Num mundo globalizado em que o mercado de trabalho está tão competitivo e há pessoas à “luta” em qualquer parte do mundo pela mesma função, é necessário um esforço constante para conseguir os melhores resultados, de forma a arranjar, ou até mesmo manter, um trabalho.
Esta competição é saudável?
Sim e não. Sim, na vertente em que nos sentimos desafiados diariamente para entregarmos mais e com maior qualidade, criando ambição dentro de nós. Não, na vertente em que desequilibra a nossa saúde mental, através do stress, burnout, etc, afectando não só a nós mas também as pessoas à nossa volta. Assim sendo, o primeiro ponto permite-nos evoluir, enquanto o segundo nos pode levar à retração.
Como minimizar o impacto negativo? Sendo preguiçoso.
Ser preguiçoso sempre teve uma conotação negativa, e continua a ter nos dias de hoje, mas eu pretendo contribuir para a mudança deste estigma. Preguiça, segundo o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, quer dizer “Propensão para não trabalhar”, “Gostar de estar na cama ou de se levantar tarde” e “Demora ou lentidão em agir”. Agora existe uma outra forma de associarmos a preguiça à produtividade e resultados. Conseguir mais com menos, e não, não é eficiência (eficiência: “Qualidade de algo ou alguém que produz com o mínimo de erros ou de meios”), independentemente dos meios que se tem. É olhar para um desafio e pensar como um “preguiçoso” o tentaria resolver para voltar para a cama rapidamente, de forma fácil e eficaz, ou simplesmente ter mais tempo para fazer atividades que trazem prazer. Vou dar um exemplo.
Suponhamos que trabalho em vendas e que tenho como objetivo mensal fechar 10 restaurantes. Uma pessoa normal pegaria no telemóvel e começaria a contactar todos os restaurantes da região, porém uma pessoa “preguiçosa” faria 2 chamadas apenas. A um grupo de restauração que tivesse 10 ou mais restaurantes e a uma associação para que divulgasse a palavra juntos dos associados, para que lhe chegassem pessoas interessadas. Estas duas estratégias são muito diferentes, assim como os seus resultados. A primeira pessoa iria estar horas e horas ao telemóvel só para falar com os proprietários dos diferentes restaurantes, enquanto a segunda iria alocar o seu tempo apenas a duas pessoas que iriam fazer o trabalho por si. O proprietário do grupo iria falar com os gerentes dos restaurantes para averiguar a implementação, e o presidente da associação iria partilhar com os associados e, se ambas corressem bem, o preguiçoso iria superar o seu objetivo mensal com o mínimo esforço possível.
Como conseguir ser um bom preguiçoso e destacar-se?
- Saber onde quer/tem que chegar.
- Pensar na forma mais preguiçosa de alcançar os seus objetivos.
- Superar o resultado esperado.
- Atingir work-life balance desejado.
Façam-vos o favor de ser “preguiçosos” todos os dias, até ao fim da vossa vida!
João Hugo Silva é co-fundador da Mycareforce, uma solução que pretende dar resposta à falta de profissionais de saúde. Licenciado em Economia e Mestre em Gestão e Finanças. É membro do Global Shapers Lisbon Hub desde 2022.
O Observador associa-se ao Global Shapers Lisbon, comunidade do Fórum Económico Mundial, para, semanalmente, discutir um tópico relevante da política nacional visto pelos olhos de um destes jovens líderes da sociedade portuguesa. O artigo representa a opinião pessoal do autor, enquadrada nos valores da Comunidade dos Global Shapers, ainda que de forma não vinculativa.