Lula da Silva vai tomar posse como Presidente do Brasil este domingo e tem anunciado, ao longo dos últimos dias, os nomes escolhidos para dirigir os 37 ministérios do seu governo. E, também nos últimos dias, começou a circular uma publicação nas redes sociais que indica que a pessoa escolhida para o ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos é Erika Hilton, a primeira deputada trans eleita no Brasil. A informação é, no entanto, falsa e tem, aliás, várias informações erradas.

“A primeira travesti eleita deputada Erika Hilton será ministra da mulher, família e direitos humanos do governo de 9 dedos. O convite foi feito na terça-feira, em reunião na sede do PT em São Paulo”, lê-se na publicação, que acrescenta ainda que Erika Hilton “tem como meta a criação de projetos como: 1º educação sexual para crianças de 6 anos em todas as escolas públicas do país. 2º cirurgias de colocação de silicone gratuitamente pelo SUS. 3º Tornar crime o impedimento de mulheres trans. 4º Utilizarem o banheiro feminino. 5º bolsa travesti, que garante uma renda mínima para todas as mulheres trans de periferia”.

Erika Hilton conseguiu um lugar na Câmara dos Deputados depois de ser eleita pelo Estado de São Paulo, onde obteve mais de 256 mil votos na primeira volta das eleições brasileiras, que aconteceram no início do mês de outubro deste ano. E esta é, aliás,  a primeira vez que a Câmara dos Deputados tem pessoas trans eleitas — além de Erika Hilton, também Duda Salabert foi eleita em Minas Gerais.

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No entanto, ao contrário daquilo que é dito na publicação feita no dia 20 de dezembro, Erika Hilton não será ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. E a informação foi desmentida pela própria, numa publicação feita através do Twitter, logo no início de outubro, poucos dias depois da primeira volta das eleições do Brasil, quando começou a circular esta informação através de publicações semelhantes.

Além disso, existe ainda outro pormenor importante. O ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, que foi liderado por Cristiane Britto durante o governo de Jair Bolsonaro, deixa agora de existir, uma vez que Lula da Silva decidiu dividi-lo em quatro. Surge então o ministério da Mulher, que será liderado por Cida Gonçalves, o ministério da Igualdade Racial, com Anielle Franco, o ministério dos Direitos Humanos, com Sílvio Almeida, e o ministério dos Povos Indígenas será liderado pela deputada federal Sonia Guajajara.

Tendo em conta que o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos deixa de existir, Erika Hilton também não poderia ser sequer convidada para integrar esta pasta.

Conclusão

A informação partilhada no Facebook não é verdadeira, já que Lula da Silva decidiu dividir o ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos em quatro ministérios — Mulher, Igualdade Racial, Direitos Humanos e Povos Indígenas. E Erika Hilton, mulher trans eleita para a Câmara dos Deputados nas últimas eleições não faz parte de nenhum destes ministérios.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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