Quatro meses depois de o primeiro-ministro japonês ter reiterado, em Kiev, o apoio do país à luta da Ucrânia contra agressão russa; e dois meses apenas após o seu governo ter anunciado a entrega de 100 veículos militares ao contingente liderado por Volodymyr Zelensky, tornou-se viral nas redes sociais um curto vídeo que à primeira vista poderia fazer crer que a opinião de Fumio Kishida não será transversal a todos os japoneses.

Captado numa zona movimentada, ao que tudo indica em Tóquio, o clip, de 12 segundos apenas, mostra um ecrã gigante com a seguinte mensagem anti-guerra e anti-Presidente da Ucrânia: “Stop war, Stop Zelensky”, “Parem a guerra, Parem Zelensky”, em português.

Nunca tendo visitado a capital japonesa, através da pesquisa de imagens do Google, é possível perceber que as imagens foram captadas em Shibuya, um dos principais centros comerciais e financeiros do mundo, descrição da Wikipédia. Uma pesquisa no YouTube faz o resto e revela o vídeo original — a partir do qual o agora tornado viral foi manipulado.

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O excerto em questão aparece aos 21 minutos e 20 segundos do vídeo original, que ao longo de uma hora e 48 minutos reproduz um passeio noturno pelo animado bairro de Shibuya.

Partilhado no YouTube a 19 de outubro de 2020, ainda a guerra na Ucrânia não tinha começado, o filme já foi visto mais de oito milhões de vezes.

No momento em que foi filmado, no ecrã gigante sobre a loja da BIC Camera, estava a ser exibido não um anúncio anti-Ucrânia mas aquilo que parece ser uma publicidade local, sendo que, instantes antes, tinha passado o trailer de um filme — o que faz sentido, já que no edifício funciona também um cinema.

Conclusão

Não é verdade que tenha sido exibido neste ecrã gigante no centro de Tóquio uma mensagem anti-Zelensky. O vídeo em questão foi manipulado, a partir de imagens captadas meses antes do início da ofensiva russa na Ucrânia, em fevereiro de 2021.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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