Um vídeo que mostra duas pessoas num combate de artes marciais está a ser apresentado numa publicação no Facebook como sendo de um duelo entre uma atleta transgénero e um adversário cisgénero. “Há situações que nunca vão poder contrariar a natureza”, afirma o autor, questionando: “Será que realmente é uma luta justa?”: “Não consigo entender como uma mulher aceita lutar contra um homem.”

Acontece que o vídeo não mostra um combate entre uma atleta transgénero e uma atleta cisgénero. Na verdade, a atleta a quem o autor da publicação classifica de “homem” é Gabi Garcia, uma lutadora brasileira especialista em jiu-jitsu, muay thai, wrestling e MMA. Gabi Garcia venceu nove medalhas de ouro no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu.

A publicação refere-se ao vídeo de um combate de jiu jitsu em 2014.

A outra atleta é Mackenzie Dern, uma lutadora de nacionalidade norte-americana e brasileira que se especializou em artes marciais mistas, participando na maior organização de eventos deste desporto — o Ultimate Fighting Championship.

Embora as duas atletas pratiquem jiu jitsu, elas desenvolveram fisionomias diferentes: Gabi Garcia tem 1,87 metros e 95 kg, Mackenzie Dern tem 1,63 metros e 52 kg. O confronto entre as duas atletas ocorreu em 2014 no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu Brasileiro Sem Keikogi, que aconteceu em Long Beach, no estado norte-americano da Califórnia.

Conclusão

Não se confirmam as comparações que o autor da publicação faz entre as duas atletas. Ambas são atletas cisgénero de artes marciais que se confrontaram em 2014 num campeonato de jiu-jitsu. As duas têm fisionomias diferentes e seguiram percursos profissionais distintos, mas essas características nada têm a ver com o género que lhes foi atribuído à nascença ou com aquele com que as pessoas no vídeo se identificam.

Assim, segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

FALSO: As principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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