A tensão arterial é a força que o sangue exerce nos vasos sanguíneos. Essa força aumenta naturalmente durante o exercício físico ou em situações de stress, mas estamos perante uma doença que é a hipertensão arterial quando acontece mesmo em repouso.

Sabemos que há determinados fatores de risco para se desenvolver a hipertensão. Alguns são independentes da pessoa, não são modificáveis, como seja a história familiar, o sexo masculino, algumas doenças crónicas e a prematuridade.

Outros fatores de risco podem ser obviamente alterados, como a obesidade, a alimentação rica em sal e açúcar, o consumo de álcool e drogas, o tabagismo, o sedentarismo, o stress e os distúrbios do sono.

A hipertensão arterial na idade pediátrica está a aumentar, acompanhando também o aumento de crianças com excesso de peso, obesidade e sedentarismo. Esta é uma doença silenciosa, ou seja, não manifesta habitualmente sintomas. Por este motivo é muito importante a medição regular da tensão arterial na tentativa de um diagnóstico precoce para evitar possíveis complicações.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A avaliação da tensão arterial é feita habitualmente nas consultas de Saúde Infantil a partir dos 3 anos de idade. Contudo, em crianças com fatores de risco, estas avaliações devem ser realizadas mais precocemente. Os valores de tensão arterial devem ser interpretados através de tabelas já que variam com o sexo, a idade e a altura da criança. Se apresenta valores anormais de tensão arterial numa consulta deve repetir a avaliação em consultas posteriores de acordo com as orientações do seu médico. Se necessário pode ser realizado um MAPA, exame que consiste numa monitorização de 24 horas da tensão arterial com um aparelho próprio para a melhor interpretação dos valores. No caso de se confirmar a existência de hipertensão arterial, poderá ser necessário realizar análises e exames complementares de forma regular.

E como se trata a hipertensão arterial na idade pediátrica? Se for encontrada uma doença que seja a causadora da hipertensão arterial, a terapêutica começa precisamente pela orientação e estabilização dessa condição. Na criança com tensão arterial elevada, na qual não se encontrou uma doença, o tratamento passa em primeiro lugar pela modificação do estilo de vida, sendo importante o envolvimento de toda a família.

Deve reduzir o consumo de sal, gorduras, refrigerantes, alimentos processados, sendo importante a leitura dos rótulos das embalagens para ajudar na escolha dos alimentos mais saudáveis. O aumento da ingestão de vegetais, frutos, fibras e água, as atividades ao ar livre, o exercício físico, a redução de atividades sedentárias como jogos eletrónicos, TV e outros écrans, é igualmente importante.

Evitar o consumo de tabaco e álcool nos adolescentes e jovens são medidas a tomar, assim como corrigir os distúrbios do sono. Se esta intervenção não for bem-sucedida, se a hipertensão arterial for mais grave ou se houver sinais de complicações, deve ser iniciado tratamento com medicamentos, de acordo com as orientações do seu médico. Existem, de facto, diversos fármacos eficazes e seguros para o tratamento da hipertensão arterial na criança.

É fundamental não esquecer que a hipertensão arterial é uma realidade na idade pediátrica, sendo importante o seu diagnóstico mesmo em crianças pequenas. Uma criança hipertensa, mais tarde, quando na idade adulta e acumulando outros fatores de risco, para além de poder sofrer os efeitos negativos da doença, aumenta a probabilidade de desenvolver uma doença cardiovascular.

Evite o risco antes que seja tarde.