Maria é empresária em nome individual em regime simplificado de contabilidade e efectuando declarações trimestrais à Segurança Social. No último trimestre de 2019 teve rendimentos de 6120€. Devido às flutuações do seu negócio e a uma doença que se arrastou na espera longa de uma intervenção cirúrgica foi aquele o seu rendimento total anual de 2019. No decorrer de 2019 Maria esperou por uma intervenção cirúrgica com alguma urgência (histerectomia total) pois o seu útero miomatoso já intervencionado nos últimos anos 2 vezes provocava-lhe um constante mal estar com consequente incapacidade para o trabalho.
Por duas vezes recebeu carta proposta para ser intervencionada não nos CHUC mas em outros locais. Tendo já tido noutro local uma experiência hospitalar traumática e quase mortal carregada de negligência médica e insalubridade, decidiu desta vez esperar e reiterar a intenção de ser operada nos CHUC que conhecia desde anos passados, até do cancro que teve o seu marido nos idos de 2006. Lembrava-se da forma “espectacular” como tinham tratado o marido.
Finalmente em Janeiro deste ano foi internada nos CHUC e intervencionada. Ficou assim de baixa médica de 23 de Janeiro a 26 de Março de 2020. Devido aos sintomas de constante mal estar não tinha trabalhado até 23 de Janeiro quedando-se em casa em tratamentos paliativos sintomáticos (só um dos medicamentos comparticipado e tomado durante alguns meses por prescrição do especialista de Ginecologia custava quase 100€ por mês).
Passemos aos “apoios” de baixa médica a Maria por parte da Segurança Social: no dia 14 de Fevereiro “caiu” na sua conta bancária a ”elevada” quantia de 71.74€, no dia 27 de Março 63.30€ e de apoio ao Codiv19 no dia 28 de Abril 21.65€.
Isto é a realidade, não é a ficção do politiquês que alarvam nalguma comunicação social amestrada. Explicações de como foram calculadas aquelas verbas: zero! Um total de 23 de Janeiro a 28 de Abril (3 meses e pouco) de 156.69€. 3 meses = 156.69€!!!
Para não faltar à verdade completo o “desenho”. Maria em Fevereiro (estando de baixa médica e sem rendimentos) devido à sua comunicação de rendimentos referente ao último trimestre de 2019 deveria pagar à segurança social 249.02€ e esta quantia deveria continuar a ser paga em Março e depois pelo menos um terço em Abril. Maria não pagou porque não tinha esse dinheiro. Baixa e Covid19 eram a razão.
Maria comunicou a sua situação a várias entidades. Realço só algumas: a Meo comunicou-lhe para contactar um número que além de ser pago nunca atende, a EDP e as Águas de Portugal népia. Só duas reacções foram decentes e por acaso privadas: a sua senhoria que mostrou total compreensão e apoio e a empresa privada Ambimed Stericycle que recolhe os resíduos no seu local de trabalho. A Ambimed muito correcta e rapidamente suspendeu após solicitação por mail os pagamentos. Do Estado veio uma mão cheia de promessas e outra de nada!
Maria faz parte de um “grupo” de largos milhares de pequenos empresários em nome individual que vivem da sua iniciativa e no sistema de “chapa ganha, chapa gasta” e de um rendimento muito oscilante de mês para mês.
Como se mede o decréscimo percentual de actividade?, e em relação ao mês homólogo do ano anterior?, num negócio sazonal ou sujeito a flutuações?, como se mede?, ou os “iluminados” pensam que o negócio é igual todos os meses? Realmente quem nunca saiu do Estado é natural que não faça ideia… Em negócios “flutuantes” e sazonais a premissa utilizada pela Segurança Social para a quebra de rendimentos não funciona prejudicando milhares de pessoas.
Quem nos governa só pensa em assalariados e funcionários públicos. Ninguém pensa nos pequenos negócios e nas suas especificidades. O privado para essa gente é assim uma espécie de excrescência aonde ainda habitam fantasmas de patrões exploradores e pessoas cheias de dinheiro, resquícios bolcheviques medievais cheios de naftalina que num país atrofiado à sombra do Estado medram.
Maria tem que pagar mensalmente o seu local de trabalho, a renda de sua casa, 2 edps, 2 águas, as telecomunicações ao serviço da profissão, a sua alimentação e as medicações para a asma que não primam pela comparticipação. Restam no seu negócio ainda o pagamento da recolha de resíduos a uma empresa certificada, a medicina no trabalho e mais uma catrefada de compromissos com que o Estado a vai “abafando” muitas vezes coadjuvado de empresas parasitas socialmente inúteis cuja propósito não é senão albergar gente de partidos e seus afins.
Efectua-se assim uma a extorsão legal de dinheiro às Micro, Pequenas e Médias Empresas. Seria bom saber quem são os beneficiários dessas empresas parasitas. O seu nome e biografia deveriam ser divulgados nos jornais para melhor conhecermos o regime que nos desgoverna. Não esqueço também as formações vergonhosas com Fundos Europeus que servem apenas para sustentar quem as faz e iludir quem as frequenta.
Maria está obrigada ao confinamento sem qualquer contrapartida económica. Confinada, presa e impotente perante um Sacro-Estado Tutelar e Saqueador. Já enviou pelo meio adequado reclamações várias, pedidos de explicação e até propostas de regularização voluntária de dívidas. Tudo efectuado nos devidos canais e tudo sem resposta.
Já lhe viu ser negado o apoio à renda de casa pois no preenchimento inicial no 3oº passo do formulário referia-se (automaticamente) que ”não havia rendimentos no agregado” (o seu marido é também empresário em nome individual e tal como ela cessou totalmente actividade, evidente que os dois estão assim no presente sem rendimentos) e após outras repetidas e infrutíferas tentativas no passo 3o começou a aparecer que não estaria preenchido o agregado familiar (sic). Poderia ser anedótico mas não, é real e trágico.
Ou seja, ela e o marido não são considerados agregado familiar (pelo “automatismo” concebido pelos informáticos da Segurança Social Directa)? Ou não têm rendimentos, o que é óbvio, ou não são agregado familiar, o que não é óbvio! Reclamou em vão.
Esta meus senhores é a realidade de milhares de Portugueses sujeitos a ouvir javardas mentiras televisivas veiculadas por quem nunca trabalhou no privado nem faz a mínima ideia do que isso é.
Governados por ex Jotas (agora séniores) da partidocracia dominante que foram ascendendo em funções de Estado à custa da ausência de concursos onde imperasse a meritocracia. O Estado português funciona como uma grande glândula mamária que sustenta esta gente que da realidade privada de negócios nada conhecem embora pretensiosamente pensem o contrário.
Ao contrário dos papagaios-políticos que falam, falam, falam, falam em politiquês-gravata mentindo suavemente e recusando a prática da verdade nua e crua a que este povo parece alérgico.
Eu que não minto e que posso comprovar qualquer facto que escrevi, afirmo neste fim de relato escrito verídico: Tenho dito! Porque dizer é afirmar com solenidade!