A base de uma sociedade equilibrada, justa e sadia está suportada, acima de tudo, por três grandes pilares: educação, saúde e justiça. Irei, hoje, debruçar-me sobre os primeiros dois.

Quanto à educação, sem o conhecimento adequado e sustentado nas reais necessidades da população, o comum cidadão torna-se num mero espetador do teatro, por vezes pobre e ridículo, dos que tentam administrar o nosso País, julgando que o fazem melhor do que qualquer outro. Sem conhecimento estruturado, as pessoas escudam-se na sua iliteracia e deixam para terceiros a capacidade de fazer a diferença. Mais ainda, uma educação adequada promove o emprego, a segurança e a inclusão social, entre muitos outros fatores.

No que respeita à saúde, não devemos apenas pensar nas estruturas e profissionais às quais recorremos quando necessitamos de cuidados. A saúde é muito mais do que isso. Começa na própria pessoa! E começa pela sua capacidade de saber pensar em saúde para si e para os seus. A literacia em saúde – aqui entra de novo a educação – é a base de uma sociedade saudável. Se o cidadão tem capacidade de tomar decisões básicas, mas alicerçadas em conhecimentos testados cientificamente e colocados em prática com resultados, certamente adequará comportamentos de risco e optará por medidas sanitárias que promovem a sua saúde e previnem eventuais doenças. Muito embora, e muitas vezes, o cidadão conheça as desvantagens e riscos de alguns comportamentos, como, por exemplo, que o ato de fumar pode potenciar o cancro do pulmão, a sua responsabilidade não termina em si, mas sim, começa com os outros. Ora isso normalmente não acontece por egoísmo social, quando se pensa apenas em si não se preocupando com os demais. Isto também é iliteracia em saúde e desrespeito pelas normas e valores sociais.

Para que tais comportamentos possam mudar nas próximas gerações é preciso um trabalho em rede, deixando de ter estruturas do País isoladas, que funcionam como estados independentes e sem relações com os seus parceiros. Os ministérios de um governo são, por vezes, um exemplo claro daquilo que não deveríamos ter. Mas existem exceções! Um dos melhores exemplos que temos em Portugal é a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, onde dois ministérios (Saúde e Trabalho, Solidariedade e Segurança Social), em conjunto, conseguem dar a melhor resposta possível a pessoas necessitadas de cuidados de saúde e carentes de apoio social.

Esta medida deveria ser replicada para muitas outras realidades. São exemplos disso, nas escolas, a economia familiar para ajudar os alunos, desde cedo, a saber administrar uma casa (oferecem-se tantos conteúdos que não têm qualquer aplicabilidade no quotidiano e apenas servem para desmotivar a aprendizagem). Ou a política como uma das bases do pensamento social, a ser oferecido também na formação obrigatória – sem compreendermos a sua definição e propósito, desvalorizamo-la e vamos, sempre, acusar o outro das nossas deceções na construção de um país. E, por que não, valorizar mais a tão estigmatizada saúde mental, que a todos nos diz respeito, pois sabemos que em algum momento das nossas vidas teremos também necessidade de ajuda neste domínio. As escolas, em conjunto com o Ministério da Saúde, deveriam ser envolvidas, desde cedo, na promoção desta área que, embora politicamente tenha tido alguns avanços nos últimos anos, não deixa de ser o parente pobre.

Saúde e Educação são duas áreas essenciais na nossa sociedade e que não funcionam isoladamente, para bem de todos. A recente pandemia foi o maior e melhor exemplo que tivemos, sendo a população educada a saber cuidar da sua saúde. Afinal é possível.

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