Em 2025, prevê-se que o cenário global continue a evoluir de forma acelerada, moldado por novos protagonistas políticos e económicos. A nova administração nos Estados Unidos e expectável novo governo na Alemanha têm o potencial de redefinir prioridades na abordagem climática e nas políticas ESG (Ambiental, Social e Governança), criando oportunidades para novos consensos ou, por outro lado, expondo divergências existentes. Paralelamente, a Europa enfrenta o desafio iminente de uma recessão económica e polarização social, o que poderá alterar as prioridades nacionais e comunitárias, impactando os investimentos em sustentabilidade e as metas climáticas. Estas são as sete transformações principais que poderão definir 2025.
- Tecnologia e Reindustrialização – a tecnologia, peça-chave para a reindustrialização da Europa e o reforço da sua competitividade global.
A crescente integração da inteligência artificial (IA) nos processos produtivos, baterias de armazenamento mais avançadas e sistemas de gestão energética inteligentes, têm o potencial de revolucionar a eficiência energética e acelerar a adoção de energias renováveis. Em Portugal, iniciativas como as comunidades de energia renovável e o armazenamento descentralizado prometem trazer impactos positivos, tanto para o ambiente, quanto para a competitividade.
No entanto, desafios burocráticos e técnicos continuam a dificultar a sua implementação e expansão. Superar estas barreiras será fundamental em 2025.
- Regulação Verde – o Guia Para um Futuro Sustentável
A Taxonomia Europeia estabelece critérios claros sobre o que pode ser considerado sustentável, tornando-se um instrumento decisivo para orientar decisões de financiamento e investimento. Os sectores com maior necessidade de capital precisam de se adaptar mais rapidamente. É uma condição para garantir a competitividade no mercado global e assegurar a continuidade de relações comerciais.
- Energias Renováveis – acelerando o Caminho Para a Neutralidade Carbónica
O sector das energias renováveis está projetado para continuar a crescer. O Plano Nacional de Energia e Clima, recentemente revisto, prevê que 86% do consumo elétrico e 19% do consumo energético nos transportes sejam provenientes de fontes renováveis até 2030.
No entanto, a lentidão nos processos de licenciamento, aliada a decisões inconsistentes por parte das autoridades nacionais, continua a criar barreiras para o desenvolvimento de novos projectos. Superar estes desafios será essencial para transformar o potencial das energias renováveis em benefícios concretos, posicionando Portugal como líder na transição para uma economia verde.
- ESG nas Empresas – da Vantagem Competitiva à Exigência Estratégica
As grandes empresas estarão obrigadas a reportar o seu desempenho ESG, em conformidade com a Diretiva CSRD: este requisito forçará as empresas integradas na cadeia de valor a fornecer informações detalhadas aos seus clientes, para assegurar a conformidade global. A integração de práticas ESG deixará de ser uma mera vantagem competitiva, tornando-se uma exigência estratégica, que moldará tanto a operação interna das empresas quanto a sua relação com investidores, consumidores e reguladores.
- Políticas Climáticas – o Desafio da COP30 e Novas Soluções para a Descarbonização
Em 2025, a COP30 em Belém será um marco decisivo na aplicação das metas do Acordo de Paris, com os governos sob pressão para reforçar os seus Compromissos Nacionalmente Determinados (NDC). A conferência deverá focar-se em garantir compromissos climáticos mais ambiciosos, financiamento justo, a implementação do Fundo de Perdas e Danos, a descarbonização de sectores-chave e uma transição climática inclusiva, com particular destaque para a preservação da Amazónia.
- Pessoas – Sustentabilidade e Competitividade de Mãos Dadas
Apesar dos desafios impostos pelos baixos salários e pelo aumento do custo de vida, os consumidores mostram uma crescente predisposição para adotar comportamentos sustentáveis, desde que as alternativas sejam acessíveis em termos de preço. Em Portugal, este movimento está a ganhar força, com iniciativas que promovem a mobilidade elétrica, o consumo responsável e o turismo sustentável a assumirem um papel de destaque.
- Empregos Verdes – Oportunidades numa Economia Sustentável
A transição para uma economia sustentável continuará a impulsionar a criação de empregos, representando uma oportunidade sem precedentes. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as transições para uma economia verde poderão gerar até 24 milhões de novos empregos em todo o mundo, até 2030. No entanto, 94% das empresas relatam falta de talentos qualificados evidenciando a necessidade urgente de investir na formação e requalificação da força de trabalho. Em Portugal, sectores como as energias renováveis e a economia circular têm potencial para criar milhares de postos de trabalho. Contudo, preparar a força de trabalho para estas mudanças exigirá programas formativos robustos e iniciativas de capacitação.
O ano de 2025 é crítico na definição do que será o resto da década. Será necessária coragem para tomar decisões difíceis, equilibrando a urgência da transição climática com competitividade e justiça social, garantindo que ninguém fique para trás. A adaptação às novas realidades climáticas exigirá mobilização de recursos públicos e privados para iniciativas de mitigação, adaptação e inovação.