Uma publicação no Facebook afirma que um suposto oficial das Forças Armadas brasileiras, o general Benjamim Arrola, recebeu um relatório de uma consultora norte-americana chamada “Power Guidão” com informações que comprovam “a fraude nas urnas” nas últimas eleições presidenciais no Brasil. De acordo com a mesma publicação, Alan Berrola, suposto porta-voz das Forças Armadas, vai libertar publicamente essa informação em breve.

O assunto ganhou tração porque uma história semelhante foi partilhada nas redes sociais por uma celebridade brasileira: Vitor Belfort, lutador de artes marciais, divulgou uma informação que também envolvia este alegado general.

A publicação baseia-se numa série de piadas de índole sexual.

Mas o atleta rapidamente apagou a publicação porque é falsa: não existe nenhum general nas Forças Armadas brasileiras com o nome Benjamim Arrola, nem o porta-voz se chama Alan Berrola. Na verdade, ambos os nomes são trocadilhos com referência à prática de sexo oral.

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A fotografia também não representa nenhum general brasileiro: trata-se de General Orlov, um personagem do filme “007 — Operação Tentáculo” (em inglês, “Octopussy”), interpretada pelo ator inglês Steven Berkoff. No filme em causa, o Goeneral Orlov é o vilão, antagonista de James Bond — aqui interpretado por Roger Moore.

Também não existe qualquer consultora com o nome “Power Guidão”. A expressão é uma variação do nome “Power Guido”, um creme estimulante que promete provocar e intensificar ereções à conta de uma mistura de arginina e mentol.

Da mesma forma, e naquilo que é central na alegação que tem percorrido dezenas de publicações com conteúdo falso sobre as últimas presidenciais no Brasil, nenhum relatório aponta para evidências de fraude nas eleições presidenciais conquistadas por Lula da Silva frente ao atual chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro. Na verdade, um relatório do Ministério da Defesa do Brasil, que tutela as Forças Armadas, concluiu em meados de novembro que não houve fraude no ato eleitoral.

Ao longo das mais de 60 páginas do documento, pode ler-se que, “quanto à fiscalização da totalização, foi constatada, por amostragem, a conformidade entre os boletins impressos e os dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral“. Ou seja, são os próprios militares, constituídos observadores do ato eleitoral, a confirmar a fiabilidade do resultado nas urnas — mesmo apontando lacunas (e sugerindo soluções) sobre a segurança do processo.

Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal, confirmou mais tarde que a instituição “recebeu com satisfação o relatório final do Ministério da Defesa, que, assim como todas as demais entidades fiscalizadoras, não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência nas urnas eletrónicas e no processo eleitoral de 2022″.

Conclusão

Não é verdade que um general com o nome apresentado tenha recebido informações de uma consultora que comprovava a existência de fraude eleitoral no Brasil. Os nomes apresentados como sendo de membros das Forças Armadas são, na verdade, trocadilhos de índole sexual. E o mesmo acontece com o título da suposta consultora, que é uma variação de um creme para utilização sexual. De resto, não existem evidências de fraude eleitoral nas presidenciais brasileiras.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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