse ou do espirro, ou por contacto direto com partes do corpo ou superfícies contaminadas. Para isso basta estar a dois metros de uma pessoa contagiada. O vírus entra então no organismo, aloja-se dentro de células e começa a reproduzir-se.

Desde que uma pessoa é contagiada pelo vírus até que começa a sentir os primeiros sintomas passam normalmente um ou dois dias, embora algumas pessoas possam ficar cinco dias sem sentir nada. Esse é o período de incubação do vírus. De acordo com a Direção-Geral de Saúde, o período de contágio começa um a dois dias antes do início dos sintomas e dura até uma semana depois disso.

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Como se distingue uma gripe de uma constipação?

Num adulto e em crianças mais velhas, a gripe causa febres altas, dores musculares e nas articulações, dores de cabeça e no peito, inflamação nos olhos, tosse e um mal-estar generalizado. Em crianças mais pequenas, a gripe manifesta-se de forma diferente: em bebés, a gripe costuma causar febre e prostração, vómitos e diarreias, bronquiolites e laringites; e em crianças até aos três anos também causa otites.

Estes sintomas são diferentes daqueles que se verificam em caso de constipação, porque os vírus que causam as doenças são diferentes: a gripe é uma infeção do organismo pelo vírus influenza e a constipação é culpa do retrovírus.

Normalmente, os sintomas da constipação são nariz entupido, espirros, olhos húmidos, irritação da garganta e dor de cabeça. Uma forma mais simples de distinguir uma gripe de uma constipação é medir a temperatura corporal: se for igual ou superior a 37,5ºC, então está com febre tem uma gripe; se a temperatura for inferior a esse valor, não tem febre e provavelmente está com uma constipação. Mas atenção: pode não ter febre e ainda assim estar engripado.

Outra diferença fundamental entre uma doença e outra, sublinha a Direção-Geral de Saúde, é que os sintomas de constipação surgem de modo gradual, enquanto os sinais de gripe surgem repentinamente. No entanto, deve sempre visitar um médico: ele é o único que, através da identificação dos sintomas, pode fazer um diagnóstico.

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O que fazer para se proteger da gripe?

Vacine-se todos os anos. É a única maneira de estar protegido das estirpes específicas que causam a gripe num ano em particular.

A Direção-Geral da Saúde diz que, acima de tudo, devem ser vacinadas as pessoas que têm maior risco de sofrer complicações depois da gripe: pessoas com 65 ou mais anos, principalmente se viverem em lares ou centros de dia; pacientes com doenças crónicas que afetem os pulmões, coração, rins e fígado; diabéticos; grávidas; e pessoas com o sistema imunitário enfraquecido. Também recebem a vacina gratuita todos os profissionais do Serviço Nacional de Saúde, bombeiros, residentes em instituições e pessoas internadas em unidades do Serviço Nacional de Saúde.

Algumas pessoas têm direito a serem vacinadas gratuitamente nos centros de saúde e sem apresentação de receita médica. Pessoas com 65 anos ou mais, diabéticas, pessoas com síndrome de Down ou pessoas submetidas a transplante. Outro grupo pode ser vacinado gratuitamente, mas apenas perante apresentação de receita médica: é o caso de pacientes à espera de transplante, pessoas a fazer quimioterapia, doentes com fibrose quística, pessoas com défice de alfa-1 antitripsina ou com doenças crónicas que comprometam o normal funcionamento do sistema respiratório.

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O que tem esta época de gripe de tão preocupante?

Segundo a revista científica New Scientist, os médicos estão especialmente preocupados com esta época gripal, porque há um número recorde de estirpes do vírus influenza em circulação este ano: dois do grupo B e outros dois do grupo A chamados H1N1 e H3N2. Este último é o mais alarmante, porque nenhum vírus da estirpe H3N2 esteve em circulação nas épocas gripais entre 1918 e 1968.

Como o sistema imunitário dos humanos é mais eficaz a combater a estirpe que causou a primeira gripe a que esteve exposto, todas as pessoas nascidas antes de 1968 têm menor capacidade de combater o vírus H3N2, explica a Organização Mundial da Saúde. Isso significa que as pessoas com 49 ou mais anos são as mais vulneráveis a uma das estirpes do vírus que tem circulado na presente época gripal. Isso envolve muitos idosos, um dos grupos mais preocupantes, porque são desde logo pessoas com um sistema imunitário mais fraco.

As estatísticas também não sossegam os cientistas. Só no último inverno no hemisfério norte estima-se que 220 mil pessoas tenham morrido depois de terem sido contagiadas pelo vírus H3N2 — um número quatro vezes maior do que o verificado em doentes infetados com a estirpe H1N1.

Outro pormenor que se deve ter em conta é como é que as pessoas do hemisfério sul responderam a essa mesma estirpe no último inverno. Na Austrália, a estirpe H3N2 causou três quartos de todos os casos de gripe verificados no país.

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Já houve gripes piores do que esta?

Sim, muito piores.

Em 1510, uma estirpe desconhecida do vírus da gripe fez um número pandémico de mortes por causa de casos extremos de tosse, febre e dificuldade em respirar. Essa estirpe terá chegado à Europa depois de ter feito mortes na Ásia e depois em África. Os cientistas não sabem calcular quão mortal era essa estirpe, mas a falta de cuidados médicos e de higiene contribuíram para a gravidade da situação.

Na época gripal de 1889 e 1890, um milhão de pessoas morreu depois de duas estirpes do vírus influenza, H3N8 e H2N2, ter surgido em São Petersburgo (Rússia) e em 70 dias ter chegado aos Estados Unidos. Em quatro meses, a gripe transformou-se numa pandemia.

Entre 1918 e 1920, entre 50 e 100 milhões de pessoas morreram naquela que é considerada a mais mortífera pandemia de gripe de sempre. A culpa foi de um vírus causador da gripe das aves que, através de mutações, se tornou capaz de infetar mamíferos. Este vírus, H1N1, era especialmente mortífero, contagioso e adaptável. Todos os vírus influenza do tipo A evoluíram deste vírus. Ficou conhecida como “gripe espanhola”.

Na época gripal de 1957 e 1958, um porco infetado com dois vírus em circulação na gripe de 1918 foi também contagiado com duas proteínas H2 e N2, presente na gripe das aves. Um novo vírus híbrido, com informações genéticas dos vírus anteriores, entrou em circulação e afetou principalmente pessoas com 39 anos ou menos. A gripe tornou-se pandémica e matou 1,1 milhões de pessoas.

Dez anos mais tarde, na época gripal de 1968 e 1969, uma estirpe do vírus H3N2 nasceu da mistura genética do vírus da gripe das aves com as proteínas H3 e N2. Este agente, que à época matou um milhão de pessoas, está outra vez em circulação este ano.

Mais tarde, em novembro de 1977, uma estirpe do vírus H1N1 matou um número indeterminado de pessoas, a maior parte das quais com menos de 25 anos. A Rússia, onde o vírus foi detetado pela primeira vez, disse ter isolado o vírus em março desse ano, mas desconfia-se que tenha escapado de um laboratório onde se experimentavam novas vacinas em animais vivos.

A mais recente pandemia ocorreu em 2009 com a gripe suína, que matou entre 300 mil e 400 mil pessoas em todo o mundo. Essa gripe foi o resultado de um vírus híbrido, que nasceu daquele que causou a pandemia de 1918 e de outras estirpes em circulação anos antes, em 1998. As pessoas que tinham nascido antes de 1957 conseguiam combater o vírus porque já tinham convivido com ele em crianças, mas os jovens tiveram de esperar que fosse criada uma vacina eficaz.

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Quando começou e quando vai acabar este surto de gripe?

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge define “época de gripe” como o período de trinta e três semanas que decorrem entre entre a semana 40 de um determinado ano (início de outubro) e a semana 20 do ano seguinte (meados de maio).

Ao longo dessas semanas, o instituto publica todas as quintas-feiras um boletim com um ponto de situação da gripe. Na última publicação, o instituto confirmou as palavras de Graça Freitas: o número de pessoas afetadas pela gripe deverá continuar a crescer nas próximas semanas e o pico da doença deve acontecer em finais de janeiro.

De acordo com o mais recente relatório do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, estima-se que 70 em cada 100 mil habitantes foram até agora diagnosticadas com o vírus da gripe. Estamos então perante “uma atividade epidémica de baixa intensidade”, embora o número esteja a crescer de modo exponencial desde o início do ano. O Boletim de Vigilância Epidemiológica da Gripe, como é chamado o relatório desse instituto, contabiliza 28.749 pessoas sob observação dos hospitais e centros de saúde.

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Que vacinas são recomendadas nesta época gripal?

Esta época gripal, a Organização Mundial de Saúde recomenda a distribuição de vacinas trivalentes, isto é, que protejam contra três estirpes do vírus influenza — uma da estirpe H1N1, outra da estirpe H3N2 (ambas incluídas no tipo A) e a terceira do tipo B. Este é o conselho desta entidade porque essas são as estirpes dominantes nesta época gripal, ou seja, as que mais complicações estão a criar.

Em março do ano passado, a Organização Mundial de Saúde já sabia quais eram as vacinas mais adequadas para combater o surto de gripe da época 2017-2018. Os cientistas conseguem prever quais serão as estirpes do vírus influenza mais ativos porque, por norma, o vírus dominante numa época de gripe no hemisfério norte foi o que mais problemas causou na época de gripe anterior no hemisfério sul, explicou ao Observador Graça Freitas, diretora-geral da Saúde.

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Toda a gente deve ser vacinada?

Não. A Direção-Geral de Saúde alerta que as pessoas com alergia grave ao ovo não devem levar a vacina. De acordo com o Centro de Controlo de Doenças e Prevenção, a entidade responsável pela proteção da saúde nos Estados Unidos, isso acontece porque a maioria das vacinas contra a gripe são produzidas a partir de um processo que envolve a utilização de ovos de galinha. Por isso, as vacinas podem contar pequenas quantidades de uma proteína do ovo chamada ovoalbumina.

Em caso de extrema necessidade, uma pessoa alérgica a ovos ou que tenha tido uma reação adversa a uma dose na época anterior deve ser vacinada em hospitais preparados para acudir imediatamente o paciente.

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Porque é que ainda não foi criada uma vacina definitiva e universal contra a gripe?

Porque o vírus influenza muda todos os anos e, como tal, as vacinas que o combatem têm de ser adaptadas em todas as épocas gripais em função das estirpes dominantes. De acordo com o Centro de Controlo de Doenças e Prevenção, o vírus pode mudar de duas formas: deriva antigénica ou mudança antigénica.

As derivas antigénicas são pequenas mudanças nos genes do vírus da gripe que ocorrem quando ele se replica. No entanto, à medida que os vírus se vão espalhando e replicando pelo organismo, podem acumular mudanças genéticas que os tornam muito diferentes do original, fazendo com que o sistema imunológico do corpo não os reconheça.

Isso dificulta o combate do organismo contra o agente que o está a atacar, porque os anticorpos que começaram a combatê-lo logo após o contágio já não conseguem identificar as novas características de outros vírus. É por isso que as pessoas podem apanhar gripe mais do que uma vez. E é também por isso que a vacina contra a gripe tem de ser adaptada ano após ano, conforme a evolução do vírus.

A mudança antigénica é uma alteração muito grande em vírus da gripe A. Essas alterações fazem com determinadas estirpes do vírus influenza que antes só infetavam animais como aves ou porcos passem a ser contagiosas para humanos também. Quando isso acontece, como foi o caso em 2009, a maior parte das pessoas não consegue combater o vírus.

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Posso ficar doente depois de ter sido vacinado?

Sim, embora a vacinação seja essencial porque aumenta as probabilidades de o organismo combater o vírus e porque torna a recuperação muito melhor. Um dos motivos para que a vacinação não seja 100% eficaz é que o vírus influenza pode sofrer mutações inesperados que criem novas informações genéticas que a vacina não está preparada para responder.

Além disso, o processo de criação de uma vacina é demorado. Como conta a New Scientist, desde 1940 que os cientistas usam ovos para desenvolver os vírus que julgam serem os causadores da gripe na época gripal vindoura: o ovo passa a incubar um vírus influenza ao qual vão ser adicionadas as proteínas que provavelmente vão circular na natureza. Isso demora entre seis e oito meses porque são criadas 1.5 mil milhões de doses de vacinas para três ou quatro estirpes. Mas nunca se sabe de certeza que estirpes serão essas.

Este ano, por exemplo, um estudo do Instituto de Investigação da Clínica Marshfield (EUA) dizia que a vacina apenas protegia contra 33% dos vírus H3N2, a estirpe dominante nesta época gripal. Para pessoas com mais de 65 anos, a vacina poderá ter uma taxa de sucesso de 24%, provavelmente por causa de mutações que ocorreram durante a produção.

Ainda assim, as estatísticas continuam a favor da vacinação: entre os doentes detetados na Austrália no último inverno do hemisfério sul, havia mais gente sem a vacina do que vacinadas.

Mas posso ficar engripado por causa da vacina?

Não, insiste o Centro de Controlo de Doenças e Prevenção. As vacinas apenas contêm vírus influenza “desligados” em laboratório, portanto não são infecciosos. Os únicos sintomas que a maior parte dos adultos tem depois de levar a vacina são dor, vermelhidão, sensibilidade ou inchaço na zona onde ela foi administrada.

Algumas pessoas sentem febres baixas. Tanto essas febres como as dores no corpo são sinais de que o sistema imunitário está a responder à presença de uma substância estranha que acabou de invadir o organismo. Esse mal-estar passa ao fim de, no máximo, dois dias e não significa que se tem uma gripe.

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O que devo fazer se ficar doente?

Se estiver com gripe, fique em casa a descansar, não se agasalhe demasiado e, se ao medir a temperatura corporal notar que tem febre, tome paracetamol. Beba muitos líquidos (sobretudo água e sumos naturais) e use soro fisiológico para tratar a obstrução nasal. Não tome qualquer outro tipo de medicamento sem consultar um médico, principalmente se estiver grávida ou a amamentar.

Além disso, tome medidas para evitar a transmissão de gripe para outras pessoas: contacte com o mínimo de pessoas possível, lave frequentemente as mãos com água e sabão ou toalhetes, use lenços de papel descartáveis e proteja a boca e o nariz com o antebraço quando espirrar ou tossir.

Todos estes conselhos fazem parte das diretivas da Direção-Geral de Saúde sobre como proceder se estiver infetado com o vírus da gripe. Se tiver dúvidas, ligue para a Linha de Saúde 24 (808 24 24 24) ou dirija-se ao seu centro de saúde antes de ir ao hospital.

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Porque é que os antibióticos não resultam para curar a gripe?

Os antibióticos são medicamentos usados quando o organismo está infetado por microrganismos como os fungos, bactérias. Podem atuar ao impedir a multiplicação desses microrganismos ou matando aqueles que já estão dentro do corpo humano. E fazem-no atacando determinados constituintes das bactéria essenciais para que elas possam sobreviver e multiplicar-se.

Acontece que os vírus não são considerados seres vivos: a principal diferença entre eles e uma bactéria, por exemplo, é que o vírus apenas consegue sobreviver se infetar uma célula, porque não é um microrganismo. Como os antibióticos só atacam microrganismos, eles nunca vão resultar para curar doenças causadas por vírus.

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Podemos estar prestes a enfrentar uma nova pandemia?

Os investigadores dizem que as pandemias de gripe são “inevitáveis”, escreve a New Scientist.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma pandemia acontece quando uma doença infecciosa se espalha por uma grande área geográfica, afetando um número anormal de pessoas e provocado uma taxa de mortalidade superior à esperada. No caso da gripe, o termo usa-se quando o vírus de uma época gripal é tão diferente das anteriores que a maior parte das pessoas não é imune às proteínas na superfície desse vírus.

O impacto de uma pandemia depende de duas coisas: as características do vírus e a resposta imunitária da maior parte das pessoas. É possível que um vírus seja anormalmente resistente, mas se o sistema imunitário da maior parte da população lhe for imune a pandemia não será muito grave. Também é possível que um vírus não seja muito contagioso, mas que a maior parte das pessoas nunca tenha contactado com ele e, portanto, a pandemia espera-se sempre mais grave.

Se o vírus foi especialmente contagioso e o sistema imunitário de grande parte da população não lhe for imune, então estaremos perante uma pandemia mortal. Estimativas do Banco Mundial dizem que, a acontecer neste momento, uma pandemia traria 33 biliões de dólares de danos (o equivalente a quase 28 biliões de euros), sem contar com o declínio económico e o caos nos serviços e na prestação de cuidados de saúde que causaria.

Para que um vírus se torne pandémico não é preciso muito: basta que uma determinada estirpe do vírus influenza sofra mutações ao se replicar e se junte a proteínas de outras estirpes que o torne híbrido. Isso está sempre na iminência de acontecer, porque novas formas do vírus influenza A estão constantemente a ser criadas entre outros mamíferos, como os porcos ou as aves. Se essas novas formas tiverem alguma mutação que as torne contagiosas para humanos, a situação torna-se mais alarmante.

A última vez que os virologistas ficaram preocupados com a iminência de uma pandemia foi em 2013, quando entrou em circulação um vírus H7N9 com mutações que o tornaram muito rápido a contagiar humanos e muito letal. Antes disso, em 1997, uma gripe das aves com o vírus H5N1 tornou-se muito contagiosa para humanos por causa de cinco mutações em apenas dois genes.

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O que pode acontecer se uma gripe não for curada convenientemente?

Graça Freitas, diretora da Direção-Geral de Saúde, explicou que a gripe é uma doença benigna, porque normalmente não avança para estados mais agravados. No entanto, se não for tratada convenientemente, pode evoluir para infeções respiratórias alargadas: se o vírus se espalhar por todo o trato respiratório é possível que a gripe evolua para doenças mais graves.

A gripe, se não for bem curada, pode ainda evoluir para bronquite, uma inflamação dos brônquios provocada por vírus ou bactérias, que provoca a redução da capacidade normal de respiração nos doentes. Se as pessoas tiverem outros tipos de complicações de saúde, elas podem agravar-se se a gripe não for curada convenientemente.