Uma publicação efetuada no Facebook a 13 de novembro afirma que Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito Presidente do Brasil no mês passado, deu entrada no Hospital Sírio Libanês em São Paulo com um quadro clínico que “preocupa” os clínicos que o acompanham. A publicação inclui duas fotografias do petista e uma ilustração em que quatro partículas de um coronavírus parecem afetar a zona da garganta de uma pessoa.

É uma história que está mal contada e que nada tem a ver com coronavírus. Tal como noticiou a CNN Brasil, foram encontradas lesões na mucosa oral de Lula da Silva em exames de rotina realizados no Hospital Sírio Libanês a 12 de novembro — ou seja, um dia antes de a publicação ter surgido no Facebook. Mas o médico que acompanha o próximo Presidente eleito brasileiro explicou de imediato ao jornal que não havia motivos de preocupação: estas lesões costumam ser benignas e todos os outros exames estavam normais.

A publicação foi realizada um dia depois de Lula da Silva ter realizado exames de rotina.

Estas lesões chamam-se leucoplasia na laringe e são umas placas esbranquiçadas que se desenvolvem na boca e garganta. Foram descobertas com uma nasofibroscopia, um tipo de endoscopia que observa os tecidos do interior do nariz, faringe, cordas vocais e laringe. O exame revelou uma “pequena área de leucoplasia na laringe” e uma inflamação desses tecidos por causa de um “esforço vocal”.

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Mas o boletim médico contraria a mensagem alarmista da publicação. Ao contrário do que sugere, não houve urgência na entrada de Lula da Silva no hospital: “O Presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva esteve hoje no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para avaliação clínica multidisciplinar de rotina”, esclarece a nota de imprensa citada pela CNN Brasil. E a situação nunca foi considerada grave porque “foram realizados exames de imagens: ecocardiograma, angiotomografias e PET scan, que estão normais e seguem mostrando completa remissão do tumor diagnosticado em 2011“.

Entretanto, no domingo passado, o Presidente eleito foi internado para as lesões serem retiradas e teve alta logo no dia seguinte. Segundo fonte oficial do Hospital Sírio-Libanês, “o procedimento mostrou ausência de neoplasia”, confirmando que o quadro clínico não era preocupante — tal como a equipa médica tinha previsto. No Twitter, Lula da Silva reiterou que se sentia bem: “Bom dia. Já em casa, depois de um pequeno procedimento ontem. Tudo resolvido e bem. Boa semana para todos.”

Conclusão

É verdade que Lula da Silva necessitou de receber cuidados médicos e foi até submetido a uma ligeira intervenção, mas o quadro clínico do Presidente eleito do Brasil nunca foi considerado preocupante: as lesões que lhe foram detetadas em exames de rotina — não numa situação urgente que o tenha obrigado a deslocar-se ao hospital em causa — ocupavam uma pequena área e costumam ser benignas. De resto, todos os restantes exames confirmavam o bom estado de saúde do Presidente eleito e confirmavam que prosseguia em remissão do tumor que lhe foi diagnosticado em 2011.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ENGANADOR

No sistema de classificação do Facebook, este conteúdo é:

PARCIALMENTE FALSO: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook

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