Os resultados do mais recente estudo internacional TIMSS configuram um diagnóstico preocupante do sistema educativo português, que importa analisar criticamente. A quebra de 25 pontos no desempenho matemático dos alunos do 8.º ano não constitui apenas um número estatístico, mas representa uma expressiva evidência das fragilidades das políticas educativas implementadas nos últimos anos.
O percurso de progressivo sucesso educativo – que havia colocado Portugal acima da média da OCDE em 2015 – transformou-se numa trajetória descendente que urge compreender e inverter. As opções políticas dos governos socialistas parecem ter comprometido sistematicamente a qualidade do ensino da matemática.
A eliminação dos exames nos 4.º e 6.º anos, substituídos por provas de aferição sem qualquer peso avaliativo, traduz uma abordagem que contraria as melhores práticas internacionais de avaliação educacional. A instabilidade curricular evidencia uma intervenção política desalinhada dos objetivos fundamentais de aprendizagem.
Os dados são particularmente reveladores: 58% dos alunos do 8.º ano afirmam não gostar de Matemática, e apenas 13% demonstram interesse genuíno pela disciplina. Estes números não são casualidade, mas resultado direto de políticas educativas desconexas e pouco fundamentadas.
As justificações apresentadas – nomeadamente os efeitos da pandemia – funcionam mais como subterfúgios do que como explicações substantivas. A comparação internacional é clara: enquanto a média internacional de queda foi de 9 pontos, Portugal registou uma quebra de 25 pontos, sem paralelo entre os países europeus participantes.
A descontinuidade das políticas educativas que haviam permitido uma melhoria consistente desde os anos 90 é particularmente preocupante. O que era um caminho de desenvolvimento sustentado foi interrompido por uma série de decisões que parecem ter privilegiado a experimentação ideológica em detrimento da eficácia pedagógica.
É fundamental uma reflexão profunda sobre os fundamentos do nosso sistema educativo. Os resultados do TIMSS não são um mero indicador estatístico, mas um sintoma de uma abordagem política que tem sistemática e progressivamente comprometido as aprendizagens dos estudantes portugueses.
A educação não pode ser refém de ciclos políticos ou de experimentações sem fundamentação científica. É imperativo um compromisso nacional com a qualidade do ensino, particularmente nas áreas fundamentais como a matemática, que são estruturantes para o desenvolvimento cognitivo e o futuro profissional dos jovens.
Os números são inequívocos: os últimos governos falharam na condução da política educativa, comprometendo o futuro de uma geração.